A RESPONSABILIDADE PENAL NA EUTANÁSIA: UM BREVE ESTUDO SOBRE A (IN) DISPONIBILIDADE DA VIDA DO SER HUMANO VISTA COMO BEM JURÍDICO TUTELADO PELO ESTADO

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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A RESPONSABILIDADE PENAL NA EUTANÁSIA: UM BREVE ESTUDO SOBRE A (IN) DISPONIBILIDADE DA VIDA DO SER HUMANO VISTA COMO BEM JURÍDICO TUTELADO PELO ESTADO JOSIANE CONTE Itajaí (SC), 20 de novembro de 2009

2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A RESPONSABILIDADE PENAL NA EUTANÁSIA: UM BREVE ESTUDO SOBRE A (IN) DISPONIBILIDADE DA VIDA DO SER HUMANO VISTA COMO BEM JURÍDICO TUTELADO PELO ESTADO JOSIANE CONTE Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Msc. Carlos Roberto da Silva Itajaí, de novembro de 2009.

3 AGRADECIMENTO Primeiramente ao meu professor e orientador Carlos Roberto da Silva, por sua incansável dedicação e paciência, por transmitir sua tranqüilidade que foi fator essencial para a conclusão deste trabalho. Aos meus amigos, à minha família e principalmente a Deus por ter me proporcionado este momento tão especial em minha vida.

4 DEDICATÓRIA À minha mãe Jussara, meu pai (Valdir) e à minha tão especial irmã (Graciele), que estes seres saibam que tudo de bom que tem acontecido devo a eles, à minha mãe porque me educou da melhor maneira possível, pois durante todo período do meu desenvolvimento reservou as essências mais especiais, dedicou sua vida para me ver aqui hoje, realizando mais um sonho. Ao meu pai, porque não existem palavras para dizer o que este homem significa em minha vida, agradeço a exata maneira que ele é, porque muito dele está em mim, suas noites sem dormir procurando a melhor maneira de deixar bem a sua filha que estava e está longe dele. À minha irmã, ah, se ela soubesse como é bom tê-la como irmã, como amiga, se ela soubesse como é bom saber que ela existe, a esta pessoa incrivelmente diferente de todos que eu conheço, porque me ensinou, ensinou muito, mas existem coisas que a gente nunca esquece como aquela data em que choramos muito por uma notícia triste, e hoje nos encontramos cheios de perspectivas, apenas positivas, é claro, porque eu, minha mãe e meu pai, aprendemos com ela (Graci) que o verdadeiro sentido da vida se encontra em viver, viver e viver. Obrigada por fazerem parte da minha vida.

5 TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí, 20 de Novembro de Josiane Conte Graduanda

6 ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. DIGNIDADE DO SER HUMANO Deriva do latim dignitas (virtude, honra, consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, possuída por uma pessoa, serve de base ao próprio respeito em que é tida. Compreende-se também como o próprio procedimento da pessoa, pelo qual se faz merecedor do conceito público. Dignidade, em sentido jurídico, também se entende como a distinção ou honraria conferida a uma pessoa, consistente em cargo ou título de alta graduação. No Direito Canônico, indica-se o beneficio ou prerrogativa decorrente de um cargo eclesiástico 1. DISTANÁSIA No que se refere à distanásia, é sabido que a etimologia revela que a palavra deriva do grego dis (afastamento) e thánatos (morte), consistindo, portanto no emprego de recursos médicos com o objetivo de prolongar ao máximo possível a vida humana 2. ÉTICA A palavra ética é usada, sob a expressão de ética profissional, para indicar a soma de deveres, que estabelece a norma de conduta do profissional no desempenho de suas atividades e em suas relações com o cliente e todas as demais pessoas com quem possa ter trato 3. EUTANÁSIA 1 SILVA, Plácido de, et al. Vocabulário Jurídico. v. II. Rio de Janeiro: Editora Forense, p CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia. Curitiba: Juruá, p SILVA, Plácido de, et al. Vocabulário Jurídico. v. II. Rio de Janeiro: Editora Forense, p. 12.

7 Morte que alguém proporciona a uma pessoa que padece de uma enfermidade incurável ou muito penosa, e a que tende a extinguir a agonia demasiado cruel ou prolongada. 4. HOMICÍDIO É a eliminação da vida de alguém levada a efeito por outrem. Embora a vida seja um bem fundamental do ser individual-social, que é o homem, sua proteção legal constitui um interesse compartido do indivíduo e do Estado. 5. HOMICÍDIO PRIVELIGIADO As circunstâncias especialíssimas elencadas no 1º do art. 121 minoram a sanção aplicável ao homicídio, tornando-o um crimen exceptum. Contudo, não se trata de elementares típicas, mas de causas de diminuição de pena, também conhecidas como minorantes [ ] 6. ORTOTANÁSIA [...] as condutas ortotanásicas diferem amplamente da eutanásia passiva, pois nesta ocorre a provocação da morte do doente terminal por meio da omissão quanto aos cuidados paliativos ordinários e proporcionais que evitariam seu passamento 7. MORAL [ ] designa a parte da filosofia que estuda os costumes, para assinalar o que é honesto e virtuoso, segundo os ditames da consciência e os princípios de humanidade 8. MORTE CLÍNICA 4 ASUA, Luis Jimenez de. Liberdade de Amar e Direito a Morrer: Eutanásia e Endocrinologia. Belo Horizonte: Mandamentos, p BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte especial: dos crimes contra a pessoa. 8. ed. São Paulo: Saraiva, p BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte especial: dos crimes contra a pessoa. 8. ed. São Paulo: Saraiva, p CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia. Curitiba: Juruá, p SILVA, Plácido de, et al. Vocabulário Jurídico. v. II. Rio de Janeiro: Editora Forense, p. 23.

