Efeito da população de plantas sobre características agronômicas de milho em Vitória da Conquista-BA 1
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1 Efeito da população de plantas sobre características agronômicas de milho em Vitória da Conquista-BA 1 Tânia G. Barbosa 2, Ana Paula F. Porto 3, Ramon C. de Vasconcelos 4, Diego Q. de Souza 5, Roney T. de Araujo 6 e Marcos R. S. de Almeida 7 1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa postal 95, Vitória da Conquista BA; 2 taniauesb@gmail.com; 3 apfporto@yahoo.com.br; 4 ramonagm@gmail.com; 5 diego.agron@gmail.com; 6 tadeucba@gmail.com; 7 marcosrsa26@yahoo.com.br RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar cultivares de milho sob diferentes populações de plantas. O experimento foi conduzido na estação experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da Conquista, de dezembro 2009 a Abril Avaliou-se três cultivares de milho: variedade AL Bandeirante, híbrido duplo AG 1051 e o híbrido duplo AG 2040 e quatro populações de plantas , , e pl ha -1. As avaliações foram realizadas em 5 plantas da área útil da parcela, onde se mediu altura de plantas (m), altura de espigas (m), diâmetro de colmo (cm) e diâmetro de espigas (cm). O experimento foi conduzido sob o delineamento experimental em blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 x 4 com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). Para as condições em que foi realizada esta pesquisa, pode-se concluir que a cultivar AG 1051 apresentou maior altura de plantas e de inserção de espigas, e maior diâmetro de espigas que as demais cultivares. De maneira geral as populações de plantas proporcionaram aumentos na altura de plantas e altura de inserção da espiga independentemente dos cultivares utilizados. O diâmetro de colmo foi influenciado de maneira inversa pela população de plantas. PALAVRA CHAVE: cultivar, potencial de produção, densidade de semeadura INTRODUÇÃO A região de Vitória da Conquista no ano de 2008 apresentou produtividade cerca de kg ha -1 de grãos (IBGE, 2008). Sua baixa produtividade se explica, em parte, pelo baixo nível tecnológico adotado pelos pequenos produtores da região e ainda, pelo manejo inadequado incluindo, fertilidade do solo, controle de plantas daninhas, controle de pragas e doenças, população de plantas, cultivar, disponibilidade hídrica etc. Duas formas de contornar esse problema, sem maiores custos adicionais ao produtor, são a escolha da cultivar e definição da população de plantas que melhor se adapte as condições regionais. Segundo Andrade (1995) a adaptabilidade de uma determinada cultivar depende de fatores edafoclimáticos favoráveis para que a mesma desempenhe o seu máximo potencial produtivo. 1709
2 O rendimento de uma lavoura de milho é o resultado do potencial genético da semente e do manejo da lavoura. De modo geral, o cultivar é responsável por 50% do rendimento final (CRUZ & PEREIRA FILHO, 2009). A população de plantas leva em consideração a finalidade (grãos secos, milho verde, ou silagem), a época de semeadura (antecipada, normal ou safrinha), o nível de adubação (alto, médio, baixo), o sistema de produção (sequeiro ou irrigado, plantio direto ou convencional) e as características do material de semeadura escolhido (FANCELLI & DOURADO NETO, 2004). A baixa população de plantas na semeadura é em parte responsável pela baixa produtividade de milho no Brasil. Na escolha da densidade ótima de semeadura deve-se levar em consideração, cultivar; disponibilidade de água e nutrientes; concorrência com plantas invasoras; destino do produto. A população ideal de plantas está relacionada com a finalidade da cultura (SILVA, 1992). A adaptabilidade variável observada entre diferentes genótipos sob diversos arranjos espaciais, certamente está associada à sua arquitetura foliar. O conceito atual de um genótipo moderno prevê a existência de um grande número de folhas acima da espiga, com lâminas eretas e pendentes na região mediana, aumentando a eficiência na