AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO NO VALE DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO, NO BIÊNIO 2012 E 2013

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1 AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO NO VALE DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO, NO BIÊNIO 2012 E 2013 Aildson Pereira Duarte (1, 2), Eduardo Sawazaki (2), Gisèle Maria Fatin (3), Edimilson Alves de Mello, Rita de Cássia Piedade (4), Mayara Silva Ponte (4), Vera Lúcia Nishijima Paes de Barros (5), Valdir Josué Ramos (5) e Angélica Prela Pântano (2) Introdução A região paulista do Vale do Paranapanema é uma das mais tradicionais de milho safrinha do Brasil, sendo cultivado desde o início da década de Esta região apresenta transição climática de inverno úmido para seco, com risco moderado de deficiência hídrica e geada. A maior frequência de seca ocorre na segunda quinzena de abril e no mês de maio, antes do florescimento do milho, que é semeado desde meados de fevereiro até o início de abril. A antecipação da época de semeadura e o lançamento de novos híbridos adaptados ao período de outono-inverno contribuíram para que a produtividade média do milho safrinha dobrasse e atingisse valores próximos de 6 t ha -1. Como o milho safrinha é cultivado em ampla extensão geográfica e diversidade de ambientes, a avaliação regionalizada das cultivares permite conhecer quais são as comprovadamente melhores. Atualmente, o milho transgênico Bt associado ou não a resistência aos herbicidas glifosato e/ou glufosinato de amônio é cultivado em mais de 90% das lavouras. É comum o mesmo híbrido ser comercializado com diferentes tecnologias transgênicas, demandando a avaliação da nova versão, que não é totalmente isogênica em relação a tecnologia anterior. O objetivo deste trabalho foi avaliar pelo 21º e 22º anos subsequentes e ininterruptos a adaptação produtiva de híbridos de milho no Vale do Paranapanema. Material e Métodos Os ensaios foram implantados nos municípios de Cândido Mota, Campos Novos Paulista, Capão Bonito, Cruzália, Ibirarema, Iepê, Itararé, Maracaí, Palmital e Pedrinhas Paulista, 1 Programa Milho IAC/APTA, Pólo Médio Paranapanema, Rodovia SP 333 Assis-Marília km 397, Caixa Postal 263, CEP Assis, SP. 2 Pesquisador Científico do Instituto Agronômico (IAC), Av. Theodureto de Camargo, 1.500, Campinas, SP. aildson@apta.sp.gov.br, sawazaki@iac.sp.gov.br e angelica@iac.sp.gov.br. 3 Pesquisador Científico do Instituto Biológico (IB), Rodovia Heitor Penteado km 3 Jardim Palmeiras, Caixa Postal 70, CEP Campinas, SP. gisele@biologico.sp.gov.br 4 Fundação de Apoio a Pesquisa Agrícola, Campinas, SP. ritapiedade@yahoo.com.br e mayara@apta.sp.gov.br. 5 Pesquiasadores Científicos da Apta Regional, Pólo Sudoeste Paulista, Rodovia Sebastião Ferraz de Camargo Penteado SP 250 km 232, Caixa Postal 62, Capão Bonito, SP. s: vpaes@apta.sp.gov.br e vramos@apta.sp.gov.br [1]

2 em 2012 e 2013, e em Itararé, em Nos anos 2012 e 2013 foram avaliadas, respectivamente, 50 e 39 cultivares, incluindo a variedade convencional AL Piratininga. Utilizou-se o delineamento estatístico de blocos casualizados com quatro repetições. As parcelas experimentais foram constituídas de quatro linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 80 cm, considerando-se para as avaliações agronômicas apenas as duas linhas centrais. Realizou-se a semeadura direta na palha em todos os locais, após a colheita da soja, durante o mês de março, utilizando o dobro de sementes da população de plantas. Adubaram-se todos os ensaios na semeadura com fórmulas NPK concentradas em nitrogênio (Tabela 1). Realizou-se a adubação de cobertura apenas nos ensaios de Itararé em 2012, Campos Novos Paulista em 2013 e Capão Bonito em 2012 e As sementes foram retiradas de embalagens comerciais com sementes e tratadas contra pragas de solo com o inseticida thiamethoxam, exceto quando vieram tratadas da indústria. Procedeu-se o desbaste até a terceira semana após a emergência, para obter a população inicial de plantas por hectare. Não foram aplicados inseticidas para controle de lagartas e fungicidas na parte aérea das plantas. O florescimento masculino foi avaliado considerando 50% das plantas com pendão liberando pólen. Calculou-se a proporção de grãos em espigas com palha (rendimento). A produtividade de grãos por hectare foi calculada corrigindo a umidade para 13%. Procedeu-se à análise de variância dos dados e a comparação das médias pelo Teste de Tukey (P<5%). Avaliaram-se também as doenças foliares nos locais onde estas ocorreram com intensidade suficiente para discriminar diferenças entre os tratamentos. Resultados e Discussão Ocorreram geadas em 2013, nos dias 7, 8 e 9 de maio em Itararé e no dia 24 de julho nos demais locais, que comprometeram totalmente a produtividade em Itararé e parcialmente nos experimentos semeados mais tardiamente (Capão Bonito, Cândido Mota e Palmital). Além disso, não choveu de maneira significativa (>5 mm) em toda região por aproximadamente 43 dias a partir de 15 de maio de 2013, reduzindo o potencial produtivo. Em 2012, o ambiente foi favorável ao desenvolvimento de doenças pela umidade elevada que predominou durante a maior parte do ciclo das plantas. Em 2013, a umidade manteve-se baixa, aumentando a partir do estádio de enchimento de grãos a grãos leitosos. As doenças que ocorreram com distribuição generalizada e maior severidade nos dois anos foram a queima de turcicum (Exserohilum turcicum), a mancha de Cercospora (C. zeae-maydis / C. zeina / C. sorghi var maydis), a mancha branca (Phaeosphaeria maydis) e, com baixa severidade, a mancha de Bipolaris (Bipolaris maydis). A ferrugem comum (Puccinia sorghi) ocorreu apenas em 2011, mas com baixa severidade. A produtividade média foi de 5,5 e 5,9 t ha -1 em 2011 e 2012, respectivamente. No último ano, os melhores (6 locais) e piores ambientes (3 locais) foram analisados em separado (Tabelas 2 e [2]

