Levantamento preliminar da. Problemática das florestas de Cabo Delgado

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Levantamento preliminar da. Problemática das florestas de Cabo Delgado"

Transcrição

1 AMA relatorio florestas CAPA 2.indd 1 4/8/2009 7:29:37 PM

2 Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado J A - J u s t i ç a A m b i e n t a l

3 Ficha Técnica Título: Levantamento Preliminar da Problemática das Florestas de Cabo Delgado Publicação: JA! Justiça Ambiental Por: Daniel Ribeiro com Eduardo Nhabanga Foto da capa: Daniel Ribeiro Revisão: Janice Lemos, Nilza Matavel e Silvia Dolores Layout e Produção Gráfica: Lourenço Dinis Pinto Tiragem: 300 exemplares Distribuição gratuita 2 Maputo, Março de 2009

4 Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Agradecimentos Este trabalho foi possível graças ao apoio de diversas instituições e individualidades que de uma forma incansável contribuiram para o sucesso do presente relatório, nomeadamente: Sua Excia Senhor o Governador da Província de Cabo Delgado, por nos ter acolhido na Província e facilitado o acesso à informação nas diferentes Instituições Provinciais, sendo evidente o seu trabalho nas melhorias da problemática da exploração florestal na Província de Cabo Delgado. De igual modo os nossos agradecimentos vão também para as Direcções Provinciais de Agricultura, Saúde, Trabalho, Alfândegas, ao Sr. Procurador do Distrito de Mueda/Mocimboa da Praia, Sr. Chefe dos Serviços Provinciais de Floresta e Fauna Bravia, Sr. Inspector Chefe da Direcção Provincial de Trabalho, Direcção Provincial de Migração e Sr. Fiscal Muhamad Sumaila, por terem disponibilizado o seu tempo e informação de extrema importância para a realização deste trabalho, a todos operadores florestais que nos receberam e nos albergaram nas suas instalações, às comunidades da Província de Cabo Delgado, pela sua hospitalidade e participação, e aqueles que directa ou indirectamente contribuiram para a realização do presente trabalho, o nosso muito obrigado. Por último, agradecemos aos nossos financiadores, ActionAid, AMA e Oxfam-Novib, sem os quais este trabalho não teria sido possível. Agradecimentos 3

5

6 Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Nota para os Leitores Esta pesquisa foi encomendada à JA! Justiça ambiental pela AMA e foi financiada pela Action Aid e Oxfam-Novib. A equipe de trabalho desta pesquisa foi liderada por Daniel Ribeiro (Biólogo Mestrado em Ecologia), fazendo parte da equipe, Belmiro Tranquino (Estudante de Engenharia Florestal) Eduardo Nhabanga (jornalista) e Oscar Chinchongue (Licenciado em Engenharia Florestal), acompanhados por 2 olheiros/pisteiros da comunidade e 2 membros comunitários com bom conhecimento das florestas locais. O trabalho de campo foi realizado por um período de 21 dias entre 20 de Agosto a 9 de Setembro, tendo parte das entrevistas em Pemba decorrido entre os dias 15 a 19 de Agosto. Após a sua elaboração, este relatório foi submetido a alguns dos demais membros e colaboradores, da JA! para apreciação, entre eles, Anabela Lemos (Directora da JA), Benilde Mourana (estudante de Direito), Carlos Serra (Jurista pós graduado em Direito do Ambiente) e Vanessa Cabanelas (Licenciada em Biologia). Esta pesquisa consiste em um levantamento preliminar dos principais problemas que afectam o sector florestal na Província de Cabo Delgado. Ainda que se tenha registado melhorias neste sector, o presente trabalho pretende focar os aspectos a ser melhorados, não querendo no entanto o relatório insinuar que todo o sector florestal na Província se encontra em más condições, mas sim trazer a realidade dos problemas que assolam a Província de Cabo Delgado e seus reais desafios. O estudo teve lugar em 5 Distritos da Província, nomeadamente Mocimboa da Praia, Montepuez, Mueda, Nangade e Pemba-Metuge. O relatório encontra-se dividido em 5 partes. A primeira parte faz referência à contextualização do estudo, nomeadamente a situação socioeconómica de Moçambique, a disponibilidade de recursos florestais nacionais e a situação da exploração florestal em Moçambique. A segunda parte consiste na identificação e descrição da metodologia usada para a realização. A terceira, a apresentação dos resultados do trabalho de campo e pesquisas A quarta e a quinta partes tratam das conclusões e das recomendações, respectivamente. Nota para os Leitores 5

7 Lista de acrónomos ADB DAP DDFFB DNFFB DNFF DPA DPSFFB DPT EDM FAO INE IUCN MICOA MPD NDPB OCDE ONG PFNM PIB RFFB RFFB SETSAN SPFFB - African Development Bank. - Diâmetro a Altura do Peito. - Direcção Distrital de Florestas e Fauna Bravia. - Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia. - Direcção Nacional de Terras e Florestas - Direcção Provincial de Agricultura. - Direcção Provincial dos Serviços de Florestas e Fauna Bravia. - Direcção Provincial de Trabalho. - Electricidade de Moçambique. - Organização do Fundo para Agricultura. - Instituto Nacional de Estatística. - União Mundial para a Natureza. - Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental. - Ministério de Planificação para o Desenvolvimento. - National Directorate of Planning and Budget. - Organisacao Coopertiva de Desenvolviment Econimico. - Organizações Não Governamental. - Produtos Florestais Não Madeireiros. - Produto Interno Bruto. - Regulamento de Florestas e Fauna Bravia. - Regulamento de Florestas e Fauna Bravia. - Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional. - Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia. 6

8 Índice Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Agradecimentos...3 Nota para os leitores...5 Lista de acrónomos...6 índice geral...7 índice de tabelas e gráficos...8 índice de figuras e fotografias INTRODUÇÃO Objectivos CONTEXTUALIZAÇÃO Enquadramento socioeconómico de Moçambique Recursos florestais nacionais Exploração florestais em Moçambique Localização e caracterização geral de Cabo Delgado METODOLOGIA Área de estudo Trabalho de Campo...16 I.) Pesquisa de toros nas serrações...16 II.) Análise de espécies comerciais...16 III.) Comparação entre áreas exploradas e áreas não exploradas...17 IV.) Análise de indicadores ecológicos Fontes secundárias - Entrevistas e questionários Princiapais infracções levantadas pela fiscalização RESULTADOS Dados gerais Trabalho de Campo...21 I.) Pesquisa de toros nas serrações...21 II.) Análise de espécies comerciais...23 III.) Comparação entre áreas exploradas e áreas não exploradas...24 IV.) Análise de indicadores ecológicos Sumário dos prínciapais aspectos das entrevistas...29 I.) Perguntas de carácter geral das florestas...29 II.) Exploração e exportação ilegal...30 III.) Fiscalização Integridade Sumário dos questionários...32 I.) Perguntas de carácter geral sobre a problemática florestal...32 II.) Perguntas de carácter específico exploração ilegal...32 III.) Perguntas de carácter específico fiscalização...33 IV.) Perguntas de carácter específico direitos comunitários...33 V.) Perguntas específicas Regimes de exploração florestal...34 VI.) Perguntas específicas Integridade Princiapais infracções levantadas pela fiscalização...34 I.) Sector Laboral...35 II.) Sector florestal CONCLUSÃO...37 Índice 7

9 6. RECOMENDAÇÕES Estudos Fiscalização Reformas legais Advocacia e Medidas Acesso à informação Reformas Sócio-Culturais ou Comunitárias Integridade e Ética CONSTRANGIMENTOS BIBLIOGRAFIA...43 ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1 - Número de licenças simples, concessões e volume e área de madeira a explorar para os quatro Distritos analisados (Anexo 1- dados detalhados)...15 Tabela 2 - Diâmetro mínimo de corte e classificação das espécies...22 Gráfico 1 - Formas de Exploração Preferidas pelos Operadores...20 Gráfico 2 - Destino da Madeira no Periodo de Janeiro de 2006 a Julho de Gráfico 3 - Número de Toros e Volume por Espécie...22 Gráfico 4 - Número de Toros por Espécie, de Acordo com o seu Diâmetro...23 Gráfico 5 - Número de Toros por Espécie, de Acordo com o seu Diâmetro...23 Gráfico 6 - Número de Árvores das Diferentes Espécies, de Acordo com o seu Diâmetro...24 Gráfico 7 - Comparação entre o número de árvores em áreas exploradas e áreas não exploradas...25 ÍNDICE DE FIGURAS E FOTOGRAFIAS Figura 1 - Localização geográfica de Moçambique...10 Figura 2 - Localização de Cabo Delgado...14 Figura 3 - Fotos que ilustram a grande quantidade de biomassa das espécies rasas...20 Fotografia 1 - Floresta queimada no Distrito de Mueda...11 Fotografia 2 - Duas árvores de Pau-Preto (Dalbergia melanoxylon)...13 Fotografia 3 - Toros na serração Tienhe em Pemba...20 Fotografia 4 - Floresta queimada no Distrito de Nangade...27 Fotografia 5 - Fotografias que ilustram a grande quantidade de biomassa das espécies rasas...27 Fotografia 6 - Pau-Preto no Distrito de Mueda...29 Fotografia 7 - Madeira ao lado da estrada no Distrito de Nandage...31 Fotografia 8 Entrevista na comunidade de Nandage

10 1. Introdução Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado As florestas proporcionam uma variedade de bens e serviços, de acordo com o seu tipo e a região onde se encontram. Nos países em desenvolvimento, estes bens incluem madeira para combustível, produtos madeireiros e não madeireiros (tal como medicamentos) e habitat humano. Os serviços que as florestas proporcionam incluem os processos cíclicos dos nutrientes, micro-climas e protecção de bacias hidrográficas. As florestas são as áreas mais ricas do mundo em população animal selvagem e biodiversidade em geral. Moçambique possui cerca de 40.1 milhões de hectares de florestas. Cabo Delgado é uma das províncias com maior área florestal com cerca de 4,8 milhões de hectares (DNTF, 2007). Porém, actualmente estas vem sendo ameaçadas pelos complexos padrões das actividades humanas. A problema do sector florestal desta Província já foi reconhecido em vários estudos (Albano 2001, Bila & Salmi DNFFB, Cuco 1994, Cuco et al. 2002, Saket 1994, Sitoe 2003, Mackenzie 2006). Estes problemas variam de corrupção, corte em excesso e exportação ilegal de toros, exploração de trabalhadores, fraca fiscalização, falta de recuperação de madeira e muito outros problemas. Grande parte destes estudos foram feitos a nível nacional, com uma visão geral ou consistem de análises profundas de uma outra província sendo a realidade desta projectada para a de Cabo Delgado. Devido à gravidade dos problemas mencionados e à falta de estudos detalhados em Cabo Delgado foi vista a necessidade de fazer um levantamento preliminar da situação das florestas em Cabo Delgado. O presente estudo não pretende apenas documentar e consciencializar estes problemas, mas também propor futuros estudos e soluções. O relatório fornece detalhes das práticas no sector das florestas que podem apoiar iniciativas correntes e ajudar a desenvolver projectos que permitam definir reformas chave e medidas interinas a fim de tornar a exploração florestal numa gestão florestal sustentável Objectivos do Estudo Com o presente estudo pretende-se ter uma base mais concreta da realidade referente ao sector florestal em Cabo Delgado através de um levantamento preliminar dos sectores ligados às florestas. Os objectivos específicos consistem em obter dados relativos: aos regimes de exploração (número de licenças simples e concessões nos distritos), aos métodos de exploração florestal utilizados na Província, à nacionalidade dos operadores e indivíduos no sector florestal assim como à quantidade de trabalhadores neste sector; à capacidade de produção (abate) e processamento dos operadores, ao relacionamento dos diversos grupos (operadores, Governo e ONGs) com as comunidades locais, aos impactos e benefícios que as comunidades obtêm do sector das florestas, interacção entre as florestas e as comunidades; aos volume de multas aplicadas e efectivamente pagas; aos volumes de madeira exportadas pelo Porto de Pemba, à descrição do sector de fiscalização em Cabo Delgado (quantidade de fiscais, nível de formação académica, meios de circulação, nível salarial e outros), à capacidade técnica do sector de florestas e fauna bravia a nível do Governo Provincial, à situação das espécies comerciais e à dinâmica biológica das florestas. Este estudo foi finalizado com a apresentação dos resultados do trabalho num seminário público, em coordenação com o Fórum Nacional de Florestas e o Governo da Província de Cabo Delgado, em Cabo Delgado. 1. Introdução 9

11 2. Contextualização Figura 1: Localização Geográfica de Moçambique Moçambique localiza-se na costa Oriental Africana, entre a foz do Rio Rovuma (10º30 S) e a fronteira sul-africana (26º49 S), fazendo fronteira com a Tanzânia a Norte, o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabué, a África do Sul e a Suazilândia a Oeste, África do Sul a Sul e o Oceano Índico a Leste e ocupa uma área de aproximadamente km ². O País possui 11 Províncias nomeadamente, Cabo Deldo, Niassa, Nampula, Tete, Zambézia, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo e Maputo Cidade Enquadramento sócio-económico de Moçambique Moçambique continua a ser um dos países mais pobres do mundo, situando-se em 168º lugar de 177 países, de acordo com o relatório do Desenvolvimento Humano de Possui uma população de cerca de 20.5 milhões de pessoas (INE, 2007) estando, segundo dados do INE em 2003, 54% da população moçambicana a viver abaixo da linha de pobreza nacional. O rendimento anual médio por pessoa é de US$ 250 (Indicadores de Desenvolvimento Mundiais 2005). A distribuição da riqueza tende a favorecer o sector urbano e geograficamente a zona Sul do país, tendo as províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Tete e Zambézia altos índices de pobreza humana (INE, 2003). A economia de Moçambique baseia-se essencialmente na agricultura e na pesca, que contribuíram em cerca de 22 % para o PIB (GDP) em 2004 (OCDE, 2006). Estimativas sugerem que aproximadamente 85 % da população é dependente da agricultura e pesca e que essas actividades ocupam 94 % da população economicamente activa (ADB, 2006). No entanto, há alguma discrepância na literatura disponível sobre esta matéria, e alguns estudos sugerem que aproximadamente apenas 75% da população está empregada no sector agrícola (FAO, 2004). Apesar de grande parte da população estar dependente e empregada no sector agrícola, prevê- -se que somente 10% da terra arável seja cultivada. Segundo a FAO (2004), o acesso a recursos naturais está ligado à sustentabilidade familiar contudo, a percentagem da terra cultivada em Moçambique não mostra um quadro real da importância da terra não cultivada para o rural pobre. (...) outros recursos naturais são recolhidos, processados e/ou vendidos por muitas famílias, como uma actividade predominante ou como parte de um processo diversificado de estratégias de sustento para estender e minimizar riscos específicos. Estes incluem recursos como carne de caça, mel, barro, raízes e tubérculos, plantas medicinais, matérias de construção, palha para cobertura, lenha e a produção de carvão vegetal e sal (FAO, 2004) Recursos Florestais Nacionais Moçambique é um País rico em recursos florestais, com uma área florestal total de cerca de 40.1 milhões de hectares (DNTF, 2007). Estima-se que o sector de florestas dá emprego a cerca de pessoas e contribui cerca de 1% no PIB (excluindo o uso de madeira e carvão para combustível). Oficialmente, em 2004 a exportação do sector madeireiro somou lucros de $30 milhões de 10

12 USD e actualmente estima-se que o sector de florestas venha a contribuir com aproximadamente $6 milhões de USD em receitas para o Governo Moçambicano. Algumas Províncias possuem vastas áreas florestais não exploradas, de onde as comunidades rurais adquirem vários produtos para a sua subsistência, e que têm uma importância cultural e espiritual para essas comunidades. A diversidade florestal em Moçambique é pobremente documentada devido a várias razões, como a vastidão do País, os conflitos armados de longa duração que assolaram o País e a falta geral de recursos humanos e financeiros para cobrir todo o território. Contudo, alguns estudos, como o de Wild & Barbosa (1967) baseado no mapeamento de tipos de vegetação africana, referem que cerca de dois terços das florestas do País sejam compostas por Floresta de Miombo, onde as espécies dominantes, como a Brachystegia spiciformis muitas vezes misturada com Jubernardia globiflora, ocorrem associadas com uma variedade de outras espécies de plantas. Em Moçambique, este tipo da vegetação ocupa vastas áreas nas regiões Centrais e Norte, com maior predominância no Norte (MICOA, 1998) no entanto, não há nenhum dado exacto sobre a sua extensão. Estima-se que aproximadamente 334 espécies de árvores estejam incluídas nessas florestas de Miombo moçambicanas. A fisionomia do Miombo é caracterizada por uma cobertura de vegetação densa, com árvores caducas e semi-caducas, de altura entre 10 e 30 metros quando maduras e não degradadas. O fogo é um componente ecológico importante nestas florestas uma vez que é necessário na germinação e nutrição dos solos. Num sistema natural sem influência humana, normalmente o fogo começa devido aos relâmpagos, muitas das vezes no princípio da estação das chuvas. Isto é importante porque após a germinação, as árvores jovens precisam de alguns anos de crescimento para ganhar o tamanho suficiente para sobreviver ao próximo fogo. Com base nas lentas taxas de crescimento da vegetação, um período de rotação de fogos de 10 anos ou mais seria o ideal. Mesmo assim, a existência de árvores grandes que sobrevivem aos fogos, torna possível a manutenção da cobertura florestal necessária para um ecossistema saudável e um forte fornecimento de sementes que permite uma certa resistência aos impactos negativos dos fogos. A precipitação no ecossistema é altamente sazonal (variando entre 650 e 1400 mm por ano), deixando a vegetação seca durante vários meses do ano. Por isso, os temporais associados ao início da estação chuvosa podem incendiar facilmente a vegetação (WWF, 2007). Contudo, além de serem naturalmente propensas ao fogo, as florestas de Miombo também são frequentemente queimadas pela população para abertura de campos para o cultivo, pastagens para o gado, ou para facilitar a caça de vários animais, incluindo ratos. O endemismo e a diversidade de fauna são baixos, possivelmente devido ao longo período seco e aos fogos intensos que ocorrem nestas florestas. Alguns grandes herbívoros como o Pala-Pala (Hippotragus niger) e antílopes habitam estes ecossistemas. A avifauna é rica em algumas espécies distintas como o pássaro de algodão cinzento (Anthoscopus caroli), o Sentinela Tordo de Rocha (Montícola explorator) e o beija-flor de Shelley (Nectarina shelleyi), sendo a variedade de insectos e répteis bastante baixa (GFC and JA, 2007). Alguns dos rios mais importantes de Moçambique situam-se em regiões cobertas pela vegetação de Miombo, especialmente o Rio Zam- Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Fotografia 1. Floresta queimada no distrito de Mueda. 2. Contextualização 11 Daniel Ribeiro

