RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA. (Elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.)

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1 RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (Elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicação do anúncio no Portal Citius a Reunião Realizada com a Insolvente em INSOLVENTE: MARIA ISABEL COSTA MACHADO SANTOS CONTRIBUINTE FISCAL: DATA DE NASCIMENTO: 10 de Maio de 1947 RESIDÊNCIA: Avenida 2 de Fevereiro, nº 130, freguesia de Areosa, concelho de Viana do Castelo ESTADO CÍVEL: Viúva Nº DE DEPENDENTES: 0 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Reformada 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A Actividade A insolvente é uma pessoa singular, viúva de Avelino Palhares dos Santos desde Do seu casamento nasceram três filhos, actualmente todos maiores de idade. Pelo que foi dito pela insolvente na reunião realizada, e bem assim do que vem dito na Petição Inicial, a insolvente reside na habitação da sua filha, não dispondo por isso de residência própria. No que concerne à sua situação profissional, igualmente de acordo com o que vem dito na P.I., a insolvente encontra-se reformada, auferindo uma pensão mensal de velhice no valor de 492,75 euros. Da pensão auferida pela insolvente, encontra-se a ser penhorada a quantia mensal de 49,40 euros desde Novembro de /7

2 B Da situação de insolvência A presente declaração de insolvência foi requerida pela própria insolvente, alegando para o efeito o total das dívidas é manifestamente superior ao total do seu património ( ) tal facto associado à falta de perspetiva de aumento dos seus rendimentos e à total impossibilidade de pagar as dívidas. C Causas da Situação Actual No que concerne às causas para a sua situação actual, tendo por base a informação constante da Petição Inicial, bem como as informações recolhidas pela administradora de insolvência na reunião realizada com a insolvente, sabe-se que a principal razão da sua insolvência adveio do falecimento do seu marido. A insolvente e o seu falecido marido eram os sócios e gerentes da sociedade Fernandes & Queirós, Lda., NIPC: conhecida como restaurante cozinha das malheiras ( ) até ao ano de 2010, os rendimentos auferidos por aqueles provinham exclusivamente daquele restaurante ( ) e era exclusivamente com aquele rendimento que os mesmos cumpriam cm todas as suas obrigações financeiras ( ) todavia desde 2010 que aquele restaurante terá deixado de ser a fonte de rendimento do agregado ( ) uma das causas para o sucedido prende-se com o degradar da conjuntura económica, com a consequente redução de clientes, aumento das despesas e diminuição das receitas ( ) mas a principal causa terá sido o surgimento de um tumor maligno no marido da requerente, do qual viria a falecer em Julho de 2012 ( ) Por conseguinte, ao longo dos anos de 2010, 2011 e metade de 2012, o agregado despendeu da totalidade das suas poupanças em tratamentos com aquela doença ( ) com o degradar da situação económica, requerente e marido viram-se obrigados a contrair os referidos empréstimos, no sentido de continuarem a cumprir com as suas obrigações. Pela análise às petições de reclamação de créditos recepcionadas pela AI, verifica-se que o passivo da insolvente, no montante global reclamado de ,35 euros, diz respeito a dois financiamentos concedidos à sociedade Fernandes & Queirós, Lda., e nos quais a insolvente se constituiu fiadora/avalista. Ainda pela análise das reclamações de créditos verifica-se que aqueles financiamentos foram ambos concedidos em Março de 2011, corroborando assim as dificuldades alegadas pela insolvente no ano de Das diligências efectuadas apurou-se ainda que aquela sociedade veio a ser declarada insolvente por Douta Sentença proferida a , cujo processo correu termos no 4º Juízo Cível deste Tribunal sob o processo nº 385/13.9TBVCT. 2/7

3 D Nota Conclusiva Por análise a todo o exposto, verifica-se que o falecimento do marido da insolvente veio destabilizar a situação económica da insolvente e do negócio por si gerido conjuntamente com aquele, implicando, de um modo directo, a redução de rendimentos da insolvente. Acresce ainda que, tendo aquela sociedade deixado de cumprir as obrigações assumidas e para as quais a insolvente deu o seu aval/fiança, a insolvente veio a ser demandada para o seu cumprimento. Porém, atendendo à quebra dos seus rendimentos, por força do encerramento da sociedade da qual advinham todos os seus rendimentos, e face ao montante da pensão mensal que aufere, verifica-se que a insolvente não dispõe de meios financeiros necessários para solver o seu pagamento. Assim, torna-se clara a insuficiência económica da insolvente para solver as obrigações assumidas juntamente com o seu falecido marido e custear, no mesmo plano, as suas necessidades básicas, rendimento este que acaba por se tornar escasso, culminando numa situação de incumprimento generalizado. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não tem contabilidade organizada) 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi apurado, decorrente das diligências efetuadas, inclusive das buscas efetuadas no Serviço de Finanças e Conservatória, verifica-se que: 1. Do que vem dito na P.I., a insolvente não tem qualquer meio de obtenção de rendimentos para além da pensão de velhice e invalidez que aufere no montante mensal de 492,75 euros; 2. A esta pensão, encontra-se a ser penhorado, desde Novembro de 2013, a quantia mensal de 49,40 euros; 3. Sob o ponto de vista da propriedade, e das buscas efectuadas, foram conhecidos à insolvente dois prédios rústicos, inscritos na matriz predial rústica sob os artigos, 599 e 2076, respectivamente, ambos da freguesia de Guilhofrei, concelho de Vieira do Minho; 3/7

