Contudo, segundo Benjamim isso não ocorre com o avanço da reprodutividade técnica. Esse fato ocorre devido a certos aspectos:
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- Amadeu Pedroso Castilho
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1 1- Como se dá, de acordo com Walter Benjamin, a refuncionalização da obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. Ao responder, situe a centralidade de conceitos tais como "reprodutibilidade técnica", "autenticidade", "aura", "ritual e política" e "valor de culto vs. valor de exposição" no relato benjaminiano. (2,0 pontos). Toda história da obra de arte se acha vinculada a uma presença única, ao seu hic et nunc (aqui e agora). Este último que determina a sua autenticidade. Essa noção do autentico não encontra sentido na reprodução, contudo diante da reprodução manual do homem, assim a obra original mantém sua autenticidade. Contudo, segundo Benjamim isso não ocorre com o avanço da reprodutividade técnica. Esse fato ocorre devido a certos aspectos: A reprodutividade técnica é independente do original. Para isso, o autor nos dá o exemplo da fotografia: No caso da fotografia, é capaz de ressaltar aspectos do original que escapam ao olho e são apenas passíveis de serem apreendidos por uma objetiva que se desloque livremente a fim de obter diversos ângulos de visão, graças a métodos como a ampliação ou a desaceleração, pode-se atingir a realidades ignoradas pela visão natural (BENJAMIN, p.7). Ademais, a reprodução técnica leva a situação de jamais encontrar a obra original. Mesmo que as técnicas de reprodução não modifiquem o teor do conteúdo da obra de arte, para Benjamim elas perdem o seu hic et nunc. Essa mudança atinge seu ponto mais sensível: sua autenticidade. Desse modo, o autor define esse caráter da obra de arte: O que caracteriza a autencidade de uma coisa é tudo aquilo que ela contém originalmente transmissível, desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico (BENJAMIN, p.8). A partir disso recorre-se a noção de aura para afirmar que na época da reprodução técnica da obra de arte, o que se atinge é predominantemente sua aura. A multiplicação das cópias advindas da técnica faz com que o evento produzido uma única vez se transforme em um fenômeno de massas. Permitido ao objeto reproduzido oferecer-se à visão e à audição, em qualquer circunstâncias, confere-lhe atualidade permanente (BENJAMIN, p.8). Esses agentes produzem profundo abalo na realidade transmitida,
2 pois causa abalo na tradição e está vinculado aos movimentos de massa. Um exemplo que Benjamin nos dá é quanto ao cinema. É nesse sentido que o cinema possui seu elemento destrutivo, a saber: a liquidação do elemento tradicional dentro da herança cultural (BENJAMIN, p.8). Benjamim ressalta que as formas de sentir e de perceber modificaram-se ao longo da história das comunidades humanas. Essas modificações onde opera a percepção podem levar ao declínio da aura. Considerado não só um elemento histórico como natural, ela se define como a única aparição de uma realidade distante por mais próxima que esteja. Os fatores que propiciam a decadência da aura está vinculado ao papel que as massas desempenham. Encontramos hoje, com, efeito dentro das massas, duas tendências igualmente fortes: exigem de um lado, que as coisas se lhe tornem, tanto humana como espacialmente mais próximas, de outro lado, acolhendo as reproduções, tendem a depreciar o caráter daquilo que é dado apenas uma vez (BENJAMIN, p.9). Ver-se nesse sentido, a necessidade do domínio mais próximo de objeto através da sua reprodução. A imagem associa de modo bem estreito as duas feições da obra de arte: a sua unidade e sua duração; ao passo que a foto da atualidade, as duas feições opostas: aquelas de uma realidade fugidia e que se pode reproduzir indefinidamente. Despojar o objeto do seu véu, destruir a aura, eis o que assinala de imediato a presença de uma percepção, tão atenta àquilo que se repete identicamente pelo mundo, que graças à reprodução, consegue até estandardizar aquilo que só existe uma vez. (BENJAMIN, p.9). O culto que exprimia a incorporação da obra de arte num conjunto de relações tradicionais. As obras de arte mais antigas surgiram em função de um ritual, primeiro mágico, depois religioso. Isso constituiu uma importância decisiva à perda da aura, quando não existe qualquer vestígio, na obra de arte, de sua função ritualística. Benjamin também enfatiza que para se estudar a obra de arte e as técnicas de reprodução, em sua época, é preciso levar em consideração o conjunto dessas relações, pois estas apresentam um fator decisivo e inédito no mundo: a emancipação da obra de arte e de seu papel ritualístico. Reproduzem-se cada vez mais obras de arte, que foram feitas justamente para serem reproduzidas (BENJAMIN, p.11). É dessa maneira que, não tendo a mais a autenticidade como elemento central da obra de arte, que sua função se subverte e, eis que, tornam-se uma forma de práxis política.
