Simulado ENEM: Linguagens

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1 Simulado ENEM: Linguagens

2 Textos para as questões 1 e 2: Texto I 1. Epílogo Que falta nesta cidade?...verdade Que mais por sua desonra?...honra Falta mais que se lhe ponha...vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha. Quem a pôs neste socrócio?...negócio Quem causa tal perdição?...ambição E o maior desta loucura?...usura. Notável desventura de um povo néscio, e sandeu, que não sabe, que o perdeu Negócio, Ambição, Usura [...] (Gregório de Matos / ) Texto II Quando vai acabar a corrupção no Brasil? Enviado por Jornal de Debates em 17. Maio :00

3 Segundo o relatório do Bando Mundial Bird, divulgado terça-feira (10), que mede o desempenho governamental de 212 países, o Brasil alcançou seu pior índice de controle de corrupção dos últimos 10 anos. Na escala que vai de 0 a 100, o país chegou a 47,1%, em Em 2000, o Brasil tinha 59,7%. O documento mede a extensão em que o poder público é usado para ganhos privados, incluindo pequenas e grandes formas de corrupção, e se baseia em pesquisas sobre a importância da governabilidade e seu impacto no desenvolvimento do país. Países como Argélia, Angola, Líbia, Ruanda e Serra Leoa apresentaram avanços na luta pela corrupção. O Jornal de Debates pergunta: quando vai acabar a corrupção no Brasil? Fonte: Questão 1 É próprio do poeta Gregório de Matos, em suas críticas mordazes, denunciar a corrupção política e religiosa da Bahia do século XVII. No poema de Gregório de Matos, essa crítica é expressa por meio de linguagem: (A) denotativa, para evidenciar a desordem que habitava na Bahia e a ausência de atitudes políticas moralizadoras. (B) referencial, para criticar a crença no demônio, cuja fama justificava os desmandos políticos. (C) rebuscada, por ser tratar de literatura barroca. (D) hiperbólica, principalmente quando focaliza o povo omisso. (E) simples, porém expressiva na utilização de eufemismos para delinear o fazer poético do eu - lírico. Resposta: A Nesse poema, o eu - lírico denuncia aberta e claramente toda a desordem e corrupção existentes na Bahia (denominada cidade ainda), por isso uma linguagem denotativa, ou seja, não simbólica, apresentado identidade entre significado e significante, permitindo apenas uma interpretação.

4 A alternativa B não o seria porque a função referencial não é encontrada por tratar-se de um poema e não de uma notícia de jornal, além do mais, o eu - lírico não atribui ao demônio as mazelas da sociedade baiana, e sim à política não-confiável e ao povo omisso. A alternativa C também não caberia porque, apesar de constituir-se um poema barroco, não apresenta uma linguagem rebuscada. A linguagem rebuscada é uma das pistas para que se reconheça o estilo barroco, mas não obrigatória em TODAS as composições barrocas. Assim também como encontraremos o rebuscamento em outras escolas literárias. A alternativa D não seria adequada por não se tratar de exageros, mas sim de um fato constatado. Há uma crítica ácida, porém não se caracterizaria casos de hipérbole. A alternativa E também não caberia como resposta porque não há utilização de eufemismos, mas sim um extravasamento claro da visão política do poeta em relação à Bahia. Questão 2 Os textos citados são de épocas bem diversas. Considerando-se Epílogo de Gregório de Matos (poeta barroco), escrito no século XVII, e o texto sobre a corrupção no Brasil, pode-se afirmar que: (A) O texto de Gregório é uma crítica aos desmandos políticos provenientes da falta de compromisso dos governantes, sempre favorecidos pelas falcatruas e os homens comuns, que não reagem e permitem esse estado de coisas. No texto do Jornal de Debates, demonstra-se o pior índice de controle de corrupção do Brasil. E tal fato aponta outro: os políticos perderam o medo da intolerância popular. (B) As sociedades aprendem com seus erros através das experiências de modo muito rápido. E tal fato fica evidente no texto II. (C) O texto do Jornal de Debates mostra especialmente uma época atípica na política brasileira, já que todos os representantes do povo desde a época de Gregório de Matos fazem jus aos seus cargos políticos. (D) Embora os dois textos apresentem temas semelhantes, o texto do Jornal de Debates é mais enfático quanto aos desmandos políticos ao questionar o término da corrupção no Brasil.

