DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA
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1 2 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DA COLENDA SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS COLETIVOS DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO CURITIBA - PR SINDIMAQ SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS, registro sindical nº /88, CNPJ / , SR 03932, entidade sindical com sede na Avenida Jabaquara, nº 2925, São Paulo, Capital, CEP , neste ato representados por seus advogados (doc. 01), com escritório na Avenida Paulista, nº 1471, 2º Andar, Cerqueira César, São Paulo, Capital, CEP , onde deverão receber todas as intimações pertinentes ao presente feito, vêm, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 114, 2º, da Constituição Federal, c.c. artigos 856 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho e artigos 138 e seguintes do Regimento Interno desse Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, apresentar representação para a instauração de DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA
2 3 2 em face do SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS METAL MECANICA E MATERIAL ELETRICO DA GRANDE CURITIBA, inscrito no CNPJ sob nº / , estabelecido na Rua Lamenha Lins, 981, CEP , Curitiba-PR, pelas razões a seguir expostas: DA OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS ESSENCIAIS, CONDIÇÕES DA AÇÃO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS PARA A INSTAURAÇÃO DO DISSÍDIO COLETIVO. O Sindicato suscitante está registrado sob nº /88 (doc03.), no livro 1, fls.98 (doc.03), no Ministério do Trabalho e Emprego legitimando-o ao ajuizamento do presente feito. (OJ 15- SDC/TST). Foram devidamente publicados os editais de convocação da categoria econômica para a assembléia geral visando a deliberação sobre a instauração do dissídio coletivo (doc.04), tendo sido lavradas e assinadas as respectivas atas assembleares que deliberaram no sentido da instauração (doc.05) - (artigo 859, CLT e OJ 29-SDC/TST). Após várias rodadas de negociações, restaram infrutíferas todas as tentativas de conciliação para fechar os termos da Convenção Coletiva de Trabalho com vigência a partir de 01 de dezembro de 2011 e, diante do insucesso nas negociações, impõe-se a intervenção do Poder Normativo inerente à Justiça do Trabalho de modo a ser superado o impasse.
3 4 3 Com efeito, após uma série de entendimentos mantidos com o presidente do sindicado suscitado, não foi possível se chegar a uma composição, em razão, basicamente, da exagerada pretensão de reajuste salarial de 10,3 %, face a um INPC de 6,17 no mês de novembro/2011, e que se reduziu para 6,07 em dezembro/11, conforme pauta de reivindicações (doc.06) Tal pretensão do suscitado implica em um aumento real de salário da ordem de 4 %, o que é absolutamente inviável para as empresas fabricantes de bens de capital como demonstram os dados econômicos e conjunturais anexos (doc.07). DOS FATOS QUE MOTIVAM A INSTAURAÇÃO DO DISSÍDIO COLETIVO Antes, contudo, da análise das cláusulas da convenção coletiva atualmente em vigor e da proposta formulada pelo Sindicato Suscitante, e com a devida vênia dos Ilustres Julgadores, o Sindicato Suscitante passa a apresentar, de forma resumida e objetiva, os aspectos mais importantes relacionados à situação econômica (passada e presente) da categoria patronal demandante. As empresas do setor da indústria de máquinas e equipamentos filiadas ao sindicado suscitante vêm sofrendo um insidioso processo de redução (depressão) das suas margens de contribuição (lucros) em razão, principalmente, da agressiva concorrência das importações em sua grande parte, oriundas do Sudeste da Ásia (China, Formosa, Coréia do Sul). Além da concorrência, muitas vezes predatória dessas importações, a indústria brasileira tem perdido competitividade por causa dos fatores do já amplamente comentado "custo Brasil" formado por fatores que encarecem a produção, tais como: (i) valorização cambial (o valor do real
4 5 4 perante as moedas fortes) que tornam mais baratos os produtos importados; (ii) juros extorsivos vigentes na nossa economia, que encarecem os produtos fabricados no Brasil; (iii) crescente carga tributária que também encarece a produção no nosso país; (iv) precariedade da infraestrutura - transportes, energia, portos, aeroportos - onerando também a produção; (v) custo da burocracia, sobretudo em forma de mais de 50 tipos de impostos, contribuições e taxas que oneram a produção e que os nossos concorrentes de outros países não têm; (vi) outros fatores (encargos sociais sobre a folha de salários, prazos exíguos para pagamento de tributos, incidência de tributos sobre investimentos), conforme notícias anexas (docs 08/20). O Índice de Evolução do Custo de Máquinas e Equipamentos - IPP, levantado pelo IBGE (doc.21), mostra que os preços de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil têm evoluído muito aquém da própria inflação. Conforme demonstrado pelo gráfico anexo ( Índice de Preços ), no período de dez/2009 a out/2011, o aumento de preços foi de apenas 1,44%, contra o INPC que apresentou variação acumulada de 12,37%. Ou seja, os fabricantes de máquinas e equipamentos aumentaram seus preços de venda em apenas 1,44% nos últimos 24 meses. Assim, os fabricantes de máquinas não estão conseguindo, sequer, absorver o INPC, muito menos os aumentos reais de salários ano após ano de forma crescente e cumulativa. Os empresários brasileiros do setor não são contrários à melhoria da renda dos trabalhadores que estimulam o consumo de bens e serviços, resultando, em última análise, em novos investimentos, com maior consumo de bens de capital (máquinas e equipamentos); todavia, essa melhoria da renda do trabalhador não pode ser implementada se o custo correspondente não puder ser incorporado nos preços de venda dos produtos fabricados, sob pena de, em algum tempo, a empresa tornar-se inviável e, por conseguinte, na eliminação de empregos. Ou seja, a melhoria salarial deve ser sempre compatível com a manutenção de empregos e o fortalecimento das empresas.
