Recursos Administrativos. Karine Lílian Machado

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1 Recursos Administrativos Karine Lílian Machado

2 Considerações Iniciais Eventualmente os particulares podem se considerar prejudicados com o conteúdo de determinada decisão da Administração. Nessas situações, o ordenamento jurídico possibilita àquele potencialmente prejudicado o direito de ter a decisão reavaliada. Essa reavaliação, em regra, ocorre mediante a interposição de recurso pela parte interessada.

3 Fundamento Constitucional A fase recursal do procedimento licitatório tem como fundamento o art. 5º da Constituição Federal, mais especificamente os seguintes incisos, que: XXXIV consagra a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; XXXIII estabelece o direito a receber das entidades públicas informações relativas a questões de seu interesse pessoal ou de interesse coletivo ou geral;

4 Fundamento Constitucional LIV garante o devido processo legal; LV assegura a todos os litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Ademais, o art. 37 da Carta Magna estabelece que a atividade administrativa será norteada pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

5 Regime Recursal das Contratações Públicas O recurso é o instrumento colocado à disposição dos particulares para provocar o reexame de decisões adotadas pela Administração. Para o processo de contratação pública, as normas prescrevem a possibilidade de interposição de três espécies recursais: recurso hierárquico; representação; pedido de reconsideração.

6 Dúvida Qual a diferença entre o recurso, a impugnação e o pedido de esclarecimento?

7 Recurso Hierárquico O recurso hierárquico ou recurso em sentido estrito tem como principal objetivo a impugnação de ato administrativo de cunho decisório, por meio da apreciação dos fatos por instância superior.

8 Requisitos de Admissibilidade De maneira geral, o cabimento dos recursos, seja na esfera administrativa ou judicial, sujeita-se à presença de determinados pressupostos ou requisitos de admissibilidade. Dentre esses requisitos destacam-se, no âmbito administrativo, os seguintes:

9 Existência de um Ato Administrativo Decisório Por ato administrativo decisório deve-se entender aquele por meio do qual a Administração profere uma decisão, gerando repercussões na esfera de interesse do particular. Dúvida O recurso pode ser utilizado para questionar decisões tomadas fora de um procedimento licitatório? Por exemplo, aquelas adotadas no curso de um procedimento auxiliar ou durante a execução dos contratos?

10 Lei 8.666/1993 Art Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem: I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: a) habilitação ou inabilitação do licitante; b) julgamento das propostas; c) anulação ou revogação da licitação; d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento; e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta Lei; f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa;

11 Legitimidade A legitimidade é a qualidade de quem pode recorrer. Têm esse atributo: o licitante; o contratado; o cadastrado. Dúvidas Um particular que não participa da licitação pode interpor recurso? Deve ser conhecido recurso interposto por licitante impedido de licitar e contratar com a Administração que tenha participado da licitação?

12 Interesse em Recorrer Cabe recurso contra decisão que produza lesão a direitos ou afete interesses de um licitante. A lesividade pode ser: direta; indireta. Dúvida É cabível recurso contra decisão que reconhece direito de um terceiro potencial competidor?

13 Fundamentação O recurso deverá contemplar as razões de fato e de direito pelas quais o recorrente reputa que a decisão recorrida deve ser invalidada ou reformada, ainda que de forma sintética e sumária. A ausência de fundamentação impede o conhecimento do recurso. Dúvida O licitante pode recorrer contra regras estabelecidas no edital da licitação?

14 Momento para Interposição O momento para interposição dos recursos depende da modalidade e do regime de contratação adotado: Modalidades da Lei 8.666/1993 os licitantes dispõem de duas oportunidades para interporem recursos no curso do procedimento: após a fase de habilitação e após o julgamento das propostas; Pregão regra geral, os licitantes dispõem de apenas um momento para interporem recurso, após a declaração do vencedor pelo pregoeiro;

15 Momento para Interposição RDC e Lei das Estatais salvo no caso de inversão de fases, os licitantes podem recorrer depois da fase de habilitação do vencedor. Nessa fase, serão analisados os recursos referentes ao julgamento das propostas ou lances e à habilitação do vencedor. Na hipótese de inversão de fases, segue-se o procedimento tradicional da Lei 8.666/1993. Dúvida É possível falar em fase recursal única no caso do pregão?

