O ADOLESCENTE BANDIDO E A SOCIEDADE (DES) PROTEGIDA: A FUNÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
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- João Vítor Borges Madeira
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1 O ADOLESCENTE BANDIDO E A SOCIEDADE (DES) PROTEGIDA: A FUNÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS CULAU, Luana S 2 ; BUDÓ, Marília De Nardin 3 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA 2 Acadêmica do 9º semestre do Curso de Direito do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil ³ Professora orientadora, Curso de Direito do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil luanaculau@unifra.edu.br; adv.mdb@gmail.com RESUMO O Estatuto da Criança e do Adolescente foi um divisor de águas na questão das crianças e adolescentes brasileiros. Dessa forma, o trabalho irá abordar na sua primeira parte o histórico jurídico desses, bem como as leis anteriores que culminaram na elaboração do Estatuto. Na segunda parte será abordada a doutrina da proteção integral e, em seguida, as funções manifestas e latentes da pena. O objetivo do trabalho é analisar as funções das medidas socioeducativas presentes no ECA, estudando-as a partir da contraposição entre o discurso declarado e a realidade de sua aplicação, sobretudo no que tange ao seu possível caráter meramente punitivo. Este trabalho resulta da primeira parte de uma pesquisa de graduação, que deverá ser complementada com a análise de justificativas de projetos de lei da Câmara dos Deputados propostos no último ano, tendentes a alterar o ECA na área das medidas socioeducativas. Palavras-chave: Criança e Adolescente; Ato Infracional; Medida de internação. 1. INTRODUÇÃO Esse trabalho irá apresentar a evolução das crianças e adolescentes como sujeitos de direito, bem como fará uma análise da mudança da doutrina da situação irregular para a doutrina da proteção integral. Também será feita uma breve explicação no histórico da vida do adolescente em conflito com a lei. Limitar-se-á nesse trabalho, à eficácia, aos métodos de ressocialização inerentes às medidas socioeducativas e às condições das casas de internação responsáveis pela aplicação de tais medidas. Dessa forma, o trabalho traz um breve percurso histórico-jurídico da criança e adolescente no país, mostrando o processo que culminou com a elaboração e aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Para a realização do presente trabalho será utilizado o método dedutivo, pois parte-se da teoria da proteção integral adotada pelo ECA, para a verificação se há aplicação desta na prática, seja através da pesquisa bibliográfica, seja através das políticas propostas nessa área no parlamento brasileiro.
2 O método comparativo será utilizado para confrontar as justificativas adotadas pelos Deputados Federais, ao defenderem o aumento do prazo de internação, com o Estatuto da Criança e do Adolescente, para saber de que forma esse aumento do tempo de internação irá proteger, educar e ressocializar os adolescentes. Utilizar-se-á, ainda, o método monográfico. Como técnicas de pesquisa, destaca-se a pesquisa bibliográfica, tendo em vista a leitura de materiais já publicados, livros, doutrinas, análise de jurisprudências. Além disso, realizar-se-á uma pesquisa empírica nos projetos de lei da Câmara dos Deputados nos últimos cinco anos, relacionados às medidas socioeducativas, em especial, àquela de internação. Essa pesquisa será realizada através da análise do conteúdo (BARDIN, 2010), buscando identificar, de maneira crítica, nas justificativas dos deputados e senadores, a aplicação das medidas de proteção. Ressalta-se que este trabalho traz apenas os resultados da primeira fase da referida pesquisa, aquela bibliográfica, dado que a pesquisa empírica de análise das dos projetos de lei da Câmara será realizada no decorrer do segundo semestre de EMANCIPAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COMO SUJEITOS DE DIREITOS O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei de 1990) foi um divisor de águas na questão que das crianças e adolescentes brasileiros. Teve seu amparo na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, que introduziu no Brasil a Doutrina da Proteção Integral dos Direitos da Criança. Este Estatuto teve influências da Convenção das Nações Unidas, aprovada em 1989, pela Resolução 44/25. Passou a se tornar um documento de ordem global e com força coercitiva. Nessa perspectiva, introduziu os conceitos de criança e adolescente no ordenamento jurídico. Também passou a caracterizá-los como indivíduos possuidores de direitos e obrigações, mas em condição peculiar de desenvolvimento (SARAIVA, 2010, p. 21). Um dos aspectos mais interessantes é a mudança da Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral. A primeira delas é caracterizada por identificar os indivíduos através de suas condições pessoais, isto é, aquele pobre, abandonado, vítimas de maus tratos é compreendido como em situação irregular. Por isso, tanto ele quanto a sua família sofriam fortes intervenções estatais coercitivas (SARAIVA, 2010, p. 23). Desse modo, não tinham direito a um processo com todas as garantias disponíveis aos adultos. Já a Doutrina de Proteção Integral supera totalmente o paradigma da incapacidade, não tratando mais o menor como incapaz e
3 limitado e passa a reconhecer nele, um sujeito pleno de direitos, que, por estar em uma peculiar condição do desenvolvimento, precisa de ampla proteção e prioridade. Por força da Doutrina da Proteção Integral, o ECA passa a fazer uma distinção entre as competências relativas às políticas sociais e as infrações penais, como também estabelece princípios fundamentais (SARAIVA, 2010, p ). Nesse ínterim, cabe destacar aqui algumas características dos adolescentes, que costumam cumprir a medida de internação: são geralmente adolescentes pobres, com baixa escolaridade, negros ou pardos e em estado de vulnerabilidade. Mas é claro que não são apenas os adolescentes com as características citadas acima, que cometem ato infracional. Os jovens de classe média também cometem atos infracionais, porém não possuem as características citadas anteriormente, dessa forma estão sem a etiqueta costumeiramente colada pelo sistema punitivo apenas naqueles primeiros. Em relação ao Princípio do Superior Interesse da Criança, destaca-se que este foi aprofundado com a Lei /2009, conhecida como Lei de Adoção, a qual, por sua vez, introduziu significativas alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, a leitura desse princípio, ante a condição de sujeito a ser conquistada por crianças e adolescentes, só pode ser feita à luz do conjunto de garantias constitucionais e processuais expressamente reconhecidas, sob pena de ressuscitar a velha doutrina travestida de nova (SARAIVA, 2010, p. 43 e 44). Uma das mais importantes discussões das últimas décadas a respeito da criança e do adolescente no Brasil trata da redução da maioridade penal. Apesar dos frequentes embates suscitados, grande parte dos autores que trabalham com este tema afirmam que, ao analisar o artigo 228 da CF/88. Pode-se afirmar, que a redução da idade da responsabilidade penal se faz inconstitucional. Haja vista que na CF a maioridade está fixada em 18 anos, sendo caracterizada como um direito e garantia individual. Constitui-se assim cláusula pétrea, isto é, não pode ser modificada. O Estatuto da Criança e do Adolescente garante a proteção integral à criança e ao adolescente adotando medidas socioeducativas como respostas aos atos infracionais cometidos por inimputáveis. E como a inimputabilidade, todavia, não implica em impunidade, a lei estabelece tratamento diferenciado para cada tipo de ato infracional, com medidas de responsabilização compatíveis com cada caso. Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente se assenta no princípio de que todas as crianças e adolescentes, sem distinção, desfrutam dos mesmos direitos e sujeitam-se a obrigações compatíveis com a peculiar condição