5 (E) Os homens, desde o século XVII, aplicam a Lei e em conseqüência disso, houve uma diminuição gradual na corrupção política do país. Resposta: A A alternativa A apresenta uma análise dos dois textos e ainda aponta para outra circunstância considerada perigosa no meio político: a ausência de medo da intolerância popular, uma vez que as sindicâncias são abertas sem retorno plausível para o povo. Ou seja, nesse caso, o aluno também precisa inferir uma informação que não está claramente explícita no texto II. A alternativa B seria incoerente porque um dos objetivos da apresentação dos dois textos é demonstrar que nada mudou em termos de politicagem e mazelas, ou seja, os desmandos do passado não foram utilizados para uma educação política consciente por parte do povo. A alternativa C chega a apresentar um tom irônico, uma vez que aponta exatamente o oposto das ideias presentes em ambos os textos. A situação não é atípica, mas sim presente em quase todo o decorrer da História do Brasil. A alternativa D também não caberia como resposta porque os dois textos são bastante enfáticos, mas um é poético e o outro jornalístico. E, apesar de o texto do poeta não formular a pergunta diretamente, pode-se entrever o mesmo questionamento: vai ficar assim mesmo? Nada vai mudar? Até quando? A alternativa E também seria inaceitável porque apresenta uma situação utópica na História política do país: um funcionamento eficaz da justiça em relação à corrupção ocasionando uma diminuição na mesma. Questão 3 Texto III: Jota: Rio de Janeiro, 16 de setembro de Desculpe, desculpe mesmo, por não ter ido à sua festa de despedida. Deu tudo errado naquele dia. Primeiro, meu cachorrinho passou mal. Eu fiquei muito nervosa. Depois tive de

6 levar minha tia, a mais querida, até a estação rodoviária. Nem bem cheguei lá, caiu aquele temporal que você viu. A cidade alagou. O trânsito parou. Tive de esperar mais de quatro horas por uma condução, um horror! Quando cheguei em casa, toda molhada, era bem tarde. Ainda tentei, mas meus pais me convenceram de que era uma loucura sair com aquele tempo e naquela hora. Mas seu presente está bem guardado, esperando ansioso a sua volta do Sul. Já estou morrendo de saudades. Beijos, Bê. (A) A intenção de Bê é apenas apresentar os fatos. (B) Bê usa os fatos para desculpar-se por ausência na festa de despedida. (C) As razões apresentadas por Bê não envolvem uma sequência de fatos, mas de aspectos, características. (D) A frase Deu tudo errado naquele dia apresenta uma afirmação específica no restante do texto. (E) Os motivos que impediram Bê de ir à festa de despedida do amigo não chegam a ter tom persuasivo. Gabarito: B A questão requer que o aluno perceba dois pontos: a sequência de fatos veiculada no texto e que essa sequência prova que a impossibilidade de Bê não ter ido à festa de despedida de Jota é totalmente plausível. Bê usou muito bem os argumentos para sua desculpa, ou seja, fundamentou o motivo da sua ausência. Questão 4 Texto IV São Paulo, 20 de maio de Prezado senhor presidente da Associação de Moradores,

