INFORMATIVO JURÍDICO Nº 69/2016

Transcrição

1 EMENTA. REPRESENTAÇÃO DO CBO. OPTOMETRISTA E CLÍNICA. TERESINA/PI. EXISTÊNCIA DE OUTROS PROCESSOS. DEPOIMENTO DE PACIENTE PERANTE O MINISTÉRIO PÚBLICO. ABERTURA DE PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO INDIVIDUAL. PROCEDIMENTO COLETIVO JÁ INSTAURADO. EXISTÊNCIA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXISTÊNCIA DE AÇÃO INDENIZATÓRIA EM FASE DE EXECUÇÃO. Serve o presente para informar sobre a realização de audiência no dia 20/10/2016, no Ministério Público do Estado do Piauí, Coordenadoria do Procon, em Teresina, em decorrência da representação nº /2016, iniciada pelo CBO em desfavor de profissional não médico daquela cidade. Aberta a audiência, presidida pelo Promotor de Justiça Nivaldo Ribeiro, estiveram presentes: CBO, através do seu departamento jurídico; SOCIEDADE PIAUIENSE DE OFTALMOLOGIA, representada pelo Dr. Alex Noronha Monte; as clínicas investigadas (C.O e C.P) representadas pelo optometrista (A.R.L); VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTADUAL e MUNICIPAL e a CONSUMIDORA (A.M.L.). Dada a palavra ao representado, optometrista (A.R.L), este informou que a sua profissão é reconhecida mundialmente, que possui curso superior autorizado pelo MEC, que a denúncia realizada é infundada, que apesar da propaganda anexada não chegou a realizar atendimento na Clínica P.; que atende em outro local, com consultório montado e presta serviço às óticas de Teresina e com base em decisões judiciais do STJ e STF possui autorização para prescrever óculos e lentes de contato; que possui alvará de funcionamento da ANVISA; informou que o 1

2 STF já se posicionou que os Decretos /32 e /34 são arcaicos e não são válidos. Ademais, completou informando que a sua profissão é responsável pelos cuidados primários de visão, podendo prescrever óculos e lentes de contato. Ressaltou, ainda, que está havendo confusão quanto a atuação de optometrista, técnico em óticas e oftalmologista, argumentando que há anos existe uma briga entre optometria e oftalmologia. Em resposta, o departamento jurídico do CBO questionou o Sr. (A.R.L) acerca de qual seria a lei que regulamenta a OPTOMETRIA? a resposta foi negativa, mas que teria autorização para prescrição de óculos e lentes de contato conforme decisão do STF. O Departamento Jurídico do CBO então esclareceu aos presentes que não há lei regulamentando a OCUPAÇÃO de OPTOMETRISTA e que os projetos de lei existentes na CÂMARA DOS DEPUTADOS e no SENADO FEDERAL foram rejeitados, justamente por já existir legislação que delimitam a sua atuação. Foi reforçado o argumento no sentido de que até que sobrevenha lei propriamente dita ou declaração de inconstitucionalidade pelo STF 1 os decretos /32 e /34 estão em pleno vigor, conforme já analisado pelo STJ, com jurisprudências anexadas ao processo, ressaltando-se, ainda, que o representado confessou a realização de atendimento à população e a todas as óticas de Teresina/PI, em afronta ao limite da atuação conforme a LEI existente, destacando a sua importância para a defesa da saúde pública e do consumidor. Dada a palavra a VISA ESTADUAL esta se manifestou no sentido de que conforme orientação da ANVISA cabe aos Conselhos 1 ADPF 131 2

3 Profissionais a realização de fiscalização das profissões. Neste momento, o Departamento Jurídico do CBO esclareceu que por inexistir LEI que regulamenta a OCUPAÇÃO DE OPTOMETRISTA inexiste seu respectivo conselho de classe. Merece destaque, ainda, a manifestação da própria CONSUMIDORA (A.M.L.), cujo depoimento abaixo transcrevemos: Informou que se sentiu enganada e que foi induzida a se consultar com um oftalmologista indicado pelas Ótica C., que esta consulta seria de graça, que o profissional que lhe atenderia era muito bom e assim foi levada ao estabelecimento da Clínica O. (de propriedade do optometrista). Que na mesma foram prescritas lentes e que tanto as lentes como a armação, ambas confeccionadas pela Ótica C. apresentaram vícios, uma com dificuldade de visão e outra com alergias. Ainda durante os debates a consumidora informou que procurou por várias vezes a ótica e o representado, não obtendo sucesso na devolução dos valores pagos. Ademais, indagada pelo Promotor se teria pago ao representado qualquer quantia, esta disse que pagou apenas a ótica, visto que a consulta seria de graça. O representado informou que a consulta foi paga. Momento em que o Promotor de justiça informou a configuração da venda casada. Dada a palavra a VISA MUNICIPAL esta informou que não há nenhum alvará sanitário expedido para OPTOMETRISTAS na cidade de Teresina/PI, sendo que para a emissão destes alvarás é necessário se atender aos requisitos SANITÁRIOS E LEGAIS. Ao final o OPTOMETRISTA, representado, após retratação, sem haver, contudo, reconhecimento de culpa, comprometeu-se a ressarcir a consumidora o valor de R$ 380,00, importância referente ao valor pago pelos óculos. 3