16 Dúvida Caso não haja declaração do vencedor num pregão, ainda assim é necessário observar os procedimentos estabelecidos no inciso XVIII do art. 4º da Lei /2002 para recurso? XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;

17 Tempestividade A tempestividade diz respeito ao prazo fixado em lei para interposição do recurso. Assim, tempestivo será o recurso apresentado dentro do prazo legal. Os prazos para interposição dos recursos diferem-se de acordo com a modalidade e o regime de contratação adotado.

18 Tempestividade Lei 8.666/ dias úteis no caso de concorrência, tomada de preços, concurso ou leilão, e 2 dias úteis para convite. Para os demais atos impugnados por meio de recurso, enumerados nas alíneas c a f do inciso I do art. 109, 5 dias úteis; Pregão - declarado o vencedor, o licitante deve manifestar, durante a sessão pública, de forma imediata e motivada, sua intenção de recorrer, sendo-lhe concedido o prazo de três dias* para apresentar as razões de recurso;

19 Tempestividade RDC - os interessados que desejarem recorrer em face dos atos do julgamento da proposta, de habilitação ou exame de pedido de pré-qualificação deverão manifestar imediatamente, após o término de cada sessão, a sua intenção, sob pena de preclusão; Lei das Estatais 5 dias úteis após a habilitação ou, na hipótese de inversão de fases, após a habilitação e após a verificação da efetividade das propostas (e julgamento).

20 Tempestividade Na contagem dos prazos recursais, aplicam-se as regras previstas nos arts. 45, 4º e 5º, da Lei /2011 e 9º da Lei /2002 combinado com o art. 110 da Lei de Licitações, no sentido de: excluir o dia do início e incluir o do vencimento; iniciar-se e expirar-se exclusivamente em dia útil no âmbito do órgão ou entidade responsável pela licitação.

21 DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO 01/fev 02/fev 03/fev 04/fev 05/fev 06/fev 07/fev 08/fev 09/fev 10/fev 11/fev 12/fev 13/fev 14/fev 15/fev 16/fev 17/fev 18/fev 19/fev 20/fev 21/fev 22/fev 23/fev 24/fev 25/fev 26/fev 27/fev 28/fev 01/mar 02/mar 03/mar 04/mar 05/mar 06/mar 07/mar 08/mar 09/mar 10/mar 11/mar 12/mar 13/mar 14/mar

22 Dúvidas É lícito exigir termo de renúncia de prazo recursal? Os prazos recursais podem ser alterados ou prorrogados por convenção das partes? O pregoeiro precisa indagar expressamente, durante a sessão, se algum licitante pretende interpor recurso?

23 Dúvida Qual tempo mínimo o pregoeiro deve aguardar para eventual manifestação de intenção de recurso pelos interessados no pregão eletrônico?

24 Acórdão 2.021/2007 Plenário - o TCU considerou exíguo o prazo de 2 minutos e 30 segundos. Acórdão 1.237/2008 Plenário - o TCU considerou muito dilatado o prazo compreendido entre 20 minutos e 72 horas do sistema comprasnet. Entendeu ainda que esse lapso temporal, para ser definido no caso concreto, permitia um grau de subjetividade que não era desejável para uma licitação. Assim, recomendou ao MPOG a adoção de um prazo fixo. Acórdão 1.990/2008 Plenário - o TCU recomendou o tempo mínimo de 30 minutos.

25 Dúvida O que fazer se o licitante não manifesta intenção de recorrer, mas no prazo legal ingressa com as razões de recurso? A doutrina e a jurisprudência divergem sobre o efetivo momento em que o recurso é interposto. O inciso XVIII do art. 4º da Lei prescreve que declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso....

26 Parte da doutrina, acompanhada de jurisprudência do STJ, entende que, no pregão, o recurso é interposto verbalmente, quando o particular manifesta sua discordância contra a decisão do pregoeiro durante a sessão. 1. O recurso administrativo no procedimento licitatório na modalidade pregão deve ser interposto na própria sessão. O prazo de três dias é assegurado apenas para oferecimento das razões... (REsp RJ, rel. Min. Castro Meira)

27 Em outro sentido, há quem defenda que o direito de recorrer só seria exercido efetivamente com a apresentação das razões por escrito. Não se confunde a intenção de recorrer com a efetiva interposição de recurso, a ser concretizada em 3 dias, quando deverão ser apresentadas suas razões recursais (Acórdãos TCU , 1619/2008 e 2961/2015, todos do Plenário).