8 [...] desintegração irreversível da personalidade em seus aspectos fundamentais morfofisiológicos, fazendo cessar a unidade biopsicológica como um todo funcional e orgânico, definidor daquela personalidade que assim se extinguiu 9. 9 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia. Curitiba: Juruá, p. 99.

9 8 SUMÁRIO RESUMO...09 INTRODUÇÃO...10 CONCEITO, ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CLASSIFICAÇÃO DA EUTANÁSIA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS, CONCEITO E ETIMOLOGIA EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O DIREITO COMPARADO CLASSIFICAÇÃOE ESPÉCIES...31 CAPÍTULO O DIREITO À VIDA E OS ASPECTOS ÉTICOS E MORAIS DA EUTANÁSIA DIREITO À VIDA CONCEITO DE MORTE CLÍNICA DISCUSSÃO ÉTICA E MORAL DA EUTANÁSIA A EUTANÁSIA VISTA PELAS RELIGIÕES...54 CAPÍTULO A HIPÓTESE DE UMA MORTE DIGNA E A RESPONSABILIDADE PENAL DO MÉDICO NA EUTANÁSIA UMA BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA FRENTE À EUTANÁSIA A TIPICIDADE DO CRIME DE HOMICÍDIONA CONDUTA MÉDICA NA EUTANÁSIA UMA NOVA PRPOPOSTA DE DEFINIÇÃO JURÍDICO PENAL DA EUTANÁSIA CONSIDERAÇÕES FINAIS...80 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS...86

10 9 RESUMO O avanço científico da medicina tem trazido inegáveis benefícios à toda a sociedade, prolongando a expectativa de vida e, em alguns casos, prorrogando de forma artificial uma vida humana já condenada à morte por doença incurável. Nessa última circunstância, a hipótese da eutanásia vem ganhando corpo e espaço nas discussões jurídico filosóficas em tempos atuais, o que traduz uma tendência à eventual aceitação da prática médica eutanásica no mundo jurídico. De fato, é sabido que o direito tenta traduzir um sentimento social predominante, para o fim de regrar a conduta e a convivência dessa mesma sociedade. Se assim entendido, é de se concluir que essa evolução de pensamento, para o fim de admitir a eutanásia, afastando a hipótese de crime ou, ao menos, amenizando a sanção Estatal, tem como tendência culminar com essa proporcional e paralela evolução legislativa. No campo jurisfilosófico, essas eventuais mudanças referidas encontram fundamento no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e no Princípio da Autonomia, no sentido de se admitir a dignidade do ser humano no momento da morte, evitando um sofrimento exagerado e desnecessário, e possibilitando à pessoa dispor do bem vida, que em última análise lhe pertence. Nesse panorama, observa-se que o direito pátrio, apesar de tentativas de alterações em frustrados projetos de lei, ainda contempla a conduta eutanásica como homicídio, vislumbrando-se apenas a possibilidade de se reconhecer a causa de diminuição de pena do privilégio em razão de relevante valor moral decorrente das circunstâncias em que se admite a eutanásia (doença terminal e sofrimento intenso do enfermo). Por tais aspectos, discute-se, no presente trabalho, essa mudança de paradigma e a possibilidade de se admitir uma mudança legislativa em nosso sistema jurídico, para enquadrar de forma diferente da atual o ato médico da eutanásia.

11 10 INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto a análise críticoreflexiva da possibilidade de se propor uma nova definição jurídico-penal da eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro, levando-se em consideração as peculiaridades que cercam o ato médico que abrevia, a pedido, a vida do paciente terminal. É sabido que o ordenamento penal nacional enquadra a conduta eutanásica como homicídio, entendendo assim que o médico, ao antecipar a morte do paciente a pedido do próprio, mesmo estando ele fadado a esse inevitável resultado, e sofrendo intensamente em decorrência dessa moléstia incurável, atuaria com o dolo genérico de ceifar uma vida humana, tal qual o delinquente comum que age nos mais variados rincões de violência desse país. No entanto, considerando serem especiais as circunstâncias do ato eutanásico, porquanto se pode questionar a eventual desconsideração da dignidade do ser humano condenado ao sofrimento enquanto aguarda a morte certa, porque já anunciada pela medicina. Nessa hipótese, além do aspecto da questionável manutenção de sua dignidade como pessoa, estar-se-ía impedindo o indivíduo de dispor de sua própria vida, mesmo não reprimindo, o direito pátrio, o suicídio. Assim, considerando esses aspectos e o panorama legislativo atual, e tendo em conta ainda que a hipótese de que a atuação do profissional da medicina nessa situação não poderia ser equiparada a do marginal comum, o presente estudo inicia a abordagem do tema, no primeiro capítulo, destacando as bases históricas, conceituais e de classificação das espécies conhecidas de eutanásia, para uma compreensão inicial do tema central proposto. Já no segundo capítulo, pretende-se abordar as implicações do ato eutanásico no campo da ética, porquanto é sabido que a valoração da conduta humana se dá através da evolução do pensamento, dos hábitos e dos costumes de

