Uso de Biofertilizante Liquido como Estratégia de Produtividade em uma Horta Escolar Agroecológica
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- Matheus Henrique Lima Olivares
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1 Uso de Biofertilizante Liquido como Estratégia de Produtividade em uma Horta Escolar Agroecológica Using Liquid Biofertilizer as Productivity Strategy in a Agroecology Horta School SILVA, Sergio Aparecido Seixas da 1 ; RODRIGUES, Suellen Fernanda Mangueira 2 ; PINHEIRO, Pedro Eduardo Pandolfi 3. 1 Instituto Estadual de Educação Rural Abaitará, Pimenta Bueno, RO sergioseixassilva@gmail.com; 2 Ação Ecológica Guaporé (ECOPORÉ), Rolim de Moura, RO, sfernandamangueira@gmail.com; 3 Instituto Estadual de Educação Rural Abaitará, Pimenta Bueno, RO, pandolf.agrosustentavel@gmail.com. Resumo: O uso de biofertilizantes líquidos tem se mostrado como uma ótima alternativa para o desenvolvimento das agriculturas de base ecológica, não só pelo benefício ambiental, mas também pelo incremento nutricional às plantas. O objetivo deste relato de experiência é mostrar a importância do uso de produtos alternativos em práticas de produção agroecológica e repassar uma receita de biofertilizante liquido como estratégia de produtividade em uma Horta Escolar Agroecológica. A fertilização natural favorece a microbiota existente no solo, promovendo uma maior riqueza de microorganismos e de organismos fundamentais na decomposição e transformação da biomassa existente no solo, disponibilizando uma maior quantidade de nutrientes essências ao desenvolvimento das plantas e contribuindo com a preservação da agrobiodiversidade. Palavras-chave: nutrição, agrobiodiversidade, ecologia, produtos alternativos. Abstract: The use of liquid biofertilizers has proven to be a great alternative to the development of ecological agriculture base, not only for the environmental benefits, but also by the increase nutrient to plants. The objective of this experience report is to show the importance of using alternative products in agroecological production practices and pass on a recipe of liquid bio-fertilizer as productivity strategy in a Agroecology Horta School. Natural fertilization favors the existing microbiota in the soil, promoting greater wealth of microorganisms and key organisms in the breakdown and transformation of existing biomass in the soil, providing a greater amount of essential nutrients for plant growth and contributing to the preservation of agricultural biodiversity. Keywords: nutrition, agrobiodiversity, ecology, alternative products. Contexto Às práticas agrícolas adotadas no Brasil, da derrubada das florestas, o uso do fogo na queimada, a implantação da monocultura, o desgaste e abandono do solo, são preceitos da Revolução Verde. Um sistema de produção baseada no pacote tecnológico compostos por agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, sementes transgênicas e hibridas, maquinários e equipamentos, esse sistema ficou conhecido
2 como método predador. Os principais motivos dessa situação é o entendimento errôneo de fertilidade do solo. O solo é vivo, nele vivem milhares de organismos que o transforma a cada instante. A biota do solo, em conjunto com as plantas, processa continuamente os recursos naturais disponíveis (luz, água e nutrientes), reciclando a matéria de modo permanente (Amaral, 2011). Esse processo garante a produtividade do agroecossistema. Somente um sistema de cultivo que leve em conta esses fatores pode ser considerado sustentável. A matéria orgânica no solo tem grande importância como fonte de nutrientes, melhorando a atividade microbiana e as propriedades físicas e químicas do solo que influenciam na disponibilidade de ar e água às raízes das plantas. Segundo preceitos da agricultura de base ecológica, um adequado manejo do solo, da nutrição e do cultivo são fatores fundamentais para a sanidade