SUMÁRIO. Aulas. Artes Cênicas

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2 SUMÁRIO Aulas Artes Visuais A01 - Improvisação nº 23 (1911) Kandinsky A02 - Deuses de um novo mundo (1932)- José Clemente Orozco A03 - Painel Guerra e Paz ( ) de Candido Portinari A04 - Tropicália (1966-7) Hélio Oiticica A05 - Êxodos: Programa Educacional Música B B B B B Artes Cênicas C01 - Matriz da UnB C02 - Vanguardas, Agit-Prop e Teatros Político e Épico C03 - Pequenas observações sobre a obra Liberdade, liberdade e a ditadura militar C04 - Resolução do PAS 3 de 2011 até C05 - Resolução de Exercícios Gabaritos

3 A MÓDULO A01 FRENTE IMPROVISAÇÃO Nº 23 (1911) KANDINSKY Wassily Kandinsky ( ) foi um advogado russo que se tornou pintor. Educado em moldes europeus, um homem de letras, um músico profissional, ele foi um artista muito mais inclinado à reflexão e para a lógica estrita. Influenciado pelo fauvismo, ele restringiu os detalhes descritivos à sua mais simples essência, introduzindo o abstracionismo na arte. Entre 1909 e 1914, Kandisky pintou 35 Improvisações numeradas e outras mais que permaneceram sem numeração. Nas Improvisações, observa-se completa leveza,como se não existisse a gravidade da Terra e,por conseguinte, os objetos (como planetas do universo) começassem a gravitar em direção ao outro. O artista é quase liberado do peso e espaço, dois pólos tradicionalmente relacionado com o mundo das coisas. Na Improvisação 23, pode-se observar além de algumas pinceladas largas e das figuras abstratas um trabalho elaborado com a cor. FORMAS ÚNICAS DE CONTINUIDADE NO ESPAÇO (1913) UMBERTO BOCCIONI ARTES VISUAIS Umberto Boccioni ( ) foi um pintor e escultor italiano ligado ao movimento futurista. Em 1912, ele escreveu o Manifesto técnico da escultura futurista. Boccioni afirma no Manifesto (1912) que não pode haver renovação na arte se ela não for renovada na essência, que é a visão e a concepção da linha e das massas que formam o arabesco. A obra Formas únicas de continuidade no espaço (1913) foi feita originariamente de gesso e depois uma cópia em bronze, medindo 126 cm de altura. Nela, pode-se reconhecer uma figura humana, mas a figura aparece ora como um esfolado anatômico, ora como uma máquina, como uma engrenagem em movimento. Acrescenta-se que a obra é permeada pelo princípio da iteração, ou seja, uma reunião e uma mistura, de modo que o escultor visa a reconstrução de planos abstratos e volumes que determinam as formas, não seu valor figurativo: o princípio da mimesis é abominado drasticamente. Nas palavras de Boccioni: esta sucessão, parece claro agora, não podemos agarrar com a repetição de pernas, braços, figuras, como muitos têm tolamente suposto, mas só chegamos através da busca intuitiva da forma única que dá continuidade no espaço. A NOIVA DO VENTO (1913) OSKARKOKOSCHKA OskarKokoschka ( ) foi um pintor e escritor austríaco que frequentemente é relacionado com o movimento expressionista. Em 1912, ele conheceu Alma Mahler, viúva de Gustav Mahler, com quem viveu uma turbulenta relação de paixão e ciúmes. A pintura Die Windsbraut, foi conhecida como A tempestade ou A noiva do vento. Pode-se observar que, ao mesmo tempo em que as figuras encontram-se envoltas num redemoinho de cores e pinceladas longas (características do expressionismo), os retratos de Kokoschka e Alma estão em aparente tranquilidade. Ela dorme sobre seu ombro; ele está de olhos abertos, pensativo e vigilante. Porém, mesmo com essa aparente tranquilidade, ele tem as mãos cerradas. Sua linguagem corporal denota um foco em si mesmo. Seu corpo é tenso. Em seu 70º aniversário, Kokoschka chamou sua amada de imortal, uma criatura selvagem, ele dizia ainda que na minha noiva do vento, estamos unidos para a eternidade. 655

4 Artes Visuais Exercícios Propostos (PAS) Tendo como referência a obra Improvisação número 23, dewassily Kandinsky, apresentada acima, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 01. O Modernismo rompeu com a tradição da representação domundo físico tal como é percebido e privilegiou as condiçõesde representação e, assim, transformou a própria arte em objetode criação. 02. Kandinsky reformula, refaz, inventa, segue a imaginação,ancorada na subjetividade e no individualismo, e cria ummundo de formas e cores desvinculado do mundo físico, real. 13. O movimento expressionista da virada do século XIX para o século XX é um dos exemplos de vanguarda artística que se distanciou dos ideais de beleza clássica, buscando expressar as emoções e as subjetividades do artista. 14. Compreendem-se como Futurismo várias manifestações artísticas, como a pintura, a escultura e a arquitetura. Como o Brasil teve uma industrialização tardia, não houve nenhuma manifestação artística desse estilo no país. 15. Em relação ao Futurismo e Umberto Boccioni, assinale o correto. A01 Improvisação nº 23 (1911) Kandinsky 03. A influência da linguagem da música na pintura de Kandinskyestá evidente não só no título da obra apresentada acima, mastambém no movimento geral da composição, cujo ritmo estárepresentado por pontos, linhas, manchas, traços negros edirecionais ascendentes, descendentes ou rotativos. 04. (PAS) Na escultura de Boccioni, foram utilizados recursos que deram à obra ideia de movimento espiralado e ascensional. 05. (PAS) Boccioni não abdica do referencial natural em sua obra, tendo inovado na forma de representação, como é o caso da representação da figura humana na escultura apresentada. 06. (PAS) Enquanto Boccioni se dedicava à expressão de conceitos de tempo e espaço na arte, Einstein mudava a concepção de tempo e espaço, e suas relações na física. 07. (PAS) A forma de Boccioni situa-se entre a forma real e a forma ideal, entre a forma nova (futurismo) e a concepção tradicional (grega), consistindo em uma forma variável, diversa de qualquer conceito de forma existente até então: forma em movimento (movimento relativo) e movimento da forma (movimento absoluto). 08. (UEM) A escultura, pelas características das ferramentas e técnicas utilizadas, além da solidez dos materiais empregados, é suporte para a arte essencialmente figurativa. 09. Oskar Kokoschka foi um pintor reconhecido pelos seus contemporâneos, ele também foi um artista frequentemente relacionado ao expressionismo devido as pinceladas longas e à temática das suas obras. 10. Na Noiva do vento, também conhecida como Tempestade, o artista retrata um relacionamento turbulento que ele teve com sua amante Isolda, que o abandonou logo em seguida. 11. As obras de Kokoschka possuem um divisor de águas: o relacionamento com a viúva de Gustav Mahler. Antes deste relacionamento suas obras possuiam temáticas misóginas e sombrias. 12. A obra Noiva do vento está permeada por uma tensão onde as figuras estão envoltas por um redemoinho de cores, mas dentro as personagens descansam na segurança do amor imortal. 01. Boccioni exalta o movimento, a velocidade e o progresso na escultura atravás da estilização da imagem e simplificação das formas. 02. O termo Futurismo faz oposição ao termo Passadismo, ou seja, era preciso romper com a arte do passado. Um exemplo destas rupturas na escultura é o abandono do nú clássico-renascentista. 04. Boccioni defendia uma reforma na arte, mesmo que não se alterasse a essência, a linha e as massas, deveriam ser alteradas apenas as cores e o material. 08. Nas Formas únicas de continuidade no espaço, o homem é retratado como uma máquina, uma repetição mimética de pernas, braços, figuras. 16. Nas Formas únicas de continuidade no espaço os contornos irregulares não limitam a figura, mas se dilatam expandindo-o no espaço provocando uma ideia de sucessão que dá continuidade no espaço. 16. (UEM) Apesar de compreender diferentes movimentos artísticos, algumas características do Modernismo são comuns a grande parte de sua produção artística. A esse respeito, assinale o que for correto. 01. Houve, nas artes plásticas, uma reação à busca de universalidade e de racionalidade, propondo-se uma retomada histórica por meio do uso de materiais, de formas e de valores simbólicos ligados à cultura local. 02. O surgimento da fotografia permitiu aos artistas modernistas reproduzirem, com fidelidade extrema, a aparência real dos objetos em suas três dimensões, objetivo perseguido há muito tempo. 04. O formalismo teve consequências significativas para os limites da apreciação artística, como no caso das experiências sinestésicas de Kandinsky, que tentavam unir a pintura e a música. 08. Com a dissolução da atitude naturalista, sobreveio a valorização do próprio fazer a obra de arte que, frequentemente, prevalecia sobre o assunto ou o tema das obras. 16. As vanguardas, ao empreenderem experimentações e transgressões dos códigos consagrados, na busca de sua linguagem específica, provocaram sucessivos conflitos e escândalos, sem serem assimiladas pelo público e pela crítica do século XX. 656

5 ARTES VISUAIS DEUSES DE UM NOVO MUNDO (1932) - JOSÉ CLEMENTE OROZCO José Clemente Orozco ( ) foi um dos maiores pintores muralistas mexicanos juntamente com Diego Rivera e David AlfarosSiqueiros. A temática central da sua obra é a revolução, a luta do povo para atingir os seus ideais e uma nova sociedade. Diferente de Rivera e Siqueiros, Orozco se interessa por valores universais e não insiste tanto em valores nacionais. No mural Deuses de um novo mundo, Orozco retrata os fetos nascendo mortos, com chapéu de formandos, saindo dentro de um saber já morto há muito tempo. Os doutores do mundo moderno e os fetos são retratados como calaveras, ou seja, caricaturas na forma de esqueletos. Estas calaveras foram utilizadas, pela primeira vez no México, por José Guadalupe Posada ( ) como metáforas da corrupção na sociedade mexicana. Este mural se encontra em um lugar muito significativo: na Baker Library do DartmouthCollege em Hanover. Módulo A02 do cubismo, descrevendo suas vítimas de guerra em um realismo distorcido. Os olhos, pernas, orelhas e rosto são fragmentados e fora do alinhamento com a natureza. Picasso explicou mais tarde o simbolismo tanto do touro e do cavalo: O Touro não é o fascismo, mas é brutalidade e escuridão. O cavalo representa o povo. Para adicionar o retrato austero da guerra, suas vítimas e seus horrores, Picasso tomou a decisão no início para não usar a cor, mas simplesmente retratar toda a obra em branco, preto, e cinza. A tela não mostra uma única bomba, tanque, ou rifle. Apenas algumas chamas de destruição são visíveis no canto superior direito do imenso trabalho. Em vez disso, Picasso preferiu não exibir as máquinas ou até mesmo os homens de guerra, mas os efeitos e conseqüências. Como um observador do trabalho observou: Guernica é um grito inédito.» NORTE AO SUL (1943) TORRES GARCIA GUERNICA (1937) PABLO PICASSO Pablo Picasso ( ) foi um pintor e escultor espanhol que, junto com Georges Braque e Juan Gris, criou o cubismo. Na obra Guernica (1937), Picasso retrata os horrores da guerra, trazendo um retrato do ininterrupto bombardeio alemão em 1937, em Guernica, a capital basca ao norte da Espanha, durante a Guerra Civil Espanhola. Na superfície, como acontece com grande parte da arte de Picasso, a composição de Guernica é frenética, mas não especialmente complicada. Ele continua a contar com o elemento básico Joaquim Torres Garcia ( ) foi pintor, professor, escritor, escultor e teórico da arte uruguaio. Em 1894, ele ingressou na Escola Oficial de Belas Artes de Barcelona. Em 1903, trabalhou com AntonioGaudí. Em 1928, ele conhece Theo van Doesburg, quem lhe apresentou aos membros do grupo De Stijl. Posteriormente ele conheceu Mondrian, Hans Arp, Sophie Taeuber-Arp e outros. Em 1934, Torres García retorna a Montevidéu com sua esposa e quatro filhos, onde ele cria o Universalismo Construtivo, um dos principais movimentos artísticos do seu país. Para ele a arte deve estar a serviço da razão e da harmonia da ordem cósmica através de símbolos e signos universais. Em sua obra Nuestro norte es elsur (1943), ele coloca a América do Sul ao contrário. Visualmente falando, este mapa inverte a visão européia do mundo onde o mapa da América aparece apontando para cima como o Sul, rebelando-se plasticamente a uma visão colonialista da Terra. A02 Deuses de um novo mundo (1932) - José Clemente Orozco 657

