HOMOFOBIA NO DIREITO PENAL: Um Breve Estudo Sobre a Necessidade da Criminalização da Homofobia no Brasil

Transcrição

1 UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE DIREITO DARLAN DE OLIVEIRA BERNARDINO HOMOFOBIA NO DIREITO PENAL: Um Breve Estudo Sobre a Necessidade da Criminalização da Homofobia no Brasil CUIABÁ/MT 2018

2 DARLAN DE OLIVEIRA BERNARDINO HOMOFOBIA NO DIREITO PENAL: Um Breve Estudo Sobre a Necessidade da Criminalização da Homofobia no Brasil Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Ciências Penais da Faculdade de Direito da Universidade de Cuiabá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito Orientador (a): Dr. Yuri Nadaf Borges. CUIABÁ/MT 2018

3 SUMÁRIO 1. RESUMO INTRODUÇÃO MATRIZES HISTÓRICAS Religião e Homossexualidade Sexualidade Medo De Sair do Armario PERFIL CONSTITUCIONAL Direito à sexualidade e direitos humanos Precipícios constitucionais Colisão de Princípios CRIMINLIZAÇÃO DA HOMOFOBIA...8

4 1 HOMOFOBIA NO DIREITO PENAL: Um Breve Estudo Sobre a Necessidade da Criminalização da Homofobia no Brasil Darlan de Oliveira Bernardino Dr. Yuri Nadaf Borges 1. Resumo O presente trabalho objetiva examinar a necessidade da criminalização em favor da comunidade LGBT do Brasil, que todos os dias sofrem preconceito, discriminação, em alguns momentos são ofendido moral e fisicamente. No Brasil, ainda não existe uma Lei para tratar desse assunto tão presente em nossos dias, existe apenas um Projeto de Lei a PL 122, que se encontra parada há muitos anos em nosso legislativo, com essa demora muitos homossexuais são prejudicados por não terem uma lei que os defendam. Palavras-chave: Homofobia, a criminalização, discriminação, PL n. 122/06 e dos princípios constitucionais. Abstract The present work aims to examine the need for criminalization against the LGBT community in Brazil, who suffer daily prejudice, discrimination, and at times are offended morally and physically. In Brazil, there is still no law to deal with this subject so present today, there is only one Bill of Law at PL 122, which has been standing for many years in our legislature, with that delay many homosexuals are harmed by not having a law to defend them. Keywords: Homophobia, Criminalization, Discrimination, PL n. 122/06 and Constitutional Principles.

5 2 2. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o objetivo de examinar um tema rotineiro que há muitos anos se encontra na sociedade: a necessidade da criminalização da homofobia no Direito Penal brasileiro, vem para propor a proteção e principalmente garantir a Dignidade da Pessoa Humana no contexto Constitucional. Portanto esse estudo que se inicia está divido em três Capítulos: Descobrindo o Preconceito, Ausência de Previsão Legal e Projeto de Lei da Câmara n 122/2006 (Criminaliza a Homofobia). No primeiro Capítulo, serão abordados conceitos de sexualidade medo e preconceito, discriminação, falaremos sobre as matrizes históricas, expressões, nomes e nomenclaturas, mostrando inicialmente para o leitor a visão geral da pessoa identificada como homossexual. No segundo Capítulo, trataremos sobre os princípios constitucionais inseridos na Magna Carta de 1988, esse perfil constitucional que abordara uma colisão de princípios, entre regras e princípios. Por fim, no último Capítulo abordaremos sobre o Projeto de Lei da Câmara n 122/2006 (Criminaliza Homofobia), que se encontrada há muitos anos parado em nosso legislativo, sendo esse projeto de Lei, uma grande vitória da comunidade LGBTI, para transformação, proteção em uma vida em sociedade mais segurada, com respeito e dignidade ao ser humano. O desenvolvimento desse trabalho é desafiador, porque o leitor ou muitos dos ouvintes não gosta de colocar esse assunto em pauta, pois fere, dependendo da pessoa, a masculinidade, a dignidade do homem, para muitos seria mais fácil jogar um cimento em cima do assunto do que falar sobre esse tema.