13 beze, onde a quantidade e qualidade de água muitas vezes depende do estado geral destas florestas. Essas florestas são também importantes para a população local, cujos usos principais incluem a fonte de lenha e carvão vegetal, plantas medicinais, fonte de nutrientes e fertilizantes do solo - por fogos e reciclagem do material das folhas - e como uma fonte de alimentação de animais domésticos. Devido geralmente à fertilidade do seu solo, as florestas de Miombo também são usadas para a agricultura. O segundo tipo de floresta mais extensa encontrada no País é a Floresta Mopane, que ocorre principalmente na área desde o Limpopo, passando pelo Save, até ao alto do Vale do Zambeze, dominada por espécies como Colophospermum mopane, bem como Adansonia digitata (Embondeiro), Afzelia quanzensis (Chanfuta, uma espécie arbórea cuja madeira é considerada de primeira classe pelo Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia de 2002) e a Sterculia rogersii (GFC and JA, 2007). Esta eco-região ocorre principalmente no clima chuvoso e quente tropical, onde a estação chuvosa é entre Novembro e Abril e cuja precipitação anual varia entre 450 e 710 mm, com áreas máximas de aproximadamente 1000 mm/ano. A vegetação Mopane é caracterizada predominantemente pela ocorrência de árvores e arbustos, sendo que as florestas têm uma grande diversidade de plantas, embora duas unidades de vegetação possuam diversidades florísticas particularmente altas, as savanas secas com árvores caducas e as savanas secundárias de altitude baixa e média. A riqueza raramente excede as 283 espécies por 625 km², sendo 614 espécies por 625 km ² a maior excepção registada. Algumas espécies importantes encontradas nas florestas Mopane são a Sclerocarya birrea, o Combretum sp., a Terminalia sericea e o Strychnos sp., entre outras. Algumas plantas medicinais também podem ser encontradas nestas florestas tais como o gengibre selvagem (Siphonochilus aethiopicus) e a Warburgia salutaris. Esta eco-região é uma das mais importantes da África Austral, e serve de habitat para uma série de espécies de fauna como impalas, elefantes, rinocerontes, búfalos, leões, hienas, leopardos, entre outros. Há algumas espécies endémicas de pássaros e uma variedade de répteis endémicos. A má produtividade dos solos e a ocorrência de uma vasta quantidade de fauna nas florestas de Mopane, resultaram em grandes Áreas de Conservação nesta região do País, como os Parques de Banhine, Zinave e Parque da Gorongosa. O resto do país é caracterizado por vários outros tipos de vegetação como mosaicos costeiros, terrenos arborizados não diferenciados, elementos afromontane, vegetação alopática e pantanosa. De uma forma geral, o Norte do País possui florestas mais densas e menos exploradas do que o Sul de Moçambique Exploração Florestal em Moçambique Como referido anteriormente, a maioria dos Moçambicanos vive em áreas rurais e depende dos recursos naturais para a sua subsistência diária. A agricultura de subsistência é praticada por grande parte da população pobre da zona rural, e a comercialização de produtos realiza-se quando há excedentes. Apenas cerca de 7 a 9% da população total de Moçambique tem acesso à electricidade cabendo à restante população fazer o uso da lenha, do carvão vegetal, do petróleo e do gás. A colecta de lenha e a produção de carvão vegetal para efeitos de cozinha e aquecimento representa 85% do consumo total de energia no país. Estima-se que aproximadamente 17 milhões de m³ de biomassa sejam usadas por ano em Moçambique. Só em 2005, m³ de madeira foram retirados para a produção de carvão vegetal, o que representa a principal razão de redução dos recursos naturais. ((MPD-Ministério da Planificação e Desenvolvimento e EDM- Electricidade de Moçambique) Para além de usos com fins energéticos, as madeiras comuns e as madeiras preciosas também são usadas pelas comunidades na construção de casas e nas artes e ofícios, por exemplo para gravar e esculpir. 12

14 A maior parte dos Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) que incluem plantas medicinais, capim, bambu, cana e alimentos como verduras selvagens, frutos e tubérculos não são comercializados pelas comunidades locais, em grande parte devido à falta de infra-estruturas e dificuldades de acesso aos mercados e cidades. No entanto, existem várias pessoas que vendem esteiras e cestos, cadeiras e camas feitas com capim e bambus ao longo das estradas principais. Várias espécies de árvores (aproximadamente 118) são comercialmente exploradas em Moçambique, embora apenas 10 tenham maior procura e um valor mais elevado para efeitos de exploração. Algumas destas espécies encontram-se incluídas na lista de espécies em via de extinção da IUCN: Umbila (Pterocarpus angolensis), Chanfuta (Afzelia quanzensis), Jambirre (Milletia stuhlmannii), espécies de primeira classe, de acordo com o Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia n.12/2002 do dia 6 de Junho de Pau-Ferro (Swartzia madagascariensis), Mondzo (Combretum imberbe), Mecruse (Androstachys johnsonii) e Umbáua (Khaya nyasica) são também espécies de primeira classe, recentemente reclassificadas pelo Dimploma Ministerial no 8/2007 de 24 de Janeiro do Ministério da Agricultura que começam a estar em risco devido à sua sobre exploração. Pau-Preto (Dalbergia melanoxylon), Pau-Rosa (Berchemia zeyheri) e Tule (Milicia excelsa) espécies de madeira preciosa de acordo com o mesmo regulamento. Devido à baixa regeneração das florestas no País, o corte máximo admissível foi estipulado em cerca de m³/ha/ano. O Inventário Florestal Nacional de 2007 estipula que cerca de 70% de Moçambique é coberto por florestas e outros terrenos arborizados. Como o Inventário Nacional de 1994 apontou uma cobertura nacional de cerca de 80% por tipos florestais diferentes, pode-se notar que a percentagem de florestas nacionais tem vindo a diminuir nos últimos anos. No entanto, o Inventário Nacional indica uma taxa anual de desflorestação para o País de cerca de 0.58%, correspondente aproximadamente a ha de florestas. A mesma taxa, em 2004 foi de 0.81%. Esta estatística indica que há melhoramento do sector de florestas, com o Governo, as ONGs e a sociedade civil interessados na sustentabilidade das florestas. Apesar dos resultados referidos no Inventário, está extensivamente documentado que uma das causas principais do desflorestação em Moçambique é o corte ilegal de árvores. Por exemplo, o estudo feito pelo DNFFB e FAO em 2003 apontou como uma das principais causas do desflorestação em Moçambique é o corte ilegal de árvores e estimou que entre 50 e 70% da exploração florestal é ilegal (Gatto, 2003). O corte ilegal de madeira está ligado a vários actores e actividades da Província, como a adjudicação ilegal de concessões florestais e licenciamento em regime de licenças simples, corte de madeira em áreas proibidas ou protegidas e falhas no processo de auscultação das comunidades locais. A actividade madeireira ilegal envolve actores de diferentes sectores da sociedade, deste membros de comunidades locais, concessionários, operadores de serrações e exportadores, trabalhadores dos sectores das serrações, das concessões e dos transportes. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Fotografia 2. Duas árvores de Pau-Preto (Dalbergia melanoxylon). 2. Contextualização 13 Daniel Ribeiro

15 Estudos específicos ao nível provincial, como o de Mackenzie (2006), também mostraram que ainda há graves problemas no sector das florestas, criando uma consciencialização e debate público à volta da realidade do sector das florestas na Província da Zambézia e uma base forte de recomendações para ajudar a tornar o sector de florestas sustentável. Infelizmente, não existem estudos multi-disciplinares detalhados independentes para muitas das outras províncias com potencial florestal (como Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Tete e Manica) que também têm problemas graves no sector de florestas. MAPA DE MOÇAMBIQUE N ZÂMBIA Rio Zambezi Albufeira de Cabora Bassa ZIMBABWÉ ÁFRICA DO SUL SUAZILÂNDIA Rio Limpopo MALAWI Rio Save Lago Niassa Rio Chire Rio Zambezi 2.4. Localização geral de Cabo Delgado Cabo Delgado é a província situada mais a Norte de Moçambique. Com uma população de cerca de 1.6 milhões de habitantes (INE,2007) em uma área de 82,625 km², a Província é dividida em 16 distritos (anexo 1) e 3 Concelhos Municipais (Mocímboa da Praia, Montepuez e a capital, Pemba). Lago Chirua TANZÂNIA Rio Rovuma Rio Lugenda CABO DELGADO Rio Lurio OCEANO ÍNDICO Cabo Delgado é uma das Províncias mais pobres e subdesenvolvidas de Moçambique. A estimativa de vida é quatro anos inferior à média nacional. Algumas pesquisas de consumo doméstico realizadas entre (NDPB et al 2005) estimaram que 63.2% dos lares de Cabo Delgado viviam abaixo da linha de pobreza. O nível de analfabetismo na Província encontra-se nos 77%, sendo 92% mulheres (Fundação Aga Khan, 2005). Outros indicadores sociais, como a mortalidade infantil, mostram que aproximadamente 56% dos óbitos no meio rural em crianças com menos de 5 anos são causados por mal-nutrição (Setsan 2005). Estima-se que existam cerca de pessoas vivendo com o HIV- SIDA (aproximadamente 8.6% da população de Cabo Delgado). Outras epidemias que merecem destaque incluem a Malária, a Cólera e a diarreia (MICOA 2004). Este estudo decorreu em Cabo Delgado, tendo como objectivo contribuir com informação sobre a situação actual das florestas na Província de Cabo delgado. O estudo pretende assim constituir uma base mais concreta da realidade à volta do sector de florestas em Cabo Delgado através de um levantamento preliminar dos sectores ligados às florestas. Figura 2: Localização de Cabo Delgado 14

16 3. Metodologia Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado A metodologia consistiu em: Obtenção de dados oficiais do sector de florestas; Pesquisa bibliográfica, para descrição da área de estudo e definição de áreas de estudo prioritárias; Trabalho de campo, que consistiu na recolha de dados sobre o funcionamento do sector florestal da Província; e avaliação preliminar através de um mapeamento de amostras aleatórias de indicadores ecológicos simples - número de árvores, indicação da diversidade, densidade e composição das parcelas a serem exploradas; e Visitas, inquéritos e entrevistas semi-estruturadas a representantes do Governo Provincial, dos madeireiros, organizações não governamentais e membros comunitários Áreas de Estudo Foram escolhidos 5 Distritos da Província de Cabo Delgado, sendo estes: Mocimboa da Praia, Montepuez, Mueda, Nangade e Pemba-Metuge. O critério para a escolha dos distritos foi de acordo com as características de cada um deles. A Vila de Mocimboa da Praia e o Município de Pemba-Metuge possuem os dois principais Portos da Província, por onde é feito o escoamento de grande parte da madeira. O Distrito de Mocimboa da Praia apresenta grande potencial para a indústria madeireira e actualmente existem operadores em regime de 5 licenças simples e 2 concessões florestais. O Distrito de Montepuez apresenta o maior número de licenças simples da Província, no total de 17 licenças simples e três concessões florestais. Por outro lado, o Distrito de Mueda apresenta maior número de concessões florestais (5, o maior número na Província) do que de licenças simples (3)(Tabela 1). Pemba, sendo a capital da Província, comporta grande parte das estruturas governamentais provinciais, associações e escritórios das companhias ligadas ao sector florestal, para além do elevado número de parques de toros e serrações. O Distrito de Nangade foi analisado por ser o que faz fronteira com a Tanzânia, permitindo verificar as alegações de exploração ilegal de madeireiros deste País vizinho. Nangade possui 4 operadores de licenças simples e 3 concessões florestais (Tabela 1). Tabela 1: Número de licenças simples, concessões e volume e área de madeira a explorar para os quatro Distritos analisados (Anexo 1- dados detalhados) Montepuez Mueda Mocimbia da Praia Nangade Total Licenças Número Simples (7 indiferido) (1 indiferido) (3 indiferido) Quantidade (m3) Concessões Número (1 indiferido) (1 indiferido) (1 indiferido) Quantidade (m3) Área (ha) Total Quantidade (m3) 3. Metodologia 15

17 A primeira parte do estudo consistiu na informação aos intervenientes ligados ao sector de florestas do projecto e fazer os pedidos oficiais de informação como número de operadores, forma de exploração, número de licenças simples e concessões, volumes e destino das madeiras exportadas. Os intervenientes incluíram Directores Provinciais e Distritais, Chefes dos Serviços Provinciais, Funcionários (técnicos qualificados e outros), Proprietários das Licenças (Operadores), Proprietários de empresas de exportação (nacionais e estrangeiros) e das juntas principais. Estes dados oficiais em conjunto com o levantamento bibliográfico serviram como base para uma descrição inicial da realidade e identificação das lacunas para posterior adaptação da metodologia de trabalho Trabalho de Campo I) Pesquisa de toros nas serrações Foram recolhidos dados em 6 serrações da cidade de Pemba, nomeadamente Senlian Lda, Wood Export Lda, Miti Lda, Alman Madeiras Lda, Tienhe Lda e ZMJ Lda. Estas serrações foram escolhidas por pertencerem às maiores empresas da Cidade de Pemba e da Província de Cabo Delgado em geral, em termos de infra-estruturas, capacidade real instalada e também pela disponibilidade destas em permitir a recolha de dados. Foram identificadas as espécies presentes no pátio de toros em cada uma das serrações e foram seleccionadas 20 amostras. A selecção das amostras foi feita com base na disponibilidade destas. O processamento de toros nas serrações visitadas é feito consoante as requisições dos clientes e de acordo com o Regulamento de Florestas e Fauna Bravia (2002). Para a avaliação da qualidade dos toros geralmente exportados ou processados nas serrações, de acordo com as especificações do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (2002), para cada amostra foi feita a medição do diâmetro cruzado na base e no topo de modo a determinar o diâmetro médio e a medição do comprimento dos toros. II) Análise de Espécies Comerciais Os dados de campo foram obtidos em 4 (quatro) Distritos. A recolha de dados foi feita em uma área em exploração sob licença simples e uma área de concessão florestal em cada um dos Distritos. Sendo que a recolha de dados foi feita em Mueda (Wood Export Lda e Jamal M. Jamal), Nangade (Comadel), Mocimboa da Praia (Miti Lda e Jambirre Company) e Montepuez (Panga Lda e Frederico Cossa)(Tabela 1, Anexo I). Para a avaliação do estado da floresta e do impacto do abate de espécies comerciais, para cada área florestal em exploração (regime de concessão e licença simples), foram feitos trajectos de cinco quilómetros. A cada 500 metros eram demarcadas parcelas circulares de 20 metros, resultando em 9 amostras para cada área florestal em exploração. As parcelas foram determinadas através de cordas e foram registadas as coordenadas de cada local de amostragem através de GPS. Para cada parcela foram utilizadas fichas de registo de dados e fitas de cores para marcação de parcelas onde foi feita a identificação de todas as espécies. Para a análise das espécies comerciais foram usadas sutas para medir o diâmetro, tubos metálicos para auxiliar na estimativa da altura e fita métrica. Em cada uma das parcelas foi feita a medição do diâmetro à altura do peito (DAP). Em intervalos de 10 árvores de cada espécie foi estimada a altura das espécies mais comercializadas, de modo a analisar o estado da floresta em termos de árvores disponíveis e inferir sobre o estado da regeneração das mesmas. Foram também contabilizadas e registadas todas espécies passíveis de substituir o recurso actual em caso de sobre exploração de espécies. 16

