RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA. (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.)

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1 Notas prévias : RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.) Publicação do extracto do anúncio na Imprensa Nacional Casa da Moeda em Reunião realizada com a insolvente em 21/12/ INSOLVENTE : ROSA DE FARIA CAMPOS NIF: RESIDÊNCIA: Rua da Cal, nº8, freguesia da Cunha, 4700 Braga 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A Actividade A insolvente é casada sob o regime da comunhão de adquiridos com Manuel Novais Loureiro, também este declarado insolvente por Douta Sentença proferida em , que corre os seus termos no 3º juízo cível do Tribunal Judicial de Barcelos sob o nº 1830/08.0TBBCL. Actualmente a insolvente não está obrigada a possuir contabilidade organizada, dado que não desenvolve qualquer actividade empresarial em nome individual, pelo que dificulta todas as análises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efectuados. Contudo, e segundo informações retiradas da petição inicial, reportadas, portanto, à data da instauração do processo de insolvência, sabemos que a insolvente explora na freguesia de Cunha, comarca de Braga, uma unidade leiteira separada daquela que explorava com o seu insolvente marido em Carvalhas, Barcelos. A insolvente vive exclusivamente dessa exploração leiteira, instalada em prédios da herança aberta por óbito de seu pai. Assim é dessa exploração que depende a subsistência da 1/5

2 insolvente e do seu agregado familiar, uma vez que decorre a liquidação judicial do património do marido, formado por bens próprios e pela meação de bens comuns com a requerida. Porém, e pelo que a administradora de insolvência conseguiu apurar, esta cessou a sua actividade em Novembro de 2008, como corolário da insolvência do seu marido. Ou seja, segundo declarações da própria insolvente com a insolvência do seu marido, começou a sentir dificuldades financeiras, tendo atrasado o pagamento a vários fornecedores das rações, e depois deixando mesmo de pagar, sendo que alguns fornecedores deixaram de lhe fornecer ração para os animais, obrigando-a consequentemente, a encerrar a sua actividade. Para garantir a sua sobrevivência e do seu agregado familiar, actualmente presta serviços na exploração da sua mãe, bem como apoio ao domicílio a uma idosa. Todavia, a principal causa da sua actual situação advém desta ter assumido, em tempos, responsabilidades, em conjunto com o seu marido, para financiamento da actividade que este exercia numa exploração agrícola em Carvalhas, Barcelos. Ou seja, de acordo com o relatório elaborado nos termos do art. 155º do CIRE, no âmbito do processo de insolvência n º 1830/08.0 TBBCL, o marido da aqui insolvente iniciou a sua actividade em 1992, no estado de solteiro, tendo-lhe sido posto à disposição pelos seus pais uma propriedade agrícola constituída por vários prédios rústicos de cultivo e um estábulo. Os pais do devedor tinham contraído uma divida à Caixa de Crédito Agrícola de Barcelos de cerca de 23 mil contos, e em contrapartida da cedência da exploração, incluindo as cabeças de gado e dois tractores e algumas alfaias agrícolas, o insolvente assumiu a divida à caixa de Crédito Agrícola de Barcelos. Em 1995 adquiriu por compra a uns tios mais algumas propriedades, reconstruiu a casa de habitação que entretanto os pais também lhe doaram, e construiu um segundo estábulo novo, aumentando, dessa forma, a exploração.para o efeito obteve um novo crédito da Caixa de Crédito Agrícola de Barcelos. - In Relatório elaborado ao abrigo do art.155ºcire, no Processo de Insolvência nº 1830/08.0TBBCL. A insolvente e o seu marido, ficaram assim, responsáveis pelo pagamento de valores avultados, pelo que em 2004 celebraram por escritura pública um contrato de confissão de dívida e hipoteca, através do qual reconhecem serem mutuários e responsáveis pelo cumprimento das obrigações decorrentes dos financiamentos e do montante das dívidas ali identificadas e em todos os documentos, sejam de que natureza forem, em que figurem como responsáveis e que se encontrem em conexão com as referidas obrigações. Dívida essa, que à data da feitura do Contrato de Confissão de Dívida, se computava no montante global de ,00 euros. Para garantir o cumprimento destes financiamentos, a insolvente e seu marido hipotecaram a favor da Caixa de Crédito Agrícola Mutuo de Barcelos, CRL, entre outros, os bens imóveis constantes nas verbas 1,2,3, e 6 do inventário de bens elaborado nos termos do disposto no art. 153º CIRE, que se encontra em anexo ao presente relatório. 2/5