28 Uma terceira corrente, defendida pelo professor Marçal Justen Filho, propõe uma solução intermediária entre as duas posições citadas. Levando em consideração as peculiaridades do pregão na forma presencial e eletrônica quanto ao acesso dos licitantes às informações da licitação, o professor Marçal entende que no primeiro caso o recurso é interposto durante a sessão. Já na forma eletrônica, o prazo recursal apenas pode iniciar seu curso após o exame dos documentos pelos participantes do certame (Acórdão 2961/2015 Plenário).

29 De qualquer forma, o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever, de ofício, eventual falha apontada pelo recorrente, em razão do princípio da autotutela.

30 Dúvidas O que fazer se um licitante manifesta intenção de recorrer em razão de um motivo, mas apresenta razões de recurso para outro? E se o licitante manifesta um motivo e apresenta razões para outros motivos? É possível aplicar sanção a uma empresa que manifesta a intenção de recorrer, mas não apresenta suas razões de recurso no prazo legal?

31 Forma O recurso deverá ser interposto de acordo com o estabelecido no edital do certame. Geralmente adota a forma escrita, ressalvada a possibilidade de o recurso ser manejado dentro do próprio sistema, no caso das modalidades eletrônicas.

32 Na peça recursal devem constar: a autoridade superior a quem é dirigida; a identificação do recorrente; o resumo dos fatos; o ato apontado como irregular ou nulo; os fundamentos de fato e de direito que embasam a pretensão do recorrente, com indicação dos dispositivos legais violados; e o pedido, consubstanciado na modificação, revogação ou anulação da decisão proferida.

33 Dúvidas O pregoeiro pode, após a manifestação do licitante pela intenção de recorrer, reconhecer o equívoco cometido e rever, desde logo, o ato impugnado? É possível aceitar recurso interposto por fax ou mensagem eletrônica ( )?

34 Não Observância dos Requisitos de Admissibilidade De ordinário, seja na esfera administrativa ou judicial, o preenchimento dos requisitos de admissibilidade constitui condição formal para que o recurso possa ter seu mérito analisado. Logo, ausente algum desses requisitos, a pretensão do particular não poderia ser analisada.

35 Não Observância dos Requisitos de Admissibilidade Contudo, nesse caso, não pode a Administração simplesmente negar seguimento à manifestação do particular, ignorando sua pretensão. Em homenagem aos princípios do formalismo moderado e da verdade material, que norteiam o processo administrativo, deve a Administração receber o recurso e analisar seu mérito, com fundamento no direito de petição previsto no texto constitucional.

36 Não Observância dos Requisitos de Admissibilidade Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

37 Dúvida A quem cabe o exame dos requisitos de admissibilidade dos recursos no pregão, ao pregoeiro ou à autoridade superior? A Lei /2002 condiciona a interposição do recurso no pregão à prática dos seguintes atos por parte do recorrente: (i) manifestação da intenção de recorrer (ii) por representante credenciado (iii) dentro do prazo determinado pelo pregoeiro e (iv) com a indicação das razões do descontentamento.

38 Estes atos devem ser produzidos durante a sessão do pregão, que é conduzida pelo pregoeiro. Assim, cabe ao pregoeiro o juízo de admissibilidade do recurso, restrito a tais aspectos. Com relação ao quarto e último aspecto há grande controvérsia, pois muitos pregoeiros, no afã de concluírem rapidamente a licitação***, acabam ingressando no mérito do motivo deduzido pelo recorrente, afastando preliminarmente o recurso e recusando-se a levá-lo à autoridade superior. Esse procedimento não encontra amparo legal.

39 A competência do pregoeiro para empreender juízo de admissibilidade recursal deve ser restrita a aspectos formais, relacionados à presença dos pressupostos recursais, tais como sucumbência, tempestividade, legitimidade, interesse e motivação. Não lhe é dado o exame do mérito do recurso (Acórdãos TCU 3.151/2006 2ª Câmara; 3.528/2007 1ª Câmara e 287/2008, 2.564/2009, 339/2010, 1.462/2010, 518/2012, 2.627/2013 Plenário).