6 Artes Visuais Exercícios Propostos A02 Deuses de um novo mundo (1932) - José Clemente Orozco 01. (PAS) Guernica tornou-se expressão emblemática da arte do século XX por expor o drama de uma localidade bombardeada pelos nazistas que, ao apoiarem Franco na guerra civil espanhola, testavam sua capacidade bélica para a grande conflagração que não tardaria a acontecer: a Segunda Guerra Mundial. 02. (PAS) obra de Orozco está relacionada às mudanças científicas, tecnológicas, religiosas e artísticas ocorridas entre os séculos XIX e XX e expressa forte crítica à sociedade moderna. 03. (PAS) A estrutura da obra de Orozco está inserida na compreensão da composição da imagem no espaço pictórico. 04. Com a memória do ataque a Guernica ainda fresca na mente, Picasso pinta a tela que recebe o nome da cidade destruída com base em alguns de seus esboços, sempre acompanhado de sua companheira, a fotógrafa Dora Maar. 05. Na obra Guernica estão presentes várias reminiscências a outras obras de Picasso, até mesmo o Minotauro. Por isso, esta obra apesar de ser frequentemente enquadrada na fase expressionista do artista, recebe influências de outros movimentos artísticos. 06. Na obraguernica, podemos contar três mulheres, uma criança, um cavalo, um possível soldado e o minotauro. O Minotauro representa a escuridão e a brutalidade enquanto o cavalo representa o povo. 07. Picasso coloca uma flor fantasmagórica no centro da figura como a única expressão de esperança da obra. O resto, inclusive a decisão para não usar a cor, retrata a destruição e o desespero. 08. O Cubismo recebe esse nome por ser um movimento artístico que fragmenta o objeto e se distancia da discussão da Indústria cultural do período e passa a assumir, de forma mais otimista e alienada, os valores da cultura popular. 09. Os murais, assim como os afrescos, eram geralmente pintados com cores chapadas, sem preocupação em imitar a realidade ou a natureza, mas, por outro lado, eles eram retratados de forma a propor uma ilusão de tridimensionalidade, visando à integração da pintura ao espaço arquitetônico. 10. O movimento da pintura mural no México se apóia em alguns pontos centrais. Antes de mais nada, a arte deve ter alcance social, isto é, deve ser acessível ao povo. Daí o descarte da pintura de cavalete e a opção pelos murais, de caráter decorativo e/ou comemorativo, que ocupam os lugares públicos, rompendo os círculos restritos de galerias, museus e coleções particulares. (PAS) A relação entre ética, estética e política possibilita reflexões a respeito de valores individuais e coletivos, que orienta mas ações das pessoas e de grupos de interesses. As vanguardas europeias do século XX e suas expressões latino-americanas ampliam esse debate ao incorporar aspectos históricos e geográficos em suas produções como acontece, por exemplo, na obra Norte ao Sul, do artista uruguaio Joaquín Torres Garcia. Considerando a obra e o texto apresentados acima e sabendo que o mundo contemporâneo é complexo e multifacetado, julgue os itens de 11 a 14 e faça o que se pede no item 15, que é do tipo C. 11. A sociologia contemporânea procura afastar-se da discussão de temas polêmicos que dizem respeito a atitudes e comportamentos individuais, como religião, sexualidade e família, atendo-se àqueles temas que interessam mais diretamente ao convívio social e ao cotidiano das coletividades, como criminalidade, drogas e educação. 12. Ao inverter o mapa da América do Sul, o artista realiza um gesto de representação que contradiz as cartografias convencionais. 13. Com sua obra, o artista pretende mostrar a importância da cartografia no ensino da geografia. 14. A expansão da economia de mercado, a partir das transformações advindas da Revolução Industrial, ampliou e diversificou as áreas de estudos sociológicos, a exemplo da denominada sociologia do desenvolvimento. 15. A partir da leitura cartográfica nada convencional da obra apresentada, na qual Norte e Sul estão invertidos na configuração da América do Sul, é possível examinar determinadas situações marcantes na história do mundo contemporâneo. Nessa perspectiva, afloram temas importantes como imperialismo, neocolonialismo, desenvolvimento,subdesenvolvimento, globalização e assimetrias, sobre tudo econômicas e sociais. Relativamente a esses aspectos vinculados à história contemporânea, assinale a opção correta. a) A expansão imperialista, entre fins do século XIX e princípios do XX, teve pleno êxito na medida em que foi sustentada pela ampla aliança política acertada pelas grandes potências industrializadas da Europa, o queim pediu o acirramento de rivalidades que pudessem levara conflitos. b) O pós-segunda Guerra Mundial assinalou, de um lado, ofranco declínio da velha Europa colonialista, e, de outro,a emergência afro-asiática: ao conquistarem sua independência, as antigas colônias contribuíram significativamente para a nova configuração geopolítica mundial. c) A Conferência de Bandung (1955) foi uma das mais importantes reuniões de Estados que o mundo assistiu durante a vigência do sistema bipolar de poder mundial(guerra Fria): nela, países do Terceiro Mundo optaram por aliarem-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS), rompendo com o bloco ocidental, liderado pelos Estados Unidos da América (EUA). d) Uma característica histórica do processo de ampliação dos mercados mundiais, presente desde a corrida imperialista até o estágio atual da globalização, é a crescente superação da assimetria entre continentes, regiões e povos, o que pode ser comprovado por índices diversos, a exemplo do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 658

7 ARTES VISUAIS Módulo A03 PAINEL GUERRA E PAZ ( ) DE CANDIDO PORTINARI Candido Torquato Portinari ( ) é considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil, e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional. Em 1950, o norueguês Trygve Lie, o primeiro Secretário Geral da ONU, fez um apelo a todos os países membros que doassem uma obra de arte à nova sede da ONU em Nova York. O Brasil designou Candido Portinari ( ) e deu a ele uma lista de temas dentre os quais estava guerra e paz, tema recorrente da própria obra do pintor. Portinari pintou os painéis Guerra e Paz em nove meses, após quatro anos de estudos preparatórios. Guerra e Paz foi instalado no hall de entrada da sala da Assembléia Geral, em 1957, o espaço mais importante da sede da ONU. A estrutura é composta pela junção de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura). Portinari usou poucas cores nas obras, além de linhas retas e formas geométricas. Outro ponto presente são as figuras sobrepostas e a falta de preocupação do artista com a perspectiva e a profundidade. JOGO DO OSSO (1953) GLENIOBIANCHETTI Glênio Alves Branco Bianchetti ( ) foi um pintor, gravador, tapeceiro, ilustrador e professor brasileiro. Em 1951, ele funda, ao lado de Glauco Rodrigues e Danúbio Gonçalves (1925), o Clube de Gravura de Bagé, posteriormente incorporado ao Clube de Gravura de Porto Alegre, grupo que realiza uma produção artística de caráter social. Com o Clube dos Gravadores começou um movimento cultural, de âmbito internacional. Vinham obras de longe, diz Bianchetti, e as nossas também percorriam diversos países, difundindo a gravura brasileira. Esse movimento confirmou as possibilidades de difusão da gravura devido às suas peculiaridades, como explica Bianchetti: A gravura é uma das artes mais democráticas. Ao contrário de outras formas artísticas, ela não se resume numa peça única, pode ser reproduzida, divulgada simultaneamente. Isto favorece, inclusive, o preço de cada obra, para quem vai adquiri-la. É dessa época a gravura Jogo do Osso, que mostra uma atividade tradicional em várias regiões do interior do Estado do Rio Grande do Sul. PAINEL DE AZULEJOS NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO UNB (1962) LUÍS HUMBERTO Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 1934, Luís Humberto formou-se em arquitetura pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) em Quando tinha 27 anos, o arquiteto e fotógrafo Luís Humberto foi chamado para integrar o grupo de primeiros professores da UnB, em Além de dar aulas, ele ajudou a erguer vários prédios da universidade, sendo coautor, com Alcides da Rocha Miranda, dos primeiros prédios da Universidade de Brasília - FE 1, FE3 e FE5 onde também se encontram suas obras no azulejo. O sonho eufórico de uma universidade libertadora, entretanto, foi interrompido em 1965, quando cerca de 200 professores, entre eles Luís Humberto, pediram demissão coletiva como último ato de resistência às intervenções militares na universidade, que vinha sendo atacada com frequência desde o golpe de A repressão na UnB foi forte. Os militares pensavam que as universidades eram perigosas porque, na verdade, eles estão habituados a dar ordens e obedecê-las. Não é do seu feitio essa coisa da aceitação, o fascínio pela contradição do pensamento, reflete. A03 Painel Guerra e Paz ( ) de Candido Portinari 659

8 Artes Visuais Exercícios Propostos A03 Painel Guerra e Paz ( ) de Candido Portinari 01. (PAS) Na obra Paz, Candido Portinari criou personagens individualizados, sem se preocupar com a tipificação de trabalhadores e da população oprimida, ou seja, com a constituição de uma imagem identitária de cunho ideológico-social. 02. (PAS) Nos painéis de azulejos de Luís Humberto, em Brasília, identifica-se um princípio analítico referente às combinações do aspecto formal de cada azulejo em um conjunto plástico. 03. (PAS) A Organização das Nações Unidas (ONU), para a qual Portinari produziu o painel Paz, foi criada, em 1945, para ser um instrumento de manutenção da paz mundial e de cooperação internacional. 04. (PAS) No painel Guerra, Portinari estabeleceu relação entre arte e realidade social, como evidencia a escolha de situações de conflito social no Brasil, que perduraram até a metade do século passado. 05. (PAS) No painel Paz, ordenado de forma horizontal, o artista representou a simplicidade e a harmonia da vida rural, o que evidencia ter sido influenciado pelo princípio da deformação da figura humana, tal como ocorreu com os artistas modernos, como os que adotaram, por exemplo, o abstracionismo geométrico e o cubismo. 06. Os prédios da Faculdade de Educação (FE) foram um dos primeiros a serem construídos na Universidade de Brasília, que seguindo a tendência da época, quebraram a frieza do concreto armado pelos azulejos de Athos Bulcão. 07. Através do Clube dos Gravadores, as obras de Glênio ganham uma expressão internacional: formou-se uma espécie de cooperativa, que intercambiava exposições pelas Américas e Europa. 08. Segundo Bianchetti, a xilografia e a linoleogravura são artes mais democráticas, pois elas não se resumem numa peça única, podendo ser reproduzidas e divulgadas simultaneamente;a intenção de Glênio, além de democratizar a arte, era retratar um jogo milenar que faz parte da tradição árabe e grega. 09. O professor Luís Humberto, coautor dos prédios da Universidade de Brasília e um dos professores que pediram demissão em um ato de protesto contra as intervenções militares na UnB, decorou a FE com azulejos, cuja característica era previsibilidade e continuidade. 10. Na tradição brasileira, os azulejos fazem parte de um elemento decorativo no concreto armado, dando-lhe maior vida, a beleza e destaque, mas também estão ligados à herança portuguesa, que simboliza o colonialismo e o servilismo que o professor Luís Humberto defendia. 11. A obra Jogo do Osso é um exemplo da arte regionalista de cunho social praticada por Glênio Bianchetti, e que se tornou importante para a renovação das artes gráficas brasileiras. 12. Portinari faleceu devido ao envenenamento pelas tintas que ele utilizava, deixando inacabada a obra Guerra e Paz que foi terminada por seu filho. 13. A obra Guerra e Paz está dividida em duas partes. Na parte que retrata a guerra pode-se notar o estado emocional das pessoas e diversas alusões às guerras históricas. 14. No painel Paz, Portinari está preocupado em demonstrar alegria através dos tons e das personagens. Lá também, encontram-se várias reminiscências de obras anteriores de Portinari. 15. Assinale a alternativa que apresenta conceitos do ModernismoBrasileiro que se relacionam com a obra Guerra e Paz. a) Comunica-se diretamente com o público por meio de símbolos retirados da cultura de massa e da vida cotidiana, edefende o absurdo, a incoerência, a desordem e o caos como protesto contra uma civilização capitalista. b) Apresentam um número limitado de cores e privilegiam formas geométricas, com figuras sobrepostas, sem preocupação com a perspectiva e a profundidade, além de uma nítida aproximação com as vanguardas europeias. c) Procura estudar as possibilidades estéticas de formas simples a partir de estruturas bi ou tridimensionais,resultando em uma composição laboriosa que se constitui de sucessivas camadas pictóricas. d) Faz referência a conceitos desenvolvidos por Cézanne, que propôs o entendimento da natureza a partir da esfera, do cilindro e do cone, e por Oiticica, que defendia uma interação entre público e espectador. 16. Reconhecido internacionalmente desde a década de 1940, Oscar Niemeyer, com suas linhas curvas, é considerado o arquiteto brasileiro mais criativo de todos os tempos. Outros nomes, no entanto, destacam-se no cenário da produção arquitetônica modernista no país. A esse respeito, é correto afirmar que 01. Lúcio Costa pode ser considerado o primeiro arquiteto a buscar a expressão moderna, com sua Casa Modernista da Rua Santa Cruz, de , que, embora utilizasse técnicas construtivas tradicionais, era despida de ornamentos. 02. o arquiteto Luís Humberto tornou-se conhecido ao ajudar a projetar e decorar o edifício da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, caracterizado pelo concreto armado, uso de pilotis e azulejos nas paredes. 04. junto com Oscar Niemeyer diversos outros arquitetos participaram do projeto do edifício do Ministério da Educação e Saúde que marcaria o surgimento de uma nova arquitetura no Brasil. Entre eles estão Lúcio Costa, Jorge Moreira, Carlos Leão e Affonso Eduardo Reidy. 08. o arquiteto Luís Humberto, autor do projeto da reforma do edifício da Pinacoteca do Estado de São Paulo, é uma das mais importantes referências da arquitetura brasileira, tendo sido premiado com o Pritzker, o prêmio de maior prestígio entre os arquitetos. 16. o arquiteto italiano Bruno Giorgi é aclamado por sua proposta ousada para o Museu Nacional, construído em concreto armado e no qual a sustentação do corpo do edifício se dá com apenas duas vigas e quatro pilares. 660