da planta e consequentemente resulta em uma melhor produtividade. Qualquer adubação que proporcione à planta uma condição fisiológica ótima, oferece-lhe o máximo de resistência ao ataque de organismos espontâneos. Isso reforça a importância do uso de biofertilizante em práticas agroecológicas de produção. O biofertilizante, produto final da fermentação realizada por microorganismos aeróbios e anaeróbios da matéria orgânica, atua na nutrição vegetal, possui alta atividade microbiana e bioativa, sendo capaz de proporcionar maior proteção e resistência à planta contra agentes externos, além de colaborar com a ciclagem de nutrientes no solo. No Brasil atualmente, o uso de produtos alternativos como os biofertilizantes vêm crescendo cada vez mais (Medeiros et al., 2007). Os agricultores familiares e pequenos produtores, estão percebendo a necessidade em relação à sustentabilidade, e estão cada vez mais buscando insumos menos agressivos ao ambiente e que possibilitem o desenvolvimento de uma agricultura menos dependente de produtos industrializados. Além disso, esses produtos podem ser produzidos pelo próprio agricultor, gerando economia de insumos externos e, ainda, promovendo melhorias no saneamento ambiental. O objetivo deste relato de experiência é mostrar a importância do uso de produtos alternativos em práticas de produção agroecológica e repassar uma receita de biofertilizante liquido como estratégia de produtividade em uma Horta Escolar Agroecológica. Descrição da Experiência A atividade de elaboração e aplicação do biofertilizante foi desenvolvida no Instituto Estadual de Educação Rural Abaitará, localizado no município de Pimenta Bueno,
3 Rondônia, tendo como limites RO 010 de Rolim de Moura e RO 010 de Pimenta Bueno, situado no km 32, Setor Abaitará. A experiência aconteceu em uma escola da rede publica de ensino do estado de Rondônia, que possui uma metodologia de ensino-aprendizagem integral (internato) com atendimento a estudantes de todo o estado e até de estados vizinhos. É ofertado anualmente o curso Técnico em Agroecologia integrado ao ensino médio. De acordo com a classificação de Köppen, o clima local é do tipo Aw, Clima Tropical, cuja temperatura média anual é de 24 a 26 C e a precipitação fica entre a mm/ano. Os solos que predominam na região são latossolos e neossolos quartzarênicos. A vegetação natural da área de estudo é caracterizada como, Floresta Ombrófila Aberta Submontana, que compreende um tipo de vegetação de transição entre a Floresta Amazônica e Cerrado, ocorrendo entre metros de altitude. A experiência foi realizada em setembro, outubro e novembro de 2015, envolvendo alunos do 1, 2 e 3 anos do Ensino Técnico em Agroecologia integrado ao Ensino Médio. A principal receita testada como fertilizante natural (biofertilizante), foi a seguinte: Ingredientes: 40 litros de esterco de bovino seco. 3 kg de folhas de bananeira (ricas em potássio). 3 kg de folhas de urucum (ricas em potássio). 3 kg de folhas de embaúba (Cecropia sp), ricas em fosforo. 3 kg de folhas de mamona (ricas em nitrogênio e boro). 1 kg de folhas de capim-limão, cidreira, alfavaca, manjericão, eucalipto, plantas medicinais, aromáticas e repelentes. 1 kg de folhas de cenoura, cebolinha, salsa e coentro. 1 kg de folhas de batata-doce. 1 kg de calcário (opcional). Preparo: em um tambor de plástico com capacidade para 200 litros de água, colocou-se 50 litros de água e aos poucos os ingredientes, sempre mexendo. E por fim, colocou-se o restante da água. Para a boa formação do biofertilizante, essa solução foi mexida durante um tempo mínimo de 10 minutos, duas vezes ao dia, no período de 21 dias. Dosagem: em canteiros usamos 400 ml / m 2, aplicando sobre os canteiros ou nas entrelinhas e na adubação foliar de plantas que não consumimos as folhas (exemplo: pimentas) foi utilizado 1 litro desse preparo em 100 litros de água (1:100), regado com um regador.