40 Dúvidas A autoridade superior pode delegar ao pregoeiro a competência para exame dos requisitos de admissibilidade dos recursos? O edital do certame pode conter cláusula que confira poderes ao pregoeiro para exame dos requisitos de admissibilidade dos recursos?

41 A questão a ser enfrentada refere-se à inserção, no Edital do Pregão nº 6/2006, da cláusula 8.1 que dá poderes manifestamente ilegais ao pregoeiro para aceitar ou não as manifestações de recurso dos licitantes, ou seja, ele pode não autorizar o licitante recorrer, embora ele tenha manifestado de forma imediata e motivada tal intenção. (Acórdão 478/2011 1ª Câmara)

42 O exame preambular da peça recursal permite ao julgador do certame não conhecer do pedido quando o licitante não demonstra a existência de contrariedade à específica decisão da comissão julgadora. Cito, como exemplo, o requerimento de diligências à comissão de licitação para esclarecer fato irrelevante ou a impugnação do edital quando esta via já se encontra preclusa. Tais razões equivalem à ausência de interesse e de motivação do recurso. Nessa vereda, o responsável pela licitação não estará antecipando o mérito do recurso à admissibilidade (trecho do voto do Acórdão 3.151/2006 2ª Câmara).

43 Exemplo Acórdão 1650/2010 Plenário Pregão eletrônico nº 86/2009 (fls. 45/46): Registro de Intenção de Recurso. Fornecedor: RIPARO CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA CNPJ/CPF: Motivo: A DEUTEC usufruiu do art. 44 da LC 123/2006, mas não atende o previsto no art. 72 da mesma lei, porque na sua razão social não consta o termo ME ou EPP. Ou seja descumpriu a legislação prevista no EDITAL.

44 Exemplo Acórdão 1650/2010 Plenário Intenção de recurso rejeitada. Fornecedor: RIPARO CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES LTDA CNPJ/CPF: Motivo: Para efeitos de comprovação, a Declaração emitida pela empresa é aceita, relativamente ao disposto no art. 72 da lei complementar 123/06, citado não estipula prazo para a alteração, entretanto, no intuito de confirmar a Declaração da empresa, consultamos o site da Receita Federal, no que foi ratificado o enquadramento da Licitante. Desta forma rejeitamos a intenção do recurso.

45 ***Para reflexão... A proteção dos interesses da Administração não justifica, de pronto, o afastamento dos princípios que regem o direito administrativo. Nesse sentido, cabe ao responsável pela licitação, seja o pregoeiro ou comissão de licitação, buscar ponderar a defesa do célere atendimento das necessidades públicas com observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e economicidade, dentre outros. Ilustrativo, nesse sentido, revela-se o trecho do Acórdão 64/2004 Plenário, a seguir reproduzido:

46 ***Para reflexão A pregoeira afirma, em suas razões de justificativa, que "a tentativa deve ser sempre de salvar o certame preservando os interesses da administração" (fl. 212, v.1). Nem sempre 'salvar o certame' implica em proteger os interesses da administração. Certamente, é interesse da administração ter o serviço contratado, mas com a observância da legalidade, impessoalidade, economicidade. Havia muitos elementos indicando que a contratação não deveria ter sido realizada nos moldes em que foi feita: erros grosseiros nas propostas, falta de competitividade e valor apresentado muito acima do que foi orçado. Nesse caso, julgado de fevereiro de 2004, o TCU imputou multa de R$ 5.000,00 a pregoeira que conduziu o certame.

47 Acesso a Informações O particular tem direito a obter todas as informações em poder da Administração para interpor recurso contra a decisão que repute inválida ou passível de reformulação. Trata-se de regra amplamente amparada no texto constitucional, art. 5º, incisos XXXIII, LIV e LV. Nenhum prazo recursal se inicia ou corre sem que os autos do processo estejam com vista franqueada ao interessado.