4 4. Todavia, na reunião realizada a insolvente informou a AI que apensas é titular do prédio rústico inscrito na matriz sob o artigo 599, tendo informado que a inscrição em seu nome de ½ do prédio rústico inscrito na matriz sob o artigo 2076 se deve a erro. Não obstante, 5. A AI diligenciou junto do Cartório Notarial de Vieira do Minho pela obtenção de cópia da escritura de Habilitação e Partilha por meio da qual foram aqueles prédios partilhados. Do seu teor, resulta o seguinte: a) O Prédio Rústico inscrito na matriz sob o artigo 599 foi adjudicado, na sua totalidade, a Albérico da Costa Machado ; b) O Prédio Rústico inscrito na matriz sob o artigo 2076 foi adjudicado, na proporção de ½ à ora insolvente. Acresce ainda o seguinte: c) A inscrição em nome da insolvente do prédio rústico de artigo matricial 599, junto da Autoridade Tributária, teve por base aquela escritura de Habilitação e Partilha, não obstante o referido prédio nela constar adjudicado a favor de terceiro. Pelo que, d) A AI terá de efectuar diligências adicionais a fim de averiguar a razão para o supra exposto. Todavia, dos elementos disponíveis a esta data, apura-se, em primeira análise, que o património da insolvente cinge-se a ½ do Prédio Rústico inscrito na matriz sob o artigo 2076; 6. Dado que não é conhecido à insolvente nenhum bem móvel sujeito a registo; 7. Na reunião realizada com a insolvente, esta informou ainda a AI que não é titular de quaisquer direitos creditórios, não é detentora de bens móveis em regime de aluguer ou locação financeira ou venda com reserva de propriedade ; 8. É, pois, manifesta a insuficiência económica da insolvente, porquanto não dispõe de quaisquer meios capazes de liquidar as suas dívidas vencidas; 9. Pelo que se verifica que, actualmente, face aos rendimentos auferidos pela insolvente, não existe possibilidade de esta vir a gerar receitas suficientes para fazer face às suas obrigações. Assim, e sendo a única fonte de rendimento actual da insolvente a pensão de reforma, a única forma de satisfazer (parte) dos créditos reclamados e apurados é a liquidação célere do património que esta possui. Pelo que a AI PROPÕE à assembleia de Credores: a) A liquidação do património da insolvente. 4/7

5 Para o efeito, a AI mais PROPÕE à assembleia de Credores: b) Ser concedido à AI um prazo de 60 dias a fim de serem tomadas as devidas diligências junto dos Serviços de Registo e Cartórios Notariais com vista ao apuramento da efectiva propriedade do prédio rústico inscrito na matriz sob o artigo 599; c) Se vier a ser apurada a titularidade a favor da insolvente, proceder-se, no mesmo prazo, ao apuramento do seu real valor de mercado, bem como o real valor de mercado do prédio rústico inscrito na matriz sob o artigo 2076, mediante a contratação de Perito Avaliador para a prestação dos serviços de avaliação imobiliária para o efeito; d) Se face ao valor que vier a ser apurado se aferir pela insuficiência da massa insolvente, nos termos e para os efeitos do previsto no art.º 232º CIRE, ser a referida informação levada ao conhecimento dos autos para os efeitos do disposto no nº1 do artigo 232º do CIRE. 5. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO - Artigo 155ª, nº 1, alínea e) do CIRE Nesta data apenas são conhecidos à insolvente dois bens imóveis, correspondentes às verbas nº1 e 2 do inventário de bens, não descorando o anteriormente dito quanto á sua efectiva propriedade. Não são conhecidos à insolvente outros bens imóveis susceptíveis de apreensão a favor da massa insolvente em benefício dos Credores. Todavia, urge dizer o seguinte: 1. Por Escritura Pública de Doação, outorgada a no Cartório Notarial de Viana do Castelo, Dra. Maria Isaura, a insolvente e seu falecido marido doaram à sua filha Sílvia Alexandra Machado Palhares dos Santos, pelo valor atribuído de ,35, a raiz do seguinte bem: a) Prédio Urbano, destinado a habitação, composto de rés-do-chão e andar, tipologia T4, sito na Av. 2 de Fevereiro, nº 130, lugar de Povoença, freguesia de Areosa, concelho de Viana do Castelo, inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artigo 1403 da freguesia de Areosa e descrito na Conservatória do Registo Predial de Viana do Castelo sob o número 04854/Areosa. 2. Com reserva de usufruto a favor dos doadores; 3. Conforme escritura pública de doação outorgada no Cartório Notarial de Viana do Castelo, Dra. Maria Isaura, do Livro 183B, fls. 148; 4. Por consulta da caderneta predial do prédio doado, verifica-se que o mesmo apresenta um valor patrimonial de ,00 euros, determinado no ano de /7