9 ARTES VISUAIS Módulo A04 TROPICÁLIA (1966-7) HÉLIO OITICICA Em 1959, Lygia Clark e Ferreira Gullar convidam Hélio Oiticica para participar do Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro. Entre os projetos e obras de Oiticica estão: Bólides, Parangolés, Penetráveis, Monocromáticos, Cosmococas, Relevos Espaciais, Núcleos, entre outros. A Tropicália foi um programa ambiental formado por um jardim com pássaros e plantas vivos, além de poemas-objetos e que deu nome ao movimento liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Certa vez, Oiticica resumiu tudo o que faziam como uma experiência ambiental (sensorial) limite ou antiarte por excelência. Segundo ele, com a tropicália, se dá a completa objetivação da ideia. O penetrável principal que compõe o projeto ambiental foi minha máxima experiência com as imagens, uma espécie de campo experimental com as imagens. Para isso criei como que um cenário tropical com plantas, araras, areia, pedrinhas. Tropicália é uma vivência que parecia, ao caminhar pelo recinto, pelo cenário da Tropicália, estar dobrando pelas quebradas do morro, orgânicas tal como a arquitetura das favelas, pisando na terra. Tropicália, nas palavras de Oiticica, é o suprasensorial. RHYTHM 05 (1974) MARINA ABRAMOVIC um patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia. Ela descreveu a si mesma como a avó de arte performática e, de fato, sua ilustre carreira começou na década de 1960 e continua até hoje. Cada performance - Rhythm 10, Rhythm 2, Rhythm 4, 5 e Rhythm 0 - surgiu a partir alguma ligação anterior de Abramovic com som. Todo o desempenho Rhythm envolve um risco considerável. O tipo e o grau de risco não foi, no entanto, sempre uma decisão deliberada. Durante Rhythm 5, um trabalho também realizado em 1974, Abramovic marcou com madeira uma grande estrela (cerca de 6 metros de diâmetro) no pátio do SKC. Ela encheu a estrela com lascas de madeira e 100 litros de gasolina. Quando ficou escuro, ela incendiou a estrela e começou a andar em torno dela, depois ela cortou um pouco de seu cabelo e unhas, jogando no fogo. Ela então entrou na estrela, colocando-se em posição horizontal no centro, em seguida ela ficou um breve período em pé no centro da estrela com os braços estendidos. Estas acções de sacrifício tinha um simbolismo facilmente transmissíveis no contexto de Belgrado em 1970: os jovens estão queimando nas chamas de seus ideais socialistas, da geração mais velha. Abramovic, embora ela havia planejado cuidadosamente cada ação, não sabia que o nível de oxigênio no interior da estrela seria reduzido. A fumaça logo a levou a perder a consciência. Foi só quando dois de seus colegas, Radomir Damnjan e Gergelj Urkom, ambos os artistas associados com a SKC, detectou que Abramovic não estava respondendo às chamas que vieram tão perto de suas pernas. Então, eles entraram na estrela e levaram-na para a os primeiros-socorros. Sem a sua intervenção, esta performance poderia ter se tornado mais do que um sacrifíciosimbólico. QUEM MATOU HERZOG? (1975) CILDO MEIRELES Marina Abramovic nasceu em Montenegro, em novembro de Ela passou sua infância na República Federal Socialista da Jugoslávia, vivendo sob a liderança do ditador paternalista Josip Broz Tito ( ). Tal fato foi um fator significativo em seu início, bem como nas suas mais recentes performances. Seus pais rejeitaram a religião cristã ortodoxa em que nasceram, apesar do bisavô de Abramovic ter sido Cildo Meireles (1948-) é um artista plástico brasileiro conhecido internacionalmente. Ele se situa na transição da arte brasileira entre a produção neoconcretista do início dos anos 60 e a de sua própria geração, já influenciada pelas propostas da arte conceitual, instalações e performances. No momento em que ele surge como um dos mais significativos artistas brasileiros de sua geração acontecia o fechamento A04 Tropicália (1966-7) Hélio Oiticica 661

10 Artes Visuais político provocado pela promulgação do AI-5, em Ele criou objetos e instalações que acoplam diretamente o visor em uma experiência sensorial completa, questionando, entre outros lemas, a ditadura militar no Brasil ( ) e a dependência do país na economia global. Nestes anos de censura, medo, e silêncio, Cildo Meireles destacou-se por uma série de propostas política e socialmente críticas, como por exemplo, seu trabalho em carimbo em notas de um cruzeiro: Quem matou Herzog?, de Uma mensagem explícita, ainda que anônima, de sua visão da arte enquanto meio de democratização da informação e da sociedade. Motivo pelo qual costumava gravar em seus trabalhos deste período a frase: a reprodução dessa peça é livre e aberta a toda e qualquer pessoa, ressaltando a problemática do direito privado, do mercado e da elitização da arte. Para Cildo, a estética fundamenta a arte, mas a política é que fundamenta a cultura. Como uma espécie de ready-madeduchampiano, o objeto mais banal e cotidiano é transformado temporariamente em obra de arte, para depois ser colocado em circulação em seu circuito social original, negando-se, nesse momento, enquanto arte, e tornando-se veículo de uma ação tática clandestina de resistência política. Exercícios Propostos 01. (PAS) Na obra em questão (Rhythm 05), o corpo da artista é uma representação doideal de perfeição neoplatônica e da constituição de uma afirmação da cultura humanista baseada na razão e na ciência. 02. (PAS) Por meio de obras como a Tropicália e de frases famosas como Museu é o mundo, Hélio Oiticica expressava sua intenção de que a arte ultrapassasse as fronteiras do museu e conquistasse os espaços urbanos, passando a integrar o cotidiano da população. 10. A relação de proximidade entre Cildo Meireles e os ready-made de Duchamp consiste na retirada do objeto cotidiano para ser transformado temporariamente em obra de arte; sua diferença reside em que na obra de Cildo Meireles o objeto é devolvido ao seu circuito social original. 11. Cildo Meireles, em Quem matou Herzog?, envia uma mensagem explícita, ainda que anônima, de sua visão da arte enquanto meio de democratização da informação e da sociedade. A04 Tropicália (1966-7) Hélio Oiticica 03. (PAS) Com Inserções em circuitos ideológicos: projeto Quem matou Herzog?, Cildo Meireles procurou atingir o cerne da sociedade capitalista, ao criticar o sistema de trocas de mercadorias. Para tal, o artista, em plena década de 1970, expôs suas obras apenas em museus, negando princípios da arte contemporânea, como o de arte conceitual e o de interatividade. 04. (PAS) Do ponto de vista marxista, a arte é um dos espaços de crítica às ideologias dominantes e, portanto, contribui para a construção de ideologias contra-hegemônicas. 05. Hélio Oiticica, acreditando que o museu é o mundo, criou inúmeros projetos, entre os quais podemos citar os Parangolés, os Bólides, os Azulejos, os Penetráveis e as Cosmococas. 06. A experiência extra suprasensorial conhecida como Tropicália, criada por Hélio Oiticica, se enquadra no movimento denominado Neoconcretismo por defender uma interação entre o público e a obra de arte. 07. A Tropicália possuía alguns elementos de um cenário tropical tal como, pedras, araras, areias, pedrinhas, plantas. Esta experiência estava também relacionada ao caminhar nos morros e favelas. 08. Nota-se na obra de Hélio Oiticica e nas obras de Nietzsche uma grande crítica à metafísica que imperou desde a Antiguidade clássica, assim Oiticica tenta aplicar na arte alguns conceitos nitzcheanos, tais como arte pela arte. 09. A obra Quem matou Herzog foi um happening criado pelo artista brasileiro Cildo Meireles para denunciar o assassinato do jornalista na época da ditadura militar no Brasil. 12. O assassinato de Herzog foi retratado na arte por dois artistas diferentes. Cildo Meireles retrata através de uma inserção e Antonio Henrique Amaral através de uma série de quatro obras denominada A morte no sábado (1975/6). 13. Marina Abramovic descreveu a si mesma como avó da arte. Em outras palavras ela queria dizer que ela foi a pioneira a realizar um tipo de arte, denominada Arte Performática, no mundo. 14. A Arte Performática bebe de fontes variadas, sua origem remonta aos eventos teatrais montados pelos futuristas, dadaístas e surrealistas. 15. Sobre as obras Tropicália, Quem matou Herzog? e Rhythm 05, assinale a alternativa correta. a) A Tropicália é uma antiarte ambiental, onde aparece sistematizada teoricamente os postulados da Nova Objetividade Brasileira, que dialoga tanto com os postulados das vanguardas brasileiras, excluindo referências variadas da arte internacional. b) Cildo Meireles, artista plástico brasileiro neoconcretista, traz consigo, em suas Inserções, um questionamento da ditadura militar no Brasil, e a dependência do país na economia global. c) A série Rhythm, de Marina Abramovic, surge de certa ligação da artista com o som, pois foi feita com base nos ritmos e composições sonoras, e envolve certo risco considerável durante a performance. d) O Rhythm 05 está entre uma das mais polêmicas performances da história, pois nela quase que Marina Abramovic morre, ao faltar-lhe oxigênio; tanto é que a partir desta performance, levantou-se o debate entre responsabilidade e o papel do artista e espectador. 662

11 ARTES VISUAIS Módulo A05 ÊXODOS: PROGRAMA EDUCACIONAL: LEITURAS E NOVAS FORMAS DE SOLI- DARIEDADE NO MUNDO CONTEMPO- RÂNEO (2000) SEBASTIÃO SALGADO MURAL DA IGREJINHA (2009) FRANCISCO GALENO Sebastião Salgado nasceu em 1944, em Aimorés, Minas Gerais. É formado em economia e começou sua carreira como fotógrafo na França, onde mora desde No início dos anos 90, a cada ano, entre 150 e 200 milhões de pessoas trocavam o campo pela cidade. Esse movimento chamou a atenção de Sebastião Salgado, pois isso estava desorganizando o planeta. Várias das catástrofes se devem a esses grandes deslocamentos planetários do sistema industrial: eles geraram a nova sociedade de consumo dos países em desenvolvimento, a aceleração da produção barata, a concentração da população, o surgimento das megalópoles,uma mão de obra barata se concentrando em favelas, crianças brincando no meio de pilhas de lixo. Então, ele se aliou a organizações especializadas nessas questões e a outras que trabalhavam com os migrantes em especial a Organização Internacional para as Migrações, sediada em Genebra, o UNHCR e a Unicef. Com o passar do tempo, Sebastião Salgado decidiu contar a história de todas as populações obrigadas a deixar suas casas por razões econômicas, religiosas, climáticas ou políticas. A esse projeto, que durou seis anos, ele deu o nome de Êxodos. Mas o que é fotografar na opinião de Sebastião Salgado? Ele defende a ideia que o fotógrafo não é um voyeur. Segundo ele, a fotografia é minha linguagem. O fotógrafo está ali para ficar quieto, quaisquer que sejam as situações, ele está ali para ver e fotografar. É através da fotografia que trabalho, que me expresso. É através dela que vivo. Então, fotografar diante as catástrofes significa dizer que todos precisam conhecer aquilo ou, em suas palavras ninguém tem o direito de se proteger das tragédias de seu tempo, porque somos todos responsáveis, de certo modo, pelo que acontece na sociedade em que escolhemos viver. Francisco Galeno nasceu em Parnaíba, Piauí, em Foi aos oito anos para Brasília, em busca de melhores oportunidades, e lá reside até hoje. Ele construiu um caminho artístico na contramão dos modismos e ao mesmo tempo atento às experimentações da arte contemporânea. Sua arte é conceitual, mas está enraizada na história de sua infância. Em suas próprias palavras: na minha arte não entra um prego que não seja carregado de história afetiva, ressaltando que sua arte conceitual não é fria, abstrata ou cerebral, mas sim o diálogo com a fonte popular. Galeno foi convidado para pintar o mural da Igreja Nossa Senhora de Fátima, também conhecida como Igrejinha. Ele concluiu o mural em 2009 em meio a muitas críticas. Segundo a maioria dos críticos, a coisa mais importante na restauração foi tentar resgatar a ambiência do Volpi Galeno utilizou a mesma base do Volpi: cor e linha. Acrescenta-se que, como Volpi, nota-se no mural a transparência da tinta, ou seja, Galeno pincela de uma forma que deixa a tela aparecer. MEMORIAL DARCY RIBEIRO BEIJÓDROMO (2010) JOSÉ FILGUEIRAS LELÉ João da Gama Filgueiras Lima ( ) foi um arquiteto brasileiro cuja obra é reconhecida especialmente pelo conjunto de projetos que desenvolveu junto à Rede Sarah de hospitais. É conhecido popularmente pela alcunha Lelé.Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando A05 Êxodos: Programa Educacional 663

12 Artes Visuais pediu demissão junto com os professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade. A necessidade de racionalização na construção de Brasília, despertou em Lelé o interesse na tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, levando-o ao leste europeu para conhecer as tecnologias de construções pré-fabricadas aplicadas em países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, em meados da década de Em 2010, Lelé realizou um sonho antigo deixado pelo amigo Darcy Ribeiro: a construção do Beijódromo, memorial que abriga todo o acervo do antropólogo. O prédio, que é definido como mistura de oca de índio e disco voador, está instalado na Universidade de Brasília e segue os padrões construtivos criados pelo arquiteto. Foi o próprio Darcy Ribeiro quem incentivou Lelé a aprender como os índios construíam. Partindo do princípio de que a concepção estrutural de um prédio é fundamental, Lelé estudou a forma primitiva e intuitiva com que os índios Xinguanos construíam as suas cabanas, desenvolvendo uma tecnologia passada de geração em geração. A cabana dos índios é uma coisa linda. Possui ventilação, até um shed como esses que utilizo em meus trabalhos. Tem uma cumeeira por onde sai o ar quente, explica Lelé. GAROTO FAMINTO COM A BOLA DE FUTEBOL PAULO ITO 2014 Exercícios Propostos (PAS) Durante a restauração da Igrejinha Nossa Senhora defátima, em 2009, a obra de Volpi foi substituída pelopainel criado por Francisco Galeno. A partir dessasimagens, julgue os itens a seguir. 01. (PAS) No painel criado por Galeno, a santa não tem rosto, recursoempregado para acentuar a importância da individualização eda figuração das imagens sacras. 02. (PAS)As obras de Volpi e Galeno apresentam elementos deconstrução pictórica semelhantes e similaridade na linguagemutilizada, pois ambas se caracterizam pela representaçãomarcante de formas geométricas, que se repetem sobre ofundo. 03. (PAS) No Memorial Darcy Ribeiro, o espelho d água, que, além de ter função estética, contribui para o conforto ambiental, foi inspirado no rio Xingu, em cuja bacia hidrográfica localiza-se o maior parque indígena brasileiro. 04. (PAS) O Memorial Darcy Ribeiro tem relação direta com as características geográficas das construções dos índios do Parque Nacional do Xingu, área de transição do cerrado para a Floresta Amazônica, com elevadas temperaturas e alta pluviosidade. 05. (PAS) 30 As cores, as linhas e as formas chamativas constituem os únicos destaques no grafite de Paulo Ito. 06. (PAS) Todo grafite apresenta três elementos conceituais:espontaneidade, gratuidade e efemeridade. 07. O Memorial Darcy Ribeiro, projetado pelo arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, apelidado de Lelé, é conhecido como Beijódromo por causa de seu formato. A05 Êxodos: Programa Educacional Paulo Ito nasceu em São Paulo em Sua produção de rua passou por diversas fases: a primeira foi muito experimental; na segunda pintou nus femininos; na terceira passou a pintar temas ligados a critica social e de comportamento. O painel realizado no bairro da Pompéia que retrata um garoto faminto com uma bola de futebol no prato ganhou repercussão mundial recentemente e foi objeto de matéria em diversos meios de comunicação de mais de 20 países, e foi compartilhado dezenas de milhares de vezes em mídias sociais inclusive por celebridades internacionais.ele criou a primeira viral da Copa do Mundo no Brasil, a pintura do menino com fome e que não tem comida, mais só uma bola de futebol. Paulo Ito não é o tipo de artista urbano que está interessado em apenas colorir a cidade ou que faz uma intervenção sem um significado ou alguma mensagem pensando de forma coletiva. Procuro ser crítico ao máximo, pois quero aproveitar a liberdade, que somente pintar na rua proporciona. Nela, estamos livres de leis de mercado e curadorias. O trabalho vai diretamente para o público. Isso não tem preço. 08. O Beijódromo abriga artefatos indígenas que Darcy Ribeiro ganhava em suas incursões antropológicas, bem como uma biblioteca. Infelizmente, seu sonho de ter este espaço só foi concretizado postumamente. 09. As fotos de Sebastião Salgado são linguagens artísticas onde o profissional não está simplesmente fazendo um trabalho de observador, mas se expressando através da intencionalidade da fotografia. 10. No livro Êxodos, Sebastião Salgado decidiu contar a história de todas as populações obrigadas a deixar suas casas por razões econômicas, religiosas, climáticas ou políticas, através de um projeto fotográfico que durou seis anos. 11. A crítica da Copa do Mundo de 2014 trouxe à tona uma realidade de um país ainda atormentado pela desigualdade social. Esta realidade foi denunciada na obra Garoto faminto com uma bola de futebol. 12. Paulo Ito não está preocupado em apenas colorir a rua. Ele pensa também em aproveitar dos espaços comuns, corriqueiros e cotidianos para pintar. Em tais espaços, o artista se encontra livre das leis de preço das obras de arte. 664