4 Recomendações: aplicação apenas no solo em culturas que usa as folhas para o consumo (exemplo: couve, rúcula e alface). No controle de doenças a aplicação foi realizada em um intervalo de 07 à 15 dias. Resultados Após os 21 dias do preparo, o biofertilizante liquido pode ser utilizado para aplicação foliar em hortaliças, a dosagem usada foi de 200 ml para 20 l de água e na mandioca (Manihot spp.) a dosagem foi de 400 ml para 20 l de água. Esta aplicação foi repetida semanalmente, durante um período de 2 meses, após este período a aplicação passou a ser a cada 15 (figura 1). Figura 1. Tambores com o biofertilizante liquido com fermentação aeróbica. Centro de estudos Agroecológicos Abaitará, Pimenta Bueno-RO. A produção de hortaliças mostrou um bom desenvolvimento vegetativo após a aplicação do biofertilizante. Dentro do policultivo da horta com estrutura protegida foi o único produto utilizado na adubação e fertilização das hortaliças efetuada neste período. As aplicações de biofertilizantes foram realizadas durante as fases de crescimento e produção e evitamos o uso durante a fase de florescimento. Demos preferência para os dias nublados ou com chuva e na parte coberta logo após usamos o sistema de irrigação. Nos dias de sol quente com temperaturas elevadas, escolhemos os horários bem ao entardecer, evitamos o uso durante as horas mais quentes do dia. E percebemos que o uso com altas concentrações do biofertilizante necessitaram de uma demanda maior de água, uma exigência fisiológica das plantas para manter o equilíbrio interno de suas células. A aplicação foliar foi realizada em cultivos de pimentas (Capsicum sp), na dosagem de 1 litro de biofertilizante para cada 100 litros de água. Essa aplicação não
5 dispensou o uso de outras fontes de nutrientes, principalmente os de liberação mais lenta, como no caso dos compostos de estercos, porém mostrou ser bastante eficiente nos cultivos em que foi aplicado, como no caso da pimenta (figura 2). Figura 2. Resultado da aplicação de biofertilizante e uso de esterco de bovino na produção de pimentas (Capsicum sp). Centro de estudos Agroecológicos Abaitará, Pimenta Bueno-RO. Na aplicação via solo, foi utilizada a dosagem de 1 litro de biofertilizante para 3 litros de água, este processo foi realizando nas entrelinhas localizadas no canteiro (figura 3). O uso de produtos alternativos como e fertilizantes feitos de forma natural vêm crescendo em todo o Brasil. Na busca por insumos menos agressivos ao ambiente e que possibilitem o desenvolvimento de uma agricultura menos dependente de produtos industrializados, vários produtos têm sido lançados no mercado (Deleito et al., 2000). Além disso, esses produtos podem ser produzidos pelo próprio agricultor, gerando economia de insumos externos e, contribuindo para o desenvolvimento social da família e ainda, promovendo melhorias para a agrobiodiversidade. O uso de biofertilizantes em aplicações foliares confere aos cultivos uma maior resistência aos patógenos e disponibiliza suprimento de nutrientes às plantas, garantindo a produtividade das culturas. Segundo Medeiros & Lopes (2006) vem sendo bem evidenciados os efeitos do biofertilizante no controle de pragas e doenças de plantas e não existe uma fórmula padrão para a produção de biofertilizantes, receitas variadas vêm sendo testadas, utilizando-se componentes minerais para o enriquecimento do meio de cultivo.
6 Figura 3. Aplicação de biofertilizante liquido via solo e as hortaliças apresentado bom resultado na produtividade. Centro de estudos Agroecológicos Abaitará, Pimenta Bueno-RO. A fertilização natural favorece a microbiota existente no solo, promovendo uma maior riqueza de microorganismos e de organismos fundamentais na decomposição e transformação da biomassa, disponibilizando uma maior quantidade de nutrientes essências ao desenvolvimento das plantas. Assim, destacamos a importância de um manejo sustentável do solo baseados na agroecologia, onde consideramos o solo como um componente fundamental na produtividade dos agroecossistemas. Desta forma torna-se evidente que uma das estratégias para solucionar problemas já causados ao solo é o manejo ambiental, o controle biológico e o uso de produtos alternativos que preserve o aumento da biodiversidade, através da rotação de culturas, da cobertura do solo e da utilização de fertilizantes naturais. Referências AMARAL, A.A do. Fundamentos de Agroecologia. Curitiba: Livro Técnico, 2011.
7 DELEITO, C., CARMO, G. D., ABBOUND, A. D. S., & FERNANDES, M. Sucessão microbiana durante o processo de fabricação do biofertilizante Agrobio. Anais da Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas, v. 25, MEDEIROS, M. B. & LOPES, J. S. Biofertilizantes líquidos e sustentabilidade agrícola. Bahia Agríc., v.7, n.3, nov MEDEIROS, D. C. et al. Produção de mudas de alface com biofertilizantes e substratos. Hortic. bras, v. 25, n. 3, 2007.
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