12 11 uma sociedade, fatores que são influenciados pela cultura e raízes históricas e religiosas desse mesmo contingente social. Assim, no segundo capítulo propõe-se uma abordagem do direito à vida e, consequentemente, à morte, para repensar a idéia de disponibilidade do bem jurídico vida pelo próprio indivíduo, correlacionando esses temas com o pensar e o agir ético dominante, culminando com a influência exercida pelas religiões em relação ao tema eutanásia. Por fim, no terceiro capítulo, adentra-se ao estudo mais específico do tema central, ligado à proposta de discussão sobre uma nova definição jurídico penal do ato eutanásico. Para tanto, principia-se abordando o princípio da dignidade da pessoa humana e sua influência na hipótese de se conceber a idéia de uma morte digna através da eutanásia. Empós, embrenha-se na questão técnica da tipicidade da conduta eutanásica segundo a legislação vigente, a fim de culminar com o estudo da possibilidade de se rediscutir essa tipificação tendo-se em conta os aspectos peculiares que cercam o ato médico de, nas circunstâncias definidas, abreviar, e pedido, a vida humana, que por doença terminal experimenta intenso sofrimento. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a responsabilidade penal na eutanásia: um breve estudo sobre a (In) disponibilidade da vida do ser humano vista como bem jurídico tutelado pelo Estado. hipóteses: Para a presente monografia foram levantadas as seguintes A vida se eleva à condição de bem jurídico absolutamente indisponível, inclusive em relação ao próprio indivíduo, afastando por completo a hipótese de se admitir a abreviação através da eutanásia, mesmo nos casos de morte certa cientificamente comprovada e quando a doença estiver impondo ao enfermo sofrimento intenso.

13 12 O princípio da dignidade da pessoa humana poderá fundamentar a possibilidade do doente terminal, ou seus parentes, optarem pela hipótese de uma morte digna (antecipada pela eutanásia) quando a enfermidade já atestada como incurável estiver impondo ao doente um expressivo sofrimento A eutanásia, segundo a lei penal vigente em nosso país, deve ser enquadrada como crime de homicídio com pena mais branda, ou será possível aplicar uma causa de diminuição em razão de relevante valor moral, ou, ainda, será viável considerar-se uma conduta atípica, em todos os casos quando se verificar a hipótese de morte cientificamente comprovada e estiver o doente sofrendo intensamente. Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação 10 foi utilizado o Método Indutivo 11, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano 12, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente 13, da Categoria 14, do Conceito Operacional 15 e da Pesquisa Bibliográfica [...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, p [...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p [...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p [...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p [...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 239.

14 13 CAPÍTULO 1 CONCEITO, ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CLASSIFICAÇÃO DA EUTANÁSIA 1.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS, CONCEITO E ETIMOLOGIA O direito à vida por evidente sugere a abordagem do tema relacionado ao estudo da Eutanásia. Não por outro motivo, então, suscita controvérsias de ordem ética, política, social e, conseqüentemente, jurídica. Mesmo com o avanço da medicina e da vida social moderna, não houve óbice para que essa discussão encontrasse solução pacífica, sobretudo porque o bem jurídico "vida" é, de todos aqueles protegidos pelos ordenamentos jurídicos dos Estados Democráticos de Direito, o mais valioso, não somente sob o ponto de vista jurídico penal, mas igualmente no imaginário social 17. Por toda essa complexidade, e as discussões acaloradas que o tema suscita, a conceituação e o estudo da origem do vocábulo eutanásia são aspectos importantes a serem abordados, para o bom início da compreensão do que se propõe a expor. Etimologicamente, conclui-se que o termo encontra berço na língua grega, do grego "eu" + "thantos" que tem por significado "a morte sem sofrimento e indolor" ou, ainda, "... morte fácil e sem dor", "morte boa e honrosa", "alívio da dor", "golpe de graça", "morte direta e indolor", "morte suave", etc...", sendo possível traduzi-lo como "boa morte" ou "morte apropriada" PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida. São Paulo: Loyola, p ALVES, Ricardo Barbosa. Eutanásia, bioética e vidas sucessivas. Sorocaba: Brazilian Books, p. 32.

15 14 Oportuno registrar que tal denominação foi utilizada primeiramente por Francis Bacon, em 1623, em sua obra "Historia vitae et mortis", como sendo o "tratamento adequado às doenças incuráveis". Consoante o já referido filósofo inglês ( ): O ofício do médico não é somente restaurar a saúde, mas também mitigar as dores e tormentos das enfermidades; e não somente quando tal mitigação da dor [...] ajuda e conduz á recuperação, mas também quando, esvaindo-se toda esperança de recuperação, serve somente para conseguir uma saída da vida mais fácil e eqüitativa [...]. em nossos tempos, os médicos fazem questão de escrúpulo e religião o estar junto ao paciente quando ele está morrendo [...], devem adquirir habilidades e prestar atenção em como o moribundo pode deixar a vida mais fácil e silenciosamente. A isso eu chamo a pesquisa sobre a "eutanásia externa" ou morte fácil 19. No contexto etimológico, pode-se conceituar o termo como a morte boa, a morte calma, a morte piedosa e humanitária, ou seja, a morte que afasta o ser humano de um sofrimento físico maior, abrandando, portanto essa dor com a abreviação do resultado já esperado (a própria morte). De sua parte, Luiz Jimenez de Asúa, renomado professor espanhol, em sua obra "Liberdade de Amar e Direito de Morrer", define a eutanásia como a "morte que alguém proporciona a uma pessoa que padece de uma enfermidade incurável ou muito penosa, e a que tende a extinguir a agonia demasiado cruel ou prolongada". 20. O autor espanhol acentua que esse é o sentido verdadeiro da eutanásia, compatível com o móvel e a finalidade altruística da mesma. Todavia, o supracitado autor mostra-se de certa forma incoerente ao ampliar o conceito da morte boa aos antigos sacrifícios de crianças fracas e disformes e às modernas práticas para eliminar do mundo os idiotas, loucos e incapazes incuráveis, porquanto tais mortes não possuem o mesmo fundamento da definição citada, que é a de eliminar uma vida humana em razão do 19 PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p ASUA, Luis Jimenez de. Liberdade de Amar e Direito a Morrer: Eutanásia e Endocrinologia. Belo Horizonte: Mandamentos, p. 185.