3 3), pois as geadas e as doenças comprometeram parcialmente o milho semeado tardiamente. Dos três experimentos conduzidos em ambiente menos favorável em 2013, apenas Palmital foi incluído na análise conjunta de dois anos. Em 2013, a diferença entre a produtividade média dos híbridos mais e menos adaptados foi mais acentuada nos piores ambientes em relação aos melhores (61 e 24%, respectivamente), ocorrendo o mesmo para os melhores híbridos em relação as variedades (130% e 56%). Como esta diferença de produtividade foi maior que entre os híbridos transgênicos avaliados no decêndio 2010 e 2011 (apenas 13%), se evidencia a melhor adaptação dos novos materiais avaliados na safrinha O híbrido DKB 310 PRO destacou-se na media dos ambientes favoráveis (Tabela 2), não diferindo pelo teste de Tukey a 5% do 2B512 PW, 30A16 Hx, 2B604 PW, 30S31 H, AS 1581 PRO e LG 6030 PRO. Em Ambientes desfavoráveis (Tabela 3), destacou-se o LG 6038 PRO que não diferiu do GNZ9688PRO, AG7098PRO, NS90PRO e RB9006PRO Os híbridos que destacaram em ambos ambientes foram DKB310PRO e AS1642 PRO. Tabela 1. Caracterização dos experimentos de milho safrinha desenvolvidos na região paulista do Vale do Paranapanema em 2012 e 2013 Quantidade de Nitrogênio. (2) S.A. = Sulfato de Amônio e N.A. = Nitrato de amônio. Na análise conjunta de dois anos, os híbridos 30A16 Hx, GNZ 9688 PRO, AS 1581 PRO e AG 7098 PRO tiveram as melhores produtividades (Tabela 4). Os híbridos mais produtivos foram 67% superiores a variedade AL Piratininga, com a ressalva que se trata de uma cultivar convencional sem a aplicação de inseticida para controle da lagarta-do-cartucho. No período 2006 a 2011, esta diferença variou entre 46% e 59%. [3]

4 Os híbridos que se destacaram foram resistentes ou medianamente resistentes as doenças já relatadas, pois não foram aplicados fungicidas foliares. A maioria dos materiais tiveram altos índices de plantas acamadas, que é um problema recorrente na região do Médio Paranapanema. Não foi possível associar a melhor adaptação produtiva com o ciclo das plantas, avaliado pelo florescimento ou pela umidade dos grãos na colheita, da mesma maneira que anos anteriores nesta região (Duarte et al., 2011). Tabela 2. Médias dos caracteres agronômicos dos híbridos transgênicos de milho safrinha avaliados sem aplicação de fungicida em 6 ambientes na região paulista do Vale do Paranapanema em 2013 Locais: Campos Novos Paulista, Cruzália, Ibirarema, Iepê, Maracaí e Pedrinhas Paulista. (2) Altura de planta e espiga, exceto em Campos Novos Paulista. (3) Plantas acamadas e quebradas, exceto em Campos Novos Paulista. (4) Dias após semeadura. (5) Teor de água nos grãos na colheita, exceto em Palmital. [4]

5 Tabela 3. Médias dos caracteres agronômicos dos híbridos transgênicos de milho avaliados sem aplicação de fungicida em 3 ambientes com geada na região paulista do Vale do Paranapanema em 2013 Locais: Cândido Mota, Capão Bonito e Palmital. (2) Plantas acamadas e quebradas. (3) Dias após semeadura. (4) Teor de águas nos grãos na colheita. [5]

6 Tabela 4. Médias dos caracteres agronômicos dos cultivares transgênicos de milho safrinha avaliados sem aplicação de fungicidas em 15 ambientes na região paulista do Vale do Paranapanema em 2012 e 2013 Locais: Cândido Mota (2012), Campos Novos Paulista, Cruzália, Ibirarema, Iepê, Maracaí, Palmital e Pedrinhas Paulista (2012 e 2013). (2) HS = híbrido simples; HT = híbrido triplo e V= variedade. (3) Altura de planta e espiga, exceto em Campos Novos Paulista (2013). (4) Plantas acamadas e quebradas, exceto em Campos Novos Paulista (2013). (5) Dias após semeadura. (6) Teor de água nos grãos na colheita, exceto em Palmital (2013). (7) Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Agradecimentos Os autores agradecem José Carlos Pugliezi e José Francisco dos Santos e Evaldo Pereira da Silva, do Programa Milho IAC/APTA, Apta Médio Paranapanema, em Assis, José Angelino de Paula e Oraci Barbosa Lopes, da APTA Regional Sudoeste Paulista, em Capão Bonito e Itararé, respectivamente, pela execução das atividades operacionais. Referências DUARTE, A.P.; SAWAZAKI, E.; FANTIN, G.M.; RAMOS JUNIOR, E.U.; MELLO, E.A.; PIEDADE, R.C.; SANTOS, F.; RAMOS, V.J. Avaliação de cultivares de milho safrinha convencional e transgênico no Vale do Paranapanema em 2010 e In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA. 11., Lucas do Rio Verde, Anais... Lucas do Rio Verde: ABMS e Fundação Rio Verde, p [6]