4 O procedimento terá continuidade no seguinte sentido: a VISA MUNICIPAL realizará vistoria/fiscalização nas óticas que trabalham com optometristas, bem como clínicas de optometristas existentes; a ótica será incluída como representada no procedimento; o CBO e a SPO encaminharão relação dos estabelecimentos que possuem irregularidades conforme denúncias recebidas; os representados deverão apresentar defesa escrita em 15 (quinze) dias; a realização de fiscalização pela VISA MUNICIPAL no prazo de 30 (trinta) dias; a fiscalização dos fiscais do PROCON em Óticas e clínicas com optometristas e a abertura de procedimento individual pela consumidora em face da ótica e do optometrista, visando-se alcançar solução célere a sua demanda. Outrossim, realizando o trabalho preventivo e de monitoramento, o Departamento Jurídico do CBO dirigiu-se até o Fórum de Teresina/PI, para protocolar petição de modo a ingressar nos autos existentes quanto a atuação de profissionais não médicos, num total de três processos que envolvem essa atuação, cujos réus são os mesmos constantes da representação que foi objeto de análise pelo Ministério Público. Em caráter informativo, haja vista ser todos os processos são públicos, faremos um breve resumo. 1. Processo nº Trata-se de AÇÃO INDENIZATÓRIA promovida por M.G.S.M em desfavor da Clínica O. (representada pelo Optometrista acima relatado) e Ótica. Argumenta a autora que devida a vasta propaganda realizada pela ótica dirigiu-se até a Clínica O. onde foi submetida a uma suposta consulta, ali lhe foi prescritos óculos e confeccionados na ótica ré. Contudo, constatou que não estavam sendo úteis os óculos prescritos. Conforme sua petição inicial narra que reclamou a 4

5 familiares e realizou nova consulta com médico oftalmologista inscrito no CRM. A diferença técnica entre a primeira e a segunda consulta é de aproximadamente 1 grau. Pelo ocorrido requereu, a CONSUMIDORA, a condenação em indenização por danos morais. Após apresentação da defesa sobreveio a sentença julgando procedente os pedidos da autora e condenando os réus e a ótica em indenizá-la no valor de R$ 3.030,00. Este processo encontra-se em fase de execução desde o ano de Processo nº Em 2012 o Ministério Público do Piauí propôs ação Civil Pública em desfavor dos representados após representação formulada pela Cooperativa de Oftalmologistas do Piauí COOESO/PI. Em seus pedidos requereu: a imediata suspensão de toda e qualquer atividade laboratorial exercida pela ré; a busca e apreensão de todo e qualquer aparelho de uso por médico oftalmologista para o exame de refração e medição de grau; a determinação de abstenção de aviar óculos ou lentes de grau, realizar consultas, manusear aparelhos ou praticar quaisquer atos privativos de médico sob pena de multa; determinar a suspensão de qualquer propaganda. O réu foi devidamente citado e apresentou sua defesa. Ocorre que o Departamento Jurídico do CBO constatou que este processo encontra-se parado desde 2013, sem apreciação do pedido liminar. Assim, diligenciamos no sentido de ingressar nos autos como amicus 5

6 curiae e conversamos diretamente com o atual juiz que cuida do processo, que nos esclareceu que irá analisar a documentação acostada pelo CBO e proferirá a sentença. 3. Processo nº Paralelamente, devido a Ação Civil Pública, o representado impetrou Mandado de Segurança objetivando medida liminar para determinar a VISA a expedição de alvará sanitário imediatamente, e a procedência da ação para condenar o Município de Teresina/PI a expedir a Licença Sanitária aos Impetrantes. Ocorre que durante a tramitação o alvará foi expedido, porém o processo ficou parado de 2013 a O Departamento Jurídico do CBO solicitou seu ingresso como amicus curiae. Todavia, devido ao tempo e ao andamento dos fatos, o processo possivelmente será extinto por perda do objeto. Após, houve breve reunião com o Departamento Juridico da Sociedade Piauiense de Oftalmologia, que repassou todas as denúncias existentes no Estado sobre a atuação de profissionais não médicos e cujas providencias serão realizadas em cooperação mútua. estima e consideração. Sem mais para o momento, renovamos nossos votos de Brasília/DF, quinta-feira, 27 de outubro de

7 José Alejandro Bullón Assessor Jurídico CBO Carlosmagnum Costa Nunes Assessor Jurídico CBO Juliana de Albuquerque O. Bullón Assessora Jurídica CBO Isabella Carvalho de Andrade Assessora Jurídica CBO Gabriel Bunn Zomer Assessor Jurídico CBO 7