utilização da energia radiante. Em geral, as folhas acima da espiga são responsáveis por cerca de 50 a 80% da massa seca acumulada nos grãos (FORNASIERI FILHO, 2000). Porém, Magalhães & Paiva (1993) ressaltam que, apesar da melhor interceptação de luz nesses genótipos modernos, muitos deles podem apresentar a limitação para a produção de grãos relacionada diretamente com sua habilidade em mobilizar e armazenar produtos fotossintetizados nos grãos e não na capacidade de produzir metabólitos (relação fonte/dreno), referindo-se ao modo de partição de fotoassimilados. Significa dizer que os sítios de atração e utilização de metabólitos (drenos), ao invés de sítios de produção (fontes), são os reais agentes limitantes da taxa de produção de massa seca. A execução desse trabalho justifica-se, pois busca obter informações sobre técnicas de manejo (cultivares e população de plantas) apropriadas ao cultivo do milho grão, contribuindo para que os produtores aumentem a produção e, conseqüentemente, a sua renda. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi estabelecer a relação de produtividade de grãos em função da população de plantas em três cultivares de milho em Vitória da Conquista. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na estação experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da Conquista, sob solo classificado como Latossolo Amarelo Distrófico A Moderado textura média relevo plano, no período de 01 de dezembro à 24 de Abril de Foram avaliadas três cultivares de milho: a variedade AL Bandeirante, de ciclo precoce, o híbrido duplo AG 1051 de ciclo semi precoce e o híbrido duplo AG 2040 de ciclo precoce e quatro populações de plantas , , e pl ha -1. O preparo do solo fez-se de forma convencional (aração e gradagem). Na semeadura, as sementes foram distribuídas manualmente nos sulcos, e vinte dias após a emergência das plântulas realizou-se o desbaste deixando 09, 16, 23 e 30 plantas 5m linear respectivamente. A parcela do experimento foi constituída de quatro linhas de cinco metros de comprimento espaçadas de 0,7m perfazendo 14m 2 de área útil da parcela, considerando a área útil, as duas linhas centrais. 1710
3 Para a recomendação de adubação, foi levada em consideração a análise de solo da área tendo como base a 5ª. aproximação de Minas Gerais (RIBEIRO et al., 1999). Foram realizadas adubações de fundação com 400 kg ha -1 do formulado 4(N) 14(P 2 O 5 ) 8(K 2 O). Quando as plantas atingiram entre a quarta e a sexta folha aberta (lígula visível), foi realizada a primeira adubação de cobertura com aplicação de 200 kg ha -1 do formulado 20 (N) 00 (P 2 O 5 ) 20 (K 2 O). Na segunda adubação de cobertura, quando as plantas apresentaram a oitava folha aberta, foram aplicados 100 kg ha -1 de Uréia fertilizante. Complementarmente, foi aplicado o fertilizante mineral foliar com a seguinte composição (%) solúvel em água: 19(N); 19( P 2 O 5 ); 19 (K 2 O); 0,07 (B); 0,05 (Cu); 1(Fe); 0,05(Mn); 0,01 (Mb); 0,25(Zn). Os tratos culturais e o controle de pragas foram realizados de acordo com a necessidade da cultura. O controle das pragas lagarta rosca e da lagarta do cartucho foi realizado aos 10 e aos 35 dias após a semeadura com o produto comercial DECIS, na dosagem de 200 ml ha -1. O controle de plantas daninhas foi realizado semanalmente a partir dos 7 dias após a emergência, por meio da capina manual. As avaliações foram baseada em 5 plantas da área útil da parcela. Para a altura de plantas as mesmas foram medidas do solo a inserção da folha bandeira com régua graduada em centímetros e os dados encontrados foram convertidos em metro, altura de espigas foi realizada com régua graduada em cm e os dados encontrados foram convertidos em metro, diâmetro do colmo realizada abaixo da inserção da primeira espiga, com auxílio de paquímetro e os dados encontrados convertidos em (cm), diâmetro de espiga realizada com paquímetro e os dados encontrados convertidos em (cm). O experimento foi conduzido sob o delineamento experimental em blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 x 4, sendo os três cultivares (AL Bandeirante, AG 1051 e AG 2040) e os quatro populações de plantas (25.000, , e pl ha -1 ) com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando a mesma foi significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios para altura de planta, altura de espiga, diâmetro do colmo e diâmetro de espiga em três cultivares de milho estão apresentados na tabela 1. Tabela 1. Valores médios para altura de planta, altura de espiga, diâmetro do colmo e diâmetro de espiga em três cultivares de milho. UESB, Vitória da Conquista BA, Cultivar Altura de Altura de Diâmetro do Diâmetro de Planta (m) Espiga (m) Colmo (mm) Espiga (mm) AL Bandeirante 2,15b 1,23b 17,7a 48,3b AG ,30a 1,44a 16,8b 51,2a AG ,16b 1,12c 18,2a 48,1b Média 2,20 1,26 17, 6 49,2 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade A cultivar AG1051 apresentou médias superiores às demais para as características altura de planta, altura de espiga e diâmetro de espiga. A cultivar AG 2040 apresentou equivalência a cultivar AL Bandeirante, exceto para a característica altura de espiga, em que esta obteve melhor resultado que a AG As cultivares, AL Bandeirante e AG 2040 que são consideradas precoces, apresentaram menor desenvolvimento da planta, com a fase vegetativa mais curta, por 1711
4 demandar uma menor quantidade de graus-dia para florescer. Estes resultados corroboram com os obtidos por Oliveira (1990), que observou que materiais precoces apresentam menor altura de plantas, quando comparados a materiais mais tardios. A figura 1 apresenta a equação de regressão para os valores de altura de plantas em função das diferentes populações. Altura de plantas (m) 2,32 2,30 2,28 2,26 2,24 2,22 2,20 2,18 2,16 2,14 2,12 2,10 Ŷ = 2, ,000001x + 0, x 2 R 2 = 0, População (pl.ha -1 ) Figura 1. Valores médios de altura de plantas submetidas a quatro populações de plantas. UESB, Vitória da Conquista, 2010 Foi verificada relação quadrática significativa e positiva entre os valores de população de plantas e a altura de plantas, sendo o coeficiente de determinação de 90 %. Na população de pl ha -1 a altura de plantas foi de 2,30m, enquanto na população menor, de pl ha -1 a altura de plantas foi de 2,12m. Dados semelhantes foram encontrados por Vilmar & Simone (2007) em experimento com híbrido P3050, espaçamento 0,7m, a medida que aumentou a população de pl ha -1 para pl ha -1 aumentou a altura de plantas de 2,74m para 2,77m, respectivamente.na população de plantas ha -1, 2,12m foi a média de altura de plantas, enquanto para a população maior, pl ha -1 foi de 2,30m. Isto pode ser explicado pelo auto-sombreamento entre plantas promovido pela maior densidade, que favoreceu a planta a alongar mais em busca de luminosidade, já que esta é um fator importante na fabricação de fotoassimilados. A figura 2 apresenta a equação de regressão para os valores de altura de espiga em função das diferentes populações. 1712
5 Altura de espiga (m) 1,40 1,35 1,30 1,25 1,20 Ŷ = 1, ,000002x + 0, x 2 R 2 = 0,9005 1, População (pl.ha -1 ) Figura 2. Valores médios de altura de espiga submetidas a quatro populações de plantas. UESB, Vitória da Conquista, 2010 O mesmo comportamento foi observado para a característica altura de espigas. Como as plantas cresceram mais, com o aumento da população, as espigas se inseriram em pontos mais altos. Foi verificada relação quadrática significativa e positiva entre os valores de população de plantas e a altura de plantas, sendo o coeficiente de determinação de 90 %. Na população de pl ha -1 a altura de espiga foi de 1,37m, enquanto na população menor, de pl ha -1 a altura de espiga foi de 1,18m. Dados semelhantes a estes foram encontrados por Vilmar & Simone (2007) onde no espaçamento de 0,7m à medida que aumentou a população de pl ha -1 para pl ha -1 aumentou a altura de inserção da espiga de 1,38m para 1,42m no híbrido P30R50. A figura 3 apresenta a equação de regressão para os valores de diâmetro do colmo em função das diferentes populações. Foi verificada relação quadrática significativa e negativa entre os valores de população e diâmetro do colmo, sendo o coeficiente de determinação de 99,81 %. Diâmetro de colmo (mm) Ŷ = 26,424-0,0003x + 0, x 2 R 2 = 0, População (pl.ha -1 ) Figura 3. Valores médios de diâmetro de colmo submetidas a quatro populações de plantas. UESB, Vitória da Conquista,
