AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO NO PERÍODO DE ENTRESSAFRA, EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL: RESULTADOS DO ANO 2008
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- Gustavo Mangueira Castilhos
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1 AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO NO PERÍODO DE ENTRESSAFRA, EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL: RESULTADOS DO ANO 2008 Hércules Arce 1, Rômulo Darós 2, Cátia Cristina Braga Rodrigues 3 1. Introdução Atualmente, no Mato Grosso do Sul, o milho de entressafra é responsável por 77% da produção estadual, denominada de plantio extemporâneo ou safrinha, realizada após as semeaduras tradicionais (COGO,l992). O milho safrinha é conceituado como a cultura de sequeiro realizada extemporaneamente (fora do período normal), de janeiro a abril, em sucessão a uma cultura de primavera-verão (GERAGE et al.,1990). Ressalta-se que a época de safrinha está consagrada e, assim, todos os esforços devem ser direcionados para a maximização da eficiência produtiva (FANCELLI, 2001). Segundo Brunini (1997), as semeaduras realizadas no período da safrinha, após o mês de fevereiro, fazem com que a planta de milho desenvolva a maior parte de seu ciclo em meses cuja taxa de acúmulo térmico de desenvolvimento diário é muito baixa, resultando em alongamento do ciclo. Face à grande quantidade de variedades comerciais de milho, da rapidez da substituição desses materiais no mercado pelas empresas produtoras e da variabilidade de suas características agronômicas, técnicos e agricultores necessitam informações que os auxiliem na escolha correta de genótipos mais adequados às condições edafoclimáticas da sua região. Nesse aspecto, os programas de melhoramento devem 1 Eng. Agr. Mestre Pesquisador, AGRAER, Rodovia MS 080 Km 10, Campo Grande, MS, CEP: , E mail: arceagraer@gmail.com 2 Eng. Agr. Mestre Pesquisador, AGRAER, Rodovia MS 080 Km 10, Campo Grande, MS, CEP: ,. E mail: romulodaros@yahoo.com.br 3 Meteorologista Pesquisadora, CEMTEC/AGRAER, Rodovia MS 080 Km 10, Campo Grande, MS, CEP: ,E mail: catcrisrodrigues@gmail.com 256
2 procurar selecionar materiais para as condições prevalecentes nesse período de cultivo (GERAGE et al., 2001). De acordo com Duarte e Paterniani (1998), a adaptação de cultivares a uma determinada região produtora varia com a época de semeadura, de maneira que, em cultivos extemporâneos, as cultivares mais bem adaptadas não estão associadas com as da safra de verão. Darós et al. (1995) analisando o comportamento de cultivares de ciclos superprecoce, precoce e normal em diferentes épocas de semeadura em Mato Grosso do Sul, constataram que os materiais mais produtivos foram os de ciclos superprecoce e precoce, e que a melhor época para a semeadura do milho safrinha no estado é de início de fevereiro a 10 de março. Entretanto, os materiais apresentaram diferentes comportamentos nos diferentes locais nos quais foram avaliados, indicando a importância de testar-se o comportamento de novos materiais nas regiões de cultivo. Desta forma, este trabalho teve por objetivo avaliar a produtividade e outras características agronômicas de variedades de milho nas condições de safrinha. 