Programa «Minha Casa, Minha Vida»
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- Oswaldo Pereira Barreto
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1 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono 1.º Congresso Construção e Reabilitação Sustentável de Edifícios no Espaço Lusófono Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento 13 a 15 de março de 2013, Lisboa Programa «Minha Casa, Minha Vida» Riscos, oportunidades e recomendações para a melhoria da qualidade arquitetónica e urbanística João Branco Pedro (jpedro@lnec.pt) Laboratório Nacional de Engenharia Civil Delft University of Technology
2 1 Introdução
3 Programa «Minha Casa Minha Vida» PMCMV Programa de construção de habitação lançado em 2009 pelo Governo Federal do Brasil. Uma segunda fase do programa foi aprovada em 2011.
4 Ambição do PMCMV Somando as duas fases, o PMCMV tem como meta a construção de 3 milhões de habitações em cinco anos ( ). A implementação de um programa desta magnitude coloca importantes desafios. O PMCMV irá produzir 10 % do parque de domicílios particulares permanentes adequados Dos 57 milhões de domicílios particulares permanentes, apenas 30 milhões são considerados adequados (IBGE, Censo Demográfico 2010) Domicílio adequado - domicílio com abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica, coletas de lixo direta ou indireta e até dois moradores por dormitório
5 Desafio financeiro Disponibilizar financiamento para garantir a urbanização e a produção das novas habitações. Desafio institucional Envolver os vários níveis da administração pública, assegurar a participação da comunidade, capacitar os agentes envolvidos no setor da construção e controlar os resultados. Desafio fundiário Garantir o acesso a terra urbanizada, legalizada e bem localizada para a construção das novas habitações. Desafio produtivo Aumentar a produção do setor da construção civil orientada para a HIS, garantindo a qualidade das habitações e mantendo o custo reduzido. Plano Nacional de Habitação, 2010: p.. 13
6 Questões a discutir Conceito de quantidade? Que caminhos seguir? Como produzir habitação em quantidade, garantindo a qualidade e um custo reduzido? Quais os riscos? Quais as oportunidades? Arquitetura e Urbanismo Habitação para famílias de baixa renda
7 2 Qualidade da habitação
8 Qualidade habitacional é um tema amplo e complexo. Segurança contra intrusão Economia de construção Conforto higrotérmico Uso racional da água Conforto acústico Participação Atratividade Integração Privacidade Apropriação Estanquidade Conforto visual Área e dimensão Conforto mecânico Economia de manutenção Ocupação racional do solo Segurança contra incêndio Economia de desconstrução Economia de exploração Uso racional de energia Diversidade de escolha Acessibilidade física Segurança viária Domesticidade Durabilidade Salubridade Flexibilidade Durabilidade Funcionalidade Qualidade do ar Empoderamento Segurança estrutural Espaço e equipamento Segurança na utilização Gestão de materiais e resíduos