6 Na população de pl ha -1 o diâmetro do colmo foi de 17mm, enquanto que na população de pl ha -1 foi de 22mm, ou seja, à medida que se aumentou a população, diminuiu o diâmetro do colmo. Esses resultados estão de acordo com Dourado Neto et al (2003) a redução da população de plantas, independentemente dos genótipos e espaçamentos utilizados, resulta em aumento no diâmetro do colmo. Segundo Fancelli & Dourado Neto (1996) a competição por luz em plantios densos resulta em plantas maiores e com menor diâmetro de colmo e menor ganho de massa seca. Esse padrão de comportamento é denominado cooperativa, ou seja, as plantas mais baixas procuram alcançar as mais altas, para competir em condições de igualdade, o que resulta em colmos com menor diâmetro e mais leves. CONCLUSÃO Para as condições em que foi realizada esta pesquisa, pode-se concluir que a cultivar AG 1051 apresentou maior altura de plantas e de inserção de espigas, e maior diâmetro de espigas que as demais cultivares. De maneira geral as populações de plantas proporcionaram aumentos na altura de plantas e altura de inserção da espiga independentemente dos cultivares utilizados. O diâmetro de colmo foi influenciado de maneira inversa pela população de plantas. LITERATURA CITADA CRUZ, J. C; PEREIRA FILHO, I. A; EMBRAPA MILHO E SORGO. SISTEMA DE PRODUÇÃO, 2 Versão Eletrônica - 5 ª edição Set./2009. Disponível em acesso em 24 maio 2010 DOURADO NETO, D., PALHARES, M., VIEIRA, P. A, MANFRON, P. A, MEDEIROS, S. L. P, ROMANO, M. R.: EFEITO DA POPULAÇÃO DE PLANTAS E DO ESPAÇAMENTO SOBRE A PRODUTIVIDADE DE MILHO. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.2, n.3, p.63-77, 2003 FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de Milho. Guaíba. Agropecuária. 2004, 2ª edição 360p. FANCELLI, AL.; DOURADO NETO, D. Milho: fisiologia da produção. In: Seminário sobre fisiologia e manejo de água e manejo de água e de nutrientes na cultura do milho de alta produtividade. Piracicaba: Potafos, p.9-12, FERREIRA, D. F. Sisvar Disponível em: FORNASIERI FILHO, D. A cultura do milho. Jaboticabal: Funep, IBGE. disponível em acesso em 24 maio 2010 JOHNSON, G.A.; HOVERSTAD, T.R.; GREENWALD, R.E. Integrated weed 1714
7 management using narrow corn row spacing, herbicides, and cultivation. Agronomy Journal, v. 90, n. 1, p , MAGALHÃES, P.C.; PAIVA, E. Fisiologia da produção de milho. In: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Recomendações técnicas para o cultivo do milho. Brasília: EMBRAPA,SPI p OLIVEIRA, M.D.X. Comportamento da cultura do milho ( Zea mays L.) em diferentes épocas de semeadura nas regiões centro norte de Mato Grosso do Sul p. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras, MG. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, T.G.; ALVAREZ V., V.H. (editores). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes Minas Gerais - 5ª Aproximação. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais Viçosa, MG, p. : il. SILVA, P. R. F. Densidade e arranjo de plantas em milho. XIX Congresso Nacional de Milho e Sorgo. Conferências. Porto Alegre RS, MOLIN, R. Espaçamento entre linhas de semeadura na cultura de milho. Castro: Fundação ABC para Assistência e Divulgação Técnica Agropecuária, p. PEREIRA, R.S.B. Caracteres correlacionados com a produção e suas alterações no melhoramento genético do milho (Zea mays L.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26. p , VILMAR, T. P; SIMONE, T. M: Influência da população de plantas e espaçamento entre linhas na produtividade do milho, 2007, Faculdade Assis Gurgacz. 1715
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