Diagnósticos de pontos críticos e controle em ordenhadeiras de propriedades familiares da região Oeste do Paraná

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1 Diagnósticos de pontos críticos e controle em ordenhadeiras de propriedades familiares da região Oeste do Paraná Cristiani Cavilhão 1, Patrícia Barcellos Costa 2, Loreno Egidio Taffarel 3, Enio João Todero 4, Rodrigo César dos Reis Tinini 1, Tatiane Fernandes 1, Ricardo Dri 1 1 Graduandos do Curso de Zootecnia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Mal. C. Rondon 2 Docente do Centro de Ciências Agrárias UNIOESTE PR. patriciabarc@ibest.com.br 3 Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia UNIOESTE. loreno.taffarel@gmail.com 4 Médico Veterinário da Cooperativa Copagril/Mal. C. Rondon PR Projeto: Implantação do Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite do Oeste do Paraná Resumo: A região Oeste do Paraná se caracteriza como a quarta maior produtora de leite do país, e destaca-se pelo alto índice de utilização de tecnologia, havendo a necessidade de maiores estudos voltados aos sistemas de ordenha. O objetivo do trabalho foi diagnosticar pontos críticos em ordenhadeiras de propriedades familiares da região Oeste do Paraná. Foram estudadas onze ordenhadeiras de propriedades familiares distribuídas em diferentes municípios da região, nas quais foram efetuadas diversas avaliações com a finalidade de analisar as condições de manutenção e funcionamento das mesmas. Observou-se que 55% das ordenhadeiras analisadas possuíam entrada de ar no sistema e 73% apresentaram a capacidade de vácuo mensurada abaixo da capacidade nominal da bomba. Concluiu-se que a maioria dos produtores não realizavam adequada manutenção das ordenhadeiras, resultando em funcionamento errôneo da mesma. Palavras-chave: pecuária leiteira, produção. Introdução A pecuária leiteira é uma atividade de grande importância para o desenvolvimento econômico de diversas regiões brasileiras, pois além de permitir a fixação do homem no campo, reduzindo as pressões sociais nas áreas urbanas,

2 contribui para minimização do desemprego e da exclusão social (MILINSKI et al., 2008). O Paraná se caracteriza por ser um estado de tradição agropecuária, onde a pecuária leiteira encontra-se praticamente consolidada nas bacias das regiões Centro Sul e Oeste do estado, e em fase de consolidação nas outras regiões (PARANÁ, 2000). A região Oeste do Paraná constitui a quarta maior produtora de leite do país, com a produção anual de 319 milhões de litros em 2009 (PARANÁ, 2010). O sistema produtivo contido neste estado é caracterizado por grande participação da agricultura familiar, que apesar de ser responsável por 60% da produção nacional de leite, ainda apresenta baixos índices produtivos. No entanto, a região Oeste apresenta um dos mais altos índices de utilização de tecnologia. Acima de 50% dos produtores de leite desta região possuem resfriadores e a ordenha mecânica é utilizada por aproximadamente 65% (PARANÁ, 2000). Portanto há necessidade de maiores estudos sobre os sistemas de ordenha utilizados nesta região, já que estes têm influencia direta sobre a qualidade do leite in natura e, conseqüentemente, sobre a remuneração do produtor. Objetiva-se com este trabalho, diagnosticar pontos críticos e controle em ordenhadeiras de propriedades familiares da região Oeste do Paraná. Metodologia: Foram realizadas visitas em 11 propriedades familiares, indicadas por uma associação de produtores de leite da região Oeste do Paraná, localizadas nos municípios de Marechal Cândido Rondon, Nova Santa Rosa, Mercedes e Quatro Pontes. Durante as visitas foram efetuadas avaliações com a finalidade de analisar quais as condições de manutenção e funcionamento das ordenhadeiras utilizadas por estes produtores. Os pontos avaliados na pesquisa foram: a) Condições das correias: avaliando desgaste e esticamento; b)tipo de lubrificação da bomba e se a vazão de óleo está adequada ou não; c) Diâmetro da tubulação de vácuo e a composição dos mesmos em curvas ou joelhos; d) Verificação da produção de vácuo nominal e mensuração