13 B MÓDULO B01 FRENTE MÚSICA Exercícios Propostos Recusando-se à falsa alternativa de optar pela guerra santa ao iê-iê-iê ou pelo comportamento de avestruz (fingir ignorar ou desprezar o aparecimento de músicos, compositores e intérpretes, por vezes de grande sensibilidade, quando não verdadeiramente inovadores, como os Beatles, na faixa da música jovem ), Caetano Veloso e Gilberto Gil, com Alegria, Alegria e Domingo no Parque, se propuseram, oswaldianamente, a deglutir o que há de novo nesses movimentos de massa e de juventude e a incorporar as conquistas da moderna música popular ao seu próprio campo de pesquisa, sem, por isso, abdicar dos pressupostos formais de suas composições, que se assentam, com nitidez, em raízes musicais nordestinas. Pode-se dizer que Alegria, Alegria e Domingo no Parque representam duas faces complementares de uma mesma atitude, de um mesmo movimento no sentido de livrar a música nacional do sistema fechado de preconceitos supostamente nacionalistas, mas na verdade apenas solipsistas e isolacionistas, e dar-lhe, outra vez, como nos tempos áureos da bossa-nova, condições de liberdade para a pesquisa e a experimentação, essenciais para evitar a estagnação, mesmo nas manifestações artísticas de largo consumo, como é a música popular. Augusto de Campos. A explosão de Alegria, Alegria. In: Estado de S. Paulo, 25/11/1967 (com adaptações). Tendo como referência o fragmento de texto acima, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 01. A incorporação da guitarra elétrica no arranjo original de Domingo no Parque gerou controvérsia e oposição à época, pois muitos músicos, como Jair Rodrigues, Elis Regina e Edu Lobo, consideravam o instrumento um símbolo do imperialismo cultural norte-americano. 02. A música Domingo no Parque é escrita em compasso ternário e progride em um ritmo vigoroso do início ao fim, sem mudança de andamento (velocidade). 03. Apesar de limitadora para a música popular brasileira, a atitude, comum em alguns músicos brasileiros, de combater movimentos de massa e de juventude e de ignorar novos artistas também lhe foi benéfica, uma vez que permitiu que músicos como Caetano Veloso e Gilberto Gil pudessem contribuir para evitar a estagnação da música popular brasileira. 04. Uma expressão concreta da ideia exposta no primeiro parágrafo do fragmento de texto em apreço foi o arranjo musical utilizado na primeira apresentação de Domingo no Parque no III Festival da MPB da TV Record, que misturou orquestra de cordas e sopros, o grupo de rock Os Mutantes, violão e berimbau. Um dos desenvolvimentos mais promissores na exploração das possibilidades tecnológicas em música tem vindo na forma das chamadas orquestras de laptops, uma tendência iniciada em 2005 com a Princeton Laptop Orchestra (PLOrk) e que continuou com a emergência de orquestras e grupos de laptop por todo o mundo, com propostas artísticas e configurações tecnológicas distintas. Normalmente, esse tipo de conjunto consiste de executantes equipados com um laptop cada, caixas de som hemisféricas para cada laptop e uma variedade de dispositivos controladores, que podem incluir instrumentos tradicionais, controladores MIDI, acessórios de video games, movimento corporal (captado por câmeras ou sensores), ou a voz. Já existe até uma Associação Internacional de Orquestras de Laptop (IALO), que congrega uma parcela desses grupos. Na cidade de Brasília, a BSBLork atua desde 2012, tendo interpretado, entre outras obras, a peça Pericón, de autoria de Conrado Silva, ex- -professor da UnB, falecido em Com relação ao fragmento de texto acima, ao assunto nele tratado e à obra Pericón, de Conrado Silva, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 05. O emprego do laptop como instrumento musical faz parte da atual etapa do sistema capitalista de produção e transformação do espaço geográfico. A partir do desenvolvimento de um meio técnico, científico e informacional que une ciência, técnica/ criatividade e arte e de acordo com os interesses do mercado, essa etapa é típica do processo de globalização. 06. Assim como no caso dos DJs, o integrante de uma orquestra de laptops também pode ser considerado um compositor, já que sua atividade envolve a manipulação, em tempo real, de sons pré-elaborados, o que resulta em uma composição nova. 07. O título da composição de Conrado Silva provém de uma música tradicional uruguaia, conhecida como Pericón Nacional, cujo tema serve de base para a manipulação eletroacústica pelos membros da BSBLork. 08. A finalidade comunicativa principal do fragmento apresentado, que é predominantemente expositivo, é mostrar como as orquestras de laptops se estruturam internamente e se organizam socialmente, além de informar o leitor acerca da existência dessas orquestras. 665

14 MÚSICA Módulo B02 Exercícios Propostos B02 Cotidiano Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã. Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café. Todo dia eu só penso em poder parar Meio-dia eu só penso em dizer não Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão. Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portão Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão. Toda noite ela diz pra eu não me afastar Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor. Chico Buarque de Hollanda Tendo como referência a canção Cotidiano, de Chico Buarque de Hollanda, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 01. Em Cotidiano, o tempo musical bem marcado e a melodia repetitiva ressaltam a rotina diária descrita na canção. 02. A figura feminina representada na música Cotidiano é também retratada em Garota de Ipanema, de Tom Jobim, e em Papparazzi, de Lady Gaga. 03. Além de ter-se consagrado como autor de inegável lirismo, Chico Buarque produziu músicas que cantavam as dores de um tempo de autoritarismo, transformando-se em importante personagem na denúncia do obscurantismo, da censura e da violência institucionalizada no Brasil, em particular, a praticada após ter sido baixado o Ato Institucional n.o 5. O rock brasileiro começou lá pela metade dos anos 1950, sob forte influência de Bill Haley e seus Cometas e da música dançante de Elvis Presley. Por aqui, Roberto Carlos, que havia aderido à onda da bossa nova, ressurgiu em 1963, com Splish Splash. As músicas da jovem guarda tratavam do dia a dia da juventude, mas não falavam de sexo nem drogas, muito menos de política, ao contrário da tropicália, que viria a seguir, com sua crítica feroz aos valores da época. Da década de 1960 à década de 1980, o rock brasileiro se consolidou: a Fluminense FM ficou conhecida pelo slogan A Maldita, por ter aberto seus microfones apenas para o rock. Edgard Piccoli. Que rock é esse? A histo ria do rock brasileiro contada por alguns de seus ícones. São Paulo: Globo, 2008, p (com adaptações). Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 04. A guitarra elétrica foi incorporada à música popular brasileira (MPB) no final da década de 1960, principalmente pelos Tropicalistas, que mantinham atitude antropofágica diante da influência estrangeira na MPB. 05. A instrumentação com teclados da música Quero que vá tudo pro inferno, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, foi substituída pela de corda na versão de Jota Quest. 06. Na canção Cidadão, de Lúcio Barbosa, a sonoridade regional e sertaneja da sanfona contrasta com o caráter urbano da bateria e do baixo elétrico. 07. The Beatles, Roberto Carlos e Bossa Nova são expressões de música popular que compõem o cenário histórico dos anos 1960 no Brasil e no mundo, época marcada por manifestações de rua protagonizadas, em larga medida, por uma juventude que se rebelava contra valores que considerava hipócritas e anacrônicos, bem como contra o conflito visto como moralmente injustificável: a Guerra do Vietnã. Francisco França, conhecido como Chico Science, foi um filho legítimo da modernidade. Na concepção do manguebeat, entrou com o corpo e o cérebro. Não foi um intuitivo, capaz apenas de sacadas. Pelo contrário, seu maracatu pesou uma tonelada devido à complexa operação estética envolvida em sua formatação. A síntese Zumbi/Zulu encontro de várias nações trouxe Palmares, a A frica e o Bronx de Afrika Bambaataa para o mesmo espaço imaginário. Sua busca pelo beat perfeito rompeu a tradicional oposição entre o regional e o cosmopolita, tão presente na cultura brasileira. Os tambores do maracatu soavam tão interessantes quanto os ritmos robóticos do Kraftwerk ou as batidas quebradas do Public Enemy. A mesma síntese vamos encontrar na métrica original das letras, casamento sem brigas entre o repente e o rap. Como se Jackson do Pandeiro e o rapper Chuck D fossem uma pessoa só. Internet: < (com adaptações). Com base no texto acima, a respeito do manguebeat, de Chico Science, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 08. A operação estética envolvida na formatação da obra de Chico Science assemelha-se à utilizada por Igor Stravinsky em A Marcha do Soldado, pois esses compositores utilizaram o mesmo tipo de fontes sonoras e equipamentos: instrumentos elétricos e eletrônicos, mixers e samplers. 09. Chico Science utiliza a técnica dub, que consiste em samplear trechos de outras músicas para criar uma nova batida ou ritmo. Em Coco Dub, a colagem de texturas inclui guitarra com wah- -wah, osciladores, tambores do maracatu e efeitos sonoros da voz em estilo declamatório. 666

15 MÚSICA Módulo B03 Exercícios Propostos Globalizac a o da cultura A terceira revolução industrial produziu um meio técnico-científico e um ciberespaço pautados nas relações ditas em tempo real por meio das infovias, que interligam, instantaneamente, os diferentes espaços do planeta. Criou-se, assim, um novo conjunto de redes informacionais, entre as quais a Internet é o exemplo mais expressivo. Começou, portanto, a ser forjada, ao lado da globalização econômico-financeira, uma espécie de cultura global pautada na cibernética e nas múltiplas conexões que ela permite ativar. A mídia e as grandes empresas tornam-se agentes preferenciais, fornecendo novas referências culturais para a identidade social por meio de esferas como lazer (cinema), vestuário (universalização do jeans) e alimentação (redes de fast-food). Rogério Haesbaert (Org.). Globalização e fragmentação no mundo contempora neo. Rio de Janeiro: EDUFF, 1998, p (com adaptações). Tendo como referência inicial o texto acima e os múltiplos aspectos que ele suscita, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 01. A globalização econômica estimula a diminuição da diversidade cultural: um mesmo gênero musical, por exemplo, pode ser comercializado nos mais diferentes países e contextos. Por outro lado, as tecnologias associadas à globalização como Internet, estúdios caseiros e MP3 permitem a divulgação de variados estilos musicais sem a intermediação da indústria cultural e as imposições da massificação, o que demonstra que o processo de globalização apresenta contradições internas. Figura I Décio Pignatari. In: Poesia pois é poesia. São Paulo: Atelie editorial. Fonte: Figura II 02. O texto refere-se ao papel da mídia e das grandes empresas na era da globalização. Entretanto, a importância da mídia como elemento dinamizador e transformador da sociedade antecede o atual processo de globalização, visto que a mídia esteve sempre vinculada ao fenômeno da cultura de massa. 03. No texto, o uso recorrente de expressões entre aspas sugere que há um distanciamento do eu do texto relativamente ao uso c de tais expressões ou à atribuição de significado a elas. 04. No trecho da letra da canção Parabolicamará apresentado a seguir, o compositor Gilberto Gil aborda a forma como as tecnologias e a globalização afetaram nossa noção de mundo. Nessa direção, nos versos nas linhas de 1 a 4, o compositor denuncia o processo de mecanização da agricultura e a evidente diminuição das propriedades de terra. 1 Antes mundo era pequeno Porque terra era grande Hoje mundo é muito grande 4 Porque terra é pequena Do tamanho da antena parabolicamará Ê, volta do mundo, camará 7 E ê, mundo dá volta, camará. Cildo Meireles. Inserções em circuitos ideolo gicos: projeto Coca-Cola, 1970, altura = 18 cm, garrafas de Coca-Cola com inscrições, Coleção do Novo Museu de Arte Contempora nea, Nova Iorque. Fonte: redezero.org/reportagens/cildo/coca.jpg Na figura II, estão gravadas as seguintes inscrições nas garrafas de Coca-Cola: YANKEES GO HOME INSERC O ES EM CIRCUITOS IDEOLO GICOS 1 Projeto Coca-Cola Gravar nas garrafas informações e opiniões críticas e devolvê- -las à circulação CM.5-70 B03 667