5 6 5 Os salários não podem estar dissociados dos índices de produtividade, sob pena de se comprometer a própria existência da empresa e dos postos de trabalho. Não se pode perder de vista que recentemente o mundo inteiro passou opor uma grave crise econômica iniciada em 2008, e o Brasil também foi afetado. Ocorreram demissões, empresas fecharam, e muitas delas ainda não se recuperaram inteiramente. Em 2011, se iniciou uma nova crise mundial, com causas e feições diversas da de 2008, mas que compromete igualmente o desempenho da economia brasileira, como se tem visto largamente no noticiário especializado. O sindicato suscitado nunca é sensível a tais circunstâncias, mas as empresas, a despeito de não quererem paralisações ou embates, não podem mais suportar os crescentes aumentos reais de salários que comprometem gravemente a competitividade dos preços de seus produtos. Assim, o setor é o primeiro a reduzir as encomendas (por falta das perspectivas de médio e longo prazos) e o último a retomar as atividades (o que só ocorre depois da recuperação das outras áreas, que fazem as encomendas). Com efeito, as empresas do setor do Sindimaq, que fabricam os já referidos bens de capital mecânicos, que são, em linhas gerais, máquinas e equipamentos destinados à produção de outras máquinas e equipamentos (bens de capital) sofreram em dobro com a citada crise, eis que os ciclos de encomenda e de produção são extremamente longos, chegando a anos em certos casos. Ademais, as empresas ligadas ao Sindimaq atuam em uma área em que os produtos têm custos elevadíssimos, o que implica a necessidade de linhas de financiamento. Recorda-se, neste ponto, que um dos efeitos mais danosos da crise mundial foi exatamente o da redução dos financiamentos, públicos ou privados, aos setores produtivos, o que deve se repetir agora.
6 7 6 A cada crise o setor de máquinas e equipamentos é o primeiro a sofrer os efeitos, porque as empresas param de investir na produção e assim não compram máquinas e equipamentos, e é o setor que se recupera sempre depois dos outros, pois depende do reinício dos investimentos dos vários setores econômicos. Os documentos anexos demonstram de forma clara que as máquinas e equipamentos brasileiros estão sendo substituídos pelos produtos importados, e a indústria nacional de outro lado exporta cada vez menos em função da taxa de câmbio e da retração do mercado internacional, principalmente o europeu. O número de pedidos em carteira nas empresas é decrescente na maioria dos segmentos do setor ao longo de 2011, e de outro lado o volume de importações é crescente. Os produtos nacionais, portanto, estão sendo gradativa e inexoravelmente trocados pelos similares estrangeiros, muito mais baratos, em particular no que tange a produtos acabados. Não são necessários grandes esclarecimentos ou explicações para aquilatar os resultados deste processo sobre a indústria nacional, especialmente no que toca às empresas representadas pelo Sindicato Suscitante. Observa-se, na prática, uma redução do mercado ocupado pelos bens de capital e pelos produtos eletrônicos brasileiros, com a consequente redução dos níveis de atividade industrial, fenômeno este que se convencionou chamar de desindustrialização. Outro dado que não pode passar despercebido é aquele que indica que as micro, pequenas e médias empresas compõem mais de 80% da base das empresas representadas pelo sindicato patronal ora suscitante, e que, portanto, estão muito mais sujeitas aos efeitos tanto da crise global como da aplicação de índices de correção salarial desconectados da realidade e das suas efetivas possibilidades materiais. Portanto, tanto a negociação como a própria decisão que venha a ser tomada pelos Ilustres Julgadores, devem levar em conta as
