TURMA RECURSAL ÚNICA RECURSO CÍVEL INOMINADO Nº 949/2009 CLASSE II JUIZADO DO PORTO TEREZINHA SATIKO HOSAKI SILVINO DA SILVA

Transcrição

1 RECORRENTE(S): RECORRIDO(S): ÓTICA MATIZ LTDA TEREZINHA SATIKO HOSAKI SILVINO DA SILVA Número do Protocolo : 949/ 2009 Data de Julgamento : EMENTA RECURSO INOMINADO REPARAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL LENTE COM TRATAMENTO ANTI-REFLEXO - VÍCIO DE QUALIDADE REVELIA DA COMERCIANTE NÃO COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO DANO MATERIAL COMPROVADO DEMORA NA SOLUÇÃO DO VÍCIO APRESENTADO RECLAMAÇÃO NO PROCON DANO MORAL CONFIGURADO RECURSO IMPROVIDO. Em se tratando de vício de produto, os fornecedores respondem solidariamente nas ações de reparação de danos, nos termos do artigo 18, caput, do Código de Defesa do Consumidor. Enseja direito a indenização a titulo de dano moral, se o fornecedor do produto não procurou resolver o vício apresentado, no prazo combinado, gerando transtornos e aborrecimentos ao consumidor, por de tratar de óculos de grau. Mantém-se o valor da indenização a título de dano moral fixado dentro dos parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade. Fl. 1 de 8

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3 RELATÓRIO DOUTOR VALMIR ALAÉRCIO DOS SANTOS Egrégia Turma: Dispensado o relatório em face ao disposto no art. nº 46 da Lei nº de 26 de setembro de É o relatório. Fl. 3 de 8

4 VOTO DOUTOR VALMIR ALAÉRCIO DOS SANTOS - RELATOR(a) Egrégia Turma: Trata-se de RECURSO INOMINADO intentado contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar a Recorrente ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 2.075,00 bem como ao pagamento do valor de R$ 1.500,00 referente a restituição do valor pago na aquisição do produto. PRELIMINAR DE NÃO APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA Colendos Pares, A preliminar aventada não merece guarida, pois muito embora a Recorrente tenha apresentado contestação neste feito esse fato não é suficiente para ilidir a revelia, pois deveria ter comparecido na audiência. Uma vez intimada e não tendo atendido ao chamamento judicial não há como deixar de decretar sua revelia, por esse motivo deixou de acolher a preliminar de não aplicação dos efeitos da revelia. É como voto. PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO Colendos Pares No presente há pretensão resistida, pois a Recorrida pretende obter Fl. 4 de 8

5 indenização a título de danos material e moral, o faz emergir o interesse de agir, por esse motivo rejeito esta preliminar. É como voto. MÉRITO A Recorrida em sua exordial narra que adquiriu da Recorrente no dia 15/06/2007, uma armação Caili Acetato com lente Varilux Panacic Trans com tratamento antireflexo no valor de R$ 1.500,00, a qual fora parcelada no cartão, sendo marcado o dia 05/07/2007 para retirada. Bem como que tal produto apresentou vício de qualidade, o qual foi identificado um dia após a retirada, ou seja, dia 06/07/2007. Nas razões recursais a Recorrente alega que os óculos foram entregues para conserto no dia 06/07/2007, com data prevista para devolução no dia 20/07/2007, estando disponível para a Recorrida no dia 21/07/2007. Aduz ainda que a Recorrida não retirou os óculos preferindo adquirir novas lentes em outra ótica no dia 02/08/2007. Aduz que cumpriu com sua obrigação, se propondo também em substituir a lente por outra mantendo a venda efetuada, o que não foi aceito pela Recorrida. Assevera que não poderia efetuar os reparos na lente naquele momento, pois a única empresa que trabalha com lentes Varilux Panacic é a empresa ESSIFLOR, estabelecida em São Paulo, entretanto não mediu esforços em atender a sua cliente no prazo de quinze dias, motivo pelo qual entende ser indevida a condenação. Requereu então a improcedência da presente demanda, sendo via de conseqüência declarada válida a compra efetuada pela Recorrida através da nota fiscal de nº e conseqüentes parcelas quitadas. No presente caso restou incontroverso que o produto adquirido apresentou vício de qualidade, o qual foi identificado pela Recorrida um dia após a sua retirada, sendo devolvido para a Recorrente a fim de reparos, os quais não foram realizados. O produto foi entregue para conserto em , com data para devolução prevista para o dia e a Recorrida adquiriu outro óculos em Segundo a Recorrente o produto chegou de São Paulo em e não foi procurado pela Recorrida antes desta adquirir outros óculos, sendo que estes estavam à disposição da cliente há 12 dias. No entanto, não há prova desta alegação e, além disso, a Recorrente é revel por deixar de comparecer na audiência de instrução e julgamento. Fl. 5 de 8

6 A Recorrente não logrou êxito em demonstrar que atendeu o pleito da autora tendo realizado os devidos reparos, no prazo combinado, e como é cediço nos termos do art. 333, II do CPC, cabe ao réu o ônus da prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. verbis: Ademais, o art. 14 do Código de defesa do Consumidor dispõe, in Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Assim, o Código de Defesa do Consumidor abraçou o sistema da responsabilidade objetiva do fornecedor, inclusive do prestador de serviços, fundada na teoria do risco da atividade, não se exigindo dolo ou culpa para emergir o dever de indenizar. Quanto ao dano moral, a sua ocorrência não é tão somente em razão do vício apresentado no bem adquirido, mas sim, pelos transtornos e aborrecimentos sofridos, pois conforme a exordial, a parte central da lente apresentou desfoque, o que motivou a devolução para reparos, sendo o uso de óculos essencial para a sua locomoção e realizar atividades laborais, pois a dificuldade para enxergar sem as lentes é grande. Deste modo, com supedâneo no artigo 46, da Lei de regência dos Juizados Especiais, considero integrada a este voto, à respeitável sentença, que se sustenta pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. Observando no caso em tela, que o valor fixado pelo juiz prolator da sentença está adstrito aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade para indenização a título de dano moral desta natureza. Ante o exposto, conheço do recurso, porém, lhe nego provimento. Condeno a Recorrente a pagar as custas processuais e os honorários advocatícios que fixo em 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. É como voto. Fl. 6 de 8

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8 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos do RECURSO CÍVEL INOMINADO Nº 949/2009 CLASSE II JUIZADO DO PORTO. ACORDAM os Membros da dos Juizados Especiais do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do(a) DR. DIRCEU DOS SANTOS, POR UNANIMIDADE CONHECERAM DO RECURSO E NEGARAM PROVIMENTO, nos termos do voto do(a) relator(a) e dos demais constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente acórdão. A composição da Turma Julgadora foi a seguinte: DR. DIRCEU DOS SANTOS (Relator), DR. YALE SABO MENDES (1º Vogal) e DR. MARIO ROBERTO KONO DE OLIVEIRA (2º Vogal). Cuiabá, 07 de agosto de DR. DIRCEU DOS SANTOS PRESIDENTE DA DOUTOR VALMIR ALAÉRCIO DOS SANTOS - RELATOR(a) Fl. 8 de 8