AÇÃO DE COBRANÇA por enriquecimento sem causa com pedido

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO VARA CÍVEL DA COMARCA DO FORO CENTRAL DA REGIÂO METROLPOLITANA DE CURITIBA ESTADO DO PARANÁ. Beneficio da Justiça Gratuita DJASSE VALADÃO, brasileiro, APOSENTADO POR INVALIDEZ, portador da cédula de identidade n , inscrito no cadastro nacional de pessoa física sob o n , residente e domiciliado à Rua Oziel Fonseca de Souza, n. 190, CIC, Curitiba - Pr, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada infra-assinada (ut instrumento de mandato), KARINE SIERACKI REDE, brasileira, solteira, advogada, regularmente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Estado do Paraná, sob N , com escritório profissional à Rua Conselheiro Laurindo, N 600, Conj. N 62, Bairro Centro, na cidade de Curitiba/PR,, onde recebem intimações, vem, muito respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE COBRANÇA por enriquecimento sem causa com pedido de julgamento antecipado da lide Em face de CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n / , estabelecida na Rua Nilo Cairo, n 171, Bairro: Centro, CEP: , na Cidade de Curitiba/PR, nos termos do artigo 275, inc. I, alínea e do Código de Processo Civil.

2 Da Justiça Gratuita O reclamante é pobre na acepção da jurídica do termo, não tendo como custear o processo sem prejuízo de seu prejuízo de seu próprio sustento e de seus familiares, em razão da própria circunstância que ensejou a presente demanda e por se encontrar em condições debilitadas de saúde. Para comprovar essa condição junta em anexo declaração de hipossuficiência econômica na forma do artigo 5, inciso LXXIV da Constituição Federal, do artigo 4 da Lei 1.060/50 e do Provimento 135/2008 da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado Paraná. Síntese dos Fatos Em 16/04/2014, o reclamante foi vítima de acidente de trânsito que lhe resultou graves lesões corporais. Em face da gravidade dessas lesões, o reclamante, foi acometido por uma INVALIDEZ PERMANENTE, nos termos do laudo médico (conforme documento em anexo), tornando se beneficiário do seguro obrigatório DPVAT, nos termos da Lei 6194/74 com alteração da Medida Provisória n. 340/2006, nos termos da Lei 6194/74 e da Medida Provisória n. 451/08, de 15/12/2008, convertida na Lei n /2009. Ciente da condição de beneficiário do seguro, iniciou-se o procedimento administrativo para receber mencionada indenização, o que aconteceu, em parte, no dia, 24/02/2013, quando se dirigiu à agência bancária e efetuou saque no valor total de R$ 9.450,00, que fora depositado por transação bancária de Ordem de Pagamento, conforme comprovante de pagamento em anexo.

3 Ademais, entende-se que o valor da indenização devida ao autor deve ter a correção monetária desde 29/12/2006, conforme fundamentos abaixo aduzidos e precedentes citados, para evitar flagrante enriquecimento ilícito da ré. Preliminares a) Prescrição Preliminarmente, a Requerente consigna que não houve a ocorrência da prescrição no presente caso, eis que o sinistro ocorreu em 16/04/2014. Salienta-se que o prazo prescricional inicia-se a contar da ciência expressa dada ao beneficiário da negativa da seguradora ao pagamento da indenização, nos termos da Súmula 229 do STJ ou da data do recibo de pagamento realizado a menor. O Código Civil preceitua em seu artigo 206, 3, inciso IX do Código Civil, o prazo prescricional é 3 (três) anos, portanto tempestiva a demanda. b) Legitimidade Passiva de Qualquer Seguradora Integrante do Convênio para Complementação da Verba Indenizatória Qualquer companhia seguradora é parte legítima para figurar no pólo passivo de ações decorrentes de Seguro DPVAT. Esta assertiva é corroborada pela jurisprudência: DPVAT. Consórcio. Legitimidade de qualquer seguradora que opera no sistema. De acordo com a legislação em vigor, que instituiu sistema elogiável e satisfatório para o interesse de todas as partes envolvidas, qualquer seguradora que opera no sistema pode ser acionada para pagar o valor da indenização, assegurado seu direito de regresso (Recurso Especial nº /MG, 4ª Turma, Superior Tribunal de Justiça, Relator: Min. Ruy Rosado de Aguiar, Decisão em 23/04/2002). A despeito, o enunciado n 26 da Turma Recursal do Tribunal de Justiça do Paraná sucinta expressamente que:

