Vulnerabilidade e Risco das Águas Subterrâneas
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- Maria Laura Stachinski Câmara
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1 Vulnerabilidade e Risco das Águas Subterrâneas A análise da vulnerabilidade natural associada às águas subterrâneas está baseada em dois aspectos de grande relevância: a estimativa de sua disponibilidade e o potencial de contaminação das reservas hídricas. Assim como ponderado na abordagem das águas superficiais, a disponibilidade águas subterrâneas é de extrema significância ambiental não somente sob a ótica da preservação do meio, mas também no tocante à possibilidade de suprir de forma confiável e sustentável os diversos interesses sociais e econômicos. Quanto ao potencial de contaminação, diferentemente das águas superficiais, a contaminação das águas subterrâneas pode se dar de forma bem mais lenta, variando em função do nível de permeabilidade do meio hidrogeológico e da profundidade do aquífero. Por vezes, só é detectada muito tempo após a ação poluidora. Destaque deve ser dado às águas subterrâneas pela sua importância estratégica de convivência com a seca, uma vez que, em muitas regiões, é a única fonte capaz de conter reservas capazes de proporcionar incremento de oferta para abastecimento associados às finalidades básicas de manutenção da vida. Metodologia Neste estudo, a vulnerabilidade natural dos recursos hídricos é avaliada em função da maior ou menor disponibilidade natural, sendo consideradas áreas mais vulneráveis aquelas que apresentaram menor disponibilidade. A caracterização da disponibilidade natural para as águas subterrâneas foi estabelecida com base na lâmina de reposição da reserva renovável dos aquíferos, cuja conceituação foi obtida a partir do Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH (SRH, 2004), que apresenta dados de reserva permanente, reserva reguladora, potencialidade, disponibilidades virtual, efetiva e atual, calculada com base nas Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA), e por unidade de balanço, adotando-se a metodologia criada por Waldir Duarte Costa, Os parâmetros hidrogeológicos utilizados para quantificar as reservas hídricas subterrâneas e respectivos conceitos, de acordo com a metodologia empregada nos referidos estudos, são: Reserva Permanente (RP): é definida como o volume hídrico acumulado no meio aquífero, em razão da porosidade eficaz e do coeficiente de armazenamento, não variável em decorrência da flutuação sazonal da superfície potenciométrica. Reserva Reguladora (RR): corresponde ao volume hídrico acumulado no meio aquífero, em virtude da porosidade eficaz ou do coeficiente de armazenamento e variável anualmente em decorrência dos aportes sazonais de água superficial, do escoamento subterrâneo e dos exutórios. Inclui, eventualmente, uma parcela das reservas permanentes, passíveis de serem explotadas, com descargas constantes durante um determinado espaço de tempo. Potencialidade (P): corresponde ao volume hídrico que pode ser utilizado anualmente, incluindo eventualmente uma parcela das reservas permanentes, passíveis de serem explotadas, com descarga constante, durante um determinado período de tempo. Disponibilidade Virtual (DV): é a parcela que pode ser aproveitada anualmente da potencialidade. Corresponde à vazão anual passível de ser extraída do aquífero sem que se produzam efeitos indesejáveis de qualquer ordem. Disponibilidade Efetiva (DE): é o volume anual passível de explotação através das obras de captação existentes, com base na vazão máxima de explotação num regime de bombeamento de 24 horas diárias, em todos os dias do ano. 13 Avaliação de Reservas, Potencialidade e Disponibilidade de Aquíferos. Waldir Duarte Costa, 1991.
