Inflação em 2015 é a pior desde 2002; situação política pesou nos dois anos

Transcrição

1 Boletim 891/2015 Ano VII 10/12/2015 Inflação em 2015 é a pior desde 2002; situação política pesou nos dois anos A elevação do câmbio, causada em grande parte pelo cenário de instabilidade, gerou o aumento recorde dos preços quando a eleição de Lula se aproximava; e quadro parecido é visto atualmente São Paulo - A inflação já acumula alta de 9,62% entre janeiro e novembro de 2015: é a maior marca para o período desde 2002, quando o índice superou os dois dígitos em 11 meses. Nos dois anos, a instabilidade política ajudou a empurrar os preços para cima. Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ponto em comum "mais importante" entre os dois períodos é o câmbio: "em 2002, com as eleições, o dólar disparou e teve forte influência sobre a inflação". Ela lembra que a elevação foi causada por "ansiedade e desconfiança" em virtude da possível vitória do agora ex-presidente Lula. No começo daquele ano, a divisa era comprada por R$ 2,30 e, em outubro, chegou a ser negociada por R$ 3,92. 1

2 A especialista completa: "em 2015, temos cenário parecido [de instabilidade política] e o dólar aparece também como forte fator de influência, causando aumento de preços, entre outras coisas, do gás de cozinha". Entre janeiro e novembro deste ano, a cotação da moeda dos Estados Unidos subiu de R$ 2,63 para os atuais R$ 3,73, passando por picos que superaram os R$ 4,00 no segundo semestre. Mauro Rochlin, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), comenta que o cenário político também "desestimula o investimento, o que gera queda de produção e causa inflação". Entretanto, ele pondera que a instabilidade "joga a favor [da queda nos preços] ao desestimular a demanda". Em novembro de 2002, o acumulado anual do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era puxado por alimentação e bebidas (14,97%), habitação (11,39%), comunicação (11,24%) e artigos de residência (10,63%). Já no mês passado, habitação (17,74%) foi seguida por alimentação e bebidas (10,37%). Santos afirma que, diferentemente de 2002, temos em 2015 outro "grande causador" para de alta nos preços: "o forte reajuste de preços da energia, que já supera os 50%, afeta vários itens, aumentando custos para setores que vão de água e esgoto até condomínio e alimentação fora de casa". O aumento dos preços de combustíveis ao longo de 2015 foi mencionado por Rochlin como mais um vetor para a elevação dos preços. "E também tivemos problemas climáticos no começo do ano que afetaram, por exemplo, o preço de alimentos", completa. O ano seguinte Em 2003, a inflação esfriou um pouco, caindo para 9,30% depois de atingir 12,53% no total de Segundo Rochlin, algo parecido pode acontecer no futuro: "podemos ter uma queda considerável em 2016, com inflação muito menor ao final do ano que vem, em 6,5%". Ele ressalta que essa trajetória de queda pode ser atrapalhada caso uma nova "disparada" do dólar aconteça. "Para que tenhamos a diminuição, o câmbio precisa seguir em torno do patamar dos R$ 3,80", diz. Outro problema que pode atrapalhar o arrefecimento dos preços é a pressão por indexação. Segundo o professor, pode acontecer "uma espiral de preços", com produtores e empresários encarecendo suas mercadorias para evitar perdas causadas pela inflação. Divulgado ontem pelo IBGE, o índice que mede a inflação subiu 1,01% em novembro. Também foi o maior resultado para o mês desde 2002, quando a alta chegou a 3,02%. Em outubro, a taxa foi de 0,82%. Renato Ghelfi 2

3 Consultor prova assédio moral - O Tribunal Superior do Trabalho (TST) não conheceu de recurso da Telefônica (Vivo) contra decisão que a condenou a pagar R$ 10 mil a um consultor de negócios, a título de danos morais, por abuso de direito na cobrança de metas. O consultor comprovou que recebia mensagens via celular (SMS) de cunho ameaçador e ofensivo enviadas por sua superiora hierárquica, de acordo com nota publicada ontem pelo TST. Na reclamação trabalhista ajuizada na 1ª Vara do Trabalho de Curitiba (PR), o consultor alegou ter sido alvo de assédio moral. Para comprovar, foi a um cartório e lavrou documento no qual a escrevente, após acessar o conteúdo de seu celular, transcreveu o teor das mensagens recebidas da representante da empresa, que, entre outras ameaças, dizia que se as metas não fossem batidas não aprovaria hora extra, "se ouvir alguém reclamando de salário já pode se considerar fora do time", ou "já programarei sua rescisão". A empresa negou "expressa e veementemente" as alegações do empregado. A sentença, porém, considerou que o consultor comprovou suas alegações, com o registro em cartório e com o depoimento de testemunhas. No recurso ao TST, a Vivo sustentou que não havia prova. O ministro Renato de Lacerda Paiva, entretanto manteve o entendimento quanto ao abuso de direito. /Agências (Fonte: DCI dia ). 3

4 4

5 5