16 15 desnecessário e desproporcional sofrimento experimentado pelo ser humano, cuja vida só existe porque sustentada artificialmente 21. Se admitida fosse a concepção lançada por Asúa, poderia ser citado Licurgo, legislador espartano, como um dos precursores do termo, senão o iniciador da eutanásia, quando, considerando o bem público, mandava lançar ao abismo as crianças débeis, disformes ou enfermas. Em outras palavras, o sentido que se quer empregar ao termo eutanásia não se aproxima do puro desapego ao valor da vida humana, do contrário, procura dignificar o sentido de vida e expressar que deve prevalecer o bem estar do ser humano, para que possa viver dignamente por toda a sua existência, até o ponto em que por sacrifício ou sofrimento desproporcional, essa vida vegetativa não tenha mais sentido 22. Bizatto, citando os ensinamentos de Morselli, define eutanásia como "aquela morte que alguém dá a uma pessoa que sofre de uma enfermidade incurável, a seu próprio requerimento, para abreviar a agonia demasiado longa ou dolorosa", em sua obra "Eutanásia e Responsabilidade Médica". O citado autor menciona que esta conceitução é complementada por Pinan Y Malvar, que acentua um impulso de exacerbado sentimento de piedade e humanidade, presente naquele que pratica a eutanásia 23. De outro lado, destaca-se a conceituação do estudioso paraense Lameira Bittencourt, em sua dissertação intitulada "Da Eutanásia", publicada em Belém, no ano de 1939, sustentou que "a eutanásia é tão-somente a morte boa, piedosa e humanitária, que, por pena e compaixão, se proporciona a quem, doente e incurável, prefere mil vezes morrer, e logo, a viver garroteado pelo sofrimento, pela incerteza e pelo desespero" 24. Importante carrear outro semelhante conceito de eutanásia pode ser extraído dos ensinamentos de Ricardo Oxamendi, em seu livro "El Delito": 21 ASUA, Luis Jimenez de. Liberdade de Amar e Direito a Morrer: Eutanásia e Endocrinologia, p ASUA, Luis Jimenez de. Liberdade de Amar e Direito a Morrer: Eutanásia e Endocrinologia, p BIZZATO, José Ildefonso. Eutanásia e Responsabilidade Médica. 2. ed. São Paulo: Editora de Direito, p. 15.

17 16 [ ] boa morte, crimes caritativos, piedade homicida, homicídio caritativo, a arte de morrer, exterminação de vidas sem valor vital, suprema caridade, morte de incuráveis, morte benéfica, crime humanitário, direito de matar, homicídio piedoso, direito de morrer, morte libertadora, eliminadora, econômica e suprema caridade 25. Segundo Menezes, citando Pinam y Malvar: [...] a eutanásia é aquele ato em virtude do qual uma pessoa dá morte a outra, enferma e parecendo incurável, ou a seres acidentados que padecem dores cruéis a seu rogo ou requerimento e sob impulsos de exacerbado sentimento de piedade e humanidade 26. Conceituação moderna e sintetizada do termo poderia ser estabelecida pensando-se a eutanásia como ato de dar a morte, por compaixão, a alguém que sofre intensamente, em estágio final de doença incurável, a pedido do próprio doente ou, se impossibilitada estiver a sua livre manifestação de vontade, dos seus parentes próximos. Destaca-se, também, que a eutanásia em tempos hodiernos experimenta um sensível alargamento de seu campo de incidência, não mais sendo vista apenas em relação às hipóteses de doentes terminais, alcançando igualmente outras hipóteses, como nos casos de recém-nascidos com anomalias congênitas, o que tem sido denominado de eutanásia precoce; pessoas em estado vegetativo considerado irreversível ou até de pessoas inválidas que não são capazes de cuidar de si mesmas etc 27. Dessa forma, em termos amplos, entende-se por eutanásia quando uma pessoa dá causa, de forma deliberada e intencional, à morte de outra que está em situação de fragilidade ou de qualquer modo fragilizada. Nessa última hipótese, a eutanásia seria utilizada para evitar a distanásia (esta definida como morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento). 24 BITTENCOURT, Lameira. (Dissertação para Concurso). Belém: SILVA, Sônia Maria Teixeira da. Eutanásia: Disponível em: < ttp://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1863>. Acesso em: 19 Jul MENEZES, Evandro Corrêa de. Direito de matar: (Eutanásia). 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, p. 39/ CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia. Curitiba: Juruá, p. 16.

18 17 Pode-se extrair da atuação na eutanásia dois elementos principais: o primeiro, relacionado à intenção de realizar o ato, que pode gerar uma ação (eutanásia ativa); um segundo, relacionado à omissão, isto é, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva) 28. De um modo geral pode-se estabelecer que a eutanásia, seja pela origem etimológica da palavra, seja pela definição que o termo alcançou durante os tempos, quer disciplinar a ação que põe fim à vida humana, no entanto, não de forma criminosa ou negativa. É que visa minorar o sofrimento daquele ser que padece ante uma enfermidade incurável, procurando, antes de causar-lhe um mal, dar-lhe algo que possa ao menos reduzir o sofrimento que experimenta, em um momento tão ruim de sua existência. Portanto, longe de dizer que o significado do termo alcance, do ponto de vista ético, ou seja, da justificativa da ação, algo plenamente aceito pela maioria, até porque os críticos a julgam pelo resultado em si (a morte provocada de um ser humano), é certo que as origens do termo têm significado positivo, é dizer, de algo que possa contribuir para o bem estar e valorizar a dignidade do homem. 1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E O DIREITO COMPARADO Já percorrido o caminho da origem do termo e conceitos que se construiu, passa-se a discorrer sobre a evolução histórica do termo eutanásia. A eutanásia não é prática recente na humanidade, do contrário, sabe-se de sua existência na antiguidade, na Grécia e em Roma, ainda que com concepção bem diferente daquela que passou a ter modernamente, pois distinta era a própria valoração do conceito vida e das finalidades da eutanásia 29. Entre os gregos, os filósofos Platão e Aristóteles defendiam sua prática, através do abandono à própria sorte dos recém-nascidos com 28 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 104.