2 Disponibilidade Atual (DA): corresponde ao volume anual atualmente explotado nas obras existentes, geralmente inferior à disponibilidade efetiva instalada. Via de regra, sobretudo em obras privadas, as vazões captadas são inferiores à vazão ótima e ao regime de bombeamento, que dificilmente ultrapassa 8h/24h, sendo até mesmo comum o uso em dias descontínuos. A estimativa dos volumes acima mencionados está definida a partir do uso de um conjunto de parâmetros hidrogeológicos que varia de acordo com o tipo de sistema onde as reservas estão concentradas. Tendo em vista a falta de uma distribuição espacial mais regular e consistente de poços tubulares no estado da Bahia utilizados para o cálculo da disponibilidade, bem como, a falta ou deficiência de dados hidrodinâmicos dos poços cadastrados 14, nesta estimativa, para efeito dos conceitos adotados, também foram consideradas as características dos domínios e subdomínios hidrogeológicos, extraídas do Mapa de Domínios e Subdomínios Hidrogeológicos do Brasil (CPRM, 2007). A disponibilidade natural de água subterrânea foi estimada com base na disponibilidade virtual. Corresponde à vazão anual passível de ser extraída do aquífero sem que se produzam efeitos indesejáveis e riscos de prejuízo ao manancial, sem jamais exceder a valores efetivos das reservas renováveis ou reguladoras (quantidade de água livre armazenada no aquífero, que é renovada a cada período anual, correspondendo à sua recarga). Assim, a variável que expressa o indicador disponibilidade natural de água subterrânea, adotada no ZEE, foi a lâmina de água explotável, considerando os domínios hidrogeológicos. Para fins deste estudo, definiu-se que os recursos explotáveis representam apenas uma parcela das reservas reguladoras, considerando-se que uma explotação cujo volume seja igual à recarga total do sistema acabaria por influenciar o regime de vazões mínimas do escoamento superficial. Neste caso, adotou-se normalmente uma faixa entre 25 e 40% das reservas renováveis, tendo sido definido para fins do ZEE um valor conservador de 25% da reserva renovável como reserva explotável, a fim de manter aproximadamente 75% do escoamento de base nos corpos d água superficiais na época de estiagem. Desta forma, foram obtidos os valores anuais a serem explotados. A estimativa do volume de água da reserva explotável dos aquíferos foi realizada integrando-se, com apoio do geoprocessamento, informações sobre os sistemas aquíferos do estado de Bahia e os Domínios Hidrologicamente Homogêneos apresentados pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2005). Para indicação do grau de vulnerabilidade referente à disponibilidade das águas subterrâneas foram utilizados os elementos apresentados no Quadro 25. Quadro 25 - Lâmina de restituição da reserva reguladora, reserva explotável e nível correspondente de vulnerabilidade natural associada à água subterrânea. Vulnerabilidade natural RESERVA REGULADORA (MM/ANO) RESERVA EXPLOTÁVEL (MM/ANO) Alta < 60 < 15 Média Baixa > 90 > 30 Fonte: Elaboração Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012 No que se refere à vulnerabilidade das águas subterrâneas em função do seu potencial de contaminação, a abordagem aqui contextualizada diz respeito aos fatores de susceptibilidade geológica à contaminação das águas subterrâneas e à potencialidade de contaminação dos aquíferos, ressaltando, de forma qualitativa, os principais indicadores e características hidrogeológicas (litologia, estrutura e profundidade da superfície piezométrica) direta ou indiretamente associadas à contaminação e à disponibilidade. A potencialidade de contaminação corresponde à susceptibilidade geológica de contaminação das águas subterrâneas por substâncias tóxicas, as quais podem atingir o aquífero principalmente pelo processo de lixiviação. Foi obtida com base na combinação qualitativa de fatores, como características litológicas 14 Base de dados disponível: Banco de Dados Hidrogeológicos da Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB) e Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
