RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA. (Elaborado nos termos do art.º155º do C.I.R.E.)

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1 RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (Elaborado nos termos do art.º155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicidade de Sentença efectuada no Portal Citius em Reunião realizada com os insolventes em Visita à residência dos insolventes efectuada em INSOLVENTES: BRUNO MIGUEL MESQUITA BARRETO NIF: RESIDÊNCIA: Rua Mena Matos, Lt Dto Viana do Castelo DATA DE NASCIMENTO: Nº DE DEPENDENTES: 2 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Desempregado RITA SOFIA RIBEIRO DE SOUSA BARRETO NIF: RESIDÊNCIA: Rua Mena Matos, Lt 85 1 Dt, Viana do Castelo DATA DE NASCIMENTO: Nº DE DEPENDENTES: 2 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Desempregada 1/7

2 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICARAM NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A ACTIVIDADE Do agregado Familiar Os insolventes casaram entre si no regime de comunhão de adquiridos em Do seu casamento nasceram duas filhas, Beatriz Sousa Barreto, actualmente com 6 (seis) anos de idade e a frequentar o 1.º ano de escolaridade e Bruna Sousa Barreto com 11 (onze) anos de idade e a frequentar o 3.º ano de escolaridade, ambas a frequentar o ensino na Escola Básica Educadora Zaida Garcez, freguesia de Darque no concelho de Viana do Castelo. Os insolventes residem em imóvel arrendado, sito na Rua Mena Matos 16/17,1.º Dto., Viana do Castelo, mediante o pagamento de uma renda mensal actual no valor de 200,00 euros. Da Actividade Profissional No que concerne à actividade profissional dos insolventes, e de acordo com o que vem dito na Petição Inicial e ainda das informações prestadas pelos insolventes na reunião realizada, sabe-se que: a) O insolvente marido encontrava-se, à data da reunião agendada com a Signatária, empregado na empresa Metalomaganha Metalomecânica, Sociedade Unipessoal, Lda. onde auferia como vencimento mensal o salário mínimo nacional acrescido do subsídio de alimentação diário. Contudo, pouco depois voltou à situação de desemprego (aliás no dia da visita efectuada à residência já estava novamente desempregado) auferindo assim o subsídio de desemprego no valor mensal de 485,00 euros; b) A insolvente mulher encontra-se actualmente desempregada e sem direito a subsídio de desemprego. Porém, e pelo que declarou na reunião trabalhou no passado (até 2004) a cuidar de idosos ao domicílio em contrapartida do subsídio pago pela Segurança Social, no montante de 200,00 euros por mês. Posteriormente, e ainda segundo as declarações da insolvente, cuidou de outro casal de idosos no seu domicílio contra o recebimento do montante de 150,00 mensais. Ora, com o falecimento dos idosos em causa deixou de exercer esses trabalhos e, consequentemente, deixou de ter qualquer fonte de rendimento. 2/7