16 Música Tendo como referência as figuras I e II, julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 05. No poema apresentado na figura I, apesar de o primeiro verso retomar uma conhecida propaganda de refrigerante, a finalidade que se destaca é a de comparar um refrigerante a outras bebidas, o que segue a prática da poesia concreta de comparar produtos. 06. Com Inserções em circuitos ideolo gicos: projeto Coca-Cola, Cildo Meireles procurou atingir o cerne da sociedade capitalista, ao criticar o sistema de trocas de mercadorias. Para tal, o artista, em plena década de 1970, expôs suas obras apenas em museus, negando princípios da arte contemporânea, como o de arte conceitual e o de interatividade. Para a maioria dos críticos, a Bossa Nova se iniciou oficialmente em 1958, com um compacto simples do violonista baiano João Gilberto. Um ano depois, o músico lançou seu primeiro LP, Chega de saudade, que marcou definitivamente a presença do estilo musical no cenário brasileiro. Grande parte das músicas do LP era proveniente da parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A dupla compôs Garota de Ipanema, que é, sem dúvida, uma das mais importantes canções da história da música brasileira. Para se ter uma ideia, a mesma foi considerada em 2005, pela Biblioteca do Congresso norte-americano, como uma das 50 grandes obras musicais da humanidade. A Bossa Nova foi consagrada internacionalmente no ano de 1962, em um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, no qual participaram Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, entre outros artistas. 08. A partir das informações acima, explique a postura política presente na maioria das letras das canções de bossa nova no início dos anos 1960 e justifique sua resposta com base no contexto histórico da época. 07. Do ponto de vista marxista, a arte é um dos espaços de crítica às ideologias dominantes e, portanto, contribui para a construção de ideologias contra-hegemônicas. Letra e acordes cifrados da canção Samba de uma nota só, de Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça. Capa do álbum Bossa nova at Carnegie Hall, de Disponível em: -hall-1962.html Ilustração de alguns acordes presentes no acompanhamento de Samba de uma nota só, de Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça, tal como podem ser tocados ao violão. B03 668

17 MÚSICA Módulo B04 Exercícios Propostos 02. Estabeleça uma relação entre o momento político vivido no Brasil no final da década de 1950 e o surgimento da bossa nova. Legenda: O cantor, compositor e violonista baiano João Gilberto. Fonte: O ano de 1958 foi um marco para a música popular brasileira. Em julho, Elizete Cardoso lança o famoso LP Canção do Amor Demais, contendo músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O disco, entretanto, entraria na história da música popular brasileira por outro motivo: João Gilberto acompanhava Elizete ao violão nas faixas Chega de Saudade e Outra Vez, sendo essas as primeiras gravações da chamada batida da bossa nova. Esse disco, no entanto, não pode ser considerado o pioneiro da bossa nova, uma vez que Elizete era uma cantora presa ao samba-canção, com ênfases óbvias e gastas no canto. Em agosto, João lança um disco de 78 rpm contendo Chega de Saudade e Bim Bom, gravado na Odeon, com apoio de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira. Este disco inaugura o gênero da bossa nova, e logo se torna um sucesso comercial. Sua gravação teve arranjos de Tom Jobim, participação de orquestra e de Milton Banana, entre outros artistas. João inovou ao pedir dois microfones para gravar: um para a voz e outro para o violão. Desse modo, a harmonia passou a ser mais claramente ouvida. O disco estourou primeiro em São Paulo, o principal mercado do país na época. Foi um sucesso de vendas e primeiro lugar nas rádios. João participa, então, de programas de rádio e TV, dá entrevistas, faz shows. Logo o sucesso parte para o Rio. Em 1959, João lança mais um 78 rpm, dessa vez contendo Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, e Hô-bá-lá-lá, composição própria. Em março, lança o LP Chega de Saudade, que vira um sucesso de vendas. Legenda: Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. Fonte: files/u1957/vinicius_e_tom_face_1_reduz.jpg Tom Jobim e Vinicius de Moraes formaram uma das mais famosas parcerias musicais de todos os tempos não só no Brasil, como no mundo. Foi a partir do encontro da dupla em 1956 para a realização da trilha do espetáculo Orfeu da Conceição que se iniciou uma história de ouro na nossa música popular e uma amizade por toda a vida. Autores de dezenas de canções interpretadas por diversas gerações, são responsáveis por sucessos como A Felicidade, Chega de Saudade, Eu sei que vou te amar e, claro, Garota de Ipanema. Fonte: Analise o papel de Antônio Carlos Jobim na criação da bossa nova. Fonte: Se uma tradição secular definia o Brasil como fornecedor de matérias-primas, era dever de seus cidadãos enviar esforços para modificar essa situação de inferioridade. Éramos produtores de bens primários, não porém por imodificável vocação hereditária. As contingências que tinham obstado a mais rápida superação deste estágio econômico deviam ser caracterizadas para o êxito de uma política de desenvolvimento. Legenda: Capa do álbum Tropicália ou Panis et Circensis. Fonte: ytimg.com/vi/kiiwbhqtb7w/maxresdefault.jpg ( A Marcha do Amanhecer, Juscelino Kubitscheck, Editora Bestseller, 1962) 669 B Com base nas informações acima, explique duas importantes contribuições de João Gilberto para a definição da estética musical conhecida como bossa nova.

18 Música Os compositores e intérpretes do Grupo Baiano nem ignoram a contribuição de João Gilberto, nem pretendem continuar, linearmente, diluindo as suas criações. Eles deglutem, antropofagicamente, a informação do mais radical inovador da Bossa Nova. E voltam a pôr em xeque e em choque toda a tradição brasileira, bossa-nova inclusive, em confronto com os novos dados do contexto universal. Super-bom-gosto e super-mau- -gosto, o fino e o grosso, a vanguarda e a jovem guarda, berimbau e Beatles, bossa e bolero, são inventariados e reinventados, na compreensão violenta de seus discos happenings, onde até o melodramático e redundante Coração Materno, do velho cantor Vicente Celestino volta a pulsar com os tiros de canhão da informação nova. Augusto de Campos, 1969 João resolveu não brigar No domingo de tarde Saiu apressado E não foi prá Ribeira jogar Capoeira! Não foi prá lá Pra Ribeira, foi namorar... O José como sempre No fim da semana Guardou a barraca e sumiu Foi fazer no domingo Um passeio no parque Lá perto da Boca do Rio Com base nas informações do texto acima, estabeleça uma relação entre os propósitos da Semana de Arte Moderna de 1922 e a estética tropicalista. No pátio interno há uma piscina Com água azul de Amaralina Coqueiro, brisa e fala nordestina E faróis Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primavera E no jardim os urubus passeiam A tarde inteira entre os girassóis Trecho da letra da canção Tropicália, de Caetano Veloso Foi no parque Que ele avistou Juliana Foi que ele viu Foi que ele viu Juliana na roda com João Uma rosa e um sorvete na mão Juliana seu sonho, uma ilusão Juliana e o amigo João... O espinho da rosa feriu Zé Trecho da letra de Domingo no Parque, de Gilberto Gil. 06. Analise as diferentes influências musicais presentes na canção Domingo no Parque, de Gilberto Gil. De que vale a minha boa vida de playboy Se entro no meu carro e a solidão me dói Onde quer que eu ande tudo é tão triste Não me interessa o que de mais existe Quero que você me aqueça nesse inverno E que tudo mais vá pro inferno Trecho da letra da canção Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, de Roberto Carlos 05. Considerando os trechos acima, diferencie as perspectivas estéticas da Jovem Guarda e do Tropicalismo. B04 O rei da brincadeira Ê, José! O rei da confusão Ê, João! Um trabalhava na feira Ê, José! Outro na construção Ê, João!... A semana passada No fim da semana Legenda: O compositor carioca Heitor Villa-Lobos. Fonte: premiodamusica.com.br/wp-content/uploads/2013/03/villa-lobos.jpg Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) foi um maestro e compositor brasileiro. Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que contém nuances das culturas regionais brasileiras, com os elementos das canções populares e indígenas. Fonte: 670

19 PAS Analise a influência do folclore na obra de Villa-Lobos tendo como referência o 3º movimento das Bachianas Brasileiras nº4, intitulado Ária (cantiga). artista do século passado é hoje considerada um símbolo da musicalidade erudita, mas na época causou polêmica ao embalar o balé em dois atos criado pelo não menos rebelde Vaslav Nijinsky, coreógrafo também originário da Rússia. Este espetáculo narra a trajetória de uma garota marcada para ser entregue como oblação à divindade primaveril, no auge de um ritual pagão, com o objetivo de conquistar para seu povo uma colheita proveitosa. Seu cenário foi arquitetado pelo artista plástico e arqueologista Nicholas Roerich, e a estréia se deu em pleno Théâtre des Champs-Élysées, na capital francesa, no dia 29 de maio de Fonte: Explique uma característica importante da música erudita do século vinte presente na obra A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky. Legenda: Poema Beba Coca-Cola, de Décio Pignatari. Fonte: Décio Pignatari, ( ) foi um poeta e ensaísta brasileiro. Um dos mais importantes poetas do movimento concretista. Foi também professor, teórico da comunicação e tradutor. Entre suas obras poéticas destacam-se: Poesia/Pois É/Poesia, Terra, Dollar/Cristo e Coca Cola, onde denuncia o domínio de uma fórmula sobre as massas e, a ironia é a chave do poeta no anagrama: beba coca cola / babe cola / beba coca / babe cola caco / caco / cola / cloaca. Fonte: Relacione os elementos poéticos de vanguarda presentes no poema acima aos elementos modernos presentes na composição Motet em ré menor, de Gilberto Mendes. Como as inovações poéticas resultaram em inovações musicais? Distante da terra Tão seca mas boa Exposto à garoa À lama e o paú Meu Deus, meu Deus Faz pena o nortista Tão forte, tão bravo Viver como escravo No Norte e no Sul Ai, ai, ai, ai Legenda: Trecho de A triste partida, de Patativa do Assaré A partir da análise de A triste partida, de Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré, responda: 10. Qual é o ritmo desta canção? 11. Este ritmo é tradicional no gênero musical em questão? Por quê? Legenda: O compositor e multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal. Fonte: Legenda: Coreografia de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinski. Fonte: -sagracao-da-primavera-100-anos-de-um-escandalo.html.jpg?v= A Sagração da Primavera, do compositor erudito russo Igor Stravinsky, subverte a estética musical do século XX, dando origem ao Modernismo. A célebre composição musical deste irreverente Conhecido como o bruxo ou o mago, é considerado por boa parte dos músicos como um dos maiores gênios em atividade na música mundial. Poliinstrumentista, é famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico até a fala das pessoas. Fonte: B04 671

20 MÚSICA Módulo B05 Exercícios Propostos Julgue os itens a seguir em certo (C) ou errado (E) 01. Dentre as várias inovações propostas por Villa-Lobos, a inserção de instrumentos indígenas e afro-brasileiros nas instrumentações orquestrais foi uma das mais marcantes de sua obra. 02. Pericón, de Conrado Silva, Mistérios do corpo, de Hermeto Pascoal, e Cadeirada, de Barbatuques, são obras que, ao mesmo tempo, podem ser consideradas instrumentais, por não se apoiarem no canto, mas também, contraditoriamente, não lançam mão de instrumentos musicais. 03. A música eletroacústica evoluiu, desde a década de 1940, no sentido de evitar a utilização dos timbres mais prováveis, isto é, os instrumentos musicais acústicos. A criação de novos instrumentos eletrônicos foi um passo importante nesse sentido. Na obra Pericón, de Conrado Silva, outro passo foi dado: a música foi concebida a partir de soluções computacionais. 04. A tropicália influenciou de forma duradoura os rumos da música popular brasileira. A partir da década de 1990, sobretudo na região Nordeste, ficou perceptível a necessidade de vários artistas de diferentes linguagens em expressar uma identidade nordestina moderna e cosmopolita. Monólogo ao pé do ouvido e Banditismo por uma questão de classe, de Chico Science & Nação Zumbi, por serem parte do movimento mangue beat, expressam tais ideais. 05. Seu Estrelo e fuá de terreiro é um coletivo de artistas populares que busca a reinvenção das tradições musicais brasileiras de modo semelhante ao proposto na década de 1990 pelos artistas do mangue beat, entre eles o grupo Chico Science & Nação Zumbi. 06. A crítica irônica à empresa transnacional Coca cola é um elemento central nas obras Geração coca-cola (Legião Urbana) e Motet em ré menor (Beba coca-cola), de Gilberto Mendes. 07. Beijinho no ombro, de Valeska Popozuda, e Pericón, de Conrado Silva, apresentam a semelhança da instrumentação eletrônica e a diferença temática de suas letras. 08. A forma musical mais comumente encontrada em músicas populares é a forma ABA, ou forma-canção. Oração, de A Banda mais bonita da cidade, apresenta entretanto uma forma binária complexa: ABCDA. 10. Tropicália, de Caetano Veloso, propõe a ideia de que o Brasil assume, simultaneamente, duas realidades. Em uma delas é desenvolvido e moderno, em uma versão concebida pelo regime militar da década de 1960; em outra, é atrasado e desigual, aproximando-se das problemáticas das ex-colônias da América do Sul e da África. 11. Domingo no Parque, de Gilberto Gil, Tropicália, de Caetano Veloso, Cadeirada, de Barbatuques, Monólogo ao pé do ouvido e Banditismo por uma questão de classe, ambas de Chico Science e Nação e Zumbi, assim como o trabalho do grupo Seu Estrelo e Fuá de Terreiro constituem manifestações artísticas que, de uma forma ou de outra, basearam-se em tradições musicais populares. 12. A utilização da língua portuguesa em Banditismo por uma questão de classe, de Chico Science e Nação Zumbi, em A Ponte, de Lenine e Gog, e em Beijinho no ombro, de Waleska Popozuda apresenta semelhanças: a não utilização da norma culta, o uso de gírias e o uso de metáforas. 13. A canção Samba de uma nota só, música de Antônio Carlos Jobim com letra de Newton Mendonça, representa aspectos importantes da estética poético-musical da bossa nova, pois concilia uma melodia singela com um acompanhamento harmônico rebuscado, além de uma letra despretensiosa e bem-humorada. 14. Intertextualidade e metalinguagem estão presentes na obra Samba de uma nota só. Isso se explica, sobretudo, por tematizar um relacionamento amoroso entre musicistas. 15. Oração, composição de A banda mais bonita da cidade, tem em comum com Cadeirada, da banda Barbatuques, o emprego de variações dinâmicas que enfatizam o crescendo no final de ambas as obras. 16. A triste Partida, poema de Patativa do Assaré, musicado e interpretado pelo acordeonista, cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga traduz poética e musicalmente a experiência da migração nordestina ao longo do século vinte. Na Grécia Antiga, o poema épico era declamado com acompanhamento musical, a lira. A respeito da utilização de instrumentos musicais, julgue o item 17 e assinale a opção correta no item 18, que é do tipo C. 17. A literatura de cordel, a banda de pífanos e a poesia lírica clássica adotam procedimento musical semelhante. B Domingo no Parque, de Gilberto Gil, e Tropicália, de Caetano Veloso, são composições criadas no final da década de 1960 sob a influência total do movimento tropicalista. Devido a isso, pode-se identificar sonoridades de guitarras elétricas e demais recursos associados ao rock nessas canções. 18. A lira está para a poesia da Grécia Antiga assim como a) o violão está para a orquestra clássica. b) a alfaia está para a bossa nova. c) o berimbau está para o cordel. d) o atabaque está para o jongo. 672