18 Os dados recolhidos permitiram a: Determinação do volume de toros explorado por cada espécie (Gráfico I); Determinação de valores médios dos diâmetros (Gráfico II); Determinação de intervalos de variação dos diâmetros dos toros (Gráfico II). Os cálculos para a determinação do diâmetro médio e volume dos toros por espécie foram efectuados com base nas seguintes equações: Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Equação 1: Diâmetro médio dos toros: Dm (b ou t) = (D1 + D2)/2 Onde: Dm = Diâmetro médio que pode ser da base (b) ou do topo (t); D1 = Diâmetro; D2 = Diâmetro; O Volume explorado dos toros por cada espécie é feito através do cálculo da área seccional, volume e altura comercial. A área basal e a área seccional são ambas calculadas com base nas medições de diâmetro e perímetro, assumindo uma secção circular do tronco. Equação 2: Cálculo da área seccional. G= (π x d2) / 4 (m2) ou G = C2 / (4 x π) (m2) Onde: C = circunferência, π é cerca de ,, d = diâmetro. O volume líquido comercializável corresponde ao volume do caule principal da árvore excluindo o cepo e o topo, bem como a madeira defeituosa e decadente. Equação 3: Volume líquido (com base no método de Smalian). V = [(G0 + Gn)/2 * L] (m3) Onde: V = Volume (m3) G0 = Área na base do toro (m2); Gn = Área do topo do toro (m2); L = comprimento do toro. A altura comercial refere-se somente ao material comercializável e é definida como a distância da base da árvore ao ponto mais alto do fuste principal onde o diâmetro não é menor que um valor específico ou onde a utilização do fuste é limitada pelo aparecimento de ramos ou defeitos. III) Comparação entre áreas exploradas e áreas não exploradas No caso específico das áreas florestais em regime de concessão foi feita uma comparação entre áreas exploradas e áreas não exploradas dentro da própria concessão com o objectivo de obter uma melhor noção dos impactos quantitativos do abate. Foi usada a mesma metodologia da secção II de fazer trajectos de cinco quilómetros com demarcação e análise de parcelas circulares de 20 m em cada 500 m. Este trabalho foi levado a cabo numa zona não explorada e numa zona explorada. Um segundo tipo de trajectos foi feito não usando uma distância fixa de 500 m, mas usando o método das equipas de corte trabalhando na concessão. Este método é subjectivo, pois os olheiros 3. Metodologia 17

19 do operador da concessão procuram manchas com alta densidade de espécies comerciais. Uma vez identificadas, a equipa de corte é notificada do local. Para poder seguir este método, pediu-se a ajuda de um olheiro para indicar o que normalmente é considerado uma mancha para a nossa equipa poder demarcar uma parcela circular de 20 metros para analisar. Isto foi feito numa área explorada e numa área não explorada, repetindo o processo até atingir 9 parcelas para cada área. IV) Análise de indicadores ecológicos Durante a análise das parcelas, também foi registado o número de árvores e a morfologia da espécie dominante para ter uma indicação da diversidade, densidade e composição das parcelas. As árvores foram divididas em três grupos: árvores adultas (acima do diâmetro legal), intermédias (abaixo do diâmetro legal) e pequenas (com menos de 5 cm de diâmetro). A percentagem de árvores não comerciais de cada grupo foi estimada e no caso das espécies comerciais esta foi determinada através de medição. Foi feita a descrição da vegetação e de outros aspectos específicos de cada parcela. Os comentários dos membros da comunidade e dos guias foram incluídos nesta análise. Foram obtidas informações da ocorrência dos fogos (período e causa do último fogo), diferenças entre a situação actual e a passada, mudanças sazonais e outras informações ecológicas sobre as florestas, como e em que condições certas espécies são encontradas e razão da procura destas. As informações foram posteriormente comparadas com a bibliografia disponível sobre as florestas de Miombo e as espécies em questão Fontes secundárias Entrevistas e questionários O questionário utilizado foi elaborado por indivíduos de áreas diversas, para acautelar o maior número de aspectos possíveis dos vários segmentos do sector florestal. Para garantir a fidelidade da informação obtida, efectuaram-se entrevistas ao maior número possível de partes interessadas e envolvidas que intervêm directa ou indirectamente no sector florestal. As consultas incluíram entrevistas e questionários individuais com líderes tradicionais; Directores Provinciais e Distritais; Chefes dos Serviços Provinciais; Funcionários (entre técnicos qualificados e outros); Titulares concessionários das Licenças (Operadores); Proprietários de empresas de exportação (nacionais e estrangeiros); Jornalistas e a indivíduos nos pátios de armazenamento; nas juntas principais; entrevistas em grupo durante a cubicagem dos toros nas serrações; e nas áreas de concessões e licença simples. Foi também realizado um segundo questionário de inventário/amostragem aos operadores florestais dentro das serrações, concessões e nas licenças simples. O questionário, está dividido em 6 grandes secções e pode ser encontrado na integra no anexo V, onde: I. Na primeira secção, as questões são de carácter geral sobre a problemática florestal; II. A segunda secção, aborda questões de carácter específico sobre a exploração ilegal das florestas; III. A terceira secção, questiona sobre os aspectos relativos à fiscalização; IV. Na quarta secção, as questões reflectem os aspectos específicos de direitos comunitários; V. Na quinta secção, são colocadas questões específicas sobre os regimes de exploração florestal; VI. A sexta e última secção aborda os aspectos de Integridade. Para acomodar questões específicas de determinado grupo (comunidades, sector público, sector privado, ONG s, etc) relacionado com o sector florestal foram feitas entrevistas adicionais com questões que não eram abordadas pelo questionário. As entrevistas foram feitas a pessoas chave, em certos sectores, departamentos e zonas, sobre problemas específicos ligados ao sector de florestas. Estas entrevistadas foram extremamente diversificadas e variaram em função do indivíduo, suas responsabilidades, seus conhecimentos, sector de intervenção etc.

20 Tanto o preenchimento do questionário como as entrevistas foram realizadas de forma individual e em certas situações como no caso das comunidades, foi colectiva. Terminada a entrevista, o entrevistado teve a oportunidade de ler em voz alta todas as respostas por si dadas e fazer correcções onde julgasse conveniente. Somente após a sua aprovação se solicitou aos entrevistados que assinassem os questionários/apontamentos. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado 3.4. Principais infracções levantadas pela fiscalização A confirmação de alegações de casos de práticas ilegais no sector florestal foi difícil de obter, daí que foram realizadas operações de fiscalização relâmpago a alguns operadores sediados na Cidade da Pemba. Para estas visitas contamos com o apoio de alguns funcionários comprometidos com a boa vontade de resolver os problemas existentes no sector florestal. De referir que esses funcionários provinham das diferentes Direcções Provinciais, tais como a Direcção Provincial do Trabalho, Direcção Provincial de Agricultura, Direcção Provincial da Saúde e Direcção Provincial de Migração, para além da Polícia de Pemba e da Justiça Ambiental. Esta equipa multi-sectorial, na sua missão visitou as seguintes empresas: a Mofid, Senlian International, Tienhe, Wood Export, Mite e King Wood. As visitas tinham como objectivo verificar o cumprimento da legislação sobre florestas, as condições de trabalho dos trabalhadores, níveis salariais, higiene e segurança no trabalho, legalidade contractual, infracções cometidas pelas empresas e finalmente confrontar as especulações com a realidade observada. Para que fosse possível realizar estas operações, Sua Excia. o Governador de Cabo Delgado, emitiu cartas para que a equipa fosse atendida em todos os sectores que julgássemos relevantes para o trabalho. Daniel Ribeiro 3. Metodologia 19

21 4. Resultados Os resultados estão divididos em 5 categorias: I. Dados Gerais (descrição dos operadores e análise de dados alfandegários); II. Dados de Campo (caracterização dos toros provenientes das serrações, comparação entre espécies comerciais de acordo com os dados obtidos no campo, comparação entre áreas cortadas e áreas não cortadas e análise biológica das florestas); III. Entrevistas (principais questões apresentadas) IV. Questionários (resumo das respostas do questionário); V. Fiscalização (levantamento das infracções dos operadores visitados). Daniel Ribeiro Fotografia 3. Toros na serração Tienhe em Pemba Dados Gerais Dos 17 operadores que ofereceram informações e que permitiram que a nossa equipa analisasse as suas operações, só um fornecia ao mercado nacional e todos tinham o mercado internacional como destino a principal das suas madeiras. As empresas com registos mais recentes mostraram uma tendência para compra e exportação de madeiras, especialmente no caso de companhias controladas por estrangeiros. Operadores só ligados à compra e exportação de madeiras representam o segundo maior grupo (24%, Gráfico 1) e o grupo com maior influência estrangeira. As dificuldades burocráticas na obtenção de concessões e/ou licenças simples, e os problemas operacionais de trabalhar em áreas remotas e pouco desenvolvidas, torna a componente de corte na exploração mais difícil. Mesmo com as dificuldades burocráticas e operacionais existentes, a principal forma de exploração é de operadores envolvidos no corte e exportação (40%, Gráfico 1) e 52% dos operadores estão envolvidos directamente no corte através de licenças simples e/ou concessões. No total, 36% dos operadores processam madeira e os restantes 64% estão interessados em toros (Gráfico 1). As razões dadas por não estarem interessados em processamento de toros em Moçambique foi a falta de eficiência (alguns dados das nossas visitas e entrevistas encontraram perdas de 30 a 60%) das serrações em Moçambique e falta de técnicas adequadas para certos métodos de processamento de madeira. Um outro factor muito importante no maior interesse em toros e uma das principais razões dadas pelos operadores envolvidos directamente na exportação de madeira foram as taxas alfandegárias na China, que são muito altas para a madeira processada. Formas de Exploração Preferidas pelos Operadores 24% 6% 18% 12% 40% Corte e Exportação em toros Corte, Processamento e Exportação Compra, Processamento e Venda local Compra e Exportação em Toros Compra, Processamento e Exportação 20 Gráfico 1: Percentagem relativa das formas de exploração preferidas pelos operadores da Província de Cabo Delgado

22 Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Em termos de exportação, o principal destino das madeiras de Cabo Delgado é a República Popular da China. Os dados fornecidos pelas Alfândegas de Pemba (e confirmados pelos operadores) mostram que em 2006 foram exportados para a China 20, m3 de madeira (62.2% da madeira exportada). Infelizmente, os dados só estavam disponíveis nos primeiros 7 meses de 2007 e, na segunda parte de 2007 ainda não tinham sido entregues até à data de finalização deste relatório. Mesmo assim, nos primeiros 7 meses de 2007 foram exportados para a China 7.042,72 m3 de madeira (66.8% da madeira exportada). No total, de Janeiro de 2006 até Julho de 2007 foram exportados ,72 m3 de madeira (32.925,39 m3 em 2006 e ,63 m3 no primeiro semestre de 2007) (Gráfico 2). Destino da Madeira no Periodo de Janeiro de 2006 a Julho de Volume da Madeira Exportada (m 3 ) Outros Asia Europa 0 China Jan 06. Fev 06. Mar 06. Abr 06. Mai 06. Jun 06. Jul 06. Ago 06. Set 06. Out 06. Nov 06. Dez 06 Jan 07. Fev 07. Mar 07. Abr 07. Mai 07. Jun 07. Jul 07. Periodo Gráfico 2: Diferentes destinos da madeira proveniente da Província de Cabo Delgado, tendo em conta o Volume exportado no periodo de Janeiro de 2006 a Julho de 2007 (Dados facultados pelas Alfândegas de Pemba) No entanto, importa referir que em 2007, nos meses de Março e Abril, houve uma grande quantidade de madeira de certas empresas, muito acima da média, que não foi incluída na análise e no gráfico. Estes dados não foram incluídos para que se pudesse verificar se havia erros nos dados fornecidos pelas Alfândegas de Pemba, estando este processo de verificação ainda em curso. Se os dados das Alfândegas de Pemba estiverem correctos, o volume de madeira exportado durante os primeiros 7 meses de 2007 sobe de ,63m3 para ,43m3, que é 5.056,04 m3 acima do total de Em Março a quantidade em questão foi ,21m3, sendo a Alemanha o destino principal e em Abril a quantidade em questão foi ,50 m3, tendo como destino principal África do Sul, o que tornaria a Europa o primeiro e África o segundo maiores destinos das madeiras de Cabo Delgado Trabalho de Campo I) Pesquisa de toros nas serrações A recolha de dados nas serrações observou por cada espécie: 40 Toros de Afzelia quazensis (Chanfuta), 70 Toros de Dalbergia melanoxylon (Pau Preto), 40 Toros de Milletia stuhlmannii (Jambirre), 4. Resultados 21

23 20 Toros de Pterescopsis angolensis (Muanga), 60 Toros de Pterocarpus angolensis (Umbila) e 20 Toros de Swartzia madagascarienses (Pau Ferro) Os seus diâmetros variam de 17 a 54 cm para Pau-Preto, de 33 a 72 cm para Jambirre, de 33 a cm para a Umbila, de 86 a 112 cm para a Chanfuta e 25.5 a 49 cm para Pau-Ferro e no geral os comprimentos dos toros das espécies em estudo variam de 124 a 601 cm. De acordo com o gráfico abaixo (Gráfico 3), o maior volume de espécies comercializadas corresponde à Chanfuta seguida da Umbila e Jambirre. A Chanfuta apresenta o maior volume de exploração mas não corresponde à espécie com maior número de toros comercializados. Os factores que elevam a madeira de Chanfuta como espécie com maior volume relativo são os valores elevados dos seus diâmetros. A Umbila destaca-se como a segunda espécie mais comercializada tanto em termos de volume como em número de toros observados. Número de Toros e Volume por Espécie 80 Número de Toros / m Chanfuta Jambire Muanga Pau Ferro Pau Preto Umbila Nº de toros Volume (m 3 ) Espécie Gráfico 3: Número de toros de madeira e volume por espécie na Província de Cabo Delgado De salientar, que apesar do número de toros de Pau-Preto ser elevado (70) comparativamente às restantes espécies, esta apresenta um baixo volume relativo, estando este factor associado ao baixo diâmetro apresentado por esta espécie em fase adulta. O corte é feito de acordo com o Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia, de 20 cm (R.L.F.F.B., Decreto 12/2002,-Tabela 2). Tabela 2. Diâmetro mínimo de corte por espécie e sua classificação. Espécie Chanfuta Jambirre Muanga Pau-Ferro Pau- Preto Umbila Diâmetro mín (cm) Classe 1 1a 1a 1a Preciosa 1a Fonte: Regulamento de Florestas e Fauna Bravia (2002) e Diploma Ministerial no de 24 de Janeiro de Os dados obtidos nas serrações foram agrupados (Gráfico 4), de modo a permitir a comparação com os valores exigidos pelo R.L.F.F.B. (2002) no que se refere ao diâmetro mínimo de corte (Tabela 2). Segundo a observação em campo pode-se concluir que em geral os operadores florestais exploram a madeira dentro dos padrões estipulados na legislação (mais de 70% dos toros observados revelaram este aspecto em cada espécie). 22

24 Número de Toros por Espécie, de Acordo com o seu Diâmetro Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Número de Toros Chanfuta Jambirre Muanga Pau Ferro Pau Preto Umbila Diâmetro (cm) > 40 Espécies Gráfico 4: Análise do número de toros por espécie obtidos nas serrações, de acordo com o seu diâmetro No entanto, importa referir que esta análise carece de estudos adicionais pois as amostras, em relação a algumas espécies, são reduzidas e foram obtidas através de pedidos oficiais. Houve vários operadores que recusaram a entrada da entrada da Justiça Ambiental nas suas serrações e alguns aceitaram o pedido só alguns dias depois da data planeada. Por isso, é de esperar que a amostra em questão seja favorável em relação aos operadores que estão a trabalhar dentro da lei e que não têm preocupações de serem analisados (ver secção sobre infracções levantadas pela fiscalização). II) Análise de Espécies comerciais No campo foi possível analisar 44 árvores Afzelia quazensis (Chanfuta), 159 árvores Dalbergia melanoxylon (Pau-Preto), 222 árvores Milletia stuhlmannii (Jambirre), 8 árvores Terminalia sp. (Messinge), 283 árvores Pterocarpus angolensis (Umbila) e 3 árvores Swartzia madagascarienses (Pau Ferro), cujos DAP variam de: 5 a 49 cm para Pau-Preto, 4 a 62 cm para Jambirre, 4 a 70 cm para a Umbila, 4 a 98 cm para a Chanfuta, 4 a 37 cm para Pau-Ferro e 13 a 39 cm para Messinge. Número de Toros por Espécie, de Acordo com o seu Diâmetro Número de Toros Chanfuta Jambirre Messinge Pau Ferro Pau Preto Umbila Espécie Gráfico 5: Análise do número de toros das diferentes espécies, encontrados no trabalho de campo, de acordo com o seu diâmetro Diâmetro (cm) > Resultados 23