3 (composição textural, grau de litificação e de coerência), fendas (falhas e fraturas) geológicas, profundidade da superfície piezométrica do aquífero, e condutividade elétrica da água subterrânea, além da presença de metais pesados em concentrações elevadas. Por exemplo, as rochas sedimentares arenosas, coberturas detríticas e aluviais são mais susceptíveis à contaminação pela sua maior porosidade, permitindo lixiviação de líquidos, ao comparar com rochas cristalinas metamórficas ou ígneas, tipo gnaisses, granulitos, granitos e basaltos que são rochas compactas (consolidadas), as quais armazenam a água em fraturas. Domínios mais fraturados foram considerados como de elevada susceptibilidade à contaminação. A profundidade da superfície piezométrica do aquífero também determina a susceptibilidade à contaminação, sendo que, quanto menor, maior a susceptibilidade. Esta, foi obtida mediante análise das características hidráulicas de poços, disponibilizadas no website do SIAGAS/CPRM. Com base no mapa de ocorrências minerais 15 (CPRM, 2006), determinaram-se os locais onde há presença anômala de metais pesados (zinco, chumbo e outros). Indicou-se, de forma global, um raio de 500 m ao redor desses locais, presumindo-se algum efeito da ocorrência desses metais nessa distância. Sabe-se que a definição um valor mais preciso para esse raio de influência, requer análise específica cada caso, posto que depende da mobilidade de cada tipo de elemento químico, das características do meio onde ocorre, além de outros fatores. Assim, devido ao caráter geral inerente à natureza desse estudo foi adotado um valor único e, dessa forma, estudos específicos poderão ser requeridos em função do risco inerente de cada prática ou atividade desenvolvida. A presença de metais pesados elevou o risco de contaminação ambiental dos aquíferos em um nível, ou seja, se uma unidade litológica apresentava vulnerabilidade à contaminação classificada como moderada, no local onde foi registrada a presença de metais pesados, a vulnerabilidade passou a ser alta. O Quadro 26 apresenta o critério utilizado para indicar o grau de vulnerabilidade das águas subterrâneas em razão do domínio e subdomínio hidrogeológico em que se insere. Aos domínios e subdomínios hidrogeológicos considerados de muito baixa vulnerabilidade à contaminação foi atribuído grau 1, e àqueles de vulnerabilidade muito alta, atribuiu-se grau 5. Em geral, nos domínios de Rocha Cristalina as vulnerabilidades das águas subterrâneas à contaminação são muito baixa (grau 1) ou baixa (grau 2), enquanto que nas Rochas Metamórficas, Metassedimentares e Sedimentares, variam de muito baixa (grau 1) a moderada (grau 3). Já nas Coberturas Sedimentares Cenozoicas, a vulnerabilidade é de moderada (grau 3) a alta (grau 4). Quadro 26 - Principais unidades litológicas associadas aos domínios hidrogeológicos e o grau de vulnerabilidade DOMÍNIO HIDROGEOLÓGICO TIPO LITOLÓGICO VULNERABILIDADE Rochas Cristalina Rochas Metamórficas e Metassedimentares Gnáissica 1 Granulítica 1 Granitoide 1 Charnockito 1 Diorito 1 Dunito 1 Gabro 1 Migmatitos 1 Rochas Máficas 2 Outras rochas 1 Quartzitos 3 Xisto 2 Metaconglomerado 3 Filitos e ardósias 2 Itabirito 3 Metavulcânica 2 Metadiamictito 2
4 Rochas Sedimentares Formações Cenozoicas - Coberturas Sedimentares Metagrauvaca 2 Mica xisto 1 Milonito 1 Metapelito 1 Metacalcário 2 Arenitos 3 Pelito 1 Diamictito 2 Conglomerados 3 Rx. Carbonática /dolomítica 2 Arcósios 3 Tipo Barreiras 3 Depósitos arenosos costeiros 4 Coberturas detríticas-lateríticas 3 Depósitos aluvionares 4 Fonte: Mapa Geológico do Estado da Bahia. Escala 1: CPRM, 2006; Mapa Metalogenético. Escala 1: CBPM, Elaboração: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012 Panorama Estadual O estado da Bahia possui regime climático marcadamente distinto em seu território. Em determinadas regiões registram-se precipitações médias anuais da ordem de mm, com boa distribuição intra-anual, enquanto em outras áreas, a médias anuais são da ordem de 400 mm e as chuvas se concentram em três ou quatro meses por ano. Nessas zonas em geral, as taxas de evaporação são muito elevadas e a variabilidade do comportamento das precipitações anuais num mesmo local pode ser muito grande face à irregularidade do comportamento dos fatores meteorológicos que causam as principais chuvas regionais. Essa variedade climatológica, associada ao conjunto complexo de domínios geológicos, resulta numa caracterização hidrogeológica também diversificada, uma vez que a disponibilidade das águas subterrâneas depende da combinação das características do ambiente geológico com o processo de recarga oriundo do regime de chuvas local. As áreas com maior capacidade de armazenamento correspondem às porções das bacias sedimentares localizadas