6 Acresce que, O acto de doação foi celebrado pela insolvente por escritura pública de doação outorgada a Por tal facto, mostra-se já extravasado o limite temporal de resolubilidade em benefício da massa insolvente, previsto no nº 1 do artigo 120º do CIRE e bem assim da al. b) do nº1 do artigo 121º do CIRE. Isto é, não obstante de tal acto/liberalidade praticado pela insolvente se mostrar prejudicial para a massa insolvente, na medida em que diminuiu o património da insolvente e, como tal, diminuiu a satisfação integral dos credores atento o reduzido valor do seu passivo, o certo é que o referido acto/liberalidade já não é passível de resolução incondicional em benefício da massa insolvente, ao abrigo da al. b) do nº1 do artigo 121º do CIRE, por haver sido praticado há mais de dois anos da data da declaração de insolvência. 6. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Na petição inicial, veio a insolvente requerer ao Tribunal que lhe fosse concedida a exoneração do passivo restante. Para tal, declara expressamente que preenche os requisitos dos artigos 236º e ss. para que lhe seja concedida a exoneração do passivo restante dispondo-se ainda a observar todas as condições exigidas nos artigos 236º e ss. do CIRE. Salienta-se, no entanto, que a insolvente não está obrigada a possuir contabilidade organizada, dado que não desenvolve qualquer atividade em nome pessoal, o que dificulta todas as análises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efetuados. Sem embargo, feitas as considerações pretéritas, importa ainda referir o seguinte: a) A AI não tem conhecimento de que a insolvente se enquadre em nenhuma das situações previstas nas al. a), b), c), f) e g) do nº1 do artigo 238º do CIRE; b) No que concerne ao requisito previsto na al. d) do supra preceito legal, e caso se entenda pelo retardamento da apresentação à insolvência pela insolvente, é entendimento da AI, desde logo em consonância com o Douto Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, Processo n.º 1728/11.5TJLSB-B.L 1.S1, do Relator Martins de Sousa de , que o retardamento da apresentação de pessoa singular, só por si, não é fundamento para o indeferimento liminar da exoneração do passivo e só o será, se, nomeadamente, lhe sobrevier o prejuízo dos credores de responsabilidade do devedor apresentante ( ) este prejuízo deve ser efetivo e portanto integrante de factos carreados e demonstrados por credores ou pelo administrador da insolvência, pois, sendo impeditivos do direito do devedor, natural será que sobre tais sujeitos recaia o respetivo ónus probandi ( ) não há assim prejuízo que, automaticamente, decorra do retardamento na apresentação, nomeadamente, pelo facto de os juros associados a tais créditos em dívida se acumularem no decurso desse atraso, pois que tais juros, no atual regime da insolvência, se continuam a contar mesmo depois da apresentação. 6/7

7 c) Por fim, e no que concerne ao disposto na al. e) do nº1 do artigo 238º do CIRE, cujo preceito respeita a comportamentos do devedor relativos à sua situação de insolvência e que para ela contribuíram de algum modo ou a agravaram, é entendimento da AI que, considerando o ato descrito no Ponto 5 deste relatório designadamente a sua natureza (gratuita) e a pessoa a quem aquele acto aproveitou (pessoa especialmente relacionada com o devedor (descendente directo)), estamos perante um acto praticado pela insolvente que agravou a sua situação de insolvência; d) Acresce ainda que, por haver sido praticado em 2011, integra o limite temporal previsto no nº1 do artigo 186º do CIRE, ex vi artigo 238º nº1 al. e) in fine do CIRE. Porém, Vª Exa superiormente melhor decidirá. Pede deferimento, Muito atentamente A administradora de insolvência, Anexos: Lista provisória de credores Inventário de Bens 7/7