25 Com base nos dados dos Gráficos 5 e 6, verificou-se que, através da análise de diâmetros a que pertencem, o maior número de amostras pertence no geral à classe de árvores em regeneração. Assim sendo, as áreas em estudo ocupadas pelas concessões florestais assim como pelas licenças simples deveriam estar em repouso de modo a permitir o crescimento saudável desta classe pois esta é a mais vulnerável. Número de Árvores das Diferentes Espécies, de Acordo com o seu Diâmetro Número de Arvores Diâmetro (cm) Espécie Chanfuta Jambirre Messinge Pau Ferro Pau Preto Umbila Gráfico 6: Análise do número de árvores das diferentes espécies encontradas durante o trabalho de campo, de acordo com o seu diâmetro Nas amostras de toros de madeira observadas no campo, não foi possível observar a espécie Muanga e o baixo número de árvores da espécie Messinge observado demonstra a fraca disponibilidade desta espécie. O cenário observado para a espécie de Messinge poderá estar a acontecer também em relação ao Pau -Ferro, pois, de acordo com os dados recolhidos nas serrações assim como no campo, há pouca quantidade disponível para o mercado. Estes factores aliados à fraca reflorestação faz com que o caminho destas espécies, e das restantes que neste momento estão no auge de exploração, seja a extinção, se medidas sérias de reflorestação não forem levadas em consideração. O valor estimado da altura das árvores foi baixo, dado que é associado ao estado das áreas actualmente em exploração e ao facto de grande parte destas se encontram em estado de regeneração e ainda não possuírem altura comercial. Apesar deste constrangimento, foi possível observar 2 árvores de Chanfuta com altura de 5 e 6 m, 13 árvores de Jambirre com alturas que variaram de 3 a 8 m, 10 árvores de Pau-Preto com alturas de 2.3 a 3 m e 27 árvores de Umbila com alturas de 1.8 a 7.5 m. III) Comparação entre áreas exploradas e áreas não exploradas 24 Só foi possível fazer uma análise de comparação entre áreas exploradas (cortadas) e áreas não exploradas (não cortadas) para uma concessão no Distrito de Mueda. As razões foram a falta de dados das outras concessões devido à falta de tempo, extrema dificuldade em chegar a áreas não exploradas, número reduzido de áreas não exploradas, falta de colaboração dos operadores, acesso a olheiros, ter um carro a menos que planeado e problemas mecânicos no único carro que sobrou (exemplo três pneus rasgados). O operador da concessão analisada começou a explorar o limite Norte da concessão, espalhando as suas operações de Norte a Sul. Durante o período que a nossa equipe analisou a concessão o operador já tinha explorado quase 40% da área concessionada, formando uma divisão entre a zona explorada (cortada) no Norte da concessão e a zona não explorada (não cortada) no Sul da concessão, tornando a comparação entre as duas áreas mais fácil. No entanto, apesar da zona Sul

26 da concessão não ter sido extensivamente explorada pelo presente operador da concessão, a área em geral já havia sido explorada, no passado, por operadores de licença simples e por operadores ilegais e, por isso, não pode ser considerada uma floresta virgem. Os olheiros confirmaram a existência de problemas de corte ilegal dentro da concessão por outros operadores e mostraram uma área com Umbila na zona Sul da concessão que foi explorada por operadores ilegais. Constatou-se a existência de troncos de árvores cortados e várias árvores marcadas, provavelmente por cortadores ilegais. Da análise visual verifica-se que nas zonas não exploradas (Sul) encontram-se árvores de grande porte e de espécies comercialmente valiosas como Umbila, Pau- Preto e Jambirre. As técnicas/ métodos utilizados confirmaram essa observação após os métodos de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 metros baseados em manchas de alta densidade (Gráfico 7 Não explorado- A) e de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 metros a cada 500m fixos (Gráfico 7- Não explorado-b). Em ambos se constatou a dominância de Umbila, Jambirre e Pau- Preto (Gráfico 7) entre as espécies comerciais. Também foram identificadas pequenas quantidades de Chanfuta e muito pouco Pau-Ferro. Como previsto, o método baseado em parcelas de manchas de alta densidade (Não explorado-a) resultou num maior número de árvores que o método de parcelas de 500 m fixo (Não explorado-a), no entanto a diferença foi mais pequena do que entre áreas exploradas e áreas não exploradas (Gráfico 7). Em contraste, na zona explorada (Norte) as poucas árvores de valor comercial observadas são de pequeno porte, abaixo do diâmetro legal, sendo raro encontrar árvores com diâmetro acima de 40 cm. Esta observação foi confirmada pelo encarregado das operações na concessão. Perante a questão Qual a diferença entre as áreas exploradas e as áreas não exploradas? a resposta foi: Nas áreas cortadas (exploradas) não se encontra nenhuma árvore com Diâmetro à Altura do Peito (DAP) acima de 50 cm. Os trajectos com análise de parcelas mostram uma clara diferença entre áreas não exploradas e áreas exploradas, tendo as áreas exploradas um número muito reduzido de árvores de valor comercial (Gráfico 7). Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Número de árvores por espécie, em áreas exploradas e áreas não exploradas Número de arvores Chanfuta Jambire Pau ferro Pau preto Umbila Espécies Exploradas Área Não explorada (A) utilizando o método de trajectos com análise de parcelas circulares de 20 metros baseados em manchas de alta densidade Área Não explorada (B) utilizando o método de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 metros a cada 500m fixos) Gráfico 7: Análise comparativa entre o número de árvores por espécie, em áreas exploradas e áreas não exploradas com diferentes métodos de amostragem Devido à falta de manchas de alta densidade de espécies comercias para as zonas exploradas só foi incluído o método de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 m a cada 500 m fixos. Nas zonas não exploradas (Gráfico 7., barras verdes) foi possível usar os dois métodos de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 m baseadas em manchas de alta densidade (não explorado A) e de trajectos com análise em parcelas circulares de 20 m a cada 500 m fixos (não explorado B). 4. Resultados 25

27 No entanto é importante notar que os resultados são de uma concessão e é necessário analisar mais concessões na Província antes de se poder chegar a uma conclusão de confiança e que reflicta a realidade. Um outro aspecto importante a mencionar é o período de cinco anos de rotação implementada pelo encarregado das operações na concessão. Em teoria, o período de rotação deveria ser o suficiente para permitir a regeneração das zonas exploradas e se o período de rotação estiver correcto, os resultados encontrados na concessão poderão ser menos graves que originalmente mencionados. No entanto, devido ao lento crescimento das espécies exploradas e ao elevado grau de exploração, é muito provável que o período de rotação seja abaixo do ideal e que a situação se agrave na segunda fase de exploração. IV) Indicadores Ecológicos Com base nas observações de campo, que incluíram cerca de 500 km em viagem de carro pelas florestas e concessões florestais e mais de 40 km de caminhadas, com mais de 70 parcelas analisadas, verificou-se vastos danos na área florestal, o que levou a uma grande preocupação em relação à sustentabilidade das florestas na Província de Cabo Delgado. A interacção entre o corte ilegal e o corte insustentável, combinado com os fogos excessivos, põem em perigo a sustentabilidade e a existência de ecossistemas florestais da Província. No caso específico de fogos, muitos ecossistemas florestais dependem destes para germinação, nutrição dos solos e sucessão natural, sendo ainda necessários para a manutenção da biodiversidade de forma equilibrada. Num sistema natural, os fogos costumam ocorrer em certas zonas criando um mosaico de diferentes composições de vegetação dentro do ecossistema florestal, em que as zonas mais frequentemente queimadas apresentam uma vegetação menos densa dominada por um crescimento rápido de espécies seleccionadas R, enquanto que as manchas menos queimadas apresentam vegetação mais densa e/ou dominada por espécies de crescimento lento, mais resistente de selecção K. A ocorrência de fogos depende no tipo de vegetação/ecossistema em questão. Cada vegetação/ ecossistema tem um período rotativo específico e ideal para a ocorrência de fogos, e desta forma estes são muito importantes para assegurar a sustentabilidade do ecossistema em questão. A Província de Cabo Delgado é dominada por florestas de Miombo e estas florestas não possuem uma elevada dependência da ocorrência de fogos. A existência de árvores grandes que sobrevivem aos fogos, mantém a cobertura florestal necessária para manutenção saudável do ecossistema e um forte fornecimento de sementes que permite uma certa resistência contra os impactos negativos dos fogos. Num sistema natural sem influência humana, os fogos normalmente começam devido aos relâmpagos, no início da estação chuvosa. A vegetação verde e a humidade das chuvas previnem maiores alastramentos do fogo e permitem, em certas zonas, um período de rotação mais longo. Com base nas lentas taxas de crescimento da vegetação na floresta de Miombo, um período de rotação de fogos de 10 anos ou mais seria o ideal. No entanto, observa-se que um período de rotação de fogos mais pequeno, com cerca de 5 anos e, com algumas zonas com períodos de rotação de fogos mais curtos, pode também ser sustentável, desde que existam árvores maiores e maduras. A influência humana mudou o período de rotação e de ocorrência e a intensidade dos fogos. Em Cabo Delgado, o incêndio de grandes áreas de floresta tornou-se uma prática tradicional para a caça, agricultura, obtenção de carvão, limpeza de terra e outras razões menos comuns, como para diminuir os conflitos entre homem e animal. Isto ocorre anualmente e com uma frequência de rotação de fogos muito maior que as rotações naturais, provocando enormes impactos nas taxas de recrutamento e sobrevivência das sementes e plantas jovens. As plantas jovens necessitam de tempo para crescer, actualmente só têm um ano ou dois para crescer e passar à fase perigosa em 26

28 que estão mais sujeitas aos fogos. O crescimento lento da floresta de Miombo faz com que estas plantas sejam incapazes de chegar a um tamanho seguro e, geralmente, não sobrevivem à frequente rotação de fogos que ocorre em Cabo Delgado. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Daniel Ribeiro Caixa 1 O uso de queimadas salvo nos casos expressamente referidos no presente regulamento não é permitido sob pena de responsabilidade civil, administrativa e criminal- artigo 106 n 1 do decreto 12/2002. Também nos termos do artigo 40 da Lei 10/99 é condenado a pena de prisão até um ano e multa correspondente, aquele que, voluntariamente, puser fogo e por este meio destruir em todo ou em parte seara, floresta, mata ou arvoreado. Fotografia 4. Floresta queimada no distrito de Nangade. O período onde actualmente ocorrem os fogos também é desfavorável, dado que as comunidades, geralmente, utilizam a prática das queimadas no fim da estação seca (entre Agosto e Outubro, com o pico em Setembro). Durante esta época, a vegetação está seca e há um nível elevado de biomassa seca para combustão. Estas condições dificultam o controle dos fogos permitindo o seu alastramento, deixando vastas áreas de terra queimada. O corte de madeira e as suas actividades associadas (como o uso de fogo para a limpeza das vias de acesso e para aumentar a visibilidade dos olheiros na procura das espécies comerciais) também têm contribuído para aumentar a problemática dos fogos. Por seu turno a remoção excessiva de árvores de grande porte têm vindo a diminuir a camada protectora (áreas de sombra) e a aumentar a área aberta e menos densa. Consequentemente, o aumento de luz tem levado a um aumento da biomassa das espécies rasas e provavelmente à diminuição das espécies florestais como as madeiras preciosas, dado que o excesso de luz tem um efeito negativo no crescimento de sementes e crescimento de grande parte das espécies florestais, especialmente as árvores (Lindquist & Carroll 2000). O aumento da intensidade luminosa também provoca a redução da humidade nos solos assim como aumento da temperatura dos solos e provoca ainda o aumento de espécies rasas como espécies de capinzal (Figura 3/ fotografia), que por aumentarem os níveis de biomassa seca combustível, aumentam consequentemente a probabilidade, propagação e intensidade dos fogos, diminuindo assim as taxas de sobrevivência de sementes e plantas juvenis. Figura 5: Fotografias que ilustram a grande quantidade de biomassa das espécies rasas. Na fotografia A estão presentes 4 pessoas mas, devido a altura das espécies capinzal só é possível observar o chapéu cor de laranja de um dos olheiros. A foto grafia B foi tirada de uma zona menos densa, mas mesmo assim é difícil ver a equipa toda. 4. Resultados 27 A Daniel Ribeiro B Daniel Ribeiro

29 Apesar de o aumento de número de fogos anuais ter trazido um ligeiro aumento na taxa de nutrientes do solo, este não acarreta grandes vantagens para as madeiras preciosas de crescimento lento, que por necessitarem de níveis estáveis de nutrientes, não possuem capacidade de se beneficiar deste aumento repentino de nutrientes no solo. As espécies que se beneficiam deste aumento são as de crescimento rápido, como os capinzais. Ou seja, o aumento da quantidade de luz associado ao aumento temporário de fertilidade cria uma vantagem de crescimento para as espécies R de crescimento rápido em detrimento das espécies K de crescimento lento, como as madeiras preciosas. O aumento da competição entre espécies arbóreas florestais com espécies arbustivas e rasteiras e árvores de menor valor comercial leva a grandes impactos no desenvolvimento das florestas (Brain 1979, Duddles & Cloughesy 2002, Gray & McDonald 1989), pois estas espécies oportunistas conseguem aproveitar o aumento repentino de nutrientes, sendo mais resistentes quando a humidade do solo é baixa, competindo com as espécies preciosas quando os níveis de nutrientes do solo são baixos. Esta competição entre as diferentes espécies tem mostrado ser um grande retardatário no reestabelecimento e crescimento das florestas, levando a que os operadores em certas plantações florestais em alguns locais do mundo, tenham tomado como medida de gestão um controle manual ou químico das espécies rasteiras, para manter o crescimento sustentável das árvores de corte (Duddles & Cloughesy 2002). Esta medida é chamada de plantation release e leva a um aumento notável na taxa de crescimento das árvores. O impacto desta competição mostrou-se grave no potencial madeireiro e tem vindo a promover diversos estudos sobre a possibilidade de implementar este mecanismo de gestão em florestas naturais que possam ter sido danificadas ou alteradas pelo fogo (Duddles & Cloughesy 2002). O corte de madeiras de grande porte também possui grandes impactos no banco de sementes das florestas, dado que estas espécies possuem grande quantidade de sementes como estratégia de sobrevivência quanto maior o número de sementes maior a probabilidade destas encontrarem locais com espaço e condições apropriadas para o seu crescimento. É também importante levar em consideração a influência dessas espécies em criar as condições abióticas e bióticas necessárias para promover o crescimento das suas próprias sementes. Vários estudos têm vindo a demonstrar que as árvores de grande porte que contribuem para a criação de sombra das zonas florestais são as principais contribuintes na composição abiótica dos solos e na relação mutualística entre sementes/ raizes e micorrizas, crucial na fixação de Nitrogénio (Dickie et al 2005). Nas florestas de Miombo, a remoção de árvores de grande porte pode alterar grandemente as condições do solo para as sementes, levando a uma redução na vantagem competitiva das espécies de madeira preciosa. Como acima referido, algumas espécies de árvores levam vantagens competitivas ao crescer com pouca luz sobre as sombras de árvores maiores (Gómez-Aparicio et al 2005); esta sombra permite também uma temperatura mais agradável e ajuda a manter os níveis de humidade no solo. Para além disso, as árvores de grande porte contribuem com grandes quantidades de matéria orgânica (folhas secas) no solo. Algumas espécies possuem grande influência nos níveis de carbono, nitratos, fósforo e potássio orgânico nos solos (Bargali et al 1993). No geral, a presença de algumas árvores adultas de certas espécies em locais estratégicos leva a um aumento de zonas com abundância desta e de outras espécies. Este aumento de abundância pode não ser explicado somente pelo banco de sementes, mas também poderá ser atribuído as condições abióticas e bióticas criadas por estas árvores (temperatura, condições de solo). Estas manchas de vegetação têm vindo a ser usadas para a identificação de qualidade de solo ideais para o aumento da taxa de reflorestação de espécies semelhantes. Estudos confirmam que para certas espécies, uma das condições necessárias para o crescimento é a presença de árvores adultas (Rooney & Walter, 1989) o que implica que a perda de árvores adultas leva à mudança das condições ideais e a um decréscimo nas taxas de sucesso e de crescimento das sementes. Assim sendo, acredita-se que independentemente da capacidade da espécie de alterar, enquanto na sua fase adulta, as condições do solo por forma a favorecer o crescimento das suas sementes, 28

30 existe uma forte ligação de dependência de factores bióticos em condições abióticas criadas pelas árvores de grande porte adultas, e que elas desempenham um papel importante no balanço ecológico das florestas, sendo a sua presença muitas vezes vital para um ecossistema saudável. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Caixa 2 O artigo 27 n 2 da lei de florestas e fauna bravia sustenta que se a degradação for provocada por desflorestamento, incêndio ou quaisquer outros actos voluntários, o infractor é obrigado a efectuar a recuperação da área degradada nos termos e condições a serem definidos por regulamento próprio independentemente de outros procedimentos civis e criminais que couberem. Também o artigo 29 n 2 do diploma acima citado sustente que aquele que de qualquer forma, provocar o declínio da fauna bravia fica obrigado a efectuar o repovoamento das espécies afectadas, nos termos e condições a serem definidos por diploma próprio, independentemente de outras sanções a que derem lugar 4.3. Sumário dos principais aspectos das entrevistas No âmbito do trabalho de campo que consistia no levantamento preliminar dos problemas florestais na Província de Cabo Delgado foram realizadas entrevistas à diversas entidades (nomeadamente DPM, DPT, DPA e DPAL) e à população local. No total foram entrevistadas 197 pessoas. Na secção que se segue estão apresentadas, de forma resumida, apenas as questões e tópicos mais importantes. I) Questão geral sobre as florestas O corte ilegal, as queimadas descontroladas, a agricultura itinerante e o abate indiscriminado de árvores, protagonizados por agentes nacionais e estrangeiros são vistos como as principais causas da degradação florestal e ambiental na província de Cabo Delgado. A acção estrangeira é considerada relativamente mais significativa devido ao seu poder económico, Os estrangeiros entram em Moçambique como turistas e acabam por explorar áreas de negócio do seu interesse afirmou a DPM. A falta de reflorestação por parte de alguns operadores Moçambicanos é também visto como um problema crítico. Caixa 3 A floresta não é um recurso inesgotável, é mentira isso, um dia as árvores vão acabar, tem que se buscar fontes alternativas de combustíveis e energias renováveis (DPS,2007)/ (DPA, 2007) Fotografia 6. Pau-Preto no Distrito de Mueda. Daniel Ribeiro 29