à oeste do estado, onde ocorre a Formação Urucuia, e à leste, na Bacia do Recôncavo. Esta última, na sua parte mais meridional é alimentada por chuvas anuais com índices da ordem de mm por ano, já em seu trecho setentrional, convive com um regime de chuvas mais modesto. A bacia sedimentar do Urucuia que se desenvolve no Chapadão do Oeste Baiano, possui grande extensão territorial e muito boas condições de infiltração. O regime de chuvas que alimenta o sistema concentra-se no período de outubro a março. Esta estrutura geológica tem importante papel na garantia da perenidade dos rios locais e, embora possua grandes volumes armazenados, deve possuir critérios bem definidos de explotação com o intuito de salvaguardar o escoamento nas calhas fluviais dentro de limites adequados. Inserido na região semiárida, os ambientes hidrogeológicos constituídos por rochas calcárias tem sido submetidos a grandes volumes de retirada. Devido às suas características hidrogeológicas, essas estruturas são favoráveis à rápida recarga, ao tempo em que também são sensíveis ao rebaixamento decorrente das retiradas de vazão. Porém, as chuvas na região ocorrem de maneira muito irregular e pouco expressiva, limitando o potencial que este tipo de ambiente hidrogeológico pode proporcionar. Mesmo nessas condições, possui grande significado regional no entorno de Irecê, onde a atividade agrícola é altamente dependente da irrigação. Também merece destaque a região com domínio hidrogeológico de rochas cristalinas sob clima semiárido, com regime de chuvas concentradas e limitadas. Do ponto de vista da disponibilidade são as áreas mais fracas, onde as águas subterrâneas desempenham um papel limitado, embora muito importante no atendimento da população dispersa. A qualidade das águas subterrâneas nessas zonas de domínio
5 cristalino é outro fator limitante ao seu uso. Macrorregião Litoral Sul A macrorregião Litoral Sul é representada por 10 Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA), que são: I - RPGA do Riacho Doce, II - RPGA do Mucuri, III - RPGA dos Rios Peruípe, Itanhém e Jucuruçu, IV - RPGA dos Rios dos Frades, Buranhém e Santo Antônio, V - RPGA do Rio Jequitinhonha, VI - RPGA do Rio Pardo, VII - RPGA do Leste, VIII - RPGA do Rio de Contas, IX - RPGA do Recôncavo e X - RPGA do Rio Paraguaçu. Para as unidades de balanço relacionadas a essas RPGAs se procedeu a análise de vulnerabilidade no contexto da disponibilidade natural e da potencialidade de contaminação das águas subterrâneas. Disponibilidade natural das águas subterrâneas Com relação aos sistemas ou domínios hidrogeológicos, a macrorregião Litoral Sul apresenta três tipos de aquíferos: (i) o fissural, relacionado com os domínios hidrogeológicos das rochas Metassedimentos/Metavulcânicas, das rochas Cristalinas, e dos Carbonatos e Metacarbonatos; (ii) o misto, representado pelo Domínio Poroso/Fissural e (iii) o aquífero poroso, dos domínios hidrogeológicos compostos pelas Formações Cenozoicas e Bacias Sedimentares, como pode ser observado no Cartograma 7. O Domínio das Formações Cenozoicas corresponde a um pacote de rochas sedimentares de naturezas e espessuras diversas, que apresentam um comportamento de aquífero poroso, caracterizado por possuir porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade. Sua vazão depende da sua espessura e da relação areia/argila dos seus depósitos. Nessa macrorregião, esse domínio é representado por Aluviões e Formações Cenozoicas Indiferenciadas. Os aluviões correspondem a depósitos recentes e antigas. Litologicamente são representados por areias, cascalhos e argilas com matéria orgânica. Nessa região, em geral, a favorabilidade hidrogeológica é de media a alta devido à espessura e à largura dos rios. As águas são predominantemente de boa qualidade química. Os Depósitos Litorâneos correspondem aos sedimentos depositados em ambientes costeiros fluviolacustres ou marítimos litorâneos. Litologicamente estão representados por areias, cascalhos, siltes e argilas intercaladas e não sequenciados. A possibilidade de água nesses depósitos é muito variável em decorrência da grande heterogeneidade e anisotropia dos aquíferos. A qualidade da água é geralmente boa; contudo, poderá ser influenciada pela proximidade do ambiente marinho, de salinidade atmosférica e hídrica elevada. Os depósitos tipo Barreiras são representados por uma alternância de sedimentos arenosos, argilosos e