9 Existem instrumentos para avaliar a qualidade da habitação com base em lista de critérios amplamente aceites.
10 Ambiente e comunidade 1. O empreendimento dispõe (ou está perto) de equipamentos comunitários? 2. Existe uma mistura de tipos de alojamento que reflete as necessidades e as aspirações da comunidade local? 3. Existe uma mistura de tipos de propriedade, que reflete as necessidades da comunidade local? 4. O desenvolvimento tem acesso fácil a transportes públicos? 5. O empreendimento tem características/funcionalidades para reduzir o impacto ambiental? Ruas, estacionamento e percursos pedonais 11. A implantação dos edifícios tem prioridade sobre o desenho de vias espaços de estacionamento? 12. Os parques de estacionamento estão bem integrados e situado de modo a apoiar a imagem urbana? 13. As ruas são amigáveis para os peões, as bicicletas e os veículos? 14. O projeto está integrar com ruas, caminhos de empreendimentos existentes na envolvente? 15. Os espaços públicos e os percursos pedonais são visíveis a partir dos edifícios e têm um ambiente seguro? Aspeto e caráter 6. O desenho urbano tira partido de edifícios existentes, da paisagem ou da topografia? 7. O bairro é um lugar com caráter próprio? 8. Os edifícios e o desenho urbano tornam fácil a uma pessoa orientar-se? 9. As ruas são delimitadas por uma implantação estruturada dos edifícios? 10. Os edifícios possuem qualidade arquitetónica? Projeto e construção 16. O projeto dos edifícios é específico para o empreendimento? 17. O espaço público tem um desenho cuidado e existe serviço de gestão em aplicação? 18. Os espaços da habitação e a sua organização permitem a adaptação, alteração ou ampliação? 19. O empreendimento utilizou inovações na construção para melhorar seu desempenho, qualidade e atratividade? 20. Os edifícios ou espaços superam os mínimos legais?
11 3 Riscos do PMCMV
12 Ambiente e comunidade Acesso difícil a equipamentos e serviços de proximidade bem como a transportes públicos
13 Ambiente e comunidade Construção em terrenos pouco adequados para a urbanização
14 Ambiente e comunidade Elevado impacte de empreendimentos construídos com poucas preocupações ambientais
15 Ambiente e comunidade Reduzida mistura social resultante da uniformidade de tipos de propriedade, edifícios e habitações
16 Ambiente e comunidade Falta de participação social nas fases de projeto e construção
17 Aspeto e caráter Bairros sem identidade própria, cuja imagem é idêntica à de muitos outros
18 Aspeto e caráter Desenho urbano que procura sobretudo a rentabilização máxima do terreno para implantar edifícios
19 Aspeto e caráter Ruas que funcionam apenas como canais de circulação viária
20 Aspeto e caráter Edifícios com pouca qualidade arquitetónica ou repetindo projeto-tipo à exaustão
21 Rede viária e pedonal Ruas e percursos pedonais com deficiente integração na envolvente
22 Rede viária e pedonal Espaços de estacionamento que prejudicam a imagem urbana
23 Projeto e construção Edifícios e habitações que se limitam a responder ao estritamente necessário em termos legais e regulamentares Casa tipo Apartamento tipo
24 Projeto e construção Reduzida flexibilidade dos edifícios e habitações
25 Projeto e construção Utilização de soluções construtivas conservadoras para evitar imprevistos
26 Projeto e construção Acabamentos e materiais económicos mas pouco duráveis
27 4 Oportunidades do PMCMV
28 Oportunidades Aumentar o grau de industrialização da construção Desenvolver sistemas construtivos inovadores
29 Oportunidades Reduzir os custos ao beneficiar de economias de escala Promover empreendimentos habitacionais integrados
30 Oportunidades Aperfeiçoar progressivamente as soluções construtivas e espaciais Investir na realização de estudos de investigação
31 5 Caminhos para promover a qualidade
32 Estabelecer objetivos gerais, concretizados por recomendações. Recomendações que não onerem significativa a construção das habitações.
33 1. O bairro deve ser um lugar com identidade própria e positiva. J. Branco Pedro (Delft, Holanda)
34 PMCMV Determinar a elaboração para cada empreendimento de um processo de projeto completo do qual resultem planos de pormenor e projetos dos edifícios. CABE - Building for life: Evaluating housing proposals step by step. 2008
35 PMCMV Estabelecer que, para empreendimentos de determinadas dimensões, os projetistas têm de possuir experiencia prévia no projeto de áreas residenciais.