2. Material e Métodos O experimento foi conduzido no município de Campo Grande, MS. O delineamento experimental utilizado foi o látice simples 6x6, com trinta e seis tratamentos e duas repetições. As parcelas experimentais foram constituídas de duas linhas de 4,0 m de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,90 m, e 0,20 m entre plantas. O ensaio foi implantado em área com ph superior a 5,0. A adubação de manutenção foi realizada manualmente no sulco de semeadura, na proporção de 12 a 15 kg/ha de N, 75 kg/ha de P 2 O 5 e 60 kg/ha de K 2 O. A adubação de cobertura foi realizada quando as plantas encontravam-se na fase de seis a oito folhas, sendo utilizado 60 kg/ha de N, na forma de sulfato de amônio. Quando as plantas apresentavam altura média de 20 cm e antes da adubação de cobertura, foi realizado o desbaste, normalmente após uma chuva, deixando-se em média cinco plantas por metro de linha de semeadura. A cultura foi mantida livre de competição com plantas daninhas, sendo para isso utilizados herbicidas em pré e/ou pós-emergência e capinas manuais durante o ciclo da cultura. As pragas foram controladas eficientemente todas as vezes que se fez necessário. O ensaio foi implantado em 04 de março de A data de emergência foi 10 de março. A adubação de cobertura foi feita em 03 de abril. A colheita foi realizada em 31 de julho de No período de condução do experimento (março a julho) a estação meteorológica do INMET localizada a 5 km do ensaio registrou um total de 494,16 mm de chuva. 257
3 A colheita foi realizada de forma manual quando os grãos atingiram teores de umidade entre 16 e 18%, tendo sido ajustados os dados de produtividade para 13%. Visando selecionar variedades com boa adaptabilidade e estabilidade de produção, foram avaliadas as seguintes variáveis: florescimento masculino(fl); altura de plantas (ap) e de espigas (ae); plantas acamadas (pac) e plantas quebradas (pqu); população final de plantas (sth) e produção grãos (prod) por hectare. Os resultados foram analisados por Análise de Variância e as médias foram comparadas por meio do teste de Duncan a 5% de probabilidade. 3. Resultados e Discussões Os resultados da análise de variância (Tabela 2) revelaram diferenças significativas entre os dezoito tratamentos que formam o grupo de rendimento acima da média obtida no ensaio, em relação aos demais, indicando a importância das diferenças genotípicas. O coeficiente de variação (cv) obtido foi de 19,3 % para rendimento de grãos, cuja produtividade média foi de kg/ha. Ressalta-se que a média obtida de kg/ha, em se tratando de variedades, é um resultado expressivo, pois os últimos registros de ensaios de híbridos duplos e simples modificado neste mesmo local, na safrinha de 2003, assinalaram média de kg/ha e o experimento com híbridos simples e triplo alcançou a média de kg/ha. Os resultados obtidos foram auspiciosos porque foi seguida a recomendação de plantio até 10 de março, conforme constatação de pesquisa (DARÓS et al., 1995). Observou-se um número expressivo de plantas acamadas e quebradas (Tabela 1), para as seguintes variedades: AL 30/40, AL Alvorada, AL Bandeirante, Sol da manhã, BRS Eldorado, MC 60, Missões, SC154 Fortuna, Fundacep 35, Fundacep 49, BR5011 Sertanejo e CMS 106. TABELA 1. Relação das variedades com as médias das variáveis avaliadas. AGRAER, Variedades(tr) fl (dias) ap (cm) ae (cm) pqa. + pqu sth (mil pl./ha) AL 30/40 (1) , prod (kg/ha) AL Piratininga(2) , AL Ipiranga(3) , Al Alvorada(4) , AL Bandeirante(5) , Sol da manhã(6) , continua 258