areno-conglomeráticos, com bruscas variações laterais. Apresentam espessuras variáveis, podendo ultrapassar 70 metros. Esses depósitos têm uma favorabilidade hidrogeológica variável de média a alta e depende de sua relação areia/argila. As Formações Cenozoicas são representadas nessa região por coberturas detrito-lateríticas ferruginosas. Apresentam no geral pequena espessura e continuidade. Sua importância hidrogeológica está relacionada à área de recarga ou estoque temporário para os aqüíferos subjacentes. A explotação é passível em poços escavados, (cisternas, cacimbas e poços tubulares rasos). O Domínio Bacia Sedimentar nessa macrorregião é representado pela Bacia do Recôncavo e as bacias de Camamu e Almada, que apresentam potencialidade hidrogeológica muito alta a alta, devido à sua litologia e espessura. Inclui as principais unidades aquíferas da bacia (Formações Sergi, Almada, Camamu e Grupo Brotas), onde predominam arenitos finos/médios/grossos, localmente conglomeráticos; siltitos, folhelhos, argilitos e conglomerados ocorrem de uma forma mais ou menos subordinada. Com águas normalmente de boa qualidade química. O Domínio Poroso/Fissural representa pacotes sedimentares sem ou com muito baixo grau metamórfico, com litologias essencialmente arenosas com pelitos e carbonatos no geral subordinados, e que tem como características gerais uma litificação acentuada, forte compactação e fraturamento acentuado, que
6 lhe confere um comportamento de aquífero granular com porosidade primária baixa/média e um comportamento fissural acentuado (porosidade secundária de fendas e fraturas), motivo pelo que foi enquadrado como aquífero do tipo misto, com baixa a média favorabilidade hidrogeológica.
7 Cartograma 7 - Domínios e subdomínios hidrogeológicos da macrorregião Litoral Sul Fonte: Mapa de Domínios e Subdomínios hidrogeológicos. CPRM, Elaboração: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012.
8 O Domínio Metassedimentos/Metavulcânicas é representado por xistos, filitos, metarenitos, metassiltitos, anfibolitos, quartzitos, ardósias, metagrauvacas, metavulcânicas. A porosidade predominante é do tipo secundária, representada por fraturas e fendas, produzindo reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. Refletindo em baixas vazões, com água salinizada na sua maioria. Esse domínio difere do cristalino devido ao seu comportamento reológico distinto, refletindo em uma maior favorabilidade hidrogeológica comparando-o com o Cristalino. O Domínio Cristalino é representado por granitoides, gnaisses, granulitos, migmatitos, sienito e monzonito, constituindo o aquífero fissural. A ocorrência de água subterrânea é condicionada a uma porosidade secundária representada por fraturas e fendas, refletindo em reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. As vazões produzidas nesse domínio no geral são pequenas, e a água em virtude da falta de circulação e do tipo de rocha é na maior parte das vezes salinizada. Com favorabilidade hidrogeológica baixa a muito baixa. O Domínio dos Carbonatos e Metacarbonatos se desenvolve em terrenos onde predominam rochas calcárias, calcárias magnesianas e dolomíticas, que têm como característica principal a presença de formas de dissolução cárstica constante, formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições erosivas típicas desses tipos de rochas. Fraturas e outras superfícies de descontinuidade, alargadas por processos de dissolução pela água propiciam ao sistema porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em volumes consideráveis. Infelizmente, essa condição de reservatório hídrico subterrâneo, não se dá de maneira homogênea ao longo de toda a área de ocorrência. Ao contrário, são feições localizadas, o que confere elevada heterogeneidade e anisotropia ao sistema aquífero. A água, no geral, é do tipo carbonatada, com dureza bastante elevada. A favorabilidade hidrogeológica é variada. Assim, com base na metodologia utilizada, os parâmetros característicos dos domínios e subdomínios hidrogeológicos e das condições climáticas dominantes selecionados para expressar a vulnerabilidade natural associada à água subterrânea, estimada a partir da disponibilidade natural, obtida em razão da reserva renovável, são apresentados na Tabela 1, exibida a seguir. A conversão da disponibilidade hídrica subterrânea em vulnerabilidade natural foi feita com base nas informações do Quadro 27, apresentada a seguir.