3 da produção de vácuo com caldalímetro manual; e) Verificação da rotação do motor nominal e cálculo da rotação da bomba; f) Tipo, posição e localização do regulador de vácuo; g) Verificação do vácuo através do vacuômetro da ordenhadeira; h) Mensuração da quantidade de vácuo na bomba, nas tomadas de vácuo e nas teteiras; i) Pulsações por minuto das teteiras e pulsadores; j) Estado das teteiras, manutenção e avaliação das mangueiras condutoras de leite; k) Entradas de ar em cada ordenhadeira. Complementando a avaliação, aplicou-se um questionário de 30 perguntas relacionadas ao equipamento de ordenha, parte das quais foram respondidas pelos produtores e parte pelo avaliador. Após a coleta dos dados referentes à todas as propriedades visitadas, estes foram tabulados e analisados para posterior conclusão sobre os pontos críticos em ordenhadeiras de propriedades leiteiras do Oeste do Paraná. Resultados e discussão (Gráfico 01): Dentre as 11 ordenhadeiras avaliadas chegou-se ao seguinte resultado Em 55% das ordenhadeiras foram encontradas entradas de ar. Segundo Meins (2004), elevadas taxas de entrada de ar no sistema de ordenha, por si só, são

4 responsáveis por infecções na glândula mamária. Um dos motivos pela entrada de ar no sistema seria a presença de fissuras nas borrachas das teteiras. Para Coentrão (2008), o surgimento de fissuras nas partes de borracha do equipamento de ordenha facilita o acúmulo de leite e dificulta a aderência no teto, permitindo a entrada de ar no sistema. Quanto a freqüência de ordenha, 64% delas estavam acima do padrão. A relação ideal de pulsação é 60:40 ou 70:30 em um ritmo de pulsação de 60 ciclos por minuto (RASMUSSEN, 1990). Freqüências superiores aumentam o tempo de ordenha, levando a sobre-ordenha, que de acordo com Muller (2002) pode provocar lesões nos tetos, que por sua vez predispõem a mastite. Cerca de 73% das ordenhadeiras apresentaram a capacidade de vácuo mensurada abaixo da capacidade nominal da bomba especificada pelos fabricantes e, uma apresentou bomba com a produção de vácuo 25% acima da capacidade nominal, isto ocorreu em virtude de um aumento da rotação acima do recomendado pelo fabricante, devido à alterações no tamanho das polias do motor e da bomba. Este tipo de alteração leva ao desgaste precoce da bomba por superaquecimento. Cerca de 45% dos sistemas de lubrificação das bombas não estavam funcionando de forma adequada. Para Gonçalvez (2007), deve-se trocar o óleo do reservatório e limpar a mecha de lubrificação da bomba de vácuo todo trimestre, e se necessário, trocar as mangueiras de lubrificação e luvas de borracha, verificar as peças e membranas do pulsador e trocá-las se for preciso e fazer uma lavagem na linha de vácuo, de acordo com as recomendações do fabricante, permitindo seu funcionamento correto. Observando os dados coletados, constatou-se que poucos produtores realizam adequada manutenção da ordenhadeira, ocasionando o mau funcionamento da mesma, resultando em maior tempo de ordenha e excedentes na produção.

5 Conclusão: Concluiu-se que parte dos produtores de leite estudados não realizam adequada manutenção da ordenhadeira, obtendo perdas na produção e na qualidade do leite ordenhado. Referências bibliográficas COENTRÃO, C.M.; SOUZA, G.N.; BRITO, J.R.F.; et al. Fatores de risco para mastite subclínica em vacas leiteiras. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Niterói-RJ, v.60, n.2, p , MILINSKI, Claudine C.; GUEDINE, Paulo S.M.; VENTURA, Carla A.A. O sistema agroindustrial do leite no Brasil: uma análise sistêmica. In: 4 O CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS, 1., 2008, Franca. Anais...Franca:Uni-FACEF, p. MULLER, Ernest Eckehardt. Qualidade do leite, Células Somáticas e Prevenção da mastite. In: II SUL LEITE: SIMPÓSIO SOBRE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA LEITEIRA NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2002, Maringá. Anais...Maringá: UEM/CCA/DZO, 2002, p PARANÁ - GOVERNO DO ESTADO. Caracterização da bovinocultura de leite no estado do Paraná. Curitiba, PARANÁ - SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Departamento de Economia Rural. Análise da Conjuntura Agropecuária- Leite. SEAB: Curitiba, p. RASMUSSEN, De M.D. Tecnologia da ordenha. Disponível em:< com.br/ Dairy_Knowledge/EfficientMilking/Milking_Technology.htm>. Acesso em 30 mar