31 II) Exploração e exportação ilegal Em Cabo Delgado existem várias práticas de exploração ilegal, desde o corte excessivo acima de 10% da licença paga, trabalhadores estrangeiros ilegais, transporte sem guias de trânsito até ao corte sem licença e exportação de madeiras de primeira classe em toros, interditas por lei, a DPT afirma que: Em termos gerais, existem empresas madeireiras, com contratação ilegal (trabalhadores provenientes do Gana, Israel, Somália, China), e falta de meios de protecção individual e colectiva, que compram madeiras e a cortam ilegalmente. A maioria dos problemas das grandes empresas (Tieni, Madeiras Alman, MOFID, Wood Export, MITI) e das empresas ilegais são o de empregar ilegalmente trabalhadores estrangeiros e também o de comprarem e cortarem madeiras ilegalmente Há também indícios de prática de actos de corrupção, que envolvem funcionários do estado, entre dirigentes e técnicos, no activo e no passivo, operadores florestais e alguns líderes tradicionais, na facilitação da aquisição de licenças de exploração, acesso a novas áreas para corte e transporte de madeira, através de pagamentos em valores monetários, troca de favores, tráfico de influências e outras. A SPFFB confirma que existem esses problemas e afirma que os mesmos se devem ao facto de só existirem 32 fiscais florestais para toda a Província de Cabo Delgado e à falta de meios de transporte, comunicação e financeiros por parte dos mesmos. Os planos de maneio não são disponível ao público e não são divulgados ao nível dos distritos tornado impossível para os fiscais florestais e as comunidades verificar se aplicação dos planos de maneio estar ser seguido. Caixa 4 As queimadas são muito importantes porque ajudam a ver onde há madeira e facilita na caça também. Para além disso estas catalizam o rápido crescimento das plantas, e não vemos nenhum tipo de problemas quanto à prática das queimadas. Não fazemos o reflorestamento, e não vemos nenhuma necessidade de o fazer porque ainda há muita madeira (Wood Export, 2007). Um dos maiores operadores madeireiros da Província é a MITI (empresa proprietária do sr. Faruk Jamal) por possui várias concessões. A exportação nesta empresa é feita através do Porto da Mocimboa da Praia, mas a serração é feita em Pemba. Outro grande operador que também exporta através da Mocimboa da Praia é o empresário Gak Carimo. O escoamento de madeira através de Mocimboa da Praia, para o Porto de Nacala, é muito comum, uma vez que o porto possui navios de grande cabotagem e verifica-se fraco movimento de navios (só possui navios domésticos). A DPAL afirma que: A quantidade média mensal de exportação de contentores com madeira varia entre 50 a 100 porque os navios não têm capacidade de transportar mais. Um contentor pode comportar 12 m3 de madeira em toros e 16 m3 de madeira processada, mas isto varia de acordo com o diâmetros dos toros; a maioria da madeira por obrigação legal é serrada, daí o volume ser baixo. O destino da maioria das exportações é o Continente Asiático com maior predominância para a China, exportando-se para a Europa. Dos Países Africanos a África do Sul e a Tanzânia são os principais importadores de madeira proveniente de Cabo Delgado. Na zona Norte de Cabo Delgado ocorre à noite o corte ilegal das florestas por parte de cidadãos provenientes da Tanzania. 30

32 Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Caixa 4 As queimadas são muito importantes porque ajudam a ver onde há madeira e facilita na caça também. Para além disso estas catalizam o rápido crescimento das plantas, e não vemos nenhum tipo de problemas quanto à prática das queimadas. Não fazemos o reflorestamento, e não vemos nenhuma necessidade de o fazer porque ainda há muita madeira (Wood Export, 2007). III) Fiscalização Integridade A fiscalização é feita no local de empacotamento dos contentores por brigadas móveis das Alfândegas que procedem à selagem com o selo das Alfândegas. Segundo a DPAL a empresa Micco é um exemplo de transparência na exportação de madeira, esta faz o empacotamento dos contentores e convida as Alfândegas para fazer a fiscalização e proceder ao encerramento dos contentores. As fragilidades do sector de fiscalização florestal deve-se à insuficiência de fiscais florestais, meios de circulação, alojamento e ausência de incentivos que dignifiquem os fiscais florestais. Existe alguma colaboração entre fiscais do Estado e as comunidades que resulta em denúncias de algumas ilegalidades praticadas no sector florestal. Embora sejam feitas denúncias, há falta de informação sobre a aplicação das multas devido ao sistema rotativo de movimentação e transferência dos fiscais que varia entre 3 a 4 meses. A relação entre a Direcção Distrital de Florestas e Fauna Bravia de Mocimboa da Praia e os operadores florestais não é amistosa, há troca de acusações. Caixa 6 Não somos informados sobre o ponto de situação das multas aplicadas e se as mesmas já foram cobradas ou não, no entanto, as empresas continuam a operar; por falta de competência legal para penalizar os infractores e obrigá-los a pagar as multas, nada nos resta! Senão seremos meros espectadores dos desmandos cometidos pelos operadores! Existe necessidade de descentralizar algumas competências, temos limitações hierárquicas (DDFFB,2007). Não existe uma eficiente troca de informação com as Direcções Distritais quanto ao estágio de cobrança das multas aplicadas nos autos de notícias, assim como sobre as sanções aplicadas nas empresas infractoras. No entanto, esta fraca comunicação é devido à exiguidade de recursos financeiros e humanos, mas garantem que todas as empresas infractoras pagam as multas pois o Estado tem interesse em arrecadar receitas (SPFFB, 2007). Fotografia 7. Madeira ao lado da estrada no distrito de Nandage. Aliados aos mecanismos de fiscalização deficiente existe a fragilidade no controle fronteiriço. A DPM confirma que existe um problema de ordem conjuntural centrado nos 250 km de fronteira desde a foz do Rio Rovuma na confluência do Rio Lugenda. No intervalo de distância entre 50 e 70 km dessa fronteira, poderá haver muita coisa que se pratique, desde a entrada ilegal de indivíduos de diversas nacionalidades até a comercialização ilicita de uma série de produtos 31 Daniel Ribeiro

33 por falta quer de recursos materiais (meios de comunicação) como humanos. Sendo a A MOFID e SIENLE as empresas com maior número de contratações ilegais de trabalhadores estrangeiros. É comum encontrar indivíduos de nacionalidade Tanzaniana, Etíope, Somalis, Bangladesh, Burundesa, Congolesa, Ruandesa, Indiana, Paquistanesa, Malawiana e Chinesa Sumario dos Questionários Dos 197 entrevistados só 167 pessoas responderam ao questionário. I) Perguntas de carácter geral sobre a problemática florestal 1. 98% dos entrevistados apontaram a exploração ilegal das florestas, queimadas florestais, conflito homem animal, exploração de carvão vegetal e agricultura itinerante como principais problemas que afectam a Província % dos inquiridos consideram as queimadas e a exploração ilegal das florestas como os problemas mais graves que assolam a Província de Cabo Delgado. Os mesmos apontaram como causa principal das queimadas a caça, a exploração dos recursos florestais e a influência estrangeira (especialmente asiática) % dos entrevistados apontaram a diminuição da produtividade das florestas, a marginalização desenfreada das comunidades, a competição entre as comunidades com trabalhadores imigrantes ligados ao corte florestal, o aumento do HIV/SIDA, falta de condições de trabalho e aumento de conflito homem animal como impactos sociais; a perca de receitas para o estado e salários abaixo do salário mínimo como impactos económicos; e perca da biodiversidade, influências nas mudanças climáticas, mudanças nas características florestais como diminuição da cobertura e densidade, e aumento das áreas cobertas por herbáceas como impactos ambientais. II) Perguntas de carácter específico exploração ilegal 1. 50% dos entrevistados afirmaram que existem casos de exploração de recursos florestais sem licença, 30% afirmaram não existir, e 20% afirmaram não terem conhecimento de nada. 2. Relativamente aos principais casos de exploração de recursos florestais em desacordo com as condições da licença ilegal, 80% apontaram a existência de corte de madeira acima de 10% da licença concedida, ou o corte de madeira enquanto o requerente está na fase de tramitação do processo. Constaram de outras práticas ilegais mencionadas: o abandono de toros, o corte sem licenças e declarações de volumes abaixo do real % dos entrevistados afirmaram existir operadores ilegais de origem estrangeira a trabalhar na Província, com destaque para os indivíduos de nacionalidade Chinesa e Tanzaniana que operam no período nocturno, e outros 10% afirmaram não saber de nada. Caixa 7 Nos termos do art.2 da lei 10/99m, a lei estabelece os princípios e normas básicos sobre a protecção, conservação e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos no quadro de uma gestão integrada, para o desenvolvimento económico e social do País. O art. 4 do mesmo diploma legal salienta que constituem objectivos a prosseguir, nos termos da presente lei, proteger, conservar, desenvolver e utilizar de forma racional e sustentável os recursos florestais e faunisticos para o beneficio económico, social e ecológico da actual e futura geração dos Moçambicanos. O art.32 alínea a) do decreto 12/2002 vem reforçar esta ideia ao sustentar que o titular da concessão é obrigado a realizar uma exploração sustentável dos recursos florestais de acordo com o plano de maneio aprovado. 32

34 III) Perguntas de carácter específico fiscalização 1. Quanto ao sistema de fiscalização na Província, mais de 80% foram unânimes em afirmar que o sistema está organizado através de postos fixos e de brigadas móveis. 2. Sobre a existência de fiscalização preventiva nas florestas apenas 20% afirmaram que existe, 60% afirmaram não existir, enquanto os restantes 20% afirmaram não ter conhecimento de nada. 3. Relativamente aos principais problemas e/ou obstáculos que se colocam ao sistema de fiscalização, 31% apontaram o problema de corrupção, 30% a falta de meios e recursos humanos, 30% falta de colaboração dos diversos intervenientes, 8% o sistema reactivo e não preventivo, e 1% a dimensão do território. 4. Relativamente ao procedimento administrativo no caso de multas não pagas pelos operadores florestais, 10% afirmaram que se passa um aviso de multa e que depois é encaminhado ao SPFFB, sendo que os restantes 90% desconhece o procedimento completo que é tomado, mas só certas partes do procedimento, dizendo que quem sabe é o patrão ou os fiscais ou os SPFFB. 5. Relativamente à existência de algum tipo de articulação entre os fiscais de florestas e fauna bravia, os fiscais ajuramentados e os agentes comunitários de fiscalização, 80% responderam que sim, apontaram como tipo de articulação a troca de informação e denúncias, 20% responderam que não. 6. Para se melhorar o sistema de fiscalização, 65% apontaram para o empoderamento da comunidade, 15% apontaram o aumento dos recursos humanos e melhoria dos meios de transporte e financeiros, os outros 15% apontaram o treinamento das diversas técnicas incluindo aspectos legais mais abrangentes e adoptar uma doutrina deontológica mais rígida, e os restantes 5% apontaram o reforço de infra-estruturas condignas para os fiscais. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado IV) Perguntas de carácter específico direitos comunitários 1. Quanto ao processo de canalização dos 20% das taxas de exploração florestal para as comunidades, apenas 15% afirmam que já receberam estas taxas; 20% afirmaram que estão em processo de formação dos comités de gestão e legalização da documentação para abertura de contas bancárias e os restantes 65% afirmaram não haver evidências da canalização das taxas de exploração florestal. 2. Relativamente às formas de organização preferidas pelas comunidades locais para efeitos da atribuição dos 20%, 70% apontaram a criação de comités de gestão e os outros 30% afirmaram não saber de nada. 3. As comunidades locais que já se encontram a beneficiar dos 20% são as do Distrito de Mueda, Posto Administrativo de Chapa, (Lipelua, Milo e Muiriti), Montepuez, Posto Administrativo de Nairoto (Natulo, Mirate, Nacololo, 25 de Junho, Namoro), Mocimboa da Praia (Diaca e Maputo), Nangande, (Namione, Aldeia 25 de Setembro, Malamba, Unidade, Chitama, Nagomba, 3 de Fevereiro e 1 Maio). 4. Se existe algum tipo de pressão quanto ao destino a conceder na aplicação dos 20%, 35% afirmam que sim e os restantes 65% afirmam que não e/ ou que não conhecem o processo. 5. Se Sim que tipo? Dos 35% que responderam positivamente, afirmam que é feita para a instalação e moageiras, escolas, construção de gabinetes dos conselhos dos comités de aldeias, hospitais, entre outros. Daniel Ribeiro Fotografia 8. Entrevistas a comunidade de Nangade. 4. Resultados 33

35 6. Quanto ao relacionamento entre os operadores florestais (em licença simples ou concessão florestal) e as comunidades locais, 20% responderam que é mau, 40% responderam que é bom, e os restantes 40% responderam não existir nenhum tipo de relacionamento. V) Perguntas específicas Regimes de exploração florestal 1. Relativamente aos tipos de regime de exploração florestal existente na Província, 15% (grande parte comunitária) não tem uma boa noção das diferenças entre os regimes de exploração florestal (Licenças Simples vs Concessões). 2. No caso da existência de contratos de concessão florestal e de quais seriam os principais problemas quanto à implementação da Lei foram mencionados a falta de planos de maneio e a falta de conhecimento do plano de maneio; a falta de programas de repovoamento e nos raros casos que há tentativa de criar um viveiro não estão a funcionar devido à falta de apoio (como a falta de plásticos para por as mudas) ou porque são anualmente perdidas nos fogos; a falta de unidades industriais de processamento e as poucas que existem têm uma média geral de 50% de perdas; os direitos adquiridos das comunidades não são respeitados. Em geral quase nenhuma concessão tem todos os componentes necessários em vigor para poder ser considerada como estar a seguir um plano de maneio sustentável. Baseado nas respostas do questionário apenas 1% implementa planos de maneio, tem unidades de processamento e fazem o repovoamento. VI) Perguntas específicas Integridade 1. À questão de se os nossos entrevistados têm conhecimento de situações de corrupção ou outro tipo de crimes associados na exploração de recursos florestais, 70% responderam que tem sim e 30% responderam que não tinham nenhum conhecimento. Que tipo? Fiscais facilitam operadores ilegais, funcionários do Estado influentes facilitam a aquisição de licenças e de aceder novas zonas, permitir que os exploradores cortem acima do concedido, cortar fora das zonas permitidas pelas licenças, facilitação na exportação de madeira (madeira interdita) em toros, influências negativas do governo central nas iniciativas ao nível provincial de resolver os problemas no sector de florestas; 2. As principais modalidades de pagamentos ilícitos são feitas em dinheiro pela troca de uma infinidade de favores. 3. Dos principais intervenientes, de acordo com os nossos entrevistados, 63% apontaram os funcionários do Estado entre dirigentes e técnicos, 22% operadores florestais, entre compradores/ exportadores, 14% líderes comunitários e 1% outros (comunidades, trabalhadores dos exploradores). A razão da alta percentagem atribuída ao Governo é devido à forma que os entrevistados interpretaram a pergunta, que foi pela noção errada do indivíduo que recebe o suborno ser o corrupto. No entanto, quando a pergunta é feita com o indivíduo que está a subornar, o grupo de operadores florestais (compradores e exportadores) torna-se a principal fonte de corrupção Principais infracções levantadas pela fiscalização Devido às várias irregularidades que constatámos no terreno, verificou-se a necessidade de entrevistar cada sector que intervem directa ou indirectamente no sector florestal desde o licenciamento dos operadores, emissão dos DIRES, regimes de contratos, aspectos de higiene e segurança no trabalho, polícia e guarda fronteiriça. Estes sectores apontaram dedos acusadores uns aos outros dizendo que uns e outros não exercem as suas tarefas. Usando de influências de pessoas junto ao Governo da Província, foi-nos possível criar uma comissão multi-sectorial, para em conjunto visitar-mos alguns operadores.