19 18 anomalias ou más-formações, chancelando o que faziam os Espartanos, quando jogavam crianças nessas situações às pedras 30. Nessa hipótese, se observa a eutanásia de uma maneira pouco humana, pois se desprezava a vida ainda em seu início, tão somente porque aquele ser não teria vindo ao mundo de forma perfeita, não sendo belo ou esteticamente aceito. Assim, bem longe estava a explicação ética da eutanásia, daquela hoje alcançada em termos de modernidade. Como exemplo de admissão da eutanásia nessa época da história, Pessini e Barchifontaine, citando Platão em sua obra A República, mencionam que o referido filósofo grego defendia o sacrifício de velhos, fracos e inválidos, sob o argumento de interesse do fortalecimento do bem estar e da economia coletiva, dizendo que o cuidado médico deve centrar-se naquelas pessoas que têm "corpos são por natureza" e contraem alguma enfermidade, enquanto, pelo contrário, "em relação às pessoas crônicas por doenças internas", o médico não se consagra a prolongar e amargar a vida 31. Ainda de Platão, na citada obra, colhe-se que "quem não é capaz de viver desempenhando as funções que lhe são próprias não deve receber cuidados, por ser uma pessoa inútil tanto para si mesma como para a sociedade". 32 A função do médico estaria, então, nessa concepção, unida à eutanásia, de modo que uma das práticas médicas socialmente admitidas seria a da eliminação da vida econômica e socialmente inútil 33. Pessini, citando a obra Feri Technés, menciona parte do corpo de escritos Hipocráticos, na órbita da prática médica: A medicina consiste em afastar por completo os padecimentos dos que estão enfermos e mitigar as dores de 30 PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas Atuais de Bioética. 7. ed. São Paulo: Centro Universitário São Camilo: Ed. Loyola, p PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas Atuais de Bioética, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 104.

20 19 sua enfermidade, e não tratar os já dominados por enfermidades, conscientes de que em tais casos a medicina não tem poder 34. Portanto, as concepções de aplicação da eutanásia, seja do ponto de vista da medicina, seja da própria concepção de vida humana, partiam na visão grega de uma premissa de utilidade econômica da vida, e não de uma preservação digna da existência enquanto houvesse perspectiva de mantê-la, revelando a característica de uma cultura grega centrada no "belo e são", com uma concepção de vida feliz e bem vivida 35. Então, essa ideologia do que representava a eutanásia para os gregos, caminhava em sentido oposto ao famoso juramento de Hipócrates, assim expressado: Eu juro, por Apolo, médico, por Asclépio, Higia e Panacea e por todos os deuses e deusas, a quem conclamo como minhas testemunhas, juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p

21 20 Os romanos também praticaram a eutanásia com essa característica pouco humanitária, mas há notícias de que também conheciam a morte piedosa. Theodoro Hommsen, romanista alemão citado por Lameira Bittencourt, apresenta sua obra "Direito Penal Romano" com provas concretas da prática da eutanásia, quando se referiu à lei Cornélia, que definia o homicídio, considerando-se este, inclusive, o movido por compaixão e exemplificando com o médico que matava o enfermo para pôr fim às suas dores. Os magistrados julgadores e os tribunais do povo consideravam a diferença entre o homicídio e a eutanásia não apenas para as decisões de culpabilidade, como também para graduar a pena 37. Assim, os romanos denominavam tal situação de homicídio benigno ou tolerável, portanto, já se aderindo a uma justificativa positiva para o ato de ceifar precocemente a vida humana, pois a citada lei dava a este tipo de homicídio tratamento especial e mais brando, tendo em vista os móveis generosos e nobres que o inspiravam, deixando de se interpretar a lei de modo frio e meramente literal, sem valorar o elemento subjetivo da ação. Ora, ainda que de forma embrionária, pois a concepção avançou e continua avançando, não se pode negar que o ponto de vista central do presente estudo foca exatamente a possibilidade de se dar uma nova e diferente conceituação jurídico legal do termo eutanásia, admitindo-a inclusive como prática legal, desde que respeitados padrões preestabelecidos. É que esse hábito consistia na morte dada a um indivíduo que sofria em demasia, por um amigo que dessa maneira atuava de forma piedosa. Nessa comunidade, esse tipo de ação não representava tão somente um costume do povo, mais que isso, era considerado um dever do bom amigo e quem se negasse a fazê-lo era reputado impiedoso e covarde. A conceituação de eutanásia, vista sob esse ângulo, também de certa forma se aproxima daquela moderna visão de prática extrema, todavia, com justificativa humanitária. Dos ensinamentos bíblicos também se colhe exemplo da prática de eutanásia. A Bíblia, no Velho Testamento, exemplifica de forma clara um 37 BITTENCOURT, Lameira. (Dissertação para Concurso). Belém: 1939.