4 BRS Eldorado(7) , MC 20(8) , MC 60(9) , UFV 8(10) , UFV 7(11) , UFV 6(12) , SHS 3031(13) , SHS 3035(14) , BRS Planalto(15) , Missões(16) , SC154 Fortuna(17) , CEPAF 2(18) , Fundacep 34(19) , Fundacep 35(20) , Fundacep 49(21) , PC 0402(22) , IPR 114(23) , CPATC 4(24) , BR5011Sertanejo(25) , CMS 108(26) , BRS 2020(27) , CMS 109(28) , CMS 106(29) , BRS 4103(30) , CMS 101(31) , CMS Caimbé(32) , BR 473(33) , Bio 2(34) , CMS 111(35) , CMS 105(36) , Média C.V.(%) 19,3 Obs: tr= tratamento 259
5 TABELA 2. Análise de variância da produtividade, do ensaio avaliação de variedades, conduzido em Campo Grande- MS, safrinha Tratamento Variedade Produtividade (kg/ha) Grupo 27 BRS a 34 Bio a b 30 BRS a b c 17 SC 154 Fortuna a b c 21 Fundacep a b c 35 CMS a b c 20 Fundacep a b c 18 CEPAF a b c d 23 IPR a b c d 36 CMS a b c d 13 SHS a b c d 28 CMS a b c d e 31 CMS a b c d e 14 SHS a b c d e f 22 PC a b c d e f 26 CMS a b c d e f 4 AL alvorada a b c d e f 11 UFV b c d e f g 12 UFV b c d e f g 10 UFV b c d e f g 32 CMS Caimbé b c d e f g 9 MC b c d e f g 33 BR b c d e f g 16 Missões b c d e f g 24 CPATC b c d e f g 2 AL Piratininga b c d e f g 5 AL Bandeirante b c d e f g 3 AL Ipiranga c d e f g 19 Fundacep c d e f g 1 Al 30/ c d e f g 15 BRS Planalto c d e f g 29 CMS c d e f g 8 MC d e f g 7 BRS Eldorado e f g 6 Sol da Manhã f g 25 BR5011 Sertanejo g Obs: médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes. 260
6 4. Conclusões As variedades com maiores produções de grãos foram: Bio 2 (6.130Kg/ha), BRS 4103 (5.816 kg/ha), SC 154 Fortuna (5.636 kg/ha), Fundacep 49 (5.578 kg/ha), CMS 111 (5.478 kg/ha), Fundacep 35 (5.476 kg/ha), CEPAF 2 (5.453 kg/ha), IPR 114 (5.447 kg/ha), CMS 105 (5.446 kg/ha), SHS 3031 (5.288 kg/ha), CMS 109 (5.167 kg/ha), CMS 101 (5.009 kg/ha), SHS 3035 (4.904 kg/ha), PC 0402 (4.875 kg/ha), CMS 108 (4.844 kg/ha), AL Alvorada (4.809 kg/ha), UFV 7 (4.716 kg/ha) e UFV 6 (4.692 kg/ha), indicando adaptabilidade específica para as condições ambientais observadas. 5. Referências BRUNINI, O. Probabilidade de cultivo do milho safrinha no Estado de São Paulo. In: SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA DO MILHO SAFRINHA, 4., 1997, Assis. Resumos... Campinas: IAC/Centro de Desenvolvimento Agropecuário do Médio Vale do Paranapanema, p COGO, C. H. Perspectivas e tendências para o milho na região Sul e no Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 19., 1992, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: SAA SCT ABMS, l992. DARÓS, R; OLIVEIRA, M.D.X.; ARIAS, E.R.A. Milho Safrinha - Época de Semeadura e Ciclo de Cultivares. Comunicado Técnico, 21. Campo Grande-MS: EMPAER-MS, p. DUARTE, A.P.; PATERNIANI, M.E.A.G.Z. (Coord.) Cultivares de milho no Estado de São Paulo: resultados das avaliações regionais IAC/CATI/EMPRESAS 1997/98. Documentos IAC, 62. Campinas: Instituto Agronômico, p. FANCELLI, A.L. A cultura do milho safrinha. Fisiologia das plantas de milho em condições de safrinha. In: Seminário Nacional de Milho Safrinha, 6., 2001, Londrina. Anais... Londrina: IAPAR, FORNASIERI FILHO, D. A cultura do milho. Jaboticabal, FUNEP, p. GERAGE, A.C.; BIANCO, R. A. A produção de milho na safrinha. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.14, p.39-44, GERAGE, A.C. et al. A cultura do milho safrinha. Cultivares. In: Seminário Nacional de Milho Safrinha, 6., 2001, Londrina. Anais... Londrina : IAPAR, p IBGE. Milho 2a safra. Campo Grande, DIPEQ-MS. GCEA-MS, LSPA p. INMET. Normais Climatológicas 1961 a INMET. Brasília,
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