3 Todavia, e face à conjuntura económica que se faz sentir, à situação de insolvência do seu marido e aos valores avultados em dívida a insolvente vem passando por dificuldades económicas inultrapassáveis desde, pelo menos o ano de 2005, tendo, juntamente com o seu marido começado a sentir dificuldades em saldar todos os compromissos que tinham, atrasando o pagamento a vários fornecedores das rações, e depois deixando mesmo de pagar, incluindo à Banca, particularmente à Caixa de Crédito Agrícola ( ) a acrescer às dividas às Finanças. As dificuldades foram-se acentuando e agravando, fruto da conjuntura e não lhes foi possível evitar a ruptura económica e financeira. Nota conclusiva : Ora, da análise dos elementos constantes na petição inicial, bem como das diligências efectuadas pela administradora de insolvência, conclui-se que a situação de insolvência da insolvente adveio do facto de esta ter assumido dívidas (responsabilidades), juntamente com o seu marido, de valores avultados, e da constituição de garantias reais sobre o seu património que, agravada pela crise económica que se faz sentir, a levou para a situação de incumprimento generalizada. Como flui do exposto, o estado de insolvência da insolvente está naturalmente ligado intrinsecamente ao estado de insolvência do marido Manuel Novais Loureiro. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não tem contabilidade organizada) 3/5

4 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESADO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi apurado, decorrente das diligências efectuadas, verifica-se que: 1. A insolvente, actualmente, não exerce qualquer actividade empresarial em nome individual, desde finais de 2008, altura em que cessou a sua exploração agrícola. Não demonstrou à administradora de insolvência qualquer vontade ou possibilidade de apresentar um plano de insolvência ou um plano de pagamentos; 2. Para garantir a sua sobrevivência e do seu agregado familiar, presta serviços na exploração da sua mãe, bem como apoio ao domicílio a uma idosa; 3. Actualmente vive na casa de sua mãe, juntamente com o seu marido e os seus dois filhos; 4. As dívidas conhecidas, pelo menos as mais expressivas e quase na sua totalidade, são dívidas comuns dos cônjuges e que oneram o património comum ; 5. A Insolvente é detentora do direito à meação dos bens imóveis comuns do casal; 6. É do conhecimento da AI, que a insolvente cedeu à sua mãe, por escritura pública celebrada em , o quinhão hereditário que tem na herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de seu pai, José Martins Campos; 7. Nessa sequência, a administradora de insolvência procedeu à resolução desse acto, visto ter sido o mesmo prejudicial à massa insolvente; 8. Contudo, ainda não está apurado o valor do património que integra o acervo da insolvente, pois dada a sua complexidade a avaliação do mesmo será confiada a perito, com a concordância da comissão de credores. Porém, face às dividas conhecidas, o mesmo será insuficiente para a satisfação das mesmas; Assim, a única forma de satisfazer, parte, dos créditos que vierem a ser apurados, é a liquidação célere do património que esta ainda possui. CONCLUINDO: A administradora de insolvência propõe a liquidação do património da insolvente. 4/5

5 5. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO - Artigo 155ª, nº 1, alínea e) do CIRE A) Conforme o que foi anteriormente dito, é do conhecimento da AI, que a insolvente por escritura de doação, fls. 112 a 113 do Livro de notas para escrituras diversas nº 226-A, no Cartório Notarial do Dr. Jorge Costa e Silva, situado em Barcelos, em 06 de Maio de 2008, doou à sua mãe, Almerinda de Faria Carvalho, o quinhão hereditário, que tem na herança ilíquida e indivisa aberta por óbito de seu pai, José Martins Campos. O direito doado corresponde a 3/48 da respectiva herança a qual se compõe por bens imóveis. Ora, tendo Rosa de Faria Campos sido declarada insolvente por Sentença proferida em , havendo sido dado inicio ao processo de insolvência em , e tendo a insolvente procedido à outorga da escritura de doação em , a administradora de insolvência, procedeu nos termos do art. 123º e para o efeitos do art. 121º CIRE, à comunicação da resolução incondicional do referido acto de doação em beneficio da massa insolvente, uma vez que tal acto se mostrou prejudicial à massa insolvente com o consequente entrave à satisfação dos credores. B) Uma vez que por sentença transitada em julgado, o marido da insolvente, Manuel Novais Loureiro, foi declarado insolvente, sendo as dívidas de Rosa Faria Campos - à excepção da dívida à Fazenda Nacional no montante de 682,69 euros - de ambos os cônjuges, pelas quais são responsáveis solidariamente e sendo que os bens imóveis de Rosa Faria Campos susceptíveis de liquidação imediata, são todos bens comuns do casal, a administradora de insolvência entende ser de todo conveniente, particularmente no que toca ao aparecimento de potenciais compradores, a venda conjunta (pela massa insolvente de um dos processos) dos bens comuns do casal. Muito atentamente, A administradora de insolvência, Anexos : I) Inventário de Bens Comuns e Inventário de Direitos Próprios II) Lista provisória de credores 5/5