36 Esta equipa foi composta pela SPFFB, DTP, DPS, Migração, Polícia e Justiça Ambiental (este último como observador) e foram visitados os seguintes operadores; Mofid, Senlian International, King Wood, Tiehne, Wood Export, Madeiras Alman e Miti. Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado I) Sector Laboral Mofid - foram encontrados 10 estrangeiros de origem chinesa e malasiana, sem identificação, ou pelo menos não pareciam querer mostrar. Senlian International - foram encontrados 4 indivíduos de origem chinesa com Dires sem os seus respectivos processos de atribuição, inclusive sem contratos de trabalho, 2 cidadãos chineses com vistos de turistas já expirados e 3 com os seus processos em tramitação, mas já estando a trabalhar. King Wood - foram encontrados 5 cidadões ganenses, com contrato de trabalho, sem Dire e passaporte com visto de turista. Tiehne - foram encontrados 5 cidadãos chineses, não foi possível haver uma comunicação com eles pois só falavam chinês e quem fazia a tradução não se encontrava na empresa. Wood Export - foram encontrados 3 de origem israelita, 5 somali e 4 provenientes do Gana, dos quais 3 estão com um processo de legalização em curso, contudo já a exercem as suas actividades, os restantes não apresentaram nenhuma identificação. Madeiras Alman - foram encontrados 3 cidadãos de origem asiática que recusaram identificar-se. Miti - o Gerente não se encontrava no local e ninguém estava autorizado a prestar declarações por isso, nada se conseguiu apurar. A Direcção Provincial do Trabalho em entrevista com o seu Director Provincial apontou a Miti, como uma das empresas que mais emprega trabalhadores estrangeiros em situação ilegal. Relativamente à componente de trabalhadores em geral empregues em desconformidade com a Lei, a usufruir de salários abaixo do salário mínimo, com horários e períodos de trabalho excessivamente longos e sem nenhum tipo de higiene e segurança no trabalho, segui-se os trâmites da lei de acordo com: o artigo 85 da Lei de Trabalho- 23/2007 no seu nº1 que sustenta que o período normal de trabalho não pode ser superior a 48 horas por semana e 8 horas por dia; o artigo 95 n 1 que diz que todo trabalhador tem direito a descanso semanal de pelo menos vinte horas consecutivas em dia que normalmente é domingo e no que tange ao feriado; o artigo 96 n 2 adverte que são nulas as cláusulas do instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou contrato individual de trabalho que não reconheçam a consagração do feriado; o artigo 216 n 1 da Lei de Trabalho consagra que todos os trabalhadores têm direito à prestação de trabalho em condições de higiene e segurança, incumbindo ao empregador a criação e desenvolvimento de meios adequados a protecção da sua integridade física e mental e a constante melhoria das condições de trabalho. Devido a estas e outras infracções foi decidido a aplicação das multas ao patronado, que ficou de fazer a efectiva regularização dos processos individuais, pagar análises laboratoriais e clínicas a todos os seus trabalhadores com vista a fazer um diagnóstico do estado de saúde dos mesmos. Em relação a trabalhadores estrangeiros houve aplicação de multas/penalizações, até à tramitação do processo para o repatriamento e foram enviadas ordens para se observar escrupulosamente o que é emanado pela Lei que no artigo 31 nº5 da Lei de Trabalho - 23/2007 sustenta que o empregador só pode ter ao seu serviço um trabalhador estrangeiro mediante autorização do Ministro do Trabalho ou entidades a quem este delegar. Quanto aos trabalhadores estrangeiros com DIREs de carácter duvidoso terão que fazer a devida averiguação da sua proveniência, e punir severamente os funcionários que estão envolvidos na facilitação desses processos. 4. Resultados 35

37 II) Sector florestal Foram encontradas empresas a cortar acima das licenças atribuídas, algumas até a exportar espécies que não foram licenciadas. Nos termos do n. 1 do artigo 41 constituem infracções puníveis com pena de multa de 2 000,00 a , 00 Mt a realização de quaisquer actos de exploração florestal sem autorização, ou em desacordo com as condições de exploração; a exploração de recursos florestais ou faunísticos sem licença ou em desacordo com as condições fixadas pela Lei. Verificou-se que, existe um grande tráfico de guias e licenças, onde o tráfico de licenças simples é o mais evidente devido ao fraco sistema do controlo das mesmas. Isso faz com que as grandes empresas façam negócios com os detentores de licenças simples. Foram também encontradas madeiras nos parques sem a devida guia de trânsito. Nos termos do artigo 10 do Decreto no 12/2002 que aprova o Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia sustenta que o transporte de produtos florestais por quaisquer vias carece de guia de trânsito a ser emitida pelos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia não só como também o artigo 41 da Lei nº 10/99 (Lei de Florestas e Fauna Bravia) com a epígrafe infracções florestais no seu número 2 alínea a) sustenta que constituem infracção punível com pena de multa de 1 000,00 Mt a ,00 Mt o transporte, armazenamento ou comercialização de recursos florestais e faunísticos sem autorização ou em desacordo com as condições legalmente estabelecidas. Foi encontrado na Mofid grandes quantidades de Pau-Ferro, acima do que tinha sido autorizado e sem comprovativos de compra. Segundo as alíneas a) e b) do nº 2 do artigo 41 da Lei nº 10/99 é uma infracção a recepção de recursos florestais ou faunísticos sem que se tenha documento comprovativo da autorização do vendedor ou do transportador. Também foram encontrados contentores cheios de toros de espécies de 1.a classe (nomeadamente, Pau-Ferro) prontos a exportar, mas segundo o n 1 do artigo 12 da Lei nº 10/99 só é permitida a exportação de madeira em toros de espécies de madeira preciosa, de 2.a, 3.a, e 4.a classes. Em relação a espécies de 1.a classe, a lei prevê no n. 2 do artigo 12 que só é permitida a sua exportação após o seu processamento, consistindo este na transformação primária de toros em tábuas, pranchas, travessas, barrotes, réguas de parquet e folheado. De acordo com o n. 2 do artigo 11 só o Ministro da Agricultura tem autoridade de reclassificar a espécie da madeira. Em suma, e em quase todos os operadores foram encontradas grandes quantidades de madeira de primeira classe sem nenhum tipo de processamento a serem empacotadas nos contentores prontas para exportação em grande escala para o mercado asiático. Também foi encontrado Pau-Preto abaixo do diâmetro mínimo recomendado por Lei e outras infracções punidas especialmente por artigo 41. Constatou-se uma diminuição de infracções durante o correr do dia devido à fuga de informação pois os primeiros a serem descobertos informaram os outros infractores da chegada da fiscalização. Como medida comum os avisos de multa foram passados em cada infracção detectada, até se fazer uma verificação minuciosa para averiguar e descobrir os cúmplices na prática de todas estas infracções e apurar responsabilidades civil e criminal dos responsáveis destas práticas ilegais, de acordo com o artigo 39 da Lei de Florestas e Fauna Bravia. 36

38 5. Conclusão Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Depois de realizado o presente trabalho conclui-se que: O ecossistema florestal da Província de Cabo Delgado apesar de vasto e diversificado, encontra-se actualmente ameaçado pelos complexos padrões das actividades humanas. A interacção entre o corte ilegal e insustentável, combinados com os fogos excessivos e a falta de reflorestação e colocam em perigo a sustentabilidade florestal da Província. O corte excessivo de árvores de grande porte constitui o principal problema das Florestas de Cabo Delgado pois, uma vez que, existe uma forte dependência entre os factores bióticos e as condições abióticas criadas pelas árvores adultas de grande porte, estas desempenham um papel importante no balanço ecológico das florestas, sendo a sua presença muitas vezes vital para a manutenção de um ecossistema saudável. As queimadas das árvores mais jovens são frequentemente efectuadas para facilitar a caça. O abate das árvores adultas a ser cortadas para exportação deixa por cortar as árvores em estado de regeneração com tamanhos abaixo do diâmetro legal de corte. Se a ocorrência de fogos continuar e não houver recrutamento, as árvores existentes ao crescer e entrarem no diâmetro legal de corte, com o tempo deixarão de existir e perder-se-ão as espécies preciosas das florestas. De acordo com as entrevistas e questionários, as principais causas da degradação florestal na Província são: - Queimadas descontroladas; - Exploração e exportação ilegal de produtos florestais madeireiros; - Exportação de madeira de primeira classe em toros; - Fragilidade do sector de fiscalização florestal, no que concerne à exiguidade dos fiscais florestais, meios de circulação, alojamento e ausências de incentivos para os fiscais florestais. - Actos de corrupção envolvendo funcionários do estado, entre dirigentes e técnicos, no activo e no passivo, operadores florestais e alguns líderes tradicionais, na facilitação de aquisição de licenças de exploração e exportação, acesso a novas áreas para o corte e transporte de madeira, através de pagamentos em valores monetários, trocas de favores, tráfico de influências e outras. - Não aplicação dos planos de maneio; incluindo o repovoamento das espécies nativas. - Existência de trabalhadores estrangeiros em situação ilegal a residir e trabalhar no País, principalmente de origem asiática. 5. Conclusão 37

39 6. Recomendações O presente levantamento da situação das florestas e do sector florestal na Província de Cabo Delgado pretende servir para o melhoramento da gestão das florestas e do sector florestal, com vista à gestão sustentável destas. Para tal recomenda-se que sejam tomadas algumas medidas no que se refere a: 6.1. Estudos Levantamento e análise dos estudos realizados no sector de florestas para criar uma base de dados que poderá identificar lacunas de conhecimento e diminuir a repetição de estudos. Recolha de informação, relatórios e estudos em outros países que tenham aspectos comuns a Moçambique para poder identificar perigos chave e soluções para o nosso sector de florestas. Incentivo de estudos multi-disciplinares (social, ambiental e económico) para preencher as lacunas de informação e que envolvam mais trabalho de campo nos locais onde a exploração ocorre, a fim de obter dados concretos e actuais da realidade no campo de modo a compreender o estado actual das áreas em exploração e forma e escala de exploração. Estes estudos devem-se centrar na obtenção de dados novos e actualizados e não basearem-se apenas em trabalho de escritório. Os estudos não se devem concentrar sómente nos problemas e impactos negativos, mas devem também identificar áreas onde houve progresso e iniciativas positivas com recomendações de apoio e explicação dos bons exemplos. Dar continuidade ao corrente estudo preliminar para obter mais dados durante um prazo mais longo para aprofundar, confirmar e desenvolver as questões levantadas. Fazer um estudo das formas/medias do processo de serração da madeira, que possa apoiar a revisão da legislação moçambicana no processo da exportação de madeira serrada de primeira classe e ao mesmo tempo que satisfaça o mercado externo. Analisar as necessidades do mercado externo de modo a se criar iniciativas que aumentem o valor do produto exportado, incentivando o fabrico do produto já acabado Fiscalização Melhoria da capacidade de monitoria no campo e promoção de uma fiscalização mais eficiente e rigorosa levada a cabo pelos SPFFB no controlo das zonas concessionadas e em zonas com florestas de grande qualidade. Criação, apoio e melhoria da fiscalização comunitária através de fiscais comunitários e grupos de vigilância. Criação de sistemas funcionais e transparentes de retorno em que os indivíduos ou grupos envolvidos na denuncia ou detecção da infracção beneficiam dos lucros das multas resultantes. Transparência nos processos de multas, com informação transparente e disponível desde a denúncia ao pagamento de uma multa e com as informações do processo completo disponível para as comunidades na zona, para que se mantenha a motivação. É necessário que as comunidades acreditem que o sistema funciona e que constatem que os seus esforços estão a ter frutos. Reforço de possíveis ligações e sistemas de apoio à fiscalização entre os Orgãos Governamentais, comunidade e ONGs. 38

40 6.3. Reformas Legais Levantamento preliminar da Problemática das florestas de Cabo Delgado Pressionar os proprietários das concessões florestais a implementar os planos de maneio em áreas que estão a explorar de modo a reduzir o impacto na exploração a médio e longo prazo. Aplicação de um sistema para limitar o corte anual para níveis que possam ser sustentáveis a longo prazo. Reforçar a necessidade de processamento dentro do país com uma capacidade industrial que esteja em equilíbrio com a produtividade do sector florestal. Promoção de iniciativas que visem a monitoria das florestas independentes. Exercício da aplicação dos instrumentos legais existentes no País que regulam o sector florestal, através das instituições/tradições formais e informais; Promover a capacidade de formular boas políticas de gestão florestal com vista a fornecer serviços públicos de qualidade. Pressionar a tomada de decisões e a aplicação segundo as regras e regulamentos existentes Advocacia e Medidas Promover a educação ambiental, especialmente nos jovens, para valorizar as florestas e promover a participação na protecção destas, incluindo denúncias. Pressionar e sensibilizar a sociedade civil para a adopção de uma melhor conduta e responsabilização pelos seus actos e deveres sociais, morais e ambientais. Forçar ou fazer pressão ao Governo para ser mais responsável na Gestão dos Recursos Naturais; Criar processos que responsabilizem os Governantes das suas promessas, acções e decisões; Apoiar o uso do sistema legal para julgar as pessoas que infringem a Lei; Criação de um sistema que assegure que a opinião pública seja respeitada quando indivíduos ou grupos violam a lei ou agem contra os interesses do povo. Lutar em favor da causa (Gestão Sustentável dos Recursos Naturais) e reforçar a importância da transparência no Governo; Criação de alianças entre os media e redes de activistas interessados na gestão sustentável dos Recursos Naturais. Reforço das redes profissionais através de partilha de conhecimento para que o Governo e os operadores atendam às necessidades presentes e futuras da sociedade Acesso à Informação Criação de condições que garantam a disponibilização e acessibilidade da Informação ligada ao sector de florestas, tal como: Relatórios anuais, planos de maneio, etc. Disponibilização de uma base de dados organizada e actualizada que reflicta a realidade sobre o número das licenças atribuídas incluindo as quantidades reais de madeira para cortar, de madeira cortada e a exportada. A informação relevante deve ser disponibilizada de maneira ou em formato compreensível aos media. Os SPFFB, devem fornecer de forma clara a informação orçamental, proveniente de licenças atribuídas. 6. Recomendações 39

41 AMA relatorio florestas INSIDEfinal.indd 40 Daniel Ribeiro 40 4/13/2009 8:09:57 AM

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A REALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO DE TERRAS

Leia mais

Estágio Actual da Ocupação da Terra em Moçambique

Estágio Actual da Ocupação da Terra em Moçambique Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural Estágio Actual da Ocupação da Terra em Moçambique Conferência Comemorativa de 20 anos da Lei de Terras. Maputo, 19 de Outubro de 2017 Contextualização

Leia mais

Escrito por {ga=aderito-caldeira} Sexta, 07 Dezembro :02 - Actualizado em Sexta, 07 Dezembro :14

Escrito por {ga=aderito-caldeira} Sexta, 07 Dezembro :02 - Actualizado em Sexta, 07 Dezembro :14 O Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural(MITADER) vai estender para 2019 a proibição que impôs em Março passado de exploração e recolha de madeiras das espécies Pau-ferro, Mondzo e Nkula

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE ------ MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A REALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO

Leia mais

Reflorestamento em Moçambique

Reflorestamento em Moçambique Mozambique ZAMBIA TANZANIA MALAWI Niassa Cabo Delgado Tete Nampula Zambezia Reflorestamento em Moçambique ZIMBABWE SOUTH AFRICA Gaza Maputo Sofala SWAZILAND II. Potencial Florestal em Moçambique 1. Moçambique

Leia mais

CONCESSÕES FLORESTAIS E COMUNIDADES. Pequenos Libombos, 03 de Maio de 2012

CONCESSÕES FLORESTAIS E COMUNIDADES. Pequenos Libombos, 03 de Maio de 2012 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DIRECÇÃO NACIONAL DE TERRAS E FLORESTAS CONCESSÕES FLORESTAIS E COMUNIDADES Pequenos Libombos, 03 de Maio de 2012 Conteúdo da apresentação I. Objectivos

Leia mais

Plano de Acção da Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em Moçambique. Primeiro Draft

Plano de Acção da Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em Moçambique. Primeiro Draft Plano de Acção da Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em Moçambique Primeiro Draft Meta estratégica Lograr no prazo de cinco anos (2006-2010) que todas a províncias

Leia mais

DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA PROVÍNCIA DE INHAMBANE

DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA PROVÍNCIA DE INHAMBANE República de Moçambique PROVÍNCIA DE INHAMBANE DIRECÇAO PROVÍNCIAL DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA PROVÍNCIA DE INHAMBANE Inhambane,

Leia mais

Reunião Anual do Caju

Reunião Anual do Caju REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E SEGURANÇA ALIMENTAR INSTITUTO DE FOMENTO DO CAJU (INCAJU) PLANO DE ACÇÃO PARA A PROMOÇÃO DE POMARES ORDENADOS/COMERCIAIS (2017-2021) Reunião Anual do

Leia mais

Balanço dos 10 anos de delimitação de terras comunitárias

Balanço dos 10 anos de delimitação de terras comunitárias GOVERNO DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA AGRICULTURA Direcção Nacional de Terras e Florestas Balanço dos 10 anos de delimitação de terras comunitárias 2008 Nampula, 9-11 de Março de 2010 Estrutura da apresentação

Leia mais

Conservação de Florestas na Província da Zambézia: Desafios e Oportunidades Nelson Rafael UniZambeze Quelimane, 17 Outubro 2017

Conservação de Florestas na Província da Zambézia: Desafios e Oportunidades Nelson Rafael UniZambeze Quelimane, 17 Outubro 2017 Conservação de Florestas na Província da Zambézia: Desafios e Oportunidades Nelson Rafael UniZambeze Quelimane, 17 Outubro 2017 Exposição Multimédia Sobre Biodiversidade Contexto geral do país RECURSOS

Leia mais

Programa Nacional de Irrigação

Programa Nacional de Irrigação A IMPORTÂNCIA DAS INFRA-ESTRUTURAS NA PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E O POTENCIAL DE IRRIGAÇÃO PARA O INVESTIMENTO PÚBLICO-PRIVADO NO CONTEXTO DAS BACIAS PRIORITÁRIAS DO PNI Rui Brito (UEM)

Leia mais

PROJECTO ACES Diagramas casuais: perceber a relação entre serviços de ecossistemas e bem-estar rural. 5 de Agosto de 2015 Lichinga

PROJECTO ACES Diagramas casuais: perceber a relação entre serviços de ecossistemas e bem-estar rural. 5 de Agosto de 2015 Lichinga PROJECTO ACES Diagramas casuais: perceber a relação entre serviços de ecossistemas e bem-estar rural 5 de Agosto de 2015 Lichinga Introdução Acções para Melhorar o Bem Estar Rural e Ecossistema Florestal

Leia mais

Boas Práticas de Gestão Sustentável da Terra (GST) na Província do Huambo, Extensívo a Outros Locais do País Projecto ELISA

Boas Práticas de Gestão Sustentável da Terra (GST) na Província do Huambo, Extensívo a Outros Locais do País Projecto ELISA Boas Práticas de Gestão Sustentável da Terra (GST) na Província do Huambo, Extensívo a Outros Locais do País Projecto ELISA Huambo, Julho 2011 Objectivo & conteúdo da apresentação Esta apresentação é resultado

Leia mais

INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período.

INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE ------------------ INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período. Var. % Por

Leia mais

O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula

O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento

Leia mais

Market Research Moçambique. Mário Mungoi

Market Research Moçambique. Mário Mungoi Market Research Moçambique Mário Mungoi CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGOCIO Mário Mungói Abdul César Mussuale 2 Investimentos significativos pelo sector privado Previsão de mais de USD 14 bilhões em investimentos

Leia mais

Avaliação do impacto das queimadas no acesso aos Produtos Florestais na Reserva Nacional do Niassa (RNN)

Avaliação do impacto das queimadas no acesso aos Produtos Florestais na Reserva Nacional do Niassa (RNN) Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal Avaliação do impacto das queimadas no acesso aos Produtos Florestais na Reserva Nacional do Niassa (RNN) Financiado pelo Estrutura

Leia mais

INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período.

INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE ------------------ INDICADORES DE REFERÊNCIA NA ÁREA DO TURISMO 1. Chegadas Internacionais o número de viajantes que entraram no país durante um determinado período. Por motivo

Leia mais

DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA E REPORTE. Resumo Mensal de Informação Estatística

DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA E REPORTE. Resumo Mensal de Informação Estatística DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA E REPORTE Resumo Mensal de Informação Estatística Maio de 2017 1. Sector Monetário Banco de Moçambique Departamento de Estatística e Reporte Quadro 1 : Contas monetárias - Abril/2017

Leia mais

Preparado por: Meneses ROBERTO Cell: Dulce Mavone Novela Cell:

Preparado por: Meneses ROBERTO Cell: Dulce Mavone Novela Cell: WORKSHOP TECNICO SOBRE OS PRINCIPIOS ORIENTADORES DOS NOVOS INVESTIMENTOS NA AGRICULTURA Maputo, 23-24/04/2015 Preparado por: Meneses ROBERTO chiteleka57@yahoo.com Cell: 824021466 Dulce Mavone Novela Cell:

Leia mais

Determinantes do Rendimento, Pobreza, e Percepção do Progresso Económico dos Agregados Familiares nas Zonas Rurais de Moçambique em

Determinantes do Rendimento, Pobreza, e Percepção do Progresso Económico dos Agregados Familiares nas Zonas Rurais de Moçambique em Determinantes do Rendimento, Pobreza, e do Progresso Económico dos Agregados Familiares nas Zonas Rurais de Moçambique em 2001-2002 Reunião Nacional da Direcçao de Economia do MADER Pemba, Junho de 2004

Leia mais

WISDOM Moçambique. Mapeamento geral integrando oferta/demanda de combustível lenhosos

WISDOM Moçambique. Mapeamento geral integrando oferta/demanda de combustível lenhosos WISDOM Moçambique Mapeamento geral integrando oferta/demanda de combustível lenhosos R. Drigo, M. Lorenzini, A. Marzoli C. Cuambe, J. Macuaqua, C. Banze, P. Mugas, D. Cunhete WISDOM - Base racional Aspectos

Leia mais

Áreas Afectadas Moçambique Classificação INSA aguda IPC Julho/16 a Fev/17

Áreas Afectadas Moçambique Classificação INSA aguda IPC Julho/16 a Fev/17 CLASSIFICAÇÃO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR AGUDA EM FASES JULHO 2016/FEVEREIRO2017 República DE MOÇAMBIQUE Áreas Afectadas Moçambique Classificação INSA aguda IPC Julho/16 a Fev/17 Números agregados de PIOR

Leia mais

PRODUÇÃO E USO DO CARVÃO VEGETAL EM MOÇAMBIQUE, MALAWI, TANZÂNIA E, ZÂMBIA: DADOS HISTÓRICOS, SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS. Mário Paulo Falcão

PRODUÇÃO E USO DO CARVÃO VEGETAL EM MOÇAMBIQUE, MALAWI, TANZÂNIA E, ZÂMBIA: DADOS HISTÓRICOS, SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS. Mário Paulo Falcão PRODUÇÃO E USO DO CARVÃO VEGETAL EM MOÇAMBIQUE, MALAWI, TANZÂNIA E, ZÂMBIA: DADOS HISTÓRICOS, SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS. Mário Paulo Falcão 1 ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO 1. Introdução Objectivos Área

Leia mais

Projecto ELISA. Projecto ELISA

Projecto ELISA. Projecto ELISA Concepção de uma Estratégia de Investigação em Questões de Gestão Sustentável da Terra Projecto ELISA Projecto ELISA Huambo, Julho 2011 Objectivo & conteúdo da apresentação Esta apresentação é resultado

Leia mais

Monitorização da dinâmica do carbono na floresta de miombo da Reserva Nacional do Niassa

Monitorização da dinâmica do carbono na floresta de miombo da Reserva Nacional do Niassa Monitorização da dinâmica do carbono na floresta de miombo da Reserva Nacional do Niassa Natasha S. Ribeiro 1/, Céu N. Matos 1/, Isabel R. Moura 2/, Robert Washington-Allen 3/, Ana. I. Ribeiro 2/ 1/ Faculdade

Leia mais

Analise do Quadro Legal para Conservação da Biodiversidade em Moçambique e Desafios sobre Educação Ambiental

Analise do Quadro Legal para Conservação da Biodiversidade em Moçambique e Desafios sobre Educação Ambiental Analise do Quadro Legal para Conservação da Biodiversidade em Moçambique e Desafios sobre Educação Ambiental Biodiversidade Biodiversidade é a grande variedade de formas de vida, ( animais e Vegetais)

Leia mais

Edson Vidal Prof. Manejo de Florestas Tropicais ESALQ/USP

Edson Vidal Prof. Manejo de Florestas Tropicais ESALQ/USP Edson Vidal Prof. Manejo de Florestas Tropicais ESALQ/USP PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS CAATINGA 844 Mil Km 2 (9,9%) Território Brasileiro = 9,9% Nordeste = 55,6% Cobertura Atual 30% Fonte: IBAMA 2002 Elaboração:

Leia mais

O PAPEL DO GOVERNO NA PROMOÇÃO DA MINERAÇÃO ARTESANAL E DE PEQUENA ESCALA (MAPE) COMO PARTE INTEGRANTE DO DESENVOLVIMENTO RURAL

O PAPEL DO GOVERNO NA PROMOÇÃO DA MINERAÇÃO ARTESANAL E DE PEQUENA ESCALA (MAPE) COMO PARTE INTEGRANTE DO DESENVOLVIMENTO RURAL O PAPEL DO GOVERNO NA PROMOÇÃO DA MINERAÇÃO ARTESANAL E DE PEQUENA ESCALA (MAPE) COMO PARTE INTEGRANTE DO DESENVOLVIMENTO RURAL Apresentado Por: Eduardo Alexandre Director Nacional de Minas Moçambique

Leia mais

O Impacto da Política Agrária em Moçambique

O Impacto da Política Agrária em Moçambique O Impacto da Política Agrária em Moçambique Dezembro de 2010 ORAM e ROSA Pesquisa realizada: Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais CEMO António Álvaro Francisco Hortêncio Sunde Manuel Lopes e

Leia mais

RELATÓRIO SOBRE A CIRCULAÇÃO INTERNA DE PRODUTOS DA PESCA

RELATÓRIO SOBRE A CIRCULAÇÃO INTERNA DE PRODUTOS DA PESCA RELATÓRIO SOBRE A CIRCULAÇÃO INTERNA DE PRODUTOS DA PESCA I. INTRODUÇÃO O controlo da circulação interna dos produtos da pesca, é preconizado pelo artigo 22 do Regulamento de Inspecção e Garantia de Qualidade

Leia mais

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhora e Senhores Membros do Governo

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhora e Senhores Membros do Governo Silvicultura é a ciência que se ocupa do cuidado, aproveitamento e manutenção racional das florestas, em função do interesse ecológico, científico, económico e social de que elas são objecto. O objectivo

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA. Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA. Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009 Maputo, Janeiro de 2010 I. Introdução Tradicionalmente, a epidemia de

Leia mais

MINISTÉRIO DO TURISMO

MINISTÉRIO DO TURISMO MINISTÉRIO DO TURISMO O Projecto Áreas de Conservação Transfronteiriças e Desenvolvimento de Turismo (ACTFDT) representa a Segunda Fase de um programa de 15 anos PROJECTO ÁREAS DE CONSERVAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇAS

Leia mais

MINAG. Os Conteúdos da Apresentação

MINAG. Os Conteúdos da Apresentação MINAG Análise da Renda e Dinâmica de Pobreza nas Zonas Rurais de Moçambique 00- Apresentação no Seminário Nacional de Harmonização da Planificação para 009. Namaacha, -3/Junho/008 Apresentado por Gilead

Leia mais

Competitividade das Culturas de Rendimento em Moçambique: O caso da Castanha de Caju

Competitividade das Culturas de Rendimento em Moçambique: O caso da Castanha de Caju Competitividade das Culturas de Rendimento em Moçambique: O caso da Castanha de Caju Monitoria e Análise de Políticas Agroalimentares (MAFAP) RESULTADOS PRELIMINARES Helder Zavale (CEPPAG-UEM) Luis Monroy

Leia mais

Anexo IV FICHA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR. Projecto de reabilitação e expansão da Barragem de Nacala

Anexo IV FICHA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR. Projecto de reabilitação e expansão da Barragem de Nacala Aneo IV FICHA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR 1. Nome da Actividade: Projecto de reabilitação e epansão da Barragem de Nacala 2. Tipo de actividade: a) Turística Industrial Agro-pecuária Outro Especifique

Leia mais

GUIÃO DA AULA PRÁTICA DE SILVICULTURA TROPICAL EM MICHAFUTENE

GUIÃO DA AULA PRÁTICA DE SILVICULTURA TROPICAL EM MICHAFUTENE GUIÃO DA AULA PRÁTICA DE SILVICULTURA TROPICAL EM MICHAFUTENE NOTA IMPORTANTE A presente aula prática pretende familiar aos estudantes com as práticas de levantamento e medição de dados, determinação de

Leia mais

Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique,

Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique, Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique, 2014-15 Ministério da Economia e Finanças Outubro 2016 Introdução O PARP 2011 2014 estabelece que A avaliação do PARP 2011 2014 [ ] será

Leia mais

Termos de Referência

Termos de Referência Mozambique Support Program for Economic Enterprise Development Sun Square Commercial Centre, 2 nd Floor, Rua Beijo da Mulata nº 98, Sommerschield II Tel: (+258) 21 498169 or 82 3073688 Termos de Referência

Leia mais

Planeamento Estratégico Multi-Sectorial para Decentralização e Gestão do Desenvolvimento ao Nível dos Distritos

Planeamento Estratégico Multi-Sectorial para Decentralização e Gestão do Desenvolvimento ao Nível dos Distritos Planeamento Estratégico Multi-Sectorial para Decentralização e Gestão do Desenvolvimento ao Nível dos Distritos Maputo 4 de Março 2015 Porque está a sorrir esta mulher? Hoje, uma grande parte de Moçambique

Leia mais

CONSERVAÇÃO EM NÚMEROS

CONSERVAÇÃO EM NÚMEROS CONSERVAÇÃO EM NÚMEROS US$10 MILHÕES Custo actual anual de manutenção da rede de áreas de conservação 50% O mangal do Delta do rio Zambeze representa quase 50% da área de mangal de Moçambique 25% Vinte

Leia mais

MANEIO DE FLORESTAS NATIVAS

MANEIO DE FLORESTAS NATIVAS MANEIO DE FLORESTAS NATIVAS PROMOVENDO O USO SUSTENTAVEL EM MOCAMBIQUE André Aquino, Celine Lim, Muino Taquidir e Sally Wilson* As prácticas correntes de maneio de florestas nativas em Moçambique são em

Leia mais

Responsabilidades. Governo da Provincia de Sofala Actualização Direcção do Regulamento da LFFB ZONA NORTE. Conselho de Ministros. Beira, Maio de 2013

Responsabilidades. Governo da Provincia de Sofala Actualização Direcção do Regulamento da LFFB ZONA NORTE. Conselho de Ministros. Beira, Maio de 2013 Republica de Moçambique REPÚBBLICA DE MOÇAMBIQUE Governo da Provincia de Sofala Actualização Direcção do Regulamento da Proposta Provincial LFFB de Revisão de Agricultura do Regulamento Base Legal da da

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE -------- MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL Intervenção de Sua Excelência Ministra para a Coordenação da Acção Ambiental por ocasião da assinatura do Memorando de

Leia mais

ESTAGIO ACTUAL DO PROCESSO DE TRANSLOCAÇÃO DE FAUNA PARA O PARQUE NACIONAL DE ZINAVE (PNZ) AGOSTO, 2018 INHAMBANE

ESTAGIO ACTUAL DO PROCESSO DE TRANSLOCAÇÃO DE FAUNA PARA O PARQUE NACIONAL DE ZINAVE (PNZ) AGOSTO, 2018 INHAMBANE REPUBLICA DE MOCAMBIQUE MINISTERIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL ESTAGIO ACTUAL DO PROCESSO DE TRANSLOCAÇÃO DE FAUNA PARA O PARQUE NACIONAL DE ZINAVE (PNZ) AGOSTO, 2018 INHAMBANE DR E s t

Leia mais

Prognostico da Estação Chuvosa e sua Interpretação para Agricultura

Prognostico da Estação Chuvosa e sua Interpretação para Agricultura Prognostico da Estação Chuvosa 2016-2017 e sua Interpretação para Agricultura Setembro de 2016 PROGNÓSTICO SOBRE A ESTAÇÃO CHUVOSA 2016/2017 E INTERPRETAÇÃO PARA AGRICULTURA 1. INTRODUÇÃO A Oscilação Sul

Leia mais

LANÇAMENTO DO PROGRAMA DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA DAS CHUVAS 3 DE OUTUBRO DE 2014, MAPUTO DIMENSÃO ENERGÉTICA DA EXPLORAÇÃO DA ÁGUA DAS CHUVAS PARA IRRIGAÇÃO DE PEQUENA ESCALA EM MOÇAMBIQUE boaventura.cuamba@gmail.com

Leia mais

Decreto Presidencial n.º 216/11, de 8 de Agosto

Decreto Presidencial n.º 216/11, de 8 de Agosto Decreto Presidencial n.º 216/11, de 8 de Agosto Página 1 de 10 Considerando que o acesso à terra é fundamental para o processo de reconstrução, construção e desenvolvimento económico e social do País e

Leia mais

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DIRECÇÃO NACIONAL DE TERRAS E FLORESTAS

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DIRECÇÃO NACIONAL DE TERRAS E FLORESTAS MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DIRECÇÃO NACIONAL DE TERRAS E FLORESTAS Manual para a Elaboração e Implementação do Plano de Maneio da Concessão Florestal (Segunda Versão) Sitoe, A e Bila, A.D. Maputo, Julho

Leia mais

Construindo Parcerias Florestais: que área de enfoque para Moçambique? Consulta aos principais actores do Desenvolvimento Rural Encontro nacional

Construindo Parcerias Florestais: que área de enfoque para Moçambique? Consulta aos principais actores do Desenvolvimento Rural Encontro nacional 2009 Construindo Parcerias Florestais: que área de enfoque para Moçambique? Consulta aos principais actores do Desenvolvimento Rural Encontro nacional 1. Antecedentes Em 2007 o Banco Mundial propôs a criação

Leia mais

Balanço dos Compromissos Políticos do Governo de Moçambique. Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional Maputo, 10 e 11 de Abril de 2013

Balanço dos Compromissos Políticos do Governo de Moçambique. Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional Maputo, 10 e 11 de Abril de 2013 Balanço dos Compromissos Políticos do Governo de Moçambique Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional Maputo, 10 e 11 de Abril de 2013 1 1 ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Leia mais

Formação sobre exploração de Hidrocarbonetos: Participação Pública & Transparência. Resumo do Encontro

Formação sobre exploração de Hidrocarbonetos: Participação Pública & Transparência. Resumo do Encontro Formação sobre exploração de Hidrocarbonetos: Participação Pública & Transparência Resumo do Encontro Participantes: ONGs, OCBs, instituições locais do Estado e sector privado Local: Cidade de Pemba Data:

Leia mais

IDENTIFICAÇÃO DE ACTIVIDADES DE APOIO À GESTÃO FLORESTAL SUSTENTÁVEL COMO PARTE DO PLANO DE ACÇÃO FLEGT

IDENTIFICAÇÃO DE ACTIVIDADES DE APOIO À GESTÃO FLORESTAL SUSTENTÁVEL COMO PARTE DO PLANO DE ACÇÃO FLEGT Programa União Europeia/Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) FLEGT (GCP/GLO/395/EC) IDENTIFICAÇÃO DE ACTIVIDADES DE APOIO À GESTÃO FLORESTAL SUSTENTÁVEL COMO PARTE DO

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social Inspecção Geral do Trabalho

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social Inspecção Geral do Trabalho REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social Inspecção Geral do Trabalho 1 Moçambique é um Estado de Direito baseado no primado da Lei, ou seja, na subordinação de todos à

Leia mais

A expansão dos recursos naturais de Moçambique. Quais são os Potenciais Impactos na Competitividade da indústria do Algodão em Moçambique?