22 21 caso típico de tentativa de suicídio, seguida de morte eutanásica, quando cita o caso de Saul que, tendo se ferido em batalha contra os Filisteus e temendo ser capturado por estes, pediu ao seu escudeiro que o matasse. Naquele episódio, negando-se o escudeiro a matá-lo, Saul resolveu se atirar contra a própria espada, ferindo-se gravemente 38. Na sequência, não conseguindo obter o resultado morte, Saul resolveu acionar um amalecita, e pediu-lhe que o matasse, por não mais agüentar a dor que experimentava, tendo sido então derradeiramente atendido. No entanto, David, ao saber da morte de Saul, contada pelo próprio amalecita que praticou o ato naquelas circunstâncias, não o perdoou e mandou puni-lo com a morte 39. Necessário citar a corrente que defende a origem do termo ainda mais antiga, no pensamento estóico, porquanto Cícero ( a.c.), na Carta de Ático, já teria empregado a palavra eutanásia como sinônimo de "morte digna, honesta e gloriosa". Os estóicos, embora longe de utilizarem o termo "eutanásia" no sentido atual, representam evidente expoente de um sistema filosófico ético da antiguidade que admitia sua prática. Para exemplificar, admitiam o suicídio como uma hipótese heróica. Por isso, evidente que era terminantemente contra uma existência excessivamente sofredora e sem sentido 40. Destaca Pessini, que Sêneca (Lúcio Aneu Séneca), um dos mais celebres escritores e intelectuais do império romano, e precursor do período renascentista, afirmou em suas Cartas: O sábio se separará da vida por motivos bem fundados: para salvar a pátria ou os amigos, porém igualmente quando está agoniado por dores demasiado cruéis, em casos de mutilações ou de uma enfermidade incurável [...] não se dará a morte, caso se trate de uma enfermidade que pode ser curada e não danificada a alma; não se matará por causa das dores, mas quando a dor impede tudo aquilo 38 SILVA, Sônia Maria Teixeira da. Eutanásia: Disponível em: < >. Acesso em: 19 Jul PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 105.

23 22 pelo que se vive, prefiro matar-me a ver como se perdem as forças estando morto em vida 41. Encontram-se também registros que informam a utilização do vocábulo desde a época do Imperador Augusto, sendo também utilizada pelo historiador romano Suetônio. Na obra do referido historiador, destaca-se a síntese do pensamento defendido na época, que já entendia a eutanásia como uma medida de minorar o sofrimento do dente terminal, quando expressa Suetônio os momentos finais da morte do Imperador César, que desejava morrer de maneira não dolorosa ou sofrida 42 : [ ] conseguiu um final fácil e tal como sempre tinha desejado. Pois quase sempre a ouvir que alguém tinha morrido de uma morte rápida e sem tormento, pedia para si e para os seus uma eutanásia semelhante (esta era na verdade e palavra que usava) 43. Esse texto, como outros do mundo greco-romano, dão à palavra "eutanásia" seu sentido etimológico originário: morte em paz, sem dores, consciente. O sentido não era o que hoje se dá geralmente a esse termo. Já na idade média são raras as notícias que se tem sobre a eutanásia. No entanto, colhe-se que durante as guerras, era comum encontrar-se a utilização entre os soldados de um punhal pequeno e afiado, denominado "misericórdia", que era então usado para dar fim à vida dos soldados gravemente feridos, para exatamente livrá-los daquele sofrimento desnecessário. Além das guerras, a eutanásia também encontrou a prática de certa forma comum na Idade Média, por ocasião das seguidas epidemias e pestes vivenciadas pelos povos daquele período da história. É que, como sabido, a propagação de doenças naquele período era rápida e assim o contágio alastrava-se em grande velocidade, em razão do grande estado de miséria em que se encontrava a população durante o período de decadência do feudalismo PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p A vida dos doze Césares, traduzida por Sady Garibaldi, Rio de Janeiro: Ediouro 1992, p (Coleção Clássicos de Bolso). 43 A vida dos doze Césares, traduzida por Sady, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 105.

24 23 Em tempos não tão remotos, cita-se um exemplo de eutanásia em razão de enfermidade acometida durante o período de guerra, como no caso do pedido feito por Napoleão, na campanha do Egito, ao médico Degenettes, de matar com ópio soldados atacados de doença incurável. Todavia, o médico respondeu ao pleito afirmando que se negava em razão daquilo que defendeu ser função ética e profissional do médico evitar, e não provocar a morte. Colhe-se de ensinamentos históricos que a pretensão de Napoleão tinha cunho econômico e militar, pois pretendia por fim à vida dos doentes incuráveis já em estágio terminal, para que não se tornassem prisioneiros dos povos inimigos 45. Apesar de a Igreja Católica ser doutrinariamente contraria à eutanásia, por ferir frontalmente as leis de Deus no sentido da preservação da vida humana dada pelo Altíssimo, cita-se Thomás Morus (1478/1535), um santo da Igreja Católica, que defendeu a eutanásia em sua famosa obra Utopia, escrita em 1516, o primeiro documento que aborda o tema dentro dos limites da medicina, da moral e da pessoa humana. Segundo Ana Bela Pinto da Silva, em sua dissertação de Mestrado concluída em 2007, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, com o título "Eutanásia: Prós e Contras de uma Legalização em Portugal", Morus, depois de ter insistido na necessidade de que em sua sociedade ideal, utópica, se atenda aos enfermos com grande solicitude e se lute por aliviar as dores, afirma na obra já mencionada: [ ] Mas quando a estes males incuráveis, se juntam sofrimentos atrozes, então os Magistrados e os Sacerdotes se apresentam ao paciente para exortá-lo. Procuram fazê-lo ver que já está privado dos bens e das funções vitais; que está sobrevivendo à sua própria morte; que é uma carga para si mesmo e para os outros. É inútil, portanto, obstinar-se em se deixar devorar por mais tempo pelo mal e pela infecção que o corrói. E, já que a vida é um puro tormento, não deve duvidar em aceitar a morte [ ] 46. Pelo que se apura Thomás Morus não impõe a morte pura e simples ao doente, porém a aconselha. Caso o enfermo esteja de acordo, pode-se 45 RODRIGUES, Paulo Daher. Eutanásia. Belo Horizonte: Del Rey, p SILVA, Anabela Pinto da. Eutanásia: Prós e contra de uma legalização em Portugal. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Dissertação de Mestrado.

