ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DE ARTEFATOS EDUCATIVOS PARA A POPULARIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE INSETOS AQUÁTICOS

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1 ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DE ARTEFATOS EDUCATIVOS PARA A POPULARIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE INSETOS AQUÁTICOS Daniela Oliveira de Almeida¹ *(IC), Juliana Simião Ferreira² (PQ) ¹ Graduanda do curso de Ciências Biológicas, BIT/UEG, Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas - Henrique Santillo, daniela_olyveira@hotmail.com. ² Docente na Universidade Estadual de Goiás, Anápolis-GO. Endereço da instituição: Br 153, Nº3105 Fazenda Barreiro do Meio - Campus Henrique Santillo - Anápolis. Resumo: O ensino de Ciências na escola ou em ambientes não formais, proporciona aos alunos uma formação de caráter investigativo, instigando-os à questionarem fenômenos naturais. A busca por novas metodologias no ensino de ciências tem sido de extrema importância, pois a mesma busca potencializar o pensamento lógico e o conhecimento científico adquirido pelo aluno, além de tudo a aprendizagem se torna significativa quando elas envolvem o aluno e o faz participar de sua própria aprendizagem. O presente trabalho busca elaborar modelos didáticos e testar uma atividade de educação científica sobre a importância das matas ciliares para a diversidade dos insetos aquáticos nos riachos como instrumentos de ensino e aprendizagem. Para tanto, foram elaborados 30 modelos didáticos das ordens de insetos aquáticos (adultos e imaturos), duas maquetes de ambientes aquáticos preservado e degradado, três modelos de ciclo de vida dos insetos e um jogo de tabuleiro sobre ecologia e morfologia dos insetos. A atividade de educação científica foi uma palestra interativa utilizando os materiais construídos e a aplicação do jogo ao final. Os alunos mostraram-se bastante motivados durante a palestra, com muita interação e interesse pelo o assunto. A atividade foi suficiente para a compreensão do conteúdo e também possibilitou um ambiente de discussão sobre os temas ambientais e a biodiversidade aquática. Palavras-chave: Novas metodologias. Ensino de ciências. Conhecimento científico. Modelos didáticos. Introdução O ensino de Ciências na escola ou nos ambientes não formais permite a formação de crianças com perfil investigativo, pois possibilita o acesso à compreensão de diversos conceitos e processos dos fenômenos da natureza. Para isso, é essencial mudanças na forma de ensinar Ciências buscando metodologias mais interessantes para que as aulas se tornem mais atrativas e possa desenvolver nos alunos as habilidades que o tornam capazes de compreender a disciplina (LARENTIS; MALACARNE & SEREIA, 2010). São muitos os motivos que influenciam de forma negativa o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem nas escolas, sendo de forma mais evidente a falta de interesse, desmotivação e a carência de material didático. Isso pode ser causado quando professores e alunos utilizam apenas a lousa e o livro, fazendo com que conceitos importantes deixem de ser compreendidos corretamente. Assim, uma forma de superar as aulas essencialmente tradicionais é o uso de modelos didáticos,