7 8 7 possibilidades da média das empresas, desconsiderando-se tanto aquelas em situação privilegiada (e que fizeram algumas delas acordos individuais com o sindicato profissional) como aquelas para as quais qualquer aumento real seria inviável. Mais uma vez, o Sindicato suscitante requer que esta relevante diferenciação seja levada em conta por ocasião das prudentes considerações que serão feitas pelos membros dessa Corte. Deve-se destacar que o suscitante envidou todos os esforços para chegar a um acordo com o suscitado, atendendo ao reclamo das empresas filiadas, que viam o ingresso do dissídio. Por tais fundamentos, e em razão da absoluta intransigência do suscitado, o Sindicato Suscitante, apresenta a proposta que entende adequada, em termos coletivos, consistente em reposição integral da inflação medida pelo INPC-IBGE e um aumento real de 1,o %, resultando num fator de correção total de 7,17%, valor este compatível com as efetivas condições da maioria das empresas representadas pelo Demandante, e que deve ser aplicado sobre as cláusulas com expressão econômica constantes da Convenção Coletiva (doc.22), na forma declinada mais adiante nesta petição. Ademais, o precário equilíbrio econômico da maioria das empresas representadas pelo Suscitante leva à necessidade de manutenção da maioria das cláusulas ditas sociais da referida Convenção Coletiva de Trabalho, a menos de onde expressamente consignado de forma contrária. DAS BASES DE CONCILIAÇÃO PROPOSTAS PELO SINDICATO SUSCITANTE COM AS CLÁUSULAS E SEUS FUNDAMENTOS Partindo da Convenção Coletiva de Trabalho (doc. 22), o Sindicato Suscitante apresenta, a seguir, as cláusulas que deverão merecer a devida adequação, retificação ou supressão, segundo seu entendimento e de acordo com a capacidade econômico-financeira das empresas filiadas.
8 9 8 De maneira geral as cláusulas da convenção coletiva que vigorou até 30 de novembro de 2011, devem ser mantidas. As cláusulas de cunho essencialmente econômico, devem ter sua redação adequada aos índices que forem deliberados no presente feito, de modo então a restar consignado o reajuste, os valores de piso e teto salarial. A cláusula trigésima oitava deve ter sua redação alterada apenas para deixar claro que a estabilidade pré-aposentadoria se refere ao período que antecede a aposentadoria pelo seu prazo mínimo. A cláusula sexagésima sétima deve ser suprimida porque cada uma das empresas pode e deve implementar os programas de treinamento e qualificação, da forma que entenderem conveniente, a exemplo do que já fazem várias delas. O mesmo ocorre com o seguro constante da mesma cláusula, que as empresas já mantém para seus empregados. No restante, devem as cláusulas apenas merecer as devidas adequações ao que for deliberado no presente feito, quanto aos índices econômicos. DOS PEDIDOS Vossa Excelência: Diante do exposto, o Sindicato Suscitante requer a i) em caráter de urgência, a designação de audiência conciliatória, notificando-se os Sindicatos Suscitados com igual urgência nos endereços declinados no intróito dessa petição, para que compareçam à audiência inaugural e querendo, apresentem defesa;
9 10 9 Acaso frustrada a conciliação e após a instrução do feito, seja distribuído o processo para julgamento, proferindo-se a competente Sentença Normativa que regerá as condições de trabalho entre as empresas que compõem a categoria econômica representada pelo Sindicato Suscitante e os empregados que pertencem às categorias profissionais representadas pelo Sindicato Suscitado, além de reconhecer a procedência do seguinte pedido: ii) a prevalência das bases propostas pelo Sindicato Suscitante no item anterior, por meio da respectiva sentença normativa. Finalmente, requer o Sindicato Suscitante a produção de todos os meios de prova em direito admitidos e na espécie cabíveis. (cinquenta mil reais). Atribui-se à causa o valor de R$ ,00 Termos em que, Pedem deferimento. De São Paulo para Curitiba, 20 de janeiro de GONTRAN ANTÃO DA SILVEIRA NETO OAB/SP nº A CARLOS ANTÔNIO PEÑA OAB/SP nº
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