3 Assim, a obra de arte pode ser considerada sob dois aspectos que se opõe diretamente: o valor da obra como objeto de culto e o seu valor como realidade exibível. É na medida que as obras de arte se desvinculam de seu uso ritualístico, os momentos de serem expostas se tornam numerosas. As técnicas de reprodução reforçaram esse aspecto de forma que o deslocamento quantitativo entre as duas formas de valor,típicas da obra de arte, transformou-se numa modificação qualitativa que afeta a sua própria natureza (BENJAMIN, p.12). Esse valor de exibição preponderante da obra de arte acabou por lhe conferir novas funções, onde a função artística poderia lhe parecer acessória. Um testemunho nesse sentido é a fotografia e o cinema É a partir da fotografia que a exibição exerce de fato preponderância sob o valor de culto da obra de arte. O último refúgio desse culto aparece na recordação dos entes queridos, desaparecidos ou afastados. Esse valor de exibição se sobrepõe principalmente quando o homem está ausente da fotografia. A importância dos clichês resulta dessa evolução. Ao mesmo tempo os jornais começam a se apresentar como indicadores itinerários. Com esse gênero de fotos, seja verdadeiro ou falso, a legenda passou a ser pela primeira vez necessária. E tais legendas passaram a ter um caráter bem diverso do título de um quadro. Segundo Benjamin, afastada de sua base ritualística pelas técnicas de reprodução, a arte não podia mais manter sua independência, porém o século XIX que participou dessa evolução não percebeu a alteração funcional que isso gerou na arte. Discutia-se se a fotografia se constituía ou não em arte, contudo, faltou indagar as profundas transformações que ela faria nesse campo. Erro também compartilhado pelo cinema. Ao comparar o cinema e o teatro, o autor analisou o aspecto da representação deste e da performance daquele. Enquanto o ator do teatro atua diante do público o do cinema é mediado por todo o mecanismo. Disso provém duas consequências: Primeiramente, o conjunto de aparelhos que transmite a performance não é obrigado a respeitá-la É na direção do fotógrafo que esses aparelhos perfazem tomadas juntos às performances. Dessa maneira, a atuação se submete a testes ópticos. Em segundo lugar, não há possibilidades de adaptar a atuação às reações dos espectadores no decorrer do espetáculo. Desse modo, a relação do público com o ator é de perito, tal qual o aparelho.
4 Nesse sentido, de forma inédita, em consequência do cinema que o homem deve agir em toda sua personalidade viva, mas privado de sua aura. Pois a aura depende de seu hic et nunc. Ela não sofre nenhuma reprodução (BENJAMIN, p.16). Ocorre inclusive uma situação de estranhezas por parte do interprete do filme, quando este se depara com a própria imagem que lhe apresenta a câmera. Sua imagem torna-se transportável para o público. Nesse mercado dentro do qual não vende apenas sua força de trabalho, mas também a sua pele e seus cabelos, seu coração e seus rins, quando encerra um determinado trabalho ele fica nas mesmas condições de qualquer produto fabricado (BENJAMIN p.17). Assim, a técnica do cinema tem semelhanças com as práticas desportivas, no sentido que ambos os espectadores são semi-especialistas. O filme em oposição ao teatro, só atua em segundo grau, pois precede a montagem das sequências. Essa comparação passa a ser ainda mais evidente ao se comparar o pintor e o cirurgião. É na acepção da palavra operação que se compara o cirurgião e o curandeiro, por constituírem dois pólos quanto aos procedimentos. Este conserva a distância natural entre o paciente, ao contrário daquele que de uma forma mais impessoalizada intermédia sua relação através do ato cirúrgico. De maneira semelhante, o pintor e operador se relacionam com a realidade Para o homem hodierno, a imagem do real fornecida pelo cinema é infinitamente mais significativa, pois ela atinge esse aspecto das coisas que escapa a qualquer instrumento oque se trata de exigência legítima de toda obra de arte, ela só consegue porque utiliza instrumentos destinados a penetrar, do modo mais intensivo, no coração da realidade (BENJAMIN, p.20). Segundo Benjamin, as técnicas de reprodução aplicadas a obra de arte modificam a atitude da massa e sua exposição com relação a arte. Pois, á medida que, a significação social da arte é diminuída, ver-se no público a separação entre o espírito crítico e o sentimento de fruição. Uma característica marcante do cinema é a forma pela qual, graças a um aparelho, o homem representa a si o mundo que o rodeia. Ao ampliar o universo dos objetos que nos rodeia, tanto no visual quanto no auditivo, o cinema teve como resultado o aumento da percepção, o que lhe permite analisar melhor seu conteúdo em detrimento de outras formas de artes. Ao fazer levantamentos da realidade diante de sues primeiros planos é que o cinema de acordo com Benjamin, sublinha os detalhes ocultos nos acessórios familiares, fazendo enxergar melhor as necessidades de nossa vida, ampliando inclusive o nosso campo de ação até o inimaginável. É graças ao cinema, precisamente, ao
5 primeiro plano; é o espaço que se alarga, graças a raletti, é o movimento que assume novas dimensões (BENJAMIN, p.23). Descobre assim nos movimentos, formas até então desconhecidas. Referências Benjamin, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. in: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura. Obras Escolhidas. Vol. 1. São Paulo, Brasiliense, 1994.
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