2 que além de ilustrar a aula, motiva e leva o aluno a discutir a respeito dos conceitos estudados (SOUZA; BONZANINI & BOMBONATO, 2010). Na procura por uma técnica metodológica eficiente, buscam-se aulas de ciências em que o aluno participe do processo de aprendizagem e que faça parte do mesmo, tendo assim uma educação ativa. Deste modo, a participação em atividades extraclasses reforça a aprendizagem na escola, levando o aluno a questionar e refletir sobre seu próprio conhecimento. Neste sentido, o ambiente de aprendizagem deve ser rico e diversificado, envolvendo tarefas de debate e argumentação de ideias mediadas pelo professor (ELIAS; ARAÚJO & AMARAL, 2011). Segundo Sousa et al. (2013) um tema de extrema importância para o ensino de Ciências é o meio ambiente e a biodiversidade. Dentro deste tema, o assunto dos insetos é pouco estudado e mal compreendido, o que gera muitos equívocos e isso pode ser devido o modo como os professores abordam o mesmo em sala de aula, sendo muitas vezes tratado de forma inadequada por julgar ser algo sem relevância. Os insetos aquáticos são ainda mais desconhecidos e pouco abordados nas aulas de ciências. Dessa forma, objetiva-se produzir materiais didáticos e testá-los em atividades de educação cientifica, por ser uma metodologia potencialmente indicada para trabalhar peculiaridades e conceitos que complementem o que é abordado nos livros didáticos. Material e Métodos Inicialmente, foram confeccionados os artefatos usando diversos materiais como biscuit, isopor, pelúcia. Ao todo foram produzidos 30 modelos de insetos aquáticos imaturos e adultos, assim como duas maquetes, três modelos representando os ciclos de vida dos insetos e um jogo de tabuleiro. A aplicação dos modelos didáticos, abordando o tema insetos aquáticos e impactos aos ambientes aquáticos, foi realizada com a participação de 34 alunos da Escola Estadual Polivalente Frei João Batista localizada no Bairro Maracanã, município de Anápolis (GO). O desenvolvimento do trabalho foi realizado com a série do 7º ano do ensino fundamental, cuja faixa etária varia entre 12 e 17 anos. Foram utilizadas duas aulas de 50 minutos cada, para aplicação e desenvolvimento das atividades. Inicialmente, os alunos responderam o questionário, em seguida tiveram uma palestra interativa sobre as características morfológicas, ecológicas e curiosidades dos insetos aquáticos, utilizando todos os artefatos educativos produzidos. Posteriormente, foi aplicado o jogo de tabuleiro para fixar o conteúdo abordado. Por último, os alunos responderam novamente o questionário a fim de avaliar a efetividade dos artefatos educativos produzidos como instrumentos de aprendizagem. Resultados e Discussão Foram criados 13 modelos didáticos de insetos aquáticos de biscuit, representantes adultos das ordens Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, Orthoptera, Coleoptera, Megaloptera, Hymenoptera, Trichoptera, Lepidoptera, Diptera, Neuroptera, Blathodea e Hemiptera. Foram produzidos também 17 pelúcias, sendo representantes imaturos desses insetos (Figura 1).

3 Figura 1: Modelos didáticos de pelúcias e biscuit representando ordens de insetos aquáticos nas fases imaturo e adulto para serem utilizadas em atividades de educação científica. Também foram elaboradas maquetes para representar ambientes aquáticos degradados e preservados, utilizando diversos materiais (Figura 2), assim como os três tipos de ciclo de vida dos insetos aquáticos (A.Homometábolos, B.Hemimetábolos e C.Ametábolos), conforme a Figura 3. Figura 2: Maquetes representando um ambiente aquático preservado com mata ciliar e outro degradado sem a mata (respectivamente) para utilização nas atividades. A B C Figura 3: Modelos didáticos dos ciclos de vida dos insetos aquáticos produzidos em isopor e biscuit. A. Homometábolo; B. Hemimetábolo; C. Holometábolo. Outro material didático produzido foi um jogo de tabuleiro para divulgação dos aspectos da história de vida dos insetos, da importância para o funcionamento dos ambientes aquáticos e de suas características como bioindicadores de impactos ambientais (Figura 4). Todos esses materiais desenvolvidos para atividades de popularização da ciência foram utilizados na escola como recursos didáticos, mas também podem ser utilizados em ambientes não formais.