48 Acesso a Informações Oriente seus pregoeiros a disponibilizarem aos demais licitantes, tão logo declarado o vencedor, toda documentação apresentada por este, notadamente no que pertine à proposta e à habilitação, a fim de possibilitar, se for o caso, a motivação de eventuais intenções de recurso e a fundamentação desses recursos, dando-lhes ciência, via sistema no caso de pregão eletrônico, do local onde se encontra a aludida documentação... (Acórdão Plenário).

49 Acesso a Informações Atenção! Não basta disponibilizar os autos. É necessário disponibilizar os autos com todas as informações pertinentes ao processo. Por exemplo, por meio do Acórdão Plenário, o TCU entendeu irregular a abertura aos licitantes da etapa de manifestação de intenção de recursos sem o pregoeiro receber planilha de preços readequada ao lance do vencedor.

50 Acesso a Informações A parte final do art. 26 do Decreto 5.450/2005 enuncia que depois de apresentados os recursos, os demais licitantes dispõem do prazo de 3 dias para apresentar contrarrazões, sendo-lhes assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses. Atenção para a conotação restritiva que esse dispositivo aparenta ter.

51 Efeitos Recursais Os recursos poderão ser recebidos nos efeitos: Devolutivo Suspensivo Via de regra, os recurso administrativos são dotados de efeito devolutivo. Nem todos os recursos são dotados de efeito suspensivo.

52 Efeitos Recursais Lei 8.666/ efeito suspensivo quando o recurso se voltar contra a habilitação ou inabilitação do licitante e contra o julgamento das propostas. Para os demais casos, a Lei de Licitações remete à autoridade competente o poder de concedê-lo, desde que de forma motivada e presentes razões de interesse público. As Leis do RDC, das Estatais e do Pregão não tratam de forma expressa sobre a atribuição do efeito suspensivo.

53 Dúvidas O ato que determina a aplicação de sanções deve surtir todos os seus efeitos diante da interposição de recurso sem efeito suspensivo? Considerando que a Lei do Pregão não trata de forma expressa sobre a atribuição do efeito suspensivo, é possível concluir que não há obrigatoriedade de conferir referido efeito nesses casos?

54 Dúvidas Em face do que dispõe o inciso XVIII do art. 11 do Decreto 3.555/2000, como proceder no caso do pregão presencial no âmbito federal? Art. 11. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: (...) XVIII - o recurso contra decisão do pregoeiro não terá efeito suspensivo;

55 Manifestação dos Interessados Em um procedimento licitatório, a decisão que prejudica um licitante potencialmente pode beneficiar outro e vice versa. Isto posto, é essencial que, antes da apreciação de determinado recurso, seja oportunizado aos demais licitantes contraditar os termos da peça apresentada, de forma a se garantir a observância do devido processo legal e do contraditório.

56 Manifestação dos Interessados Concorrência, tomada de preços, concurso e leilão Convite Pregão RDC e Lei das Estatais 5 dias úteis 2 dias úteis 3 dias úteis Não prevê intimação

57 Manifestação dos Interessados Aplica-se, no caso, o disposto no art. 28 da Lei nº 9.784/1999: Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.

58 Processamento do Recurso O recurso deve ser dirigido à autoridade superior por meio daquela que praticou o ato recorrido. Na realidade, a decisão sobre o recurso pode advir da possibilidade de: retratação do pregoeiro/comissão de licitação; ou revisão/anulação do ato pela autoridade superior.

59 Processamento do Recurso Em sua manifestação, poderá o pregoeiro ou a comissão de licitação: não conhecer do recurso; conhecer do recurso e, no mérito reconsiderar sua decisão, seja para invalidá-la e proferir outra, seja para reformá-la; conhecer do recurso e, no mérito, não dar a ele provimento, mantendo o ato, hipótese em que remeterá o recurso à autoridade superior com a exposição dos motivos de seu entendimento.

60 Dúvida É possível delegar ao pregoeiro ou à comissão de licitação a competência para exame do mérito dos recursos? Lei 9.784/1999 Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. (...) Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

61 Dúvida Como interpretar os arts. 11, VII, do Decreto 5.450/2005 e 9º, VIII, do Decreto 3.555/2000, que atribuem ao pregoeiro a competência para decidir os recursos? Decreto 5.450/2005 Art. 11. Caberá ao pregoeiro, em especial: (...) VII - receber, examinar e decidir os recursos, encaminhando à autoridade competente quando mantiver sua decisão; Decreto 3.555/2000 Art. 9º As atribuições do pregoeiro incluem: (...) VIII - o recebimento, o exame e a decisão sobre recursos;

62 Dúvidas Caso a autoridade que tenha praticado o ato (comissão de licitação ou pregoeiro) exerça o juízo de retratação, ela deve encaminhar o processo à deliberação da autoridade superior? Em caso de retratação, deve ser aberto prazo para os licitantes interporem novos recursos, frente à nova decisão adotada?

