Operários soldam barras de aço de vários metros de comprimento na área do futuro Pátio de Manobras e Manutenção localizado na Rua Lacônia, na Zona

Transcrição

1 Operários soldam barras de aço de vários metros de comprimento na área do futuro Pátio de Manobras e Manutenção localizado na Rua Lacônia, na Zona Sul de São Paulo. Ao fundo, os pilares de concreto do monotrilho da Linha 17-Ouro.

2 O legado para a megacidade A hora do rush de São Paulo é considerada uma das piores do mundo. Com a construção de linhas de monotrilho, a cidade de milhões de habitantes declara guerra ao caos no trânsito e aposta na lean construction. Sarah Kaiser Raquel Cunha

3 Porsche Consulting A Revista A metrópole aposta na construção de monotrilhos. A Linha 17-Ouro ligará o Aeroporto de Congonhas aos bairros do Morumbi e do Jabaquara e transportará futuramente pessoas através da cidade. Mais duas linhas estão em construção. São Paulo, Brasil, 18h30. Um megaengarrafamento reina novamente sobre a Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira, que atravessa o rio Pinheiros e à noite brilha de formas diferentes, graças a um sistema com LEDs de cores variáveis. As únicas coisas que se movem são os helicópteros, que decolam praticamente a cada minuto, passando pela torre de 138 metros de altura do conhecido cartão-postal da cidade. São Paulo possui a maior frota de helicópteros do mundo. Quem ganha o suficiente voa de helicóptero pela cidade, para escapar das intermináveis filas de carros. Em 2014, a metrópole brasileira alcançou um triste recorde: na hora do rush, as vias em torno da cidade de 11 milhões de habitantes registraram engarrafamentos de 344 quilômetros de extensão. Claro que poucos podem arcar com os custos do recurso do helicóptero. E é por isso que os paulistanos procuram novas formas de lutar contra o engarrafamento e o Metrô-SP, por exemplo, investe na construção de duas linhas de monotrilho através da região metropolitana. Em comparação com o metrô convencional, a construção de monotrilhos é mais rápida, demanda menos espaço físico e é mais econômica. Prescrições e controles rigorosos complicam o projeto de construção Uma das linhas em construção é a Linha 17-Ouro, que terá quase 18 quilômetros e ligará o aeroporto de Congonhas aos bairros do Morumbi e do Jabaquara e transportará pessoas por dia através da cidade. Em vários segmentos da obra, pilares de concreto já foram construídos, e estão em fases avançadas de construção, dando-nos uma ideia do trajeto por onde os 14 trens da fabricante de monotrilhos malaia Scomi irão futuramente trafegar sobre a cidade, cada composição com cinco carros e alcançando velocidade de até 80 km/h. Em outros locais, as obras estão em fases iniciais. Um exemplo é a área onde ocorrem as obras do futuro Pátio de Manobras e Manutenção da Linha 17-Ouro, na rua Lacônia, zona sul de São Paulo. As obras são executadas pelo Consórcio Monotrilho Pátio, formado pelas empresas Andrade gutierrez e CR Almeida. A atividade é intensa na obra: caminhões andam de um lado a outro do terreno, operários em macacões azuis soldam metais e executam os trabalhos de perfurações com maquinários pesados, como as perfuratrizes que escavam vários metros terra adentro. O monotrilho vai elevar a qualidade de vida dos moradores de São Paulo, diz Adriana Yoshida, gerente do Consórcio Monotrilho Pátio e responsável pelo projeto. Você poderá deixar o carro em casa e andar no monotrilho com conforto e rapidez, diz a engenheira civil e gerente da obra, ao caminhar por uma parte do terreno, sempre com seus equipamentos de proteção, para avaliar os progressos da obra. É um caminho pedregoso que Adriana Yoshida e o Consórcio Monotrilho Pátio ainda têm pela frente, e, acima de tudo, há inúmeros desafios administrativos que dificultam o projeto de construção. Em um projeto dessas dimensões, todo mundo tem alguma sugestão. Então nos vemos confrontados com as mais diferentes necessidades: temos que levar em conta as interferências de obras, as exigências ambientais, da comunidade, dos órgãos de controle de trânsito, etc. Isso naturalmente exige ainda mais da arte da engenharia. É indispensável ter sempre controle absoluto sobre os custos. Para isso, o Consórcio Monotrilho Pátio aposta na lean construction como excelência operacional e conta com o apoio da Porsche Consulting. A ideia da lean construction transfere para a construção civil os quatro princípios da indústria automobilística (fluxo, trabalho compassado, o princípio pull (puxar) e a margem de erro zero), a fim de otimizar os processos. A Porsche Consulting ajuda-nos a estabilizar os p 18

4 p 19

5 Porsche Consulting A Revista 20

6 Em São Paulo gasta-se em média duas horas por dia em congestionamentos, diz a gerente de projeto Renate Fuchs, da Porsche Consulting. Com o monotrilho, estamos deixando um legado para São Paulo, diz Adriana Yoshida, gerente de obras da Andrade Gutierrez. processos da obra, a melhorar a qualidade e o cumprimento de prazos, assim como a manter em vista os custos previstos, diz Adriana Yoshida. Os instrumentos essenciais da lean construction são o planejamento e o comando do ritmo de trabalho, a garantia de qualidade e a logística. Êxitos visíveis com A lean construction Graças a esses instrumentos, já podemos registrar melhorias sensíveis em três áreas, declara a gerente de obras. O primeiro ponto impactou a execução dos blocos de construção. O segundo aspecto foi com o dimensionamento dos equipamentos. O terceiro ponto, se refere aos indicadores de performance. Além disso, introduzimos reuniões diárias com os colaboradores para melhorar o planejamento, diz Renate Fuchs, gerente de projeto da Porsche Consulting no Brasil. Os operários estão bem envolvidos em todas as medidas, afinal eles são os que melhor conhecem os processos. Além disso é importante qualificá-los na lean construction, para que possam continuar a aplicar o método mesmo sem a nossa ajuda. Ademais, com o auxílio de uma nova estratégia de produção e logística, o projeto de construção deve acelerar ainda mais. Renascença do monotrilho Por sinal, o conceito do monotrilho é inovador no Brasil, mas não é totalmente novo no mundo. Ele vive mais propriamente um retorno. Nos anos 1950 o multimilionário sueco Axel Lennart Wenner-Gren, fundador da Electrolux, quis revolucionar o transporte ferroviário com o monotrilho. No entanto, por muito tempo o monotrilho não vingou, e só poucas cidades, como, por exemplo, Seattle, adotaram sua solução, além de Walt Disney que trouxe um monotrilho como atração turística para o seu parque de diversões. Porém, o monotrilho oferece muitas vantagens: os trens correm menos risco de descarrilamento, podendo ser conduzidos automaticamente, e próximos dos trilhos, os trens possuem uma boa aerodinâmica com baixo consumo de energia. Por isso o monotrilho é ideal para megacidades com alta densidade demográfica, que lutam contra os congestionamentos. Os primeiros exemplos em Osaka, Kuala Lumpur e Dubai já dão provas disso. São Paulo será a próxima metrópole. Estamos deixando um legado para esta cidade, diz Adriana Yoshida. Vamos ganhar muito tempo na vida, e passar ano após ano pelo monotrilho, nos orgulhando do que construímos. f 21