9 Quadro 27 - Domínios e subdomínios hidrogeológicos, reserva reguladora e níveis correspondentes de disponibilidade vulnerabilidade natural associada à água subterrânea. Macrorregião Litoral Sul. DOMÍNIO E SUBDOMÍNIO HIDROGEOLÓGICO RESERVA REGULADORA NÍVEL DE DISPONIBILIDADE NÍVEL VULNERABILIDADE Bacia Recôncavo/Tucano/Jetobá (Poroso) Muito Alta Muito Baixa Aluvião (Poroso) Alta Baixa Depósitos Litorâneos (Poroso) Alta Baixa Depósitos tipo Barreiras (Poroso) Alta Baixa Formações Cenozoicas (Poroso) Alta Baixa Poroso/Fissural Média Média Metacarbonatos/Metacarbonatos (Fissural) Média Média Metassedimentos e Metavulcânicas (Fissural) Baixa Alta Cristalino (Fissural) Muito Baixa Muito Alta Fonte: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012 O Cartograma 8 apresenta a disponibilidade natural, e o Cartograma 9 a vulnerabilidade natural associada à água subterrânea, caracterizada em termos de sua disponibilidade natural, para a macrorregião Litoral Sul. Verifica-se que 70% dessa macrorregião apresenta-se com vulnerabilidade muito baixa a baixa, associada às reservas renováveis para explotação produzidas pelo Sistema Aquífero das Bacias Sedimentares do Recôncavo, Almada e Camamu, bem como relacionada às extensas áreas com coberturas sedimentares cenozoicas do tipo Barreiras, as quais ocupam extensa área dessa macrorregião nos TI Costa do Descobrimento e Extremo Sul. As áreas de vulnerabilidade média, com ocorrência restrita nessa macrorregião encontram-se relacionados aos Sistemas Aquíferos Carbonático/Metacarbonatos, e Pelítico-carbonático. As vulnerabilidades alta e muito alta associam-se aos domínios das rochas Metassedimentares/Metavulcânicas e, principalmente, ao domínio das rochas cristalinas em resposta às baixas disponibilidades de água subterrânea e intensivo sistema estrutural rúptil (falhas e fraturas) presentes nas rochas.
10 - Disponibilidade natural das águas subterrâneas para a macrorregião Litoral Sul. Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012.
11 - Vulnerabilidade natural no contexto da disponibilidade natural das águas subterrâneas para a macrorregião Litoral Sul. Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012.
12 Potencialidade de contaminação das águas subterrâneas A potencialidade de contaminação das águas subterrâneas corresponde à susceptibilidade geológica de contaminação por substâncias tóxicas, as quais podem atingir o aquífero principalmente pelo processo de lixiviação. Conforme descrito na metodologia adotada, a análise dessa potencialidade baseouse na combinação qualitativa de fatores como: características litológicas, fendas geológicas, profundidade da superfície piezométrica do aquífero, e condutividade elétrica da água subterrânea, além da presença de metais pesados em concentrações elevadas. O Cartograma 10 a seguir, associada ao Quadro 26, apresentado na metodologia, que associa as unidades litológicas aos domínios hidrogeológicos e aos respectivos graus de vulnerabilidade, mostra os locais com possibilidade de anomalias de metais pesados e locais com maior ou menor intensidade de estruturas geológicas para a macrorregião Litoral Sul.