25 24 causar a morte por privação de alimentos ou mediante um veneno que funcione como narcótico. A fim de evitar o perigo dos abusos, sempre que requerer a permissão das autoridades e dos sacerdotes em seu modelo utópico de sociedade. Salta à vista como o pensamento utópico de Thomás Morus reflete a visão da sociedade de Platão e Averróis. Na medicina hipocrática, estando o enfermo desenganado, o médico não estava presente 47. O termo Eutanásia, como já fundamentado no presente estudo, tem origem na língua grega, sendo possível traduzi-lo como "boa morte" ou "morte apropriada". No entanto, a partir dos estudos de Francis Bacon ( ), em 1623, em sua obra "Historia vitae et mortis", passou a ter nova e moderna conceituação. O já citado autor Pessini, cita Francis Bacon que afirmou: O ofício do médico não é somente restaurar a saúde, mas também mitigar as dores e tormentos das enfermidades; e não somente quando tal mitigação da dor [...] ajuda e conduz á recuperação, mas também quando, esvaindo-se toda esperança de recuperação, serve somente para conseguir uma saída da vida mais fácil e eqüitativa [...]. Em nossos tempos, os médicos fazem questão de escrúpulo e religião o estar junto ao paciente quando ele está morrendo [...], devem adquirir habilidades e prestar atenção em como o moribundo pode deixar a vida mais fácil e silenciosamente. A isso eu chamo a pesquisa sobre a "eutanásia externa" ou morte fácil. 48 Ainda segundo Pessini, Bacon representa nos estudos da eutanásia um marco precursor de uma visão diferenciada e próxima da atual, porque sustentou uma visão até então pouco ou quase nada defendida na idade média, no sentido de que o médico tinha como função não penas e puramente aplicar seus conhecimentos para curar, mas igualmente para diminuir as dores de uma doença incurável e mortal PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 105.

26 25 Desse modo, a eutanásia passou a ter contornos parecidos da conceituação atual, pois já não se relacionava somente ao sentido etimológico grego, possuindo também o sentido de "prestar atenção em como o moribundo pode deixar a vida mais fácil e silenciosamente", 50 ou seja, emprestando-se uma intenção de propiciar um alívio, antes que um mal, ao doente terminal. No entanto, não ficou esclarecido se nos ensinamentos de Bacon a admissão sem restrições da atuação médica que põe fim positivamente à vida do enfermo, parecendo mais afirmar que o médico tinha como missão muito importante para cumprir nesse "estar junto ao paciente quando ele está morrendo". 51 Mesmo assim, os avanços da conceituação, a partir de Bacon, são inegáveis. Há que se destacar a existência de breves registros de estudo do tema eutanásia no século XIX, quando os teólogos Larrag e Claret, em seu livro "Prontuários de Teologia Moral", publicado em 1866, utilizaram eutanásia para caracterizar a "morte em estado de graça" 52. Mas a eutanásia também estava presente entre os germanos, que davam fim à vida dos doentes cuja possibilidade de cura inexistia, ou era considerada impossível segundo os conhecimentos médicos da época. Já na Birmânia, os doentes nessa mesma situação eram enterrados vivos juntamente com os velhos. Por sua vez, os eslavos e os escandinavos também apressavam a morte de seus pais quando estes sofriam de mal incurável, irreversíve 53 l. Citado por Maria Teixeira da Silva, o autor Evandro Correa de Menezes, mencionando o doutrinador José Ingenieros, sustentou outro exemplo de eutanásia, quando asseverou a prática de um costume denominado "despenar", que significava privar de pena, de dor ou de sofrimento, que era utilizada por população 50 PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas Atuais de Bioética, p NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Em Defesa da Vida. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 43

27 26 rural de algumas colônias da América do Sul, em situações quando davam fim a uma vida humana, também com uma conotação humanista 54. Ainda que represente um momento negro da história da humanidade, é necessário mencionar que durante o nazismo a eutanásia experimentou uma triste evolução não somente no sentido de ocorrências, mas igualmente de conhecimento científico. Destaca-se que tal processo se iniciou em 1933 com a promulgação da Lei para a Prevenção das Enfermidades Hereditárias, que justificava a esterilização obrigatória para prevenir a propagação de enfermidades hereditárias graves tais como a anormalidade mental, a loucura, e epilepsia, a surdez, a cegueira e o alcoolismo. Em outubro 1939 a Alemanha nazista implantou a "Aktion T4", que era um programa de eliminação de recém nascidos e crianças pequenas de até 3 ano, que tinham uma "vida que não merecia ser vivida". Os médicos e parteiras tinham o dever de notificar a autoridade sanitária de casos de retardo mental, deformidades físicas e outras condições limitantes. Uma junta médica de três profissionais examinava cada caso e a eliminação somente era realizada quando houvesse unanimidade 55. Após, tal programa se estendeu para adultos e velhos, pacientes internados há mais de cinco anos, ou criminalmente insanos, portadores de esquizofrenia, epilepsia, desordens senis, paralisias que não respondiam a tratamentos, sífilis, retardos mentais, encefalite, doença de auntington e outras patologias neurológicas. Posteriormente, foram acrescidos os requisitos de não terem cidadania ou ascendência alemã, discriminando especialmente negros, judeus e ciganos. No entanto, em nenhuma das hipóteses admitidas pelos nazistas, pretendia-se com a eutanásia minorar o sofrimento dos doentes terminais, porque o objetivo final era mesmo o de proceder-se a uma depuração racial 56. Sintetizando o período recente da história, Leo Pessini, citando o autor Diego Garcia, bioeticista espanhol e professor da Universide 54 SILVA, Maria Teixeira da. Eutanásia. Disponível em: Acesso em 21.jun PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas Atuais de Bioética, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 104.

