Aula de Pedologia. Solos do Brasil. Benjamim Pereira Vilela e Selma Simões de Castro
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1 Aula de Pedologia Solos do Brasil Benjamim Pereira Vilela e Selma Simões de Castro
2 Solos do Brasil Sumário Formação dos solos Classificação dos solos Principais solos do Brasil Solos do Brasil em correlação a: Geologia Geomorfologia Clima Vegetação original Domínios morfoclimáticos
3 1. Formação dos solos uma pequena revisão teórica Na paisagem, os solos diferenciam-se devido à ação de seus fatores de formação, cuja atuação é de caráter independente. São cinco os fatores de formação do solo: Material de origem (rocha ou solo) Clima Relevo Biosfera Tempo
4 Fatores de Formação de Solos Clima Organismos Relevo Material de origem Tempo
5 Gênese de Solos H + K + intemperismo ou idade do solo
6 Processos de Formação dos Solos Adição Remoção Transformação Translocação
7 Componentes do Solo A Líquido Sólido inorgânico B Gás C Sólido orgânico
8 Cor do Solo Matéria Orgânica Argila e quartzo Goethita (óxido de Fe) Hematita (óxido de Fe)
9 Umidade do solo
10 Textura do Solo Distribuição das partículas primárias do solo por tamanho Silte 0,053 0,002 mm Areia 2 0,053 mm Argila <0,002 mm
11 Estrutura do Solo Distribuição das partículas secundárias do solo por tamanho, forma e resistência Grânulos Blocos
12
13 O Brasil está localizado em uma zona tropical Em virtude disto a formação dos solos tropicais típicos envolve:
14 a) intemperização enérgica por hidrólise parcial a total do material de origem (ferralitização e sialitização, em geral monossialitização) onde os minerais primários se decompõem, exceto alguns poucos mais resistentes como o quartzo, e mesmo as próprias argilas; b) intensa lixiviação de bases (comumente na ordem Ca > Mg > K > Na), resultante da dessaturação do complexo de adsorção (sobretudo coloidal);
15 c) pequena movimentação de sesquióxidos (óxidohidróxidos de ferro e alumínio) que se concentram residualmente, podendo até formar nódulos e crostas supérgenas (recentes e formadas em posição superior da crosta terrestre); d) lixiviação da sílica por hidrólise total ou parcial; e) floculação eficiente de colóides resultando em agregados relativamente estáveis devido, permeabilidade, aeração e virtual ausência de migração de argilas; f) rápida mineralização de matéria orgânica
16 2. Classificação dos solos O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos publicado pela EMBRAPA em 2006, foi baseado em outros sistemas de classificação ( BALDWING, KELLOG & THORP, 1938, modificado por THORP em 1949) (FAO, 1950) e adequado paras as características regionais. Esta classificação, até o presente, contempla cinco níveis categóricos sendo eles: ordem, sub ordem, grande grupo e sub grupo Nível categórico de classificação de solos refere-se a um conjunto de classes definidas segundo atributos diagnósticos em um mesmo nível de generalização incluindo todos os solos que satisfazem a essa definição (Embrapa, 2006)
17 Ordem: primeiro nível da hierarquia de classificação do solo. Agrupamento de solos separados pela presença ou ausência de determinados atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades que são passíveis de serem identificados no campo apresentando diferenças no tipo e grau de desenvolvimento dos processos que atuaram na formação do solo
18 Sub-Ordem: segundo nível da hierarquia de classificação do solo. Classes de solos separadas por características ou propriedades diferenciais que: 1. Refletem a atuação de outros processos de formação 2. Ressaltam características de diferenciação de horizontes 3. Envolvem propriedades resultantes da gênese dos solos 4. Ressaltam variações dentro das classes
19 Grande Grupo: terceiro nível da hierarquia de classificação do solo. Classes de solos separadas por uma ou mais características : 1. Tipo e arranjo dos horizontes 2. Atividade da fração argila, saturação por base, alumínio, sódio ou presença de sais solúveis 3. Presença de horizontes que restringem o desenvolvimento das raízes e o livre movimento da água
20 Sub Grupo: quarto nível da hierarquia de classificação do solo. Classes de solos separadas por uma ou mais características : 1. Representa o conceito central da classe 2. Solos com atributos intermediários para outras classes 3. Solos com características extraordinárias