63 Marçal Justen Filho o recurso deve subir à autoridade competente se houver pedido dos demais licitantes; Diogenes Gasparini e Carlos Pinto Coelho Motta a matéria estará preclusa, não cabendo mais discussão na esfera administrativa; Jessé Torres caso haja impugnação ao recurso, este deve ser encaminhado à instância superior; Sundfeld os demais licitantes poderão apresentar novo recurso (representação).

64 Acórdão 1.788/2003 Plenário (Min. Augusto Sherman) Para o TCU, quando a autoridade que praticou o ato se retrata, reconsiderando sua decisão, deverá fazer subir a matéria à autoridade superior nos casos em que há: controvérsia demonstrada por meio de impugnações; requisição de algum interessado. Entretanto, na hipótese de a Administração reconsiderar sua decisão baseada em novos fatos, os licitantes poderão se valer do recurso de representação, previsto no inc. II do art. 109 da Lei de Licitações.

65 Esses procedimentos devem ser disciplinados no instrumento convocatório do certame, nos termos do art. 40, inc. XV, da Lei 8.666/1993. Devem ser previstas, no edital, instruções e normas para os recursos disciplinados na lei.

66 Processamento do Recurso Caso não haja reconsideração mantida a decisão, o recurso deverá subir devidamente informado à autoridade superior, que terá o prazo de cinco dias úteis para proferir a decisão final. Usualmente, a autoridade superior solicita a manifestação da assessoria jurídica. Na sequência, pronuncia-se, de forma fundamentada e motivada, sobre todos os itens do recurso (Acórdão 1.182/2004 Plenário).

67 Processamento do Recurso A autoridade superior pode: manter a decisão impugnada; prover o recurso para reformar a decisão recorrida; ou no caso de reconhecer a nulidade do ato impugnado, restituir o processo à autoridade competente, que pode ser o pregoeiro ou comissão de licitação, para nova decisão.

68 Dúvidas Cabe recurso contra a decisão da autoridade competente proferida em recurso? O recorrente precisa esgotar a esfera administrativa para questionar o ato impugnado no âmbito judicial?

69 Acolhimento do Recurso Consequências A legislação do pregão e do RDC estabelecem que o acolhimento de recurso implicará invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento (art. 4º, inciso XIX, da Lei /2002 e art. 57 do Decreto nº 7.581/2011).

70 Representação É o recurso cabível contra decisões ou atos praticados no curso de um procedimento licitatório, ou durante a execução de um contrato administrativo, não impugnados pela via do recurso hierárquico. Podem ser objeto de representação todos os atos que, por seu conteúdo, não comportam recurso, mas dizem respeito ao processo de licitação, cadastramento, procedimento auxiliar ou contrato, ainda que por omissão ou sem cunho decisório.

71 Representação Mencione-se, a título de exemplo: eventuais alterações ocorridas no edital no curso da licitação; o indeferimento de diligências; o julgamento pela improcedência de impugnação; o acolhimento de justificativa do adjudicatário que não firmou o contrato no prazo devido.

72 Dúvidas A representação, como espécie recursal, é cabível no pregão? A representação ora em comento é a mesma prevista no 1º do art. 113 da Lei 8.666/1993? 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.

73 Pedido de Reconsideração Destina-se exclusivamente a pleitear o reexame do ato administrativo que aplicou a sanção de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública. Previsto no inciso III do art. 109 da Lei 8.666/1993, referido recurso deverá ser interposto no prazo de 10 dias úteis, contados da intimação do ato, que deve ser publicado na imprensa oficial ( 1º do art. 109). Em princípio, não tem efeito suspensivo, salvo se assim for recebido.

74 O único homem que não comete erros é aquele que não faz coisa alguma. Obrigada!