36 2. O bairro deve dispor, ou estar perto, de equipamentos e serviços de proximidade. J. Branco Pedro (Almere, Holanda)
37 PMCMV Estabelecer orientações sobre os equipamentos e serviços de proximidade que no mínimo devem existir num bairro e apoiar a sua construção. English Partnerships; The Housing Corporation. Urban Design Principles: UDC
38 PMCMV Determinar que o projeto do empreendimento evidencie as condições de acesso das habitações aos equipamentos e serviços de proximidade CABE - Building for life: Evaluating housing proposals step by step. 2008
39 3. Deve existir uma mistura de tipos de edifícios e habitações que atenda às necessidades e às aspirações da comunidade local. J. Branco Pedro (Ijburg, Holanda)
40 PMCMV Estabelecer que em cada empreendimento seja realizado um estudo sobre as necessidades locais de habitação para justificar o programa de habitações a construir. O estudo deve desejavelmente incluir: - levantamento da procura de habitação, - relatório de consulta à comunidade, - análise de dados demográficos, - análise da estratégia de desenvolvimento.
41 PMCMV Incentivar a construção de habitações com um número variável de quartos CABE - Building for life: Evaluating housing proposals step by step. 2008
42 PMCMV Promover a integração nos empreendimentos de habitações destinadas a diferentes faixas de rendimento e de edifícios de diferentes tipologias.
43 4. Os edifícios devem superar os mínimos regulamentares.
44 PMCMV Adotar processos construtivos mais económicos, de modo a ter margem para construir habitações que superem os mínimos estabelecidos dentro do valor máximo definido
45 PMCMV Incentivar a realização de concursos de ideias que explorem soluções inovadoras para superar os mínimos estabelecidos.
46 PMCMV Apoiar a elaboração de manuais de projeto com recomendações técnicas para a conceção de habitações económicas com qualidade.
47 5. As habitações devem permitir a adaptação interna e a ampliação.
48 PMCMV Recomendar que o projeto demonstre como as habitações podem ser utilizadas por diferentes tipos de famílias.
49 PMCMV Determinar que os projetos apresentem soluçõestipo para ampliação futura das habitações (quando for viável).
50 PMCMV Incentivar a adoção de estratégias espaciais e construtivas que aumentem a flexibilidade da habitações.
51 6. A comunidade deve participar na produção e gestão da sua habitação.
52 PMCMV Incentivar a construção de empreendimentos de pequena dimensão por promotores locais que assegurem a participação dos moradores.
53 7. As melhores soluções devem ser distinguidas e divulgadas.
54 PMCMV Divulgar os empreendimentos que se destaquem positivamente.
55 PMCMV Atribuir um prémio periódico aos empreendimentos concluídos que se destacam pela sua excelência. Possíveis critérios de avaliação: salvaguarda e valorização da paisagem, integração urbanística, imagem e organização arquitetónica, técnicas e racionalidade construtiva, integração de estratégias para mitigar o impacte ambiental, condições de acessibilidade e mobilidade no espaço público e no espaço edificado, Facilidade de apropriação pelos utilizadores.
56 PMCMV Promover a avaliação pós-ocupação das habitações já construídas e, com base nos resultados, ponderar a revisão das especificações técnicas. A. Baptista Coelho (Adoar, Porto)
57 6 Síntese
58 1. A intenção de construir rapidamente uma grande quantidade de habitações com recursos limitados, coloca diversos riscos à qualidade da habitação.
59 2. As principais oportunidades decorrem da construção de um grande número de habitações segundo especificações técnicas uniformes.
60 3. As especificações técnicas registaram assinaláveis melhorias da primeira para a segunda fase. Não obstante, podem ser implementados diversos aperfeiçoamentos.
61 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono 1.º Congresso Construção e Reabilitação Sustentável de Edifícios no Espaço Lusófono Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento 13 a 15 de março de 2013, Lisboa Muito obrigado pela atenção João Branco Pedro (jpedro@lnec.pt) O autor agradece reconhecido as contribuições dos colegas Anabela Manteigas, Cláudio Cruz, José Jorge Boueri, José Vasconcelos Paiva, Khaled Goubar e Maria João Freitas Laboratório Nacional de Engenharia Civil Delft University of Technology
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