21 C MÓDULO C01 FRENTE ARTES CÊNICAS MATRIZ DA UNB OS OBJETOS DE CONHECIMENTO Objeto de Conhecimento 1 O ser humano como um ser que interage Na primeira etapa, foi preciso compreender a complexidade do ser humano em suas possibilidades de projetar a própria existência; na segunda etapa, o esforço foi para definir princípios e problemas inerentes ao conhecer e ao saber. Nesta etapa, como decorrência das anteriores, a tarefa é projetar a existência de modo conjunto, coletivo, e vinculando conhecimentos e sabedoria a esses projetos, ou seja, como a espécie de seres capazes de agir e interagir, questão presente nos curtas Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, e O papel e o mar, de Luis Antônio Pilar. Nessa perspectiva, as questões a respeito das condições da existência e do conhecimento postas nas etapas anteriores são, agora, retomadas, porém em conjunto com as questões sobre possibilidades de mudança, de transformações individuais e coletivas, como podem ilustrar a canção Monólogo ao pé do ouvido/banditismo por uma questa o de classe, de Chico Science e Nação Zumbi, a animação This land is mine, de Nina Paley, e a performance musical Cadeirada, do grupo Barbatuques. Na obra teatral Liberdade, Liberdade, escrita por Millôr Fernandes e Flávio Rangel,vários momentos da história são revisitados e servem como pano de fundo para discutir oque é liberdade. A partir do estudo dessa peça, é possível observar que o contexto histórico influencia os pensamentos e as escolhas dos indivíduos. É possível observar uma mudança na relação ator-público, nas encenações do século XX, ou seja, os espetáculos buscavam tornar o público parte integrante do espetáculo, como visto no Teatro Épico, de Bertolt Brecht, e no Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. Nesse sentido, é possível pensar as interações humanas em suas dimensões estética, ética e política, considerando que a capacidade para interagir permite criar valores,deslocar perspectivas e fundar metodologias e instituições. É possível discutir a respeitode condições dignas e sustentáveis para a existência humana no planeta, a partir da obra Tropicália, de Hélio Oiticica, do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, dos documentários Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler, e Estamira, de Marcos Prado, assim como na animação Man, de Steve Cutts e no grafite Garoto faminto com bola de futebol, de Paulo Ito. Objeto de Conhecimento 2 Indivíduo, Cultura, Estado e Participac a o Política Na primeira etapa, há uma reflexão a respeito do ser humano em sua diversidade cultural, articulando conceitos de indivíduo, cultura e identidade. Na segunda, deve-se investigar a relação do indivíduo com as mudanças sociais e culturais. Nesta etapa,exige-se uma conscientização sobre a organização e a participação política do ser humano. Obras como A Ponte, de Lenine e GOG, Gerac a o Coca-Cola, de Renato Russo, Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler, Estamira, de Marcos Prado, e O papel e o mar, de Luiz Antonio Pilar, remetem-nos a reflexões sobre a participação política em questões como educação, saúde, segurança, emprego, equidade e justiça social. A obra Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, representa a possibilidade de usar o teatro como meio para a conscientização política. O diretor do espetáculo, na época da estreia, declarou ao jornal The New York Times: Neste momento, é dever do artista protestar. Cabe ao estudante conhecer o contexto em que esta frase se insere e se ela continua atual. Outro exercício criativo pode ser observado n O manifesto comunista em cordel, de Antonio Queiroz França, já que é uma manifestação baseada na cultura popular sobre o modo de produção capitalista e a luta de classes. Esse processo de criação pode ser verificado, também, na publicação, em blog, do texto Zwkrshjista o, de Bruno Palma. O ser humano, pensado como indivíduo, integrante de grupos sociais, econômicos e culturais, com uma identidade em formação no tempo histórico e biográfico, estabelece relações com gerações passadas e presentes, o que favorece a análise crítica de situações diversas. Diferentes olhares estão expressos no curta The land is mine, de Nina Paley; nos poemas Poética, de Manuel Bandeira, em O apanhador de desperdícios, de Manoel de Barros, e na linoleogravura Jogo do osso, de Glênio Bianchetti. Os avanços tecnológicos têm conseguido democratizar o fazer artístico, oque possibilita a expressão por meio do audiovisual via internet. O filme Meu amigo Nietzsche exemplifica essa produção cinematográfica independente. 673

22 Artes C01 Matriz da UnB Objeto de Conhecimento 3 Tipos e Gêneros A obra teatral Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel,exemplifica possibilidades de misturas de gêneros teatrais, na medida em que os autoresse apropriam de vários gêneros e estilos e criam um espetáculo a partir de colagens. É importante salientar que, entre as décadas de 60 e 70 do século XX, o musical foi um gênero teatral bastante utilizado por grupos brasileiros que buscavam protestar, como o Arena, o Opinia o e o Oficina. O audiovisual é uma linguagem artística que se manifesta por meio de vários gêneros. Assim, faz-se necessário compreender as diferenças entre documentário, ficção e animação, a partir da análise dos filmes Estamira de Marcos Prado, Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, Man, de Steve Cutts, e This land is mine, de Nina Paley. Como aporte para a análise das sociedades contemporâneas, em particular a capitalista, filmes como Estamira, de Marcos Prado, e Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler, questionam a tipologia das formações históricas e sociais a partir do modo de produção dominante. Destacam-se a importância da interlocução com as novas linguagens expressivas, produções de multimídia e o corpo como objeto de arte em ações coletivas, performances, ambientações, interferências. A Performance e o Happening apropriaram-se de elementos das Artes Visuais, da Música e do Teatro para construir manifestações artísticas mais acessíveis ao público, pelo fato de utilizar ambientes alternativos. Objeto de Conhecimento 4 Estruturas Na encenação teatral, podem ser analisadas diferentes estruturas cênicas que alteram profundamente a relação entre público e atores, como pode ser observado na utilização da arena pelo Teatro de Arena de São Paulo e nas diversas técnicas do Teatro do Oprimido, que exigem a participação efetiva do público para que o espetáculo se desenvolva. Da mesma forma, o Grupo Oficina tem, ao longo de sua história, utilizado espaços cênicos que possibilitam uma interação radical entre público e espetáculo. A respeito das estruturas dramatúrgicas, o espetáculo Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, foi estruturado a partir da colagem de textos de vários gêneros e autores, inclusive deles dois, em relação ao tema: liberdade. Nessa peça teatral, abandonam-se estruturas convencionais para que seja construído um espetáculo dinâmico, em que os atores assumem vários personagens e conversam diretamente como público. Na linguagem cinematográfica, é importante perceber as diferenças entre a estrutura do documentário, exemplificado pelos filmes Estamira, de Marcos Prado, e Encontro com Milton Santos, de Silvio Tendler, a estrutura do filme ficcional, representada pelos curtas-metragens Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, e O papel e o mar, de Luiz Antônio Pilar, e das animações Man, Steve Cutts, e This land is mine, de Nina Paley. Nas Artes Cênicas, distinguem-se vários sistemas nas representações teatrais: ação, personagens, relações espaço- -temporais, configuração de cenas no aspecto amplo a própria linguagem dramática. O desenvolvimento tecnológico permitiu ao homem a descoberta de estruturas naturais e técnicas de sínteses de estruturas poliméricas e de outros materiais moldáveis que trouxeram, além de comodidade e conforto, grandes volumes de materiais descartáveis. Obras como Talheres e o Manto da apresentação, ambos de Arthur Bispo do Rosário, dialogam com o desenvolvimento de novas técnicas de reciclagem, bem como de processos de tratamento de rejeitos, como também fica evidente na leitura do Almanaque Brasil Socioambiental Essa problemática está presente também nos filmes Estamira, de Marcos Prado e Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler. Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 5 Energia e Campos Na sociedade contemporânea, a energia constitui importante objeto de estudos, exigindo especial atenção aos aspectos éticos, ecológicos, políticos e socioeconômicos associados ao seu uso racional, com o objetivo de contribuir para a análise da pertinência de opções técnicas, sociais, éticas e políticas na tomada de decisões. Ao se ampliar o conceito de energia, torna-se possível a percepção de alterações no ambiente e a identificação de novos cenários energéticos surgidos no século XX, como o uso controlado da energia nuclear, a fim de confrontar possíveis soluções para uma situação problema,como apresentam as obras como os curtas This land is mine, de Nina Paley, Man, de Steve Cutts, e ainda Guernica, de Pablo Picasso, Guerra e Paz, de Cândido Portinari, Deuses do mundo moderno, de José Clemente Orozco, e O manifesto comunista em cordel, de Antonio Queiroz de França. O capitalismo, suas bases de formação e suas influências nos conflitos mundiais são o palco, muitas vezes, de desenvolvimentos científicos importantes e avanços no conhecimento do microcosmos, em especial dos conceitos fundamentais da Física Quântica e do Eletromagnetismo, que geraram condições para uma nova perspectiva de espaço geográfico a partir do uso de um poder bélico, sendo esta abordagem do espaço geográfico bem representada na obra audiovisual Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler. 674

23 PAS 3 Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 6 Ambiente e Evoluc a o Nas etapas anteriores, discutiram-se os processos bioenergéticos e ambientais, assim como questões a respeito de como a espécie humana pode manejar de forma racional e sustentável os recursos naturais, visando, com isso, à preservação da biodiversidade. Nesta etapa, retoma-se a discussão do ser humano como agente modificador do meio ambiente, como exemplifica o curta-metragem Man, de Steve Cutts. A terceira etapa aborda, também, a compreensão do processo evolutivo e dos fenômenos que possibilitaram a existência da vida na Terra. Assim, é necessário que se discuta sua manutenção, visto que as ações humanas interferem no ecossistema Terra de modo contundente. Tornou se, pois, imprescindível a avaliação de ações para a manutenção da existência do Planeta. Questões dessa natureza se relacionam com temas presentes nos filmes Estamira, de Marcos Prado, e Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler. Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 7 Cenários Contemporâneos Nas etapas anteriores, foram pensados a genealogia da ideia de Ocidente, o processo de transição do feudalismo para o capitalismo e a formação das nações americanas. Nesta etapa, levantam-se questões acerca da construção da cidadania e da democracia nos séculos XX e XXI, problematizando aspectos da globalização e suas implicações na constituição de cenários contemporâneos, como apresenta o documentário Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler. É importante pensar as ideias de mundialização e de cidadania mundial como alternativas possíveis às determinações vinculadas às categorias de identidades nacionais, nacionalismos e seus desdobramentos, principalmente, os que resultaram em totalitarismos no século XX. O estudo da constituição dos estados nacionais (europeus, asiáticos, africanos e americanos), com atenção especial ao Estado brasileiro, pode ser auxiliado com o texto teatral Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel. A obra apresenta e problematiza discursos, músicas e eventos que marcaram a história brasileira e mundial, sob a perspectiva da ideia de liberdade, utilizando-se de personagens fictícios e históricos. Dentro dessas abordagens, pode ser estabelecido um diálogo com Guernica, de Pablo Picasso, Guerra e Paz, de Portinari, Quem matou Herzog, de Cildo Meireles, This land is mine, de Nina Paley, e Gerac a o Coca-Cola, de Legião Urbana, que refletem aspectos dos conflitos pelo poder, no Brasil e no mundo. Diferentes experiências políticas na formação do Estado-nação e das classes burguesa e proletária na consolidação do modo de produção capitalista são explicitadas no texto de Antônio Queiroz de França, O manifesto comunista em cordel. É preciso pensar a complexidade relacionada à configuração dos cenários contemporâneos a fim de compreender as possibilidades de inserção do Brasil nesse contexto. A presença do Brasil, no cenário internacional, pode ser avaliada desde o movimento do Modernismo, na primeira metade do século XX, período em que se consolidou a negação dos valores das estéticas anteriores, representada por variadas linguagens artísticas, com inspiração nos movimentos de vanguardas europeias. O texto Zwkrshjista o, de Bruno Palma, ilustra a possibilidade de configuração imaginária de um lugar a partir de reformulações poéticas de cenários reais e existentes, assim como a obra Orac a o, d A Banda mais bonita da cidade, ao passo que o curta-metragem Man, de Steve Cutts, apresenta os riscos existentes e reais decorrentes da problematização das ações humanas nesses cenários. O papel e o mar, de Luiz Antonio Pilar, e Estamira, de Marcos Prado, permitem o aprofundamento dessas análises ao apresentar questões vinculadas aos limites da racionalidade e, com isso, possibilitam melhores condições para julgar a pertinência de opções técnicas, sociais, éticas e políticas na tomada de decisões. Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 8 Número, Grandeza e Forma O conhecimento das possibilidades de ação e suas limitações é fator relevante no entendimento das possibilidades futuras de manutenção da vida na Terra. Esse entendimento é facilitado pelo uso dos princípios de contagem. O exercício de contar, ao qual se aplicam princípios e métodos estatísticos ou probabilísticos, auxilia a compreensão de ações relevantes e necessárias que devem ser realizadas no presente com o intuito de viabilizar contextos futuros. A compreensão dessas ações pode ser subsidiada pelo filme Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, de Sílvio Tendler. Inserem-se,ainda, no contexto da contagem, as possibilidades de replicação do código genético de um indivíduo e o estudo de casos relativos à herança genética. Assunto que se pode discutir com maior profundidade à luz dos artigos encontrados na Revista DARCY n. 1 Dossiê Darwin. Pensando em probabilidade e possibilidades, o texto teatral Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, sugere uma encenação focada no trabalho do ator, dispensando o uso exacerbado das técnicas de suporte cênico. Apenas quatro atores representam todos os personagens que conversam diretamente com o público, misturando texto com músicas. C01 Matriz da UnB 675