21 Família: quinto nível da hierarquia de classificação do solo. Em discussão mas devera ser definido com base em características e propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas importantes para o uso e manejo dos solos
22 Série: sexto nível da hierarquia de classificação do solo. Também em discussão mas devera ser categoria mais homogênea do sistema para ser utilizada em levantamentos detalhados
23 Nova classificação e os significados
24 Principais Solos do Brasil
25 Extensão e distribuição das classes de solos nas regiões do Brasil Tipos De Solos Brasil Relativa por regiões Absoluto Relativo Norte Nordeste Centro- Oeste km 2 % % Sudeste Alissolos ,5 4,36 8,67 0,00 0,00 0,00 6,34 Argissolos , 5 Sul 19,98 24,40 17,20 13,77 20,68 14,77 Cambissolos ,2 2,73 1,06 2,09 1,59 8,64 9,28 Chernossolos ,9 0,53 0,00 1,05 0,27 0,21 3,94 Espodossolos ,9 1,58 3,12 0,39 0,26 0,37 0,00 Gleissolos ,3 3,66 6,41 0,78 2,85 0,5 0,4 Latossolos , 3 38,73 33,86 31,01 52,81 56,30 24,96 Luvissolos ,9 2,65 2,75 7,60 0,00 0,00 0,00 Neossolos , 9 14,57 8,49 27,55 16,36 9,38 23,23 Nitossolos ,3 1,41 0,28 0,05 1,22 2,56 11,48 Planossolos ,1 1,84 0,16 6,61 1,73 0,16 3,00 Plintossolos ,4 5,95 7,60 4,68 8,78 0,00 0,00 Vertissolos ,3 2,01 3,20 0,99 0,36 1,20 2,60 Fonte: Coelho et al. (2002).
26 Distribuição dos tipos de solos no território brasileiro
27 Fonte: EMBRAPA CNPS, 2006
28 Solos sem horizonte B Solos Litólicos (Neossolo Litólico) Solos Aluviais (Neossolo Flúvico) Solos Hidromórficos (Organossolo e Gleissolos) Vertissolos (Vertissolo) Solos Salinos (Gleissolo Sálico) Regossolos (Neossolo Regoítico) Areias Quartzosas (Neossolo Quartzarênico)
29 NEOSSOLOS LITÓLICOS 7% do Brasil
30 NEOSSOLOS LITÓLICOS Horizonte A ou O hístico, < 40 cm A-C, A-R ou A-Cr Contato lítico dentro de 50 cm da superfície
31
32 NEOSSOLOS FLÚVICOS 1% do Brasil
33 NEOSSOLOS FLÚVICOS Derivados de sedimentos aluviais A-C Camadas estratificadas sem relação pedogenética Distribuição errática de C em profundidade
34
35 Solos Hidromórficos 4% do Brasil
36 Solos hidromórficos Material mineral Horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm da superfície do solo São periodicamente ou permanentemente saturados com água Mal a muito mal drenados GLEISSOLOS
37 Gleissolo Melânico
38 ORGANOSSOLOS Pouco profundos Material orgânico (acumulação de restos vegetais em grau variável de decomposição) Mal a muito mal drenados ou ambientes úmidos de altitude elevada saturados por água por poucos dias no período chuvoso. Coloração preta, cinzenta muito escura Elevados teores de C orgânico Apresentam horizontes H ou O hístico sobre camadas orgânicas Apresentam materiais minerais em proporções variáveis Fortemente ácidos, elevada CTC e baixo V%
39 Organossolo
40 Vertissolos <0,5% do Brasil
41 VERTISSOLOS Solos minerais Mudanças no volume com aumento no teor de umidade do solo argilominerais 2:1 Fendas profundas na época seca Superfícies de fricção (slickensides) Normalmente pouco profundos a profundos Imperfeitamente a mal drenados Ruins fisicamente, textura argilosa a muito argilosa Férteis com elevada CTC
42 VERTISSOLOS
43 Solos Salinos <0,5% do Brasil
44 SALINOS
45 NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 1% do Brasil
46 NEOSSOLOS REGOLÍTICOS A-C ou A-R Admite contato lítico a uma profundidade > 50 4% ou mais de minerais primários alteráveis na fração areia da TFSA 5% ou mais da massa do horiz. C apresentando fragmentos da rocha semiintemperizada REGOSSOLO
47 REGOSSOLO
48 NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS 6% do Brasil
49 NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS A-C Sem contato lítico dentro de 50 cm de profundidade Textura areia ou areia franca até no mínimo 150 cm de profundidade ou até contato lítico Essencialmente quartzosos Ausência de minerais primários alteráveis, exceto quartzo NQ
50 NQ
51 Solos com horizonte B incipiente Cambissolos (Cambissolos)
52 Cambissolos 3% do Brasil
53 CAMBISSOLOS Bi subjacente a qualquer tipo de horizonte A Horizonte A ou hístico < 40 cm Bem a imperfeitamente drenados Rasos a profundos Textura franco-arenosa ou mais fina Alguns podem possuir características semelhantes aos LATOSSOLOS Alto teor de silte