13 Cartograma 10 - Locais com teores anômalos de metais pesados e falhas geológicas na macrorregião Litoral Sul. Fonte: CPRM, 2006 e CBPM, 1983 Elaboração: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012.
14 O Cartograma 11 apresenta a parcela de vulnerabilidade associada à contaminação dos aquíferos para a macrorregião Litoral Sul. As áreas relacionadas com os depósitos do tipo Barreiras apresentam uma potencialidade à contaminação alta, devido à sua espessura variada e sua litologia. A potencialidade muito alta relaciona-se aos domínios das rochas cristalinas em resposta às baixas disponibilidades de água subterrânea, às presenças de maior intensidade de fraturamentos e de concentrações anômalas de metais no ambiente natural e à pequena profundidade do nível estático nas áreas mais deprimidas. Observa-se que, apesar da potencialidade média a alta dos sedimentos arenosos costeiros, o potencial de contaminação das águas subterrâneas é tido como muito alto em decorrência de se comportar como aquífero livre, da sua elevada permoposidade e transmissividade dos sedimentos arenosos e, nível estático raso a aflorante. A potencialidade média a alta associa-se a uma extensa área de ocorrência dos depósitos sedimentares do tipo Barreiras, localmente sobrepostos aos sedimentos da Formação Caravelas. As suas características físicas (pouca profundidade, baixa concentração de sais, grande disponibilidade relativa aos outros sistemas regionais e constituição dominantemente arenosa) terminam por induzir a proteção do aquífero no tocante à contaminação. A potencialidade à contaminação média a alta também se associa aos sistemas aquíferos poroso/fissural metassedimentares,carbonático/metacarbonáticos, com vulnerabilidade média a alta.
15 Cartorgama 11 - Vulnerabilidade natural no contexto da potencialidade de contaminação das águas subterrâneas para a macrorregião Litoral Sul Fonte: CPRM, 2006 e CBPM, / Elaboração: Consórcio Geohidro-Sondotécnica,
16 Macrorregião Recôncavo-RMS A macrorregião Recôncavo-RMS é representada por três RPGAs que são: IX - RPGA do Recôncavo Sul, X - RPGA do Rio Paraguaçu e XI - RPGA do Recôncavo Norte. Para as unidades de balanço relacionadas a essas RPGAs se procedeu a análise de vulnerabilidade no contexto da disponibilidade natural e da potencialidade de contaminação das águas subterrâneas. Disponibilidade natural das águas subterrâneas Com relação aos sistemas ou domínios hidrogeológicos, a macrorregião Recôncavo-RMS apresenta dois tipos de aquíferos: (i) o fissural, relacionado com os domínios hidrogeológicos das rochas Cristalinas e (ii) o aquífero poroso, dos domínios hidrogeológicos compostos pelas Formações Cenozoicas e Bacias Sedimentares, como pode ser observado no Cartograma 12. O Domínio das Formações Cenozoicas corresponde a um pacote de rochas sedimentares de naturezas e espessuras diversas que apresentam um comportamento de aquífero poroso, caracterizado por possuir porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade. Sua vazão depende da sua espessura e da razão areia/argila dos seus depósitos. Nessa macrorregião, esse domínio é representado por aluviões, depósitos litorâneos, depósitos dos tipos Barreiras e Formações Cenozoicas Indiferenciadas. Os aluviões correspondem a depósitos recentes e antigos. Litologicamente são representados por areias, cascalhos e argilas com matéria orgânica. Nessa região, em geral, a favorabilidade hidrogeológica é de média a alta devido à espessura e à largura dos rios. As águas são predominantemente de boa qualidade química. Os Depósitos Litorâneos correspondem aos sedimentos depositados em ambientes costeiros fluviolacustres ou marítimos litorâneos. São litologicamente representados por areias, cascalhos, siltes e argilas intercaladas e não sequenciados. A possibilidade de água nesses depósitos é muito variável em decorrência da grande heterogeneidade e anisotropia dos aquíferos. Os Depósitos do tipo Barreiras são representados por uma alternância de sedimentos arenosos, argilosos e areno-conglomeráticos, com bruscas variações laterais. Apresentam espessuras variáveis, podendo ultrapassar 70 metros. Esses depósitos têm uma favorabilidade hidrogeológica variável de média a alta a depender de sua relação areia/argila. As Formações Cenozoicas são representadas nessa região por coberturas detrito-lateríticas ferruginosas. Apresentam no geral pequena espessura e continuidade. Sua importância hidrogeológica está relacionada à área de recarga ou estoque temporário para os aquíferos subjacentes. A explotação é possível em poços escavados (cisternas, cacimbas e poços tubulares rasos).