24 Artes C01 Matriz da UnB Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 9 A Construc a o do Espac o A obra This land is mine, de Nina Paley, pode subsidiar discussões relevantes a respeito da constituição de espaços e seus conflitos: territoriais, filosóficos, religiosos, políticos e sociais. Nessa perspectiva, é possível pensar o espaço geográfico como político, estratégico e um produto social e historicamente construído e, portanto, repleto de contradições. Essas questões podem ser observadas no documentário Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler, assim como no curta-metragem Man, de Steve Cutts, Estamira, de Marcos Prado, e no poema O homem; as viagens, de Carlos Drummond de Andrade. Em O crepúsculo dos ídolos: A filosofia a golpes de martelo, Nietzsche corrobora as críticas aos sistemas hegemônicos,assim como O manifesto comunista em cordel, de Antônio Queiroz de França. O espaço cênico é de fundamental importância para a encenação teatral. A peça Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, é encenada dentro de um edifício teatral, porém, rompe com a construção realista de cenários e espaços definidos para cada ato ou cena do espetáculo. A iluminação, nesta obra, ganha outra função, como definir a cena, no espaço e na duração. De outro modo, um espaço é inventado em Zwkrshjista o, de Bruno Palma, e outra perspectiva, mais subjetiva, é encontrada em Orac a o, interpretada por A Banda mais bonita da cidade. Nessa perspectiva, é possível pensar o espaço geográfico como político, estratégico e um produto social, historicamente construído e, portanto, contraditório. Tais questões podem ser apreciadas a partir de documentários Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler e Estamira, de Marcos Prado. Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 10 Materiais A transformação de materiais, por meio de reações orgânicas de oxidação de alcoóis, combustão completa e incompleta, esterificação, saponificação e polimerização, são importantes nesse contexto. Então, um estudo qualitativo das propriedades coligativas proporciona uma compreensão de fenômenos fundamentais do cotidiano e de suas implicações ambientais e tecnológicas. Obras como Man, de Steve Cutts, O papel e o mar, de Luiz Antonio Pilar, Estamira, de Marcos Prado, Dossiê Darwin, da Revista Darcy, O elevador do filho de Deus, de Elisa Lucinda, possibilitam ampliar as questões sobre o desenvolvimento tecnológico e o meio ambiente. A peça Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, propõe-se a minimizar a utilização das técnicas de suporte cênico, como a maquiagem, o figurino e a cenografia. Desta forma, destaca a interpretação teatral e a palavra para fortalecer a ideia de liberdade. Essa proposta minimalista pode ser encontrada no conceito de teatro pobre desenvolvido no século XX, isto é, minimizando a utilização das técnicas de suporte cênico e focando no trabalho psicofísico do ator. O papel e o mar, de Luis Antônio Pilar, aborda situações que envolvem o tema das drogas lícitas como o álcool e o tabaco. A legislação que regulamenta o uso de cigarros em ambientes públicos e fechados tem como finalidade proteger a saúde, principalmente dos não fumantes. A nicotina pode ser consumida através de reações de combustão, cigarro tradicional, ou de reações provocadas por baterias, dos cigarros eletrônicos. Estes e outros materiais podem causar desequilíbrios ambientais. Terceira Etapa - Objeto de Conhecimento 11 Análise de Dados Ciências produzem dados que necessitam de interpretação dentro de um contexto. Assim, são necessários conceitos estatísticos, como médias (aritmética, geométrica e harmônica), moda, mediana, desvios e variância, que auxiliarão na intervenção da realidade, exigindo o uso e a leitura adequados de gráficos e tabelas. Esses conceitos, seus usos e interpretações são importantes na análise de dados a fim de uma avaliação sobre a responsabilidade atribuída à ciência. É importante também relacioná-los à diversidade cultural, como podemos observar no audiovisual Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler. No campo artístico, o realismo busca uma fidelidade representativa que se relaciona com os ideais do positivismo. A encenação da peça teatral Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, é um exemplo de rompimento com alguns princípios do realismo, como os conceitos de quarta parede e caixa cênica. De forma semelhante, a ideia de personagem é amplamente repensada e questionada neste período. Pode-se observar que o texto não traz nomes de personagens, mas dos atores que compunham o elenco original. Para subsidiar reflexões a respeito dos princípios positivistas, pode-se utilizar a obra Memorial Darcy Ribeiro, Beijódromo, de José Filgueiras Lelé. Assim como tais princípios se relacionam com a ideia de neutralidade do campo da ciência e pode ser questionada em obras como Estamira, de Marcos Prado, e Rotas Alternativas, da Revista Fapesp. Fonte: 676

25 ARTES Módulo C02 VANGUARDAS, AGIT-PROP E TEATROS POLÍTICO E ÉPICO VANGUARDAS ESTÉTICAS (Dadaísmo, Expressionismo, Futurismo, Simbolismo e Surrealismo) recursos dramáticos, sobretudo a luz, o som e o vídeo, criar novas conexões sensoriais com o espectador e ainda mais, minimizar os aspectos de dependência da mímesis, da ilusão e da fabulação estabelecida ao longo da tradição teatral. Diante dessa situação novos eixos estéticos são determinados pelas vanguardas. O século XX assiste a uma abertura teatral jamais imaginada, e nunca vista nos palcos. Claro que não podemos deixar de acentuar que a industrialização começa a afetar a dinâmica da vida social e os artistas respondem esteticamente a essa mudança. Neste ambiente e contexto de muitas transformações, o cinema foi uma das linguagens que mais alterou e impulsionou o avanço teatral. A 7ª arte possui muito mais recursos que o teatro para reproduzir e representar um cosmos ficcional. Assim, uma das maiores contribuições do cinema ao teatro foi a necessidade de se reinventar a estética do palco. Simbolismo A música antes de mais nada... A primeira metade do século XX conheceu uma série de manifestos e de escolas estéticas com propostas variáveis. Período de muitas ações, todas com o nítido propósito de questionar a lógica estabelecida pelo realismo e naturalismo, com o seu senso de utilidade e de determinismo científico dos fenômenos da vida. E ao mesmo tempo, propor uma nova abordagem a partir do olhar libertador dos poetas românticos. Stéphane Mallarmé, o príncipe dos poetas, protestou, em nome da poesia, contra a exigência de que tudo quanto se poderia esperar do poeta fosse uma mera cópia do que o olho do não iniciado encontra. A tarefa do poeta, afirmava Mallarmé, não era nomear um objeto, mas conjurá-lo com o poder da sua imaginação. Mallarmé sonhava com um teatro maravilhosamente realista da nossa imaginação, um teatro de dentro, da mesma forma que os românticos haviam procurado pelo caminho para dentro. BERTHOLD, Margot História Mundial do Teatro, p. 466 Muito mais que questionar as escolas anteriores, a vanguarda do início do século XX questionou a tradic a o teatral e sua vinculac a o e primazia com a literatura. O texto literário começava a ceder espaço e era chegada à hora de vislumbrar no teatro o potencial dos demais elementos da linguagem teatral, era preciso valorizar e utilizar os demais Maeterlinck Os Cegos O movimento simbolista, o primeiro dos movimentos das vanguardas históricas, surgiu na França e tem como referência o poeta Maeterlinck, o Théâtre d Art e o Théâtre de l Oeuvre. Outra referência importante para essa escola foi Alfred Jarry com a sua peça Ubu Rei. Ubu Rei C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico 677

26 Artes Dadaísmo (DADA NÃO QUER DIZER NADA) Dada não fala, Dada não tem idéias fixas, Dada não apanha-moscas ( ) Dada faz mais vítimas num ano que a mais sangrenta das batalhas. Dada existiu sempre. A Santa Virgem já era dadaísta. Dada nunca tem razão. Os verdadeiros Dada são contra Dada. Manifesto Dadaísta Ubu Rei No entanto vários autores como Henrik Ibsen, August Strindberg, o italiano Gabriele D Annunzio e o irlandês William Yeats também experimentaram a estética simbolista. O simbolismo herda do romantismo o gosto pelo oriente e pelo exótico e juntava a tudo isso, poesia, danc a e música num mesmo espetáculo e abandonava o cosmos ficcional. Adolphe Appia e Edward Gordon Craig, revolucionários cênicos estudaram novas formas teatrais a partir da espetacularidade de cada elemento, criaram cenários abstratos que transmitiam emoções, a iluminação ganhou sombra, profundidade, distância, cor, etc. A música assegurava a emoc a o necessária ao desenrolar das cenas, abusando da aliterac a o e assonância. As personagens são alegóricas. As convenções estabelecidas ao longo de séculos são questionadas e cabe aos artistas desenvolverem um novo teatro. Essa simultaneidade de aparentes contradições tornou-se a marca característica de desenvolvimentos futuros. No mesmo instante em que as convenções dramáticas tradicionais eram rompidas, o palco também começava a fazer em pedaços sua habitual moldura de caixa de vistas (cosmorama). O Dadaísmo foi um movimento liderado pelo artista Tristan Tzara. Essa estética rebate qualquer tipo de apelo racional. A nova lógica é a falta de razão, de entendimento, de logos. A ordem é na o ter ordem, é não ter nem pé nem cabeça, juntar os elementos por acaso, quanto mais aleatório melhor. Contra todo o tipo de rigor, proporção, ou justa medida determinada pelo bom senso. Contra toda tentativa de explicar o inexplicável. A produção artística é levada como um devaneio, uma prática que beira o absurdo e reflete a relação humana durante a primeira grande guerra mundial. Por sinal, o objetivo do movimento era protestar contra toda a lógica que criava a guerra sem sentido. Para confrontar essa lógica a resposta era propor algo sem sentido aparente. Exemplo: em uma determinada experiência cênica dez atores liam ao mesmo tempo dez textos diferentes simultaneamente, demonstrando claramente o desprezo pela razão e coesão textual e ao mesmo tempo, valorizando a sonoridade. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico BERTHOLD, Margot História Mundial do Teatro, p. 469 Essa caixa de vista onde o homem sempre se espelhou com o objetivo de entender o espírito humano se fragmenta da mesma forma que o homem industrial. Essa caixa não precisava mais mostrar o inteiro, o total, o global. O foco agora era o pedac o, o homem desfacelado, seu lado oculto com as imprecisões dos seus sonhos, a indefinic a o do seu inconsciente, seu imaginário e seus fragmentos. Max Reinhardt disse: Não é o mundo da aparência este que vocês adentram hoje; é o mundo do ser. Aqui em poucas palavras, está a própria fé de Reinhardt na verdade superior do teatro. BERTHOLD, Margot História Mundial do Teatro, p

27 PAS 3 A atitude realista é fruto da mediocridade, do ódio, e da presunção rasteira. É dela que nascem os livros que insultam a inteligência. A mania incurável de reduzir o desconhecido ao conhecido, ao classificável, só serve para entorpecer cérebros. Hoje em dia, os métodos da Lógica só servem para resolver problemas secundários. Oxalá chegue o dia em que a poesia decrete o fim do dinheiro e rompa sozinha o pão do céu na terra. A mente que mergulha no surrealismo revive, com exaltação, a melhor parte de sua infância. Manifesto Surrealista Técnicas utilizadas: poema aleatório, escrita automática e o ready made. Para fazer uma poesia dadaísta: Pegue um jornal. Pegue uma tesoura. Escolha no jornal um artigo que tenha o comprimento que você deseja dar à sua poesia. Recorte o artigo. Corte de novo com cuidado, cada palavra que forma este artigo e coloque todas as palavras num saquinho. Agite delicadamente. Tire uma palavra depois da outra colocando-as na ordem em que você as tirou. Copie-as conscienciosamente. A poesia se parecerá com você. Ei-lo transformado em escritor infinitamente original e dotado de encantadora sensibilidade... Surrealismo Manifesto Dadá de Tristan Tzara Novamente em Paris, logo após a primeira grande guerra mundial surge o Surrealismo, praticamente um amadurecimento e aprofundamento do Dadaísmo. Nesse momento, as ideias e descobertas de Freud, já haviam conquistado continentes e reforça o mergulho nos sonhos e no inconsciente, passando a ser a grande orientação do trabalho artístico. Com a finalidade de evitar a interferência da razão na elaboração da obra os poetas adotam a técnica da escrita automática, onde o texto não passa por nenhuma revisão. Assim o resultado encontrado terá certa dose de incerteza e imprevisibilidade. É uma produção de impulso e inspirac a o. O poeta André Breton é a referência dessa escola que tem como primeira manifestação cênica a peça As Mamas de Tirésias de Guillaume Apollinaire. Mas é em Antonin Artaud que o teatro encontra o melhor do surrealismo. Artaud aprofunda as suas teorias, apesar de ter tido poucas oportunidades para implantá-las, e cria o Teatro da Crueldade, uma das mais importantes estéticas teatrais do século XX. Técnicas utilizadas: colagem e a escrita automática. Exemplo de escrita automática: dez pessoas em fila, a primeira diz uma palavra e vai para o fim da fila, o segundo fala a 2ª palavra e vai para o fim da fila e isso acontece sucessivamente até completar a obra. Pode ser por frase também. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico 679