4 "O beneficiário do seguro obrigatório (DPVAT) pode postular de qualquer seguradora integrante do convênio (resolução SUSEP - CNSP nº. 56/2001) o complemento de indenização paga a menor, ainda que o pagamento anterior tenha sido efetuado por seguradora diversa. A requerida, como companhia seguradora que é, tem total legitimidade para integrar a relação processual que agora se instaura. Do Mérito a) Dos beneficiários do seguro obrigatório, documentos necessários, valores devidos, graduação da invalidez. Estabelece a Lei n /74, que as vitimas de acidente de transito que sofreram invalidez permanente, seja parcial ou total, são beneficiários do Seguro Obrigatorio de Responsabilidade Civil de Veículos Automotores. Conforme essa lei, independente do pagamento do premio pelos proprietários, ainda é devida a indenização pela seguradora participante, não podendo ser aceita a sua negativa de pagamento. Esse estatuto legal reflete a preocupação social do legislador brasileiro em razão de suas peculiaridades, sendo seu texto cristalino e objetivo, não dando margens à dupla interpretação, sobretudo buscando privilegiar de cuidados e amparo a parte beneficiaria em virtude da sua deficiência fisicamente e emocional depois de um acidente automobilístico. Pela prescrição legal, a indenização será paga mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independente da existência de culpa, haja ou não resseguro. Abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado, estando, os documentos necessários, previsto no artigo 5, parágrafo 1, alínea a da Lei n /74 modificada pela Lei n de 13/07/92, o qual transcrevemos: Art. 5 O pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado.

5 1 A indenização referida neste artigo será paga com base no valor da época da liquidação do sinistro, em cheque nominal aos beneficiários, descontável no dia e na praça da sucursal que fizer a liquidação, no prazo de quinze dias da entrega dos seguintes documentos: a certidão de óbito, registro da ocorrência no órgão policial competente e a prova de qualidade de beneficiário no caso de morte; Posto isto, atendendo aos requisitos supracitados, a reclamante assim como anexou ao processo administrativo anexa toda a documentação pré requisito ao percebimento da indenização decorrente do acidente de transito experimentado. De acordo com o art. 3, inciso II e 1 da Lei 6.194/1974, nos casos de invalidez. O valor devido será calculado com observância no grau de incapacidade suportada pelo reclamante, através da análise conjunta do laudo pericial e da tabela apresentada pela Lei /2009, visto que o acidente se deu na vigência da Medida Provisória n. 451/08, de 15/12/08. Deste modo, considerando a tabela que gradua a invalidez e determina o quantum devido, à titulo de indenização, o reclamado pagou o montante de R$ 1.687,50. B)Dos juros e a correção monetária Antes da entrada em vigor da Medida Provisória 340/2006, vigia a lei numero 6.194/74, com alguns artigos derrogados pela Lei n /92, e em seu artigo 3º, b, determinava o pagamento do seguro, em caso de invalidez permanente, em 40 salários mínimos. Eis a redação do artigo Art. 3º - Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no artigo 2º compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assitencia médica e suplementares, nova valores que se seguem, por pessoa vitimada: b)- até 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário-mínimo vigente no País no caso de invalidez permanente. O salário mínimo tido como base para pagamento do seguro era sempre a data da liquidação do sinistro e não data do fato. O artigo 5º, 1º da Lei número 6.194/94, derrogado