7 Gostaria de manifestar a minha indignação ante à sua recusa a abrigar as aulas de alfabetização de adultos na sede da associação. É sabido que grande parte dos moradores de nossa região tem escolaridade reduzida e que essa limitação educacional lhe traz sérias dificuldades socioeconômicas. Dado que as aulas são ministradas gratuitamente, a associação teria, a meu ver, a obrigação de receber as turmas, mesmo que elas não possam pagar pela locação do espaço. Fonte: Guia do estudante, editora Abril, Os textos acima estão na mesma modalidade - a carta. Em relação à estrutura seguem o mesmo modelo: data, destinatário, desenvolvimento. É correto afirmar: (A) Ambos textos, como possuem um destinatário identificado, possuem tom íntimo, pessoal. (B) As marcas de discurso falado são características marcantes dos dois textos. (C) Embora o primeiro texto apresente praticamente linguagem oral, segue perfeitamente as regras gramaticais. (D) O segundo texto é rigorosamente cerimonioso, ou seja, rigoroso na observância das regras de polidez. (E) O primeiro texto possui características marcantes de uma carta cerimoniosa ou comercial. Resposta: D Apenas o primeiro texto possui um tom íntimo. O segundo é cerimonioso. Pode-se perceber isso pelo vocativo prezado senhor presidente. O tom é totalmente formal. Questão 5 Texto V Risque Ary Barroso Risque Meu nome do seu caderno

8 Pois não suporto o inferno Do nosso amor fracassado Deixe Que eu siga novos caminhos Em busca de outros carinhos Matemos nosso passado Mas, se algum dia, talvez, a saudade apertar Não se perturbe, afogue a saudade Nos copos de um bar Creia Toda a quimera se esfuma Como a brancura da espuma Que se desmancha na areia Há na composição acima uma clara idéia de oposição que se pode entender como um divisor de águas de todo o texto. Isso está patente nos seguintes versos: (A) Pois não suporto o inferno / Do nosso amor fracassado (B) Deixe / Que eu siga novos caminhos (C) Mas, se algum dia, talvez, a saudade apertar / Não se perturbe (D) Toda a quimera se esfuma / Como a brancura da espuma (E) Que se desmancha na areia Resposta: C A terceira estrofe mostra uma quebra em relação às primeiras. Por quê? As duas primeiras mostram um amor que se quer apagado, as últimas mostram que esse amor pode ser reavivado (mas, se algum dia, a saudade apertar).

9 Textos para as questões 6 e 7: Texto VI Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? (Cecília Meireles) Texto VII Não Vou Me Adaptar Eu não caibo mais Nas roupas que eu cabia Eu não encho mais A casa de alegria Os anos se passaram Enquanto eu dormia E quem eu queria bem Me esquecia...

10 Será que eu falei O que ninguém ouvia? Será que eu escutei O que ninguém dizia? Eu não vou me adaptar Me adaptar... Eu não tenho mais A cara que eu tinha No espelho essa cara Não é minha Mas é que quando Eu me toquei Achei tão estranho A minha barba estava Desse tamanho... (Arnaldo Antunes) Questão 6 Em ambos os textos pode-se afirmar que: (A) O eu-lírico focaliza a transitoriedade e fugacidade do tempo. (B) O primeiro apresenta um tom alegre, enquanto o segundo apresenta-se melancólico. (C) O eu-lírico sofre transformações estão apenas no plano físico. (D) Enquanto o primeiro focaliza a passagem da adolescência para a vida adulta, o segundo focaliza a passagem da vida adulta para a morte. (E) O ser humano não se dá conta dos estágios de desenvolvimento pelos quais passa. Resposta: A