28 27 Conplutense de Madri, explica que a evolução da eutanásia pode ser traduzida em três períodos históricos: a eutanásia ritualizada, a medicalizada e a autônoma 57. Segundo Pessini, o mencionado autor espanhol explica que a eutanásia ritualizada é caracterizada em razão da ritualização do fato da morte, à medida em que os grandes acontecimentos da existência humana o nascimento, a puberdade, o matrimônio e a morte são ocorrências que vão além de seu mero significado biológico, porquanto também representam acontecimentos culturais, regulados e ritualizados pela sociedade 58. Por outro lado, sustenta Pessini, citando Diego Garcia, que a eutanásia medicalizada nasce na Grécia com a medicina e se estende até a segunda Guerra Mundial. Já com a expressão eutanásia autônoma, o autor procura definir a atual situação do debate sobre a eutanásia, que se caracteriza pelo protagonismo do enfermo. O princípio da autonomia é o que agora, então, está no centro: o direito de cada um à própria morte. As práticas eutanásicas de que temos notícia desde os albores da cultura ocidental, na Grécia antiga, até a época nazista, como já acima citado, basearam-se sempre em motivos sociais, políticos, médicos, eugênicos etc., porém nunca levaram em conta a vontade dos pacientes 59. Diego Garcia: Por fim, afirma PESSINI, mencionando os ensinamentos de [ ] que a pergunta pela eutanásia hoje se formula de modo distinto do de qualquer outra época, salientando que a preocupação direta não é se o Estado tem ou não o direito de eliminar os enfermos e deficientes, mas se existe a possibilidade ética de dar a uma resposta positiva a quem deseja morrer e pede ajuda para tanto. É que se está vivendo a era dos direitos humanos, descobrindo-se que o direito está a decidir, dentro de certos limites, é claro, a respeito das intervenções que se realizam no próprio corpo, isto é, a respeito da saúde e da enfermidade PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p PESSINI, Léo. Eutanásia. Por que abreviar a vida, p. 108.

29 28 No campo do direito comparado, segundo se apura da doutrina, em poucos países a eutanásia é admitida de forma irrestrita, sem previsão de punição legal. Citam-se os casos da legislação do Peru e do Uruguai, assim como no caso da Colômbia, que prevê o perdão judicial para o homicídio eutanásico. Todavia, nos países baixos, especialmente na Holanda, encontra-se o pioneirismo da institucionalização legal da eutanásia. Apura-se que tal prática era ilegal naquela nação até 1993, embora a jurisprudência admitisse com certa flexibilidade, aplicando suspensões de aplicações de pena a réus condenados, e até entendendo pela absolvição em razão da excludente de "estado de necessidade psíquico". Assim, em razão dessa tendência jurisprudencial, em 1982 foi criada uma comissão estatal para elaboração de nova legislação sobre o tema, que culminou em , com a aprovação da "Lei relativa à Eutanásia e ao Suicídio Assistido" 61. Tal legislação desce em minúcias a abordagem do tema, disciplinando a aplicabilidade da eutanásia aos enfermos em idade adulta, com doenças incuráveis e que solicitarem de forma espontânea e voluntária o fim de sua vida. Nessa legislação, incumbe ao médico que acompanha o doente a responsabilidade de prestar a informação ao paciente quanto à evolução da doença e eventuais outras opções de tratamento possível para a cura, sendo necessário, ainda, ouvir a opinião de outro profissional da área médica. Semelhante norma legal também surgiu na Bélgica, conforme Lei de , que entrou em vigor em É de se consignar, no entanto, que o tema eutanásia, no campo legislativo do direito comparado, está muito distante de encontrar aceitação pacífica, mesmo em terras do Velho Continente, mencionando José de Faria Costa essa conflitualidade do tema, em razão de que instâncias européias de Direito Internacional, especificamente o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, "vão 61 MOLLER, Letícia Ludwig. Direito à Morte com Dignidade e Autonomia. Curitiba: Jurua, p CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia, p. 56.

30 29 precisamente no sentido contrário daqueles que seguiram aos Países Baixos e a Bélgica" 63. Ainda no campo do direito alienígena, colhe-se dos ensinamentos de Ricardo Barbosa Alves: [ ] a lei penal de Portugal prevê uma atenuante para o homicídio praticado mediante consentimento ou a pedido da vítima, com a exigência de que tal se dê de forma livre e consciente. Também na Itália há previsão de tipo penal específico para o homicídio consentido, exigindo-se certos requisitos de validade para o consentimento, tais como: vítima maior de 18 anos, mentalmente sã, consciente (não podendo estar narcotizada, bêbada etc.) e ser livre, ou seja, não obtido mediante violência, ameaça ou fraude. Semelhantes ainda são os tratamentos da questão na Alemanha e na Suíça, onde há norma legal considerando o consentimento da vítima no crime de suicídio 64. De sua parte, em terras espanholas, há previsão do crime de participação em suicídio, mas é prevista uma causa especial de redução de pena quando o autor ajuda na morte da vítima a seu inequívoco pedido. Também o Código de Ética Médica Espanhol de 1990 afasta a prática da eutanásia. Seu art. 28, n. 1, dispõe: El médico nunca provocará intencionalmente la muerte de um paciente ni por propria decisión ni cuando el enfermo o sus allegados lo solociten no por ninguna outra exigencia. La eutanasia u homicidio por compasión es contraria a la ética médica 65. bastante tolerante: Já com relação à ortotanásia o mesmo art. 28, em seu n. 2, é Em caso de enfermidad incurable y termina el médico debe limitarse a aliviar los dolores físicos y morales del paciente, manteniendo em todo lo posible la calidad de uma vida que se agota y evitando emprender o continuar acciones terapéuticas sin esperanza, inútiles 63 COSTA, José de Faria. Linhas de Direito Penal e Filosofia. Coimbra: Coimbra, p ALVES, Ricardo Barbosa. Eutanásia, bioética e vidas sucessivas, p CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia, p. 42.

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