6 pela Lei 8.441/92, prescrevia que a indenização referida neste artigo será paga com base no valor da época da liquidação do sinistro (...) Com a entrada em vigor da Medida Provisória 340/2006 em 29/12/2006, posteriormente foi estipulado em R$ ,00(treze mil e quinhentos reais), a saber: Art.3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2º desta lei compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de suplementares, nos valores que se seguem, por pessoas vitimada: II até R$ ,00 (treze mil e quinhentos reais) no caso de invalidez permanente; O valor fixo da indenização foi determinado em R$ ,00, sendo que a lei antiga determinava em 40 salários mínimos. Na lei mais antiga o valor do seguro era atualmente determinado pelo valor do salário mínimo, ao contrario da lei nova, que anualmente sofre séria defasagem. Após a entrada em vigor da Medida Provisória 340/2006, o valor do seguro não sofreu correção ou atualização, em que pese o valor pago pelos contribuintes ter sofrido sério reajuste. A titulo ilustrativo, quem liquidou seu seguro antes da entrada em vigor da Medida Provisória 340, recebeu R$14.000,00 ( 40 vezes o salário mínimo vigente) e quem liquidou após a entrada em vigor, em que pese o forte reajuste de 33,56% do premio pago, recebeu apenas R$ ,00, sem correção monetária. Atualmente, se o seguro ainda tivesse como parâmetro o salário mínimo, o segurado receberia R$ ,00, porém em virtude da Medida Provisória 340, convertida na lei número /2007, o segurado recebe apenas R$ ,00. Uma contradição, pois o prêmio anual sofreu forte reajuste e o capital segurado permanece estagnado. Em histórico de valores cobrados do seguro DPVAT(categoria moto) extraído do site verifica-se: Ano 2004 R$ 87,27 Ano 2005 R$ 96,00 reajuste de 10,01%

7 Ano 2006 R$137,65 reajuste de R$ 43,39% Ano 2007 R$ 183,84 reajuste de 33.56% Ano 2008 R$ 254,16 reajuste de 38,25% Ano 2009 R$ 254,16 Ano 2010 R$ 254,16 O valor do premio anual pago pelo contribuinte sofreu reajuste, inclusive maior do que do salário mínimo. Neste mesmo norte deveria ter sido reajustado o capital segurado, porém ocorre que após 29/12/2006, em que pese o reajuste de 33,56% e 38,25% do prêmio pago, o capital segurado não foi mais reajustado. Uma maneira de atualizar o valor do seguro seria fazer o reajuste do prêmio pago, R ,00, na mesma proporção do aumento valor pago atualmente pelo contribuinte. Tendo a estipulação do valor fixo do seguro em 2006 e o valor pago pelo seguro naquele ano no valor de R$ 137,65, se o valor fixo de R$ ,00 fosse ajustado na mesma proporção do aumento da prestação anual, o valor pago pelo seguro seria R$ ,21. Outra maneira de compensar a perca do contribuinte e manter uma recomposição do poder aquisitivo da moeda, é reajustar o valor do capital segurado de R ,00 pelos índices oficiais desde 29/12/2006, data esta da entrada em vigor da Medida Provisória 340 e data que cessou o pagamento do seguro pelo salário mínimo vigente na época de liquidação do sinistro. D)Dos Procedentes Jurisprudenciais Em analogia ao raciocínio acima descrito, por entender que o valor do capital segurado deve sofrer a recomposição do poder aquisitivo da moeda, transcreve-se o seguinte precedente jurisprudencial: APELAÇÃO CÍVEL N FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - 20º VARA CÍVEL APELANTE: 1. ROSA BAYER WEIRICH - APELANTE 2. SUL AMERICA SEGUROS DE VIDA E PREVIDENCIA S/A. APELADOS: OS MESMOS- RELATOR: DES. GUIMARÃES DA COSTA