6 3 3. MATRIZES DE HISTÓRICAS Posso começar apresentando esse trabalho de conclusão de curso com a afirmativa de Goethe: a homossexualidade é tão antiga como a heterossexualidade. Portanto a homossexualidade está presente desde as origens da humanidade. Desta maneira a orientação sexual nunca foi aceita, apenas tolerada. Apesar da homossexualidade sempre estar presente, desde muitos anos atrás, sendo que na maioria das vezes não é, e nunca foi, admitida, mas a sociedade nunca ignorou a sua presença. Nos dizeres de Maria Berenice Dias as diversas culturas e civilizações encontraram formas de revelar sua existência, por meio de mitos, lendas, relatos ou encenações. 1 As restrições impostas pela sociedade desde os tempos antigos ainda acompanha a humanidade contemporânea, restrições essas que hoje são reconhecidas como atos de homofobia, rechaço ao comportamento homossexual. 3.1 Religião e Homossexualidade Certamente o maior preconceito contra homossexuais provem da religião, tudo porque o antigo testamente traz no livro em Levítico a abominação a relação sexual de pessoas do mesmo sexo. Logo em após passar uma semana no Brasil, o Papa Francisco em respeito aos homossexuais se pronunciou ao dizer que Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?, com esse argumentação mencionada pelo próprio Papa, onde em 2016 afirmou também, que a igreja não deve discriminar homossexuais, trouxe uma verdadeira revolução na mudança de pensamento religioso, não se conformando com a orientação sexual, mas sim, em respeito a quem busca Deus independentemente de sua opção sexual. A Constituição Federal consagra o princípio da laicidade, ao assegurar a liberdade de consciência de crença (CF,5. VI). Desta maneira os cidadãos têm a liberdade de crer, acreditar ou não acreditar na existência de Deus. 1 Maria Berenice Dias, Homoafetividade e Direitos LGBTI, 57.

7 4 Também significa que o estado não pode prestigiar ou impor qualquer religião. Impor religiosidade ou ausência dela é violação da liberdade Sexualidade Quando o assunto é sexualidade muitas pessoas correm, pois é ainda considerada um tabu para grande maioria, qualquer assunto ligado ao tema sempre foi e ainda é motivo de silêncio. A palavra sexualidade é classificada por normas heterossexuais, nasci homem com pênis sou macho, nasci mulher com vagina sou mulher, algo além disso é considerado anormal, o que podemos chamar de heteronormatividade ou heterossexismo. Existindo algum comportamento sexual divergente é considerado para os heterossexuais anormais, fora da normalidade. Desta forma, entende Maria Berenice Dias, o que não se encaixa nos padrões é rejeitado pelo simples fato de ser diferente 3. Ainda nos tempos de hoje, há a tendência de conduzir e controlar a prática sexual, emitindo-se um juízo moral voltado exclusivamente a prática sexual 4. No dizer de Marco Antônio Coutinho Jorge a relação sexual só é tornada possível no campo da fantasia, que é uma invenção de cada sujeito para fazer face à inexistência da relação sexual. Como a relação sexual só existe na fantasia, depreende-se daí que as teorias sobre a origem da homossexualidade são fantasias que se pretendem impor aos sujeitos, passando-as por verdade científicas. 5 Nos dizeres de Daniel Borillo independente de tratar-se de uma escolha de vida sexual, a homossexualidade deve ser considerada, como uma forma de sexualidade tão legitima quanto a heterossexualidade 6. Sendo desta forma a sexualidade um pluralismo sexual, uma variante constante e regular da sexualidade humana. 3.3 Medo de Sair do Armário 2 Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, Manual da homoafetividade, Maria Berenice Dias, Homoafetividade e Direitos LGBTI, Colin Spencer, Homossexualidade: uma história, Marco Antônio Coutinho Jorge, O real sexual: do inominável ao pré-conceito, Daniel Borillo, Homofobia: história e critíca de um preconceito, 14.

8 5 Ser quem você é gera ódio, que se manifesta nas mais diversas formas de homofobia: podemos começar pelo bullying nas escolas, aqui começa a homofobia a discriminação e o preconceito. Nesta etapa inicial da vida homossexuais são apelidados como veadinhos, bichinhas, mulherzinha, mulher macho, etc., penso que as escolas tem que ter um ensinamento para lidar com essas questões sociais dentro da sala de aula. A sociedade unida transforma-se em um país mais rico através do conhecimento social entre humanos e suas transformações em sociedade. Mobbing nas relações de trabalho, muitos dos LGTBI não trabalham no que desejam por conta do preconceito, emprego tem, mas emprego para um LGBTI não tem, um transexual, uma travesti, uma lésbica se sujeitam a trabalhos que não estão ligado com sua personalidades, ou com o sonho de ser alguém com um cargo de sucesso, a discriminação nas relações de trabalho é preocupante, pois não se pode levantar a bandeira LGBTI que a demissão vem logo em seguida. Desta maneira, as agressões físicas e psíquicas e um assustador número de homicídios, são relacionados ao preconceito por conta da opção sexual de uma pessoa. A discriminação contra homossexuais é uma história, universal, notória e inquestionável realidade social. 7 Referencias Bibliográficas 1. Maria Berenice Dias, Homoafetividade e Direitos LGBTI, Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, Manual da homoafetividade, Maria Berenice Dias, Homoafetividade e Direitos LGBTI, Colin Spencer, Homossexualidade: uma história, Marco Antônio Coutinho Jorge, O real sexual: do inominável ao préconceito, Daniel Borillo, Homofobia: história e critíca de um preconceito, Roger Raupp Rios, Direitos fundamentais e orientação sexual, Roger Raupp Rios, Direitos fundamentais e orientação sexual, 36.