A expansão dos recursos naturais de Moçambique. Quais são os Potenciais Impactos na Competitividade da indústria do Algodão em Moçambique? A expansão dos recursos naturais de Moçambique Quais são os Potenciais Impactos na Competitividade da indústria do Algodão em Moçambique? O algodão esta entre as 10 principais exportações de Moçambique

Leia mais

Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome. 24 de Julho de Destaques

Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome. 24 de Julho de Destaques Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome Actualização da Segurança Alimentar em Moçambique 24 de Julho de 24 Destaques O balanço alimentar ao nível nacional, elaborado pela Direcção Nacional do Comércio

Leia mais

Informe 4 Novembro de 2008

Informe 4 Novembro de 2008 Parceria para os Direitos da Criança em Moçambique Informe 4 Novembro de 2008 O QUE DIZ A PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO 2009 SOBRE A PREVISÃO DE RECURSOS NO SECTOR DE EDUCAÇÃO? Mensagens Chave Decréscimo

Leia mais

Roadshow a Portugal: Oportunidades de Negócio e Investimento em Moçambique Lisboa 5 Junho 2018

Roadshow a Portugal: Oportunidades de Negócio e Investimento em Moçambique Lisboa 5 Junho 2018 Roadshow a Portugal: Oportunidades de Negócio e Investimento em Moçambique Lisboa 5 Junho 2018 1 ACERCA DE NÓS A Portucel Moçambique está a desenvolver um projecto florestal integrado com uma indústria

Leia mais

A SITUAÇÃO DA PROTECÇÃO SOCIAL EM MOÇAMBIQUE

A SITUAÇÃO DA PROTECÇÃO SOCIAL EM MOÇAMBIQUE República de Moçambique REUNIÃO NACIONAL DE CONSULTA A SITUAÇÃO DA PROTECÇÃO SOCIAL EM MOÇAMBIQUE Março de 2006 a Março de 2008 1 CONTEUDO Introdução Antecedentes Progressos realizados por Moçambique Conclusões

Leia mais

É um País eminentemente agrícola com mais de dois terços da sua população a viver nas zonas rurais e a praticar uma agricultura de subsistência.

É um País eminentemente agrícola com mais de dois terços da sua população a viver nas zonas rurais e a praticar uma agricultura de subsistência. Apresentação: Pelouro do Agro-Negócio Moçambique tem como objectivo primário e fundamental a redução contínua da pobreza e tem vindo a promover políticas e programas para um rápido e sustentável crescimento

Leia mais

Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do corredor da Beira, Moçambique. João Mosca e Rabia Aiuba

Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do corredor da Beira, Moçambique. João Mosca e Rabia Aiuba Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do corredor da Beira, Moçambique João Mosca e Rabia Aiuba Apresentação Resumo histórico Características essenciais

Leia mais

(Especialistas de negocios sensing, GIS/DB, Inventários Forestais e REDD+) Chefe do Deptº de Inventários de Recursos Naturais

(Especialistas de negocios sensing, GIS/DB, Inventários Forestais e REDD+) Chefe do Deptº de Inventários de Recursos Naturais Republica ode Moçambique Ministerio da Agricultura Direcção Nacional de Terras e Florestas -63- Plano Técnica do Projeto de Cooperação DNTF-JICA Engº Joaquim Macuacua Chefe de Departamento de Inventarios

Leia mais

PROPOSTA DA SÍNTESE DO FORÚM PROVINCIAL DO REDD+ E DO LANÇAMENTO DO PROJECTO INCENTIVOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS DA FAO

PROPOSTA DA SÍNTESE DO FORÚM PROVINCIAL DO REDD+ E DO LANÇAMENTO DO PROJECTO INCENTIVOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS DA FAO REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE GOVERNO DA PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA DIRECÇÃO PROVINCIAL PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL Unidade Técnica Para a Redução do Desmatamento e Degradação Florestal PROPOSTA DA SÍNTESE

Leia mais

ESTRATÉGIA DE ENERGIA

ESTRATÉGIA DE ENERGIA República de Moçambique ESTRATÉGIA DE ENERGIA Apresentado por Antonio Osvaldo Saide Director Nacional de Energias Novas e Renovaveis 15 de Abril de 2011 1 Situação Actual em Moçambique 1 INTRODUÇÃO Moçambique

Leia mais

Os Determinantes da Pobreza em Moçambique, 2014/15

Os Determinantes da Pobreza em Moçambique, 2014/15 Os Determinantes da Pobreza em Moçambique, 2014/15 Maimuna Ibraimo com Vincenzo Salvucci Objectivo Estudar as variáveis correlacionadas com a pobreza de consumo e a pobreza multidimensional em Moçambique

Leia mais

PFNM: conceitose importância

PFNM: conceitose importância Universidade Federal de Rondônia Curso de Eng. Florestal Manejo de produtos florestais não madeireiros PFNM: conceitose importância Emanuel Maia emanuel@unir.br www.emanuel.acagea.net Apresentação Introdução

Leia mais

Objectivos e hipótese Produção alimentar Recursos para a agricultura Modelo de política agrária A província daa Zambézia Políticas públicas

Objectivos e hipótese Produção alimentar Recursos para a agricultura Modelo de política agrária A província daa Zambézia Políticas públicas Apresentação: Objectivos e hipótese Produção alimentar Recursos para a agricultura Modelo de política agrária A província daa Zambézia Políticas públicas Objectivo: Qual a razão da Zambézia, com grande

Leia mais

Dinâmicas de Investimento Privado em Moçambique: tendências e questões preliminaries para análise

Dinâmicas de Investimento Privado em Moçambique: tendências e questões preliminaries para análise Dinâmicas de Investimento Privado em Moçambique: tendências e questões preliminaries para análise Carlos Muianga, Helena Pérez-Nino, Sara Stevano, Michael Sambo Conference Paper nº 41 III CONFERÊNCIA INTERNACIONAL

Leia mais

Parte I. Recursos Florestais Silvicultura. PHD3334 Exploração de Recursos Naturais. Universidade de São Paulo

Parte I. Recursos Florestais Silvicultura. PHD3334 Exploração de Recursos Naturais. Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo PHD3334 Exploração de Recursos Naturais Escola Politécnica Departamento de Eng. Hidráulica e Sanitária Recursos Florestais Silvicultura Parte I Aula 5 Prof. Dr. Arisvaldo V. Méllo

Leia mais

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. PLANO NACIONAL DIRECTOR DE IRRIGAÇÃO 1 Lisboa, Outubro de 2011

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. PLANO NACIONAL DIRECTOR DE IRRIGAÇÃO 1 Lisboa, Outubro de 2011 REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PLANO NACIONAL DIRECTOR DE IRRIGAÇÃO 1 Lisboa, Outubro de 2011 OBJECTIVOS - Contribuir para o desenvolvimento económico e social de Angola - Garantir a sustentabilidade

Leia mais

Informe 6 Novembro de 2008

Informe 6 Novembro de 2008 Parceria para os Direitos da Criança em Moçambique Informe 6 Novembro de 28 O QUE DIZ A PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO 29 SOBRE A PREVISÃO DE RECURSOS NO SECTOR DE ACÇÃO SOCIAL? Mensagens Chave A Proposta

Leia mais

MOÇAMBIQUE AERLIS - Oeiras

MOÇAMBIQUE AERLIS - Oeiras MOÇAMBIQUE AERLIS - Oeiras 13.03.2012 Moçambique NIASSA CABO DELGADO TETE NAMPULA ZAMBÉZIA MANICA SOFALA GAZA INHAMBANE MAPUTO Moçambique Economia Dados Básicos Superfície: 800 mil km 2 População: 23,9

Leia mais

1 Em comparação com os resultados a nível nacional apresentados nas avaliações de pobreza anteriores, as estimativas

1 Em comparação com os resultados a nível nacional apresentados nas avaliações de pobreza anteriores, as estimativas Nota técnica sobre a significância estatística das principais estimativas apresentadas na Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique (IOF 2104/15) Os resultados gerais da pobreza de

Leia mais

Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil. ama Cabo Delgado - Mocambique

Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil. ama Cabo Delgado - Mocambique Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil ama Cabo Delgado - Mocambique Estrutura da apresentação Identidade da ama Antecedentes do processo da participação em Moçambique Depois da independência

Leia mais

K. B. Viera, Contribuição do Sector Florestal a Economia Moçambicana, Maputo,

K. B. Viera, Contribuição do Sector Florestal a Economia Moçambicana, Maputo, DESTAQUE RURAL Nº 6 16 de Maio de 219 COBERTURA FLORESTAL DO CORREDOR DA BEIRA Mélica Helena Chandamela e João Mosca 1. INTRODUÇÃO Apesar da grande extracção que se observa em Moçambique e em África, o

Leia mais

nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL

nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL unidades de medida - Área em ha - Peso das áreas agrícolas de elevado valor natural na SAU (%) - Peso da área florestal de elevado

Leia mais

Enquadramento. Multifuncionalidade - Integração de várias funções no mesmo espaço e tempo, numa determinada escala >>> conceito analítico

Enquadramento. Multifuncionalidade - Integração de várias funções no mesmo espaço e tempo, numa determinada escala >>> conceito analítico Projecto Mural Enquadramento Função - Capacidade da paisagem de fornecer bens e serviços que correspondem a necessidades, procura e objectivos da sociedade, directa ou indirectamente. Comodidades: produção

Leia mais

A Produção e a Gestão de Resíduos em Moçambique: Considerações prévias. Maputo Fevereiro 2018

A Produção e a Gestão de Resíduos em Moçambique: Considerações prévias. Maputo Fevereiro 2018 A Produção e a Gestão de Resíduos em Moçambique: Considerações prévias Maputo Fevereiro 2018 Estrutura Introdução A gestão de resíduos em Moçambique Produção e caracterização de Resíduos Sólidos Urbanos

Leia mais

Os principais objectivos do presente relatório EIA são:

Os principais objectivos do presente relatório EIA são: 1. INTRODUÇÃO O presente documento constitui o Estudo de Impacto Ambiental do projecto da Moz Environmental Limitada ( Moz Environmental ), para a construção e operação de um aterro sanitário e industrial

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL E FUNÇÃO PÚBLICA DIRECÇÃO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO AUTÁRQUICO

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL E FUNÇÃO PÚBLICA DIRECÇÃO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO AUTÁRQUICO REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL E FUNÇÃO PÚBLICA DIRECÇÃO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO AUTÁRQUICO TERMOS DE REFERÊNCIA SOBRE A CONTRATAÇÃO DE CONSULTOR PARA A ELABORAÇÃO DO ESTUDO

Leia mais

A missão do WWF é prevenir a degradação do ambiente natural da Terra e construir um futuro em que os Humanos vivam em harmonia com a Natureza.

A missão do WWF é prevenir a degradação do ambiente natural da Terra e construir um futuro em que os Humanos vivam em harmonia com a Natureza. Termos de Referência para contratação de um empresa e/ou consultor para produção de Video/Documentário sobre as Actividades Implementadas pelo Projecto Limitando os Impactos Negativos de Petróleo e Gás

Leia mais

Projecto de Testagem de Modelos de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (TREDD)

Projecto de Testagem de Modelos de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (TREDD) Projecto de Testagem de Modelos de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (TREDD) no Corredor da Beira, Incluindo a Província da Zambézia O que é o TREDD? O TREDD é uma iniciativa denominada

Leia mais

Papel da bioenergia proveniente das florestas e da agricultura

Papel da bioenergia proveniente das florestas e da agricultura Ecologização do nosso abastecimento energético Papel da bioenergia proveniente das florestas e da agricultura Comissão Europeia Agricultura e Desenvolvimento Rural Que é a bioenergia? A bioenergia é, essencialmente,

Leia mais

LEGISLAÇAÕ SOBRE RECURSOS HIDRICOS EM MOÇAMBIQUE

LEGISLAÇAÕ SOBRE RECURSOS HIDRICOS EM MOÇAMBIQUE Ministério das Obras Públicas e Habitação 1. A constituição da República 2. Fundamentação da Lei de Águas 3. Objectivos da Lei de Águas 4. Definição do Domínio Público Hídrico 5. Princípios da Lei de Águas

Leia mais

RELAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS DE MOÇAMBIQUE António Júnior, Yasser Arafat Dadá e Momade Ibraimo Maputo, 13 de Março de 2015

RELAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS DE MOÇAMBIQUE António Júnior, Yasser Arafat Dadá e Momade Ibraimo Maputo, 13 de Março de 2015 www.omrmz.org RELAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS DE MOÇAMBIQUE António Júnior, Yasser Arafat Dadá e Momade Ibraimo Maputo, 13 de Março de 2015 Financiador do projecto: Parceiros do OMR: ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO

Leia mais

DIAGNÓSTICO MULTISSECTORIAL PARA GUIAR DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PRONAE)

DIAGNÓSTICO MULTISSECTORIAL PARA GUIAR DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PRONAE) DIAGNÓSTICO MULTISSECTORIAL PARA GUIAR DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PRONAE) Projecto Trilateral Complementar (Moçambique/Brasil/EUA) de Apoio Técnico aos Programas

Leia mais

Projecto Gestão Integrada dos Recursos Hídricos na Zona Costeira

Projecto Gestão Integrada dos Recursos Hídricos na Zona Costeira SEMINÁRIO PARTICIPATIVO DE REUTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUAIS TRATADAS Intercambio de experiências, nova normativa, sistemas de controlo, código de boas práticas, gestão e tecnologias de tratamento 15 de

Leia mais

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA CEDOC 47.412 CONSULTA PÚBLICA AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA RESUMO EXECUTIVO 2018 ÍNDICE 1. APRESENTAÇÃO... 2 2. DURATEX FLORESTAL LTDA... 2 3. CERTIFICAÇÃO

Leia mais

Anexo Tabelas: Resultados do TIA Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural Michigan State University

Anexo Tabelas: Resultados do TIA Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural Michigan State University Mortalida em Adultos e s Sobrevivência nas Zonas Rurais Moçambique: Resultados Preliminares e Implicações para os Esforços Mitigação HIV/AIDS Anexo Tabelas: Resultados do TIA 2002 Ministério Agricultura

Leia mais

Políticas Pública de Redução da Pobreza

Políticas Pública de Redução da Pobreza Políticas Pública de Redução da Pobreza Ministério da Planificação e Desenvolvimento Direcção Nacional de Planificação Por: Cristina Matusse (Técnica de Planificação) Maputo, 16 de Abril de 2009 Estrutura

Leia mais

Pobreza e Percepções sobre o Progresso no Bem-Estar nas Comunidades Rurais em Moçambique (2008/9-2014/15)

Pobreza e Percepções sobre o Progresso no Bem-Estar nas Comunidades Rurais em Moçambique (2008/9-2014/15) Pobreza e Percepções sobre o Progresso no Bem-Estar nas Comunidades Rurais em Moçambique (2008/9-2014/15) Constantino Marrengula Fausto Mafambissa Finório Castigo José Cardoso Conferência Uni-wider 2018

Leia mais

Outline. I. Introdução. II. Importância do algodão na economia. III. A Cadeia de valor do algodão. VI. Análise SWOT. V. Factores de competitividade

Outline. I. Introdução. II. Importância do algodão na economia. III. A Cadeia de valor do algodão. VI. Análise SWOT. V. Factores de competitividade Outline I. Introdução II. Importância do algodão na economia III. A Cadeia de valor do algodão VI. Análise SWOT V. Factores de competitividade VI. Conclusões I. Introdução A cultura do algodão constitui

Leia mais

Estratégias de Melhoria da Gestão Escolar em Moçambique TANZÂNIA

Estratégias de Melhoria da Gestão Escolar em Moçambique TANZÂNIA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Estratégias de Melhoria da Gestão Escolar em Moçambique TANZÂNIA C A B O N I A S S A D E L G A D O ZÂMBIA Lichinga Pemba T E T E MALAWI N A M P

Leia mais

Diversidade biológica e diversidade de paisagens em montados

Diversidade biológica e diversidade de paisagens em montados Diversidade biológica e diversidade de paisagens em montados F. Rego, S. Dias, & S. Mesquita F. Fernandez-Gonzalez Departamento de Ciencias Ambientales. Facultad de Ciencias del Medio Ambiente. Universidade

Leia mais

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Governo da Província de Gaza FACIM 2012 POTENCIALIDADES E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS EM GAZA Maputo, 31 de Agosto de 2011 Gaza Zimbabwe LOCALIZAÇÃO DA PROVÍNCIA Rio Save & Província

Leia mais

Apoio Internacional ao Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA) e Nutrição. Junho de Matthew Brooke, Delegação da UE, Moçambique

Apoio Internacional ao Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA) e Nutrição. Junho de Matthew Brooke, Delegação da UE, Moçambique Apoio Internacional ao Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA) e Nutrição Junho de 2013 Matthew Brooke, Delegação da UE, Moçambique 1 Breve Historial Mais de 70%vivem da agricultura Pequenos

Leia mais

FRAGMENTOS FLORESTAIS

FRAGMENTOS FLORESTAIS FRAGMENTOS FLORESTAIS O que sobrou da Mata Atlântica Ciclos econômicos 70% da população Menos de 7,4% e mesmo assim ameaçados de extinção. (SOS Mata Atlânitca, 2008) REMANESCENTES FLORESTAIS MATA ATLÂNTICA

Leia mais

PAÍSES LUSÓFONOS E OS RECURSOS HÍDRICOS

PAÍSES LUSÓFONOS E OS RECURSOS HÍDRICOS PAÍSES LUSÓFONOS E OS RECURSOS HÍDRICOS A água é a fonte da vida quer para nós, seres humanos, quer para todos os outros seres vivos. É essencial à vida. Não importa quem somos, o que fazemos, onde vivemos,

Leia mais