3 Dos Rendimentos Da análise às declarações de rendimentos dos insolventes, reportadas aos últimos três anos, afere-se o seguinte: Ano dos Rendimentos Rendimentos do Insolvente Marido Rendimentos da Insolvente Mulher , , ,75 Os rendimentos acima descritos foram auferidos pelo insolvente marido, em 2011, 3.237,83 na empresa Helisolda - Metalo- Mecânica, Unipessoal, Lda. NIPC e 544,55 na empresa Usosvariados Unipessoal, Lda NIPC , em 2012, 7.680,26 na empresa Helisolda - Metalo-Mecânica, Unipessoal, Lda. NIPC e 1.246,06 na empresa Metalomaganha Metalomecânica, Lda NIPC e em 2013 o valor de 4.797,75 na empresa Metalomaganha Metalomecânica, Lda NIPC B CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL Por aquilo que foi dado a conhecer à administradora de insolvência, nomeadamente, do teor da Petição Inicial, da reunião realizada com os insolventes bem assim dos elementos acarreados pelos insolventes no cumprimento do disposto no artigo 24º nº 1, alínea c) do CIRE, verifica-se que: Os Requerentes no ano de 2008 ficaram ambos em situação de desemprego ( ) em face dessa situação viram-se na contingência de entregar ao Banco Santander Totta, S.A. o imóvel cuja aquisição havia sido financiada por aquele banco. ( ) Por via de ter permanecido em dívida a quantia de (dezanove mil setecentos e oitenta e nove euros e cinco cêntimos) os devedores, em 23 de Novembro de 2010 assinaram um acordo de regularização de responsabilidades onde se previa o pagamento dessa quantia ( ) Porém ambos os devedores ficaram novamente em situação de desemprego e apenas o devedor marido com direito ao subsídio de desemprego, o que os impossibilitou e impossibilita de continuar a regularizar a dívida que tinham perante o banco. Da análise à Petição Inicial, a necessidade de requerer a insolvência pessoal vem associada às situações de desemprego dos insolventes, dado terão tais factos originado graves desequilíbrios financeiros no já débil orçamento do seu agregado familiar. Com efeito, perante a situação de desemprego dos insolventes, e o vencimento mensal da prestação a que se encontravam adstritos por força do crédito à habitação, aliada ainda às despesas correntes com a sua unidade familiar, é certo que os insolventes, não dispondo de poupanças, não lograram cumprir tais obrigações. Das informações recolhidas verifica-se que os insolventes, inconformados com a situação de incumprimento das obrigações, procederam, no sentido de inverter a sua situação financeira, à entrega à entidade bancária da habitação objecto do financiamento e à outorga de acordo de regularização de responsabilidades. 3/7

4 Todavia, confrontados com consecutivas situações de desemprego, e atentas as despesas inerentes ao seu agregado familiar, resulta, obviamente, a impossibilidade de os insolventes cumprirem com tais obrigações. Face à situação de desemprego de ambos, a situação económica daqueles é de facto grave, ao ponto de, conforme vem referido na P.I. os requerentes têm vindo a socorrer-se da família que se encontra financeiramente exaurida. Da análise ao passivo dos insolventes resulta, Pela análise às reclamações de crédito recepcionadas até à data verifica-se que o principal passivo dos insolventes emerge do financiamento obtido junto do Santander Totta com vista à aquisição da habitação dos insolventes. A razão de insolvência não aparenta assim estar na culpa pessoal dos insolventes, mas antes como corolário das situações antes descritas, comum a muitas das famílias portuguesas. CONCLUINDO, Da análise dos elementos constantes na petição inicial, bem como das diligências efectuadas pela administradora de insolvência, a situação de insolvência dos insolventes adveio, essencialmente, como corolário do incumprimento do contrato celebrado com a entidade bancária Santander Totta, S.A., tendo tal incumprimento a sua origem na situação de desemprego dos insolventes. Com efeito, o prolongamento da situação de desemprego contribuiu para a diminuição dos rendimentos do agregado familiar que, conjugada com as obrigações assumidas pelo financiamento, as despesas correntes da unidade familiar e os parcos rendimentos auferidos pelos insolventes, levou a que entrassem em incumprimento, culminando na presente declaração de insolvência. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDORES E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não têm contabilidade organizada) 4/7

5 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi apurado, decorrente das diligências encetadas e das buscas efectuadas no Serviço de Finanças, verifica-se que: 1. O insolvente marido encontra-se desempregado, auferindo um subsídio de desemprego no montante mensal de 485,00 euros; 2. A insolvente mulher encontra-se desempregada e sem direito a subsídio de desemprego; 3. Sob o ponto de vista de propriedade não é conhecido aos insolventes nenhum bem móvel ou imóvel; 4. Informaram ainda a AI que são beneficiários de um contrato de arrendamento celebrado a 8 (oito) de Junho de 2011 entre Domingos Almeida de Oliveira, primeiro titular, e Rita Sofia Ribeiro de Sousa Barreto, segundo titular, ( ) Não têm qualquer bem imóvel ou móvel (vivem em casa arrendada e mobilada) ; 5. Pelo que, actualmente, face à situação de desemprego dos insolventes e da inexistência de rendimentos por parte dos mesmos, para além do subsídio de desemprego do insolvente marido, não existe possibilidade de estes, através das suas receitas, fazerem face às suas obrigações; 6. É, pois, manifesta a insuficiência económica dos insolventes, porquanto não dispõem eles de quaisquer meios capazes de viabilizar e liquidar as suas dívidas vencidas. Consequentemente: I. Sem qualquer património passível de ser apreendido e integrado na massa insolvente, em benefício dos credores, os insolventes não dispõem de meios para fazer face aos créditos que venham a ser apurados. II. E a massa insolvente (inexistente) é insuficiente para a satisfação das custas do processo e das restantes dívidas da massa insolvente. CONCLUINDO, AI PROPÕE à Assembleia de Credores: a) Que, após a apreciação da exoneração do passivo restante, seja o processo encerrado por insuficiência da massa insolvente ao abrigo do disposto no artigo 232º do CIRE. 5/7