54
55 Solos com horizonte B textural Podzólicos (Argissolos) Terra Roxa Estruturada (Nitossolo) Bruno Não-Cálcico (Luvissolo) Solonetz-Solodizado (Planossolo)
56 ARGISSOLOS 26% do Brasil
57 ARGISSOLOS Material mineral Bt abaixo de qualquer tipo de horizonte A, exceto hístico Incremento no teor de argila do B Transição clara, abrupta ou gradual Profundidade variável Bem ou mal drenados Cores variadas
58 ARGISSOLO
59 NITOSSOLOS 1% do Brasil
60 NITOSSOLOS Tb, textura argilosa ou muito argilosa Estrutura em blocos angulares, bsa ou prismática Superfície dos agregados reluzente, relacionada com a cerosidade Baixo gradiente textural Profundos, bem drenados, de coloração variando de vermelha a brunada Geralmente ácidos, baixo ou alto V% Qualquer tipo de horizonte A
61 NITOSSOLO
62 Luvissolo 1% do Brasil
63 LUVISSOLOS Bt ou B nítico imediatamente subjacente A fraco ou A moderado Alta saturação por bases Pouco profundos ( cm ) Podem apresentar pedregosidade na parte superficial e caráter solódico ou sódico na parte subsuperficial Estrutura geralmente em blocos Alto ki, denotando a presença de argilominerais 2:1
64 Planossolo <0,5% do Brasil Planossolo Nátrico
65 PLANOSSOLOS Imperfeitamente ou mal drenados Horizonte superficial ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve que contrasta abruptamente com horiz B plânico imediatamente subjacente B plânico adensado, muita argila, baixa permeabilidade Lençol freático suspenso de existência temporária Mudança textural abrupta Estrutura forte grande blocos angulares Cores do B pouco vivas
66 Planossolo Nátrico
67 Solos com horizonte B espódico Podzol (Espodossolo)
68 Espodossolo 2% do Brasil
69 ESPODOSSOLOS B espódico, subjacente a horiz. E ou A ou hístico(desde que possua 40 cm ou menos de espessura) Cores:- A cinzenta preta - E cinzenta/a cinzent clara branca - Bh cinzenta escura preta Profundidade variável horiz E com até 3 a 4 metros de espessura Solos pobres, moderada a fortemente ácidos Baixa saturação por bases Ocorrem em relevo plano, s.ond., áreas de surgência, abaciamentos ou depressões, sob diversos tipos de vegetação
70
71 Espodossolo
72 Plintossolos 6% do Brasil
73 PLINTOSSOLOS Formados sob condições de restrição a percolação Imperfeitamente ou mal drenados Apresentam expressiva plintização Predomínio de cores pálidas, com ou sem mosqueados ou coloração variegada Textura variável Fortemente ácidos, baixo V% Requer oscilação do lençol freático
74 A moderado Horizonte Eluvial Horizonte plíntico cm
75 Solos com horizonte B latossólico Latossolos Bw abaixo de qualquer tipo de horiz diagnóstico superficial, exceto hístico Muito intemperizados Poucos minerais primários e secundários CTC < 17 cmolckg-1 ki < 2,2 Fortemente a bem drenados Muito profundos Transição de horizontes difusas ou graduais Incremento pouco expressivo de argila A B Muito ácidos, baixo V% Regiões equatoriais e tropicais normalmente em relevos planos e suave ondulado.
76 Latossolos 50% do Brasil
77 Latossolo Amarelo 10% do Brasil
78 A húmico cm Bw cm
79 Latoosolo Vermelho-Amarelo
80 Latossolo Vermelho distroférrico
81 Assim como na análise da paisagem podemos correlacionar elementos, pensando em solos também é possível estabelecer correlações
82 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 1. Solos-paisagens nas várzeas e terraços do Brasil.
83 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 2. Solos-paisagens na região oeste paulista do Brasil.
84 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 3. Solos-paisagens na região centro-oeste do Estado de São Paulo do Brasil.
85 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 5. Solos-paisagens na região sul do Brasil.
86 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 6. Solos-paisagens na região norte do Brasil.
87 Solos do Brasil em correlação a: Relevo Figura 7. Solos-paisagens na região nordeste do Brasil
88 Solos do Brasil em correlação a: Relevo
89 Solos do Brasil em correlação a: Geomorfologia
90 Solos do Brasil em correlação a: Geologia
91 Solos do Brasil em correlação a: Clima
92 Solos do Brasil em correlação a: Vegetação original
93 Solos do Brasil em correlação a: Domínios morfoclimáticos
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