28 Artes O Gabinete do Dr. Caligari C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico Expressionismo A terra é uma paisagem imensa que Deus nos deu. Temos que olhar para ela de tal modo que ela chegue a nós sem deformação. Ninguém duvida de que a essência das coisas não seja a sua realidade exterior. A realidade tem que ser criada por nós. A significação do assunto deve ser sentida. Os fatos acreditados, imaginados, anotados não são o suficiente; ao contrário, a imagem do mundo tem que ser espelhada puramente e não falsificada. Mas isso está apenas dentro de nós mesmos. Manifesto Expressionista O expressionismo, no teatro, foi exercido a partir da Alemanha. Os poetas expressionistas faziam uso mais efetivo dos elementos da encenação para ilustrar um universo íntimo, interno, subjetivo. A intenc a o era mostrar a realidade do sujeito. Assim a iluminação elétrica, com utilização de luz policromática com controle de intensidade, cria espaços, sombras e ambientes que revelam um mundo do sujeito. Os cenários e figurinos hiper-realistas são carregados de tons emocionais que exacerbavam um universo onírico, mágico ou uma deformação da realidade concreta de acordo com o olhar do sujeito. Alfred Kerr, ao fazer um comentário sobre os expressionistas disse: Utilizar todo o potencial de iluminação como um meio de encenação de luz, visualidade cênica, como um sinal tempestuoso da crise intelectual, emocional e política. BERTHOLD, Margot História Mundial do Teatro, p. 475 No Brasil, em 1943, Vestido de Noiva marca o inicio do teatro moderno no nosso país. A montagem expressionista revelaria a criação de três planos psicológicos (realidade, memória e alucinação) definidos a partir da literatura e da sua transposição para a cena, especialmente por meio da iluminação e dos cenários. Essa peça apresenta a personagem Alaíde e seu mundo interior, valorizando os planos da memória e da alucinação e concedendo um lugar de menor importância para o plano da realidade concreta. Na obra, não é a realidade em si que nos basta, mas a leitura que nós fazemos dessa realidade. Em Vestido de Noiva o autor revela a importância da sexualidade, dos desejos e da repressão dos impulsos na vida da protagonista. Esse universo se sobressai nos planos da fantasia e do passado. A escola expressionista estabeleceu uma atmosfera emocionalmente subjetiva, mais abstrata, como uma resposta as encenações realistas e naturalistas por julgá-las excessivamente artificiais. O que entrava na cena expressionista era o desespero do homem das cidades industrializadas em apresentac ões que uniam música e teatro nos cabarés. 680

29 PAS 3 verbais acusticamente condicionadas, um movimento de marionete elevado ao nível acrobático e a redução da própria pessoa a uma engrenagem bem azeitada do teatro sintético. BERTHOLD, Margot História Mundial do Teatro, p. 483 Em uma montagem denominada A burguesia vai ao teatro, percebe-se o exemplo cabal dessa escola teatral: com a lotação máxima da plateia as cortinas se abrem e um ator entra em cena, vê a casa cheia e pronúncia: a burguesia veio ao teatro. Ele se retira, fecham-se as cortinas e o espetáculo termina em menos de 30 segundos, para a gritaria geral do público. Esse era o espírito da época. Tudo acelerado. Tudo rápido. Vestido de Noiva A publicação do livro A interpretação dos sonhos e as demais teorias de Sigmund Freud são fundamentos do movimento devido a sua investigação sobre o consciente, inconsciente e subconsciente. Futurismo Nós queremos cantar o amor, o perigo, o hábito da energia e da temeridade. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro. Manifesto Futurista O Manifesto Futurista de Filippo Marinetti de 1909 ressaltava a era da tecnologia. O manifesto deriva das revoluções industriais pelas quais as sociedades modernas vinham passando, ocorrendo transformações estruturais. Marinetti fala da era da velocidade, da violência, da guerra, das mulheres, da poesia, etc, e o teatro sintético representava esse pensamento. Os critérios para o teatro do futuro deveriam ser a dinâmica da máquina, a mecanização da vida, o principio funcional do autômato. Para o ator isso significava um staccato de montagens A estética futurista é radical, tão radical que até pouco tempo atrás acreditava-se que não seria possível se apropriar desta herança teatral. O futurismo chegou ao limite extremo. Somente hoje, na contemporaneidade e após o entendimento do teatro pós-dramático, é que vemos experiências cênicas que beiram a brevidade e que nos surpreendem com tamanha ousadia, como pretendiam os poetas futuristas. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico 681

30 Artes Principais Artistas das vanguardas históricas: Dadaístas e Surrealistas: André Breton, Antonin Artaud, Guillaume Apollinaire, Marcel Duchamp, Tristan Tzara, Salvador Dali, Juan Miró, Pablo Picasso, René Magritte, Max Ernst Balé Triádico O que vale a pena frisar desse período das vanguardas é que o amadurecimento e a diversidade das formas teatrais proporcionaram o rompimento com a tradição teatral e fomentou a pesquisa por novos caminhos. Atualmente assiste-se ao nascimento e a progressão sistemática dos espetáculos produzidos para o grande público. Assiste-se a edificação dos teatros nacionais e suas grandes salas teatrais. No século XX surge o papel do diretor e encenador e ao mesmo tempo em que se presenciam experimentos mais ousados e mais singulares. Uma parte do teatro questiona a sua comercialização e outra parte segue de braços dados com a prática que agrada ao público burguês, tudo fácil e banal. Uma época de contrastes e tensões. Expressionistas: Georg Kaiser, Fritz von Unruh, Reinhard Sorge, Ernst Tolher, Walter Hasenclever, Carl Sternheim, Ernst Barlach, Hugo von Hofmannsthal e Ferdinand Bruckner. Max Reinhardt, August Strindberg, Francisco de Goya, Pieter Brueghel. Simbolista: Maurice Maeterlinck, Gabriele D Annunzio, Henrik Ibsen, Alfred Jarry, August Strindberg Futurista: Filippo Marinetti, Vladímir Maiakóvski, Viktor Khlébnikov, Anton Giulio Bragaglia Espac o cênico e elementos da encenac a o vanguardista O teatro italiano ainda foi utilizado, mas há uma provocação por um novo uso e ao mesmo tempo os artistas começam a pesquisar os espaços alternativos para as apresentações. O uso de iluminação elétrica com refletores que utilizam filtros coloridos que criam ambientes permitiu uma maior utilização de tipos de palco, de cenografias e de formas de interpretação. A música passa a ser utilizada como elemento de condução emocional. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico AGIT-PROP E TEATRO POLÍTICO O Teatro Político entra em cena com Erwin Piscator e valoriza os aspectos históricos, sociais, políticos e econômicos. Esta corrente estética é fundamental para o posterior amadurecimento da forma épica. Bertolt Brecht vai reconhecer os elementos utilizados no teatro político e denominar estes elementos como recursos para produzir efeito de distanciamento. Estes recursos são caracterizados por promover ruptura na narrativa linear: projec a o de filmes, material gráfico como cartazes e faixas, narrador, música como contraponto à cena, etc. Portanto, a experiência do teatro político e do agitprop é fundamental para a criação da forma épica. Vale ressaltar que Brecht inicia sua incursão pelo teatro expressionista e depois muda radicalmente sua posição após o contato com Piscator. 682

31 PAS 3 Essas inovações serão fartamente utilizadas como técnicas de estranhamento e distanciamento no teatro épico. Ou seja, Piscator utilizava técnicas documentais onde a preocupação com o conteúdo era muito importante e o que se esperava era a conscientização das grandes massas sobre os conflitos do mundo capitalista e comunista. O Agit Prop era uma forma de organização e manifestação através da agitação (emoção) e da propaganda (razão). O Agit Prop pode ser considerado como um movimento que sai do plano meramente estético e alcança as ruas com objetivos políticos. Agora o contato é direto com o cidadão, muito mais do que com o espectador. O grande objetivo era a promoção das ideias comunistas (Marx e Lenin) junto aos cidadãos, sejam operários, estudantes ou intelectuais. A fundamentação teórica do teatro político era oriunda das ideias de Karl Marx e Vladimir Lenin e, portanto ligada aos movimentos de esquerda e ao comunismo. Do ponto de vista estético o maior legado é o uso de projec ões (cinema), áudio (rádio) e materiais publicitários como os cartazes e jornais (gráfica). Uma ação de Agit Prop: artistas excursionaram pela Rússia de trem, onde os atores apresentavam ações (jogavam filipetas pelas janelas) que transmitiam a propaganda. Outra forma de Agit Prop é a utilização do teatro jornal, quando a notícia impressa vira cena. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico 683

32 Artes Espac o cênico e elementos da encenac a o do Teatro Político e do Agit Prop A grande novidade era a utilização de recursos tecnológicos como as projeções de filmes, o uso de vozes gravadas e a utilização de cartazes. Era utilizado, preferencialmente, espaço onde o público pudesse se manifestar com maior propriedade, deste modo, o palco italiano era evitado sempre que possível. TEATRO ÉPICO Mãe coragem e seus filhos O Teatro Épico é considerado por muito teóricos como a grande virada de página do teatro no século XX. Especialmente pelo fato de estabelecer o épico como uma nova forma de representação teatral e contrapô-la a forma dramática (veja quadro abaixo). Sem dúvida a maior contribuição desse período se deve a relac a o entre artistas e público. Bertolt Brecht (teórico, dramaturgo e encenador) pretendia uma plateia participante, ou pelo menos, mais conscientemente participativa. Forma dramática de teatro (aristotélica) O palco corporifica uma ação Compromete o espectador na ação e consome sua atividade Possibilita sentimentos Proporciona emoções, vivências O espectador é transportado para dentro da ação Trabalha-se com a sugestão Conservam-se as sensações O homem se apresenta como algo conhecido previamente O homem é imutável A tensão em relação ao desenlace da peça Uma cena existe em função da seguinte Os acontecimentos decorrem linearmente Natureza não dá saltos Natura non facit saltus O mundo tal como é O homem como deve ser Seus impulsos O pensamento determina o ser Sentimento Forma épica de teatro (brechtiana) O palco relata a ação Transforma o espectador em observador e desperta sua atividade Obriga o espectador a tomar decisões Proporciona conhecimentos O espectador é contraposta a ela Trabalha-se com argumentos As sensações levam a uma tomada de consciência O homem é objeto de investigação O homem se transforma e transforma A tensão em relação ao andamento Cada cena existe por si mesma Decorrem em curvas Natureza dá saltos - Facit saltus O mundo tal como se transforma O que é imperativo que ele faça Seus motivos O ser social determina o pensamento Razão C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico A vasta obra de Bertolt Brecht aponta para várias questões decisivas na reformulac a o da linguagem teatral, principalmente as transformações das estruturas textuais, dos modos de interpretac a o de personagens e da relac a o com o espectador. Acaba por alcançar a linguagem como um todo, tendo como foco proporcionar mudanc as na recepc a o e participac a o na cena por parte do público. 684

33 PAS 3 Para Ingrid D. Koudela, o principal ponto nas mudanças do teatro didático proposto por Brecht recai especialmente em repensar o papel do texto e sua interlocução com o espectador enquanto sujeito da ação, ou seja, uma nova func a o social do teatro. Esse direcionamento voltado para a participação e a interação do público com os atores e as novas formas de produção textual que levam em conta essa opção são temas bastante atuais e temos inúmeros exemplos dessas práticas, seja em Brecht ou em outros artistas. Em alguns textos sobre o teatro didático, Brecht chega mesmo a formular a inexistência desse leitor/espectador, visto que o papel deste se deslocara para o próprio desenvolvimento da cena, perdendo sua aura de observador distante. É possível observar a aplicação deste preceito estético através dos conceitos brechtianos de ato artístico coletivo (kollektiverkunstakt) e de modelo de ac a o (handlungsmuster) que visa radicalizar a autonomia da obra de arte colocando o espectador no papel de ator e coautor do texto. Compreende-se aqui texto como manifestação gestual e oral do espectador/ator, rompendo assim, a sua atitude passiva e de mero consumidor. O atuante em confronto com um determinado papel passaria a compreender e redimensionar as forças políticas, econômicas e sociais que atuam em cada contexto. O texto, nesse caso, não é visto como uma verdade absoluta, que paira acima de qualquer suspeita, e sim como um material que deverá ser confrontado com a realidade concreta, solicitando e fortalecendo o envolvimento de cada participante na reelaboração do material dramático. Nesse limiar ocorre o encurtamento entre a ficc a o e a realidade concreta. Nesse quesito espera-se que o ator distancie da incorporação do seu personagem e emita sua opinião. Ele pode e deve questionar a matéria que está sendo representada para a plateia. Esta é uma das formas possíveis do efeito de estranhamento, uma das grandes mudanças definidas por Brecht. A quarta parede, apesar de ser um elemento de distanciamento não interessa a estética brechtiana, da mesma forma que a identificação e a catarse são desprezadas. Outra forma para alcançar os efeitos de estranhamento e distanciamento estava ligada aos aspectos visuais do espetáculo: a maquinaria das edificac ões teatrais deveria permanecer aparente, deveria ser visível o urdimento, as varas, as escadas, os extintores, as luzes de seguranc a e demais aparatos, que normalmente ficam ocultos à plateia. A pesquisa de Brecht, com relação aos possíveis efeitos de estranhamento e distanciamento, se orientou também para os cenários, os figurinos, a iluminação, os adereços, etc., por acreditar que outra forma de utilização destes recursos poderia fortalecer esta linha estético-pedagógica. A forma épica tem como grande objetivo minimizar os efeitos ilusionistas da forma dramática. A função do teatro épico é estimular as consciências e promover mudanças profundas na sociedade. Para a elaboração da peça literária do teatro épico, Brecht recorria ao uso de fragmentos, da estrutura de episódios e abandonou a estrutura clássica com inicio, meio e fim. Espac o cênico e elementos do Teatro Épico Ópera dos tre s vinténs de Bertolt Brecht Para Brecht, o teatro precisava se mostrar como ele realmente é e sem utilizar os elementos para proporcionar ilusão ao público. O teatro épico não esconde as engrenagens do edifício teatral, ao contrário, ele mostra toda a parte interna do teatro. O teatro épico utiliza elementos como projeções de filmes, gravações radiofônicas e exibição de cartazes para estabelecer, junto ao público, a certeza de que o que se assisti ali é uma experiência cênica, que na o deveria ser confundida com a realidade. A música desempenhava um papel importante ao quebrar a linha continua do espetáculo, acentuando ainda mais a percepção de um produto artístico que se comunica conscientemente com o seu público. C02 Vanguardas, Agit-Prop, Teatro Político e Épico 685

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