8 Do termo inicial dos juros de mora e da correção monetária. Acolhe-se a argumentação recursal da autora apelante quanto à pretensão de a correção monetária incidir sobre o valor da indenização desde a data da apólice, por não consistir em acréscimo à condenação, mas sim em mera recomposição do poder aquisitivo da moeda. Neste sentido, o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça se posiciona: SEGURO DE VIDA EM GRUPO. INDENIZAÇAO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. De acordo com precedentes deste Tribunal, o valor da indenização em caso de seguro de vida deve ser corrigido desde a data da contratação, e não do óbito. Recurso não conhecido. Em decisão no ano de 2007 de pretensão de seguro de vida, autos n. 256/2007 da 10 Vara cível de Londrina - Pr, Álvaro Rodrigues Junior proferiu a seguinte decisão e condenou a ré: Pelo julgamento antecipado da lide. (...) Diante do exposto, julgo procedente o pedido inicial e decreto a extinção do processo (CPC, 269, I)para: condenar o réu ao pagamento da quantia de R$ ,02(trinta e nove mil quatrocentos e sessenta e dois reais e dois centavos), devidamente corrigida pelos índices da Contadoria Judicial, a partir da data da ultima atualização do seguro ( ) e acrescido de juros de mora de 1% ao mês (...) Assim também segue o entendimento do Tribunal de Justiça do Paraná: APELAÇAO CÍVEL N COMARCA DE LONDRINA 3º VARA CÍVEL APELANTE: EDERSON FRANCISCO DA SILVA APELADO: ITAÚ SEGUROS S/A. RELATOR: DES. GUIMARAES DA COSTA. Da correção monetária reivindica o recorrente a incidência de correção monetária sobre a verba indenizatória, desde a data em que a Medida Provisória 340/2006, que estabeleceu valores certos para indenização do seguro DPVAT. Entrou em vigor sua pretensão merece amparo. A correção monetária foi instituída para manter constante no tempo o valor do dinheiro. Protegendo-o dos efeitos da inflação José Reinaldo Coser ensina que a correção monetária é fator de atualização do poder de compra da moeda, ou seja, é índice de atualização da expressão monetária do principal, ou melhor ainda, é acrescido percentual ao principal com o único escopo de manter sua identidade no tempo. Não é plus. É mera adequação nominal da obrigação a uma nova realidade definida pelo processo inflacionário, e trata-se de instrumento de justiça. (in juros Doutrina, Prática Jurisprudência e Legislação.2º Ed. São

9 Paulo: P ). Dessa forma, a correção monetária apenas atualiza o valor da moeda e recompõe seu poder aquisitivo, não importando aumento de capital. Assim, o termo inicial da correção deve ocorrer a partir da data da edição da Medida Provisória n.340/2006 (29/12/2006), posteriormente convertida na Lei /2007.Curitiba, 15 de julho de Guimarães da Costa Desembargador Relator. E)Do julgamento antecipado da lide A presente demanda decorre de matéria exclusiva de direito, sendo desnecessária a produção de provas em audiência, uma vez que o direito a esta indenização decorre expressamente de texto legal, e a prova da invalidez que fundamenta o pedido do reclamante esta demonstrado, sendo cabível o julgamento antecipado da lide. Conforme o artigo 330, inciso I do Código de Processo Civil, este preconiza: Art. 330 O juiz conhecerá diretamente o pedido proferindo sentença: I quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência. Desta maneira, o presente caso atende ao requisito legal da Lei Federal, podendo a lide ser julgada antecipadamente no seu mérito. E)Dos pedidos: Na vertente das considerações narradas, requer-se: a) EX POSITIS, requer primeiramente digne-se Vossa Excelência de, recebendo a presente petição inicial com os documentos que a instruem, deferir o pedido de JUSTIÇA GRATUITA, pelos motivos já expostos; b) A citação da requerida no endereço acima, por correspondência com AR, para, querendo, contestar o presente feito, sob pena de revelia; c) Que seja julgado procedente o pedido, para condenar a ré a pagar ao autor o valor de R$ 4.050,00 (quatro mil e cinquenta reais), devidamente atualizado pelo índice oficial IGP/INPC desde 29/12/2006, até a data do efetivo pagamento realizado na esfera

10 administrativa do sinistro em questão, descontado o valor já pago no processo administrativo, referente a correção monetária e atualização do capital segurado para evitar enriquecimento sem causa da ré; c.1) Ao final seja declarado o direito do autor em ter devidamente atualizado e corrigido o valor total do seguro devido desde 29/12/2006, data da entrada em vigor da MP 340/2006, pelo índice oficial IGP/INPC; c.2) Requer também seja o valor da condenação atualizado desde a propositura da ação e juros a contar da citação; d) A condenação da Requerida ao pagamento de honorários advocatícios e custas processuais; e) Requer provar o alegado por todos os meios direitos admitidos, como os documentos anexos. Por entender que todas as provas necessárias já foram apresentadas, requer o julgamento antecipado da lide; Dá se à causa o valor de R$ 4.050,00 (quatro mil e cinquenta reais) Termos em que, Pedem deferimento. Curitiba, 13 de fevereiro de KARINE SIERACKI REDE OAB/PR N