4 Figura 4: Jogo de fixação (tabuleiro) para consolidar os questionamentos sobre os insetos aquáticos. A aplicação de modelos didáticos para o ensino sobre insetos aquáticos teve boa receptividade por parte dos educandos. Os alunos, desde o início se mostraram bastante curiosos, demonstraram entusiasmo com o desenvolvimento das atividades. Houve alguns questionamentos durante a palestra em relação a alguns termos mais científicos e curiosidades a respeito dos insetos aquáticos, gerando um diálogo bastante produtivo. Também foi verificado que os alunos ficaram entusiasmados com o uso do material que foi confeccionado em tamanho grande, dando aspecto bem real aos insetos aquáticos e rios com ambiente poluído e preservado. Tais artefatos educativos foram muito adequados para popularizar o conhecimento sobre insetos aquáticos, os alunos conheceram organismos desde então desconhecidos para eles e demonstram muito interesse e empolgação pelo tema. Muitos alunos ao responderem o questionário prévioe desconheciam o tema ( 3,68), mas após a palestra interativa com o uso dos materiais produzidos, os alunos aumentaram o número de acertos ( 6,13). O uso do material didático chamou muita atenção, permitindo melhor assimilação daquilo que estava sendo ensinado e, consequentemente uma participação ativa dos alunos. Outro ponto bastante relevante foi a aplicação do jogo de tabuleiro, no qual os alunos ficaram muito interessados. Durante a aplicação foi observado que os alunos haviam prestado atenção na palestra e assimilado informações como características morfológicas, ecológicas e curiosidades sobre os insetos aquáticos ao responderem as perguntas elaboradas para o jogo. Notou-se participação ativa dos componentes de cada grupo, por outro lado ficou claro o melhor desempenho de alguns grupos. Desta forma, podemos notar que o jogo necessita de um trabalho prévio do professor, é necessário que ocorra uma aula onde todos os conceitos sejam abordados e discutidos para só assim trabalhar com este recurso. Os jogos didáticos são excelentes recursos para a fixação dos conteúdos trabalhados em sala de aula, pois exige do aluno atenção e um resgate do que já foi aprendido (AROUCA, 1996). Tanto os artefatos quanto o jogo de tabuleiro possibilitaram o ensino de um tema pouco trabalhado na sala de aula, como insetos aquáticos (SOUZA et al., 2013). Tais modelos, então são excelentes materiais para a popularização do conhecimento ecológico e biológico desses organismos. Sabemos que muitos conhecimentos científicos ficam apenas nas universidades e centros de pesquisas, dificultando o acesso inclusive das escolas, portanto a divulgação científica pode complementar os temas abordados na escola (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001).

5 Considerações Finais Os resultados encontrados indicam que há influências da utilização de modelos didáticos na transmissão de conteúdos da disciplina de ciências, estes podem contribuir no aprendizado dos alunos apresentando melhor assimilação dos conhecimentos ministrados em aula. Tais artefatos educativos, deixam a aula mais atraente e participativa, onde os alunos sentem-se instigados e se mostram questionar mais. Desta forma, é um recurso eficaz, apropriado e uma ótima ferramenta didática que pode unir teoria e prática, despertando ou ainda resgatando a motivação do aluno pela ciência. Espera-se que, por meio dos dados obtidos neste trabalho, fique evidente que a contribuição é expressiva na aprendizagem com a inserção dos jogos e modelos didáticos em sala de aula como mediadores dos conhecimentos biológicos, e na apropriação destes pelos professores que buscam diferentes metodologias para contornar as dificuldades de aprendizagem de seus alunos. Agradecimentos Ao Lab. PEEC pela oportunidade de estudo e ao programa de iniciação científica da UEG pela concessão da bolsa BIT/UEG. Referências AROUCA, M. C. Papel dos jogos e simuladores como instrumento educacional. Banco de artigos da Casa da Ciência/UFRJ. Projeto educação em bytes. Rio de Janeiro, 1996 ELIAS, D. C. N.; ARAÚJO, M. S. T.; AMARAL, L. H. Concepções de estudantes do ensino médio sobre conceitos de astronomia e as possíveis contribuições da articulação entre espaços formais e não formais de aprendizagem. Rencima, São Paulo, v. 2, n. 1, p.50-68, LARENTIS, C.; MALACARNE, T. J.; SEREIA, D. A. A importância dos modelos didáticos no ensino de ciências nas séries do ensino fundamental. Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II Cascavel, PR. ISSN Anais... LORENZETTI, L., DELIZOICOV, D. Alfabetização Científica no contexto das Séries Iniciais. Ensaio Pesquisa em educação em ciências, vol.03, n.01, jun SOUZA, J. G.; BONZANINI, T. K.; BOMBONATO, M. T. S. Modelos didáticos para o ensino de biologia: uma estratégia metodológica para o trabalho docente. IX Jornadas Nacionales y IV Congreso Internacional de Enseñanza de la Biología San Miguel de Tucumán. Anais... SOUSA, R. G.; OLIVEIRA, G. G.; TOSCHI, M. S.; CUNHA, H. F. Meio ambiente e insetos na visão de educandos de 6º e 8º ano de escolas públicas em Anápolis-Go. Revista AMBIENTE & EDUCAÇÃO, vol. 18(2), p , 2013.