6 5. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Na petição inicial, vieram os insolventes requerer ao Tribunal que lhes fosse concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto nos artigos 235º e seguintes do CIRE. Para tal, declararam expressamente preenchem os requisitos dos artigos 236º e ss. para que lhes seja concedida a exoneração do passivo restante, dispondo-se ainda a observar todas as condições exigidas nos artigos 236º e ss do CIRE. Ora, a Signatária não tem conhecimento de que os insolventes se enquadrem em nenhuma das situações previstas no artigo 238º n.º 1 do CIRE. Salienta-se, no entanto, que os insolventes não estão obrigados a possuir contabilidade organizada, dado que não desenvolvem qualquer actividade em nome pessoal, o que dificulta todas as análises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efectuados. DESCRIÇÃO DAS ACTUAIS CONDIÇÕES DE VIDA DOS INSOLVENTES A AI procedeu, em , a visita ao imóvel que constitui a residência dos insolventes, tendo aferido o seguinte: Da Habitação: a) Os insolventes residem em imóvel arrendado mediante o pagamento de uma renda mensal no valor de 200,00 euros; b) O imóvel corresponde à fracção G correspondente ao 16/17 do prédio urbano localizado na Rua Mena Matos 16/17 1.º Dt.º da freguesia de Darque sob o artigo 2370, composto por sala, cozinha, 2 quartos, 1 WC e 1 corredor. c) Trata-se de imóvel de construção antiga, modesto, dispondo, no entanto, das condições mínimas de habitabilidade; d) Não foram vistos sinais exteriores de riqueza. Dos rendimentos: e) O insolvente marido encontra-se desempregado, auferindo subsídio de desemprego no montante mensal de 485,00 euros; f) A insolvente mulher encontra-se desempregada e sem direito a subsídio de desemprego; Do património: g) Não são conhecidos aos insolventes quaisquer bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo; 6. SENTIDO DE PARECER DE QUALIFICAÇÃO DE INSOLVÊNCIA Atenta a nova redacção do nº 1 do artigo 188º do CIRE, e dado que a AI não perspectiva, a curto prazo, obter factos novos, deixa, desde já, aqui expressa a sua opinião quanto ao sentido do parecer de qualificação da insolvência. 6/7

7 Desde logo, e dado que os insolventes não estão obrigados a possuir contabilidade organizada, o que dificulta todas as análises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efectuados, apenas os elementos juntos aos autos pelos insolventes, bem como os obtidos por indagação, serão aqui atendidos: a) Sempre que solicitado, os insolventes colaboraram com a Administradora de Insolvência; b) Não são conhecidas aos insolventes outras fontes de rendimentos para além do subsídio de desemprego auferido pelo insolvente marido; c) A situação de insolvência dos insolventes adveio, essencialmente, como corolário do incumprimento do contrato celebrado com a entidade bancária Santander Totta, S.A., tendo tal incumprimento a sua origem na situação de desemprego dos insolventes, d) A razão de insolvência não aparenta, assim, estar na culpa pessoal dos insolventes, mas antes como corolário das situações antes descritas, comum a muitas das famílias portuguesas; e) Pelo que não foram encontrados quaisquer factos que pudessem levar, pela dedução de causa e feito, à imputação na pessoa dos insolventes a sua insolvência como culposa, nomeadamente a ocorrência de quaisquer actos enquadrados no artigo 186º do CIRE. PEDE DEFERIMENTO, Muito atentamente A administradora de insolvência, Anexo: Lista provisória de credores 7/7