11 Comentários: o aluno precisa ter uma visão do todo e perceber que a alternativa A abrange todos os aspectos apontados em ambos os textos, sejam lá no campo físico ou emocional, passagem da vida adulta para a velhice ou da infância para adolescência. A alternativa B apresenta justamente o oposto; enquanto o texto III é mais denso o texto IV é mais leve, ou seja, utiliza uma linguagem mais descontraída. A alternativa C está completamente errada. Em ambos os textos, as transformações psicológicas estão presentes, tais como: rosto calmo, triste (Texto III), eu não encho mais a casa de alegria (texto IV). A alternativa D também não satisfaz porque o texto III focaliza a passagem da vida adulta para a velhice, enquanto o texto IV foca a passagem da infância para a adolescência. A alternativa E está incorreta porque em ambos os textos as mudanças são percebidas pelo eu lírico. Questão 7 No plano da linguagem, os textos: (A) Conferem legitimidade à diversidade lingüística, levando-se em consideração os estilos de época e individual. (B) São semelhantes por conta do rebuscamento poético. (C) São completamente diferentes devido à tipologia textual. (D) Lançam mão de metáforas, antíteses e paradoxos, tão presentes nas composições poéticas. (E) Apresentam gradação que, por sua vez, sugerem a passagem do tempo. Gabarito: A Mais uma vez, recorre-se à capacidade de globalização (visão do todo) do aluno no sentido de perceber que a alternativa A cobre a questão sob todos os aspectos, ou seja, se forem considerados os estilos de época e individual, ocorre a legitimação da diversidade linguística, uma vez que Cecília Meireles apresenta uma poesia mais elaborada com heranças tradicionais - e Arnaldo Antunes é um autor contemporâneo.

12 A alternativa B não satisfaz porque o rebuscamento poético não está presente no texto de Arnaldo Antunes. A alternativa C está incorreta porque ambos os textos são apresentados em forma de poema. A alternativa D está incorreta porque as figuras mencionadas estão presentes nos textos, com exceção do paradoxo. A alternativa E não satisfaz porque a presença da gradação é claramente percebida no texto de Cecília Meireles, e ausente no texto de Arnaldo Antunes. Questão 8 Texto VIII O Homem Nu Fernando Sabino Ao acordar, disse para a mulher: Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. Explique isso ao homem ponderou a mulher. Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar amanhã eu pago. Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal

13 seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento. Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos: Maria! Abre aí, Maria. Sou eu chamou, em voz baixa. Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro. SABINO, Fernando. O homem nu. Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65. O texto acima apresenta um tom de fábula no sentido que nos deixa uma lição de moral ( a moral da história ). (A) Quem avisa amigo é. (B) O feitiço vira contra o feiticeiro. (C) Água mole em pedra dura, tanto bate que acaba a água. (D) Ninguém diga: desta água não beberei. (E) Malandro demais se atrapalha. Resposta: B O que o protagonista da história tentou fazer com o cobrador da prestação da televisão aconteceu com ele mesmo. Por isso, a opção é a letra B, em que há o adágio: o feitiço vira contra o feiticeiro, ou seja, aquilo que eu projeto de mal para os outros pode ser revertido para mim mesmo. Questão 9 O período no qual se encontra circunstância adverbial, assim como em Bateu com o nó dos dedos encontra-se:

14 (A) Quando ele vier, a gente fica quieto. (B) Mal o seus dedos, porém, tocavam o pão. (C) Deixado pelo carteiro. (D) Impulsionada pelo vento. (E) Olhou com cautela. Resposta: E A expressão em destaque possui ideia de modo. De repente, pode-se até surgir a dúvida de que nó dos dedos apresenta idéia de instrumento, o que pode ser perfeitamente entendido se notarmos que a ideia de instrumento abarca também uma ideia de modo. A expressão que apresenta essa mesma ideia é com cautela (mostra o modo como o protagonista olhou). Questão 10 Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. (A) O período destacado introduz uma idéia de conformidade na oração. (B) O período destacado introduz uma idéia de comparação na oração. (C) O período destacado introduz uma idéia de causa. (D) O período destacado introduz uma idéia de consequência. (E) O período destacado introduz uma idéia de concessão. Resposta: C A oração em destaque apresenta o motivo daquilo que se afirmou na oração principal. O período funciona, então, como adjunto adverbial de causa da oração principal.