17 Cartograma 12 - Domínios hidrogeológicos da macrorregião Recôncavo-RMS Fonte: CPRM, 2002 Elaboração: Consórcio Geohidro-Sondotécnica,
18 O Domínio Bacia Sedimentar nessa macrorregião é representado pela Bacia do Recôncavo Sul, que apresenta potencial hidrogeológico alto, devido à sua litologia e espessura. Inclui as principais unidades aquíferas da bacia (São Sebastião, Marizal e Brotas), onde predominam arenitos finos/médios/grossos, localmente conglomeráticos; siltitos, folhelhos, argilitos e conglomerados ocorrem de uma forma mais ou menos subordinada. Com águas normalmente de boa qualidade química. Esse domínio apresenta favorabilidade hidrogeológica variando de média a muito alta. O Domínio Cristalino representado por granitoides, gnaisses, granulitos, migmatitos e monzonito, constituindo o aquífero fissural. A ocorrência de água subterrânea é condicionada a uma porosidade secundária representada por fraturas e fendas, refletindo em reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. As vazões produzidas nesse domínio no geral são pequenas, e a água em razão da falta de circulação e do tipo de rocha é na maior parte das vezes salinizada. Com favorabilidade hidrogeológica baixa a muito baixa. Assim, com base na metodologia utilizada, os parâmetros característicos dos domínios e subdomínios hidrogeológicos e das condições climáticas dominantes selecionados para expressar a vulnerabilidade natural associada à água subterrânea, estimada a partir da disponibilidade natural, obtida em razão da reserva renovável, são apresentados na Tabela 2, exibida a seguir.
19 A conversão da disponibilidade hídrica subterrânea em vulnerabilidade natural foi feita com base nas informações do Quadro 28, apresentada a seguir. - Domínios e subdomínios hidrogeológicos, reserva reguladora e níveis correspondentes de disponibilidade e vulnerabilidade natural associada à água subterrânea. Macrorregião Recôncavo-RMS Quadro 28 DOMÍNIO E SUBDOMÍNIO HIDROGEOLÓGICO RESERVA REGULADORA NÍVEL DE DISPONIBILIDADE NÍVEL VULNERABILIDADE Bacia Recôncavo/Tucano/Jetobá (Poroso) Muito Alta Muito Baixa Aluvião (Poroso) Alta Baixa Depósitos Litorâneos (Poroso) Alta Baixa Depósitos tipo Barreiras (Poroso) Média Média Formação Cenozoicas (Poroso) Baixa Alta Cristalino (Fissural) Muito Baixa Muito Alta Fonte: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012 O Cartograma 13 apresenta a disponibilidade natural e o Cartograma 14 a vulnerabilidade natural associada à água subterrânea, caracterizada em termos de sua disponibilidade natural, para a macrorregião Recôncavo-RMS. Verifica-se que, de maneira geral, essa macrorregião se apresenta com vulnerabilidade baixa, basicamente associada às reservas renováveis para explotação produzidas pelo sistema aquífero da Bacia Sedimentar do Recôncavo Sul, bem como relacionadas às áreas de coberturas sedimentares cenozoicas. As áreas de vulnerabilidade muito alta estão relacionadas ao sistema aquífero cristalino.
20 Cartograma 13 - Disponibilidade natural das águas subterrâneas para a macrorregião Recôncavo-RMS. Fonte: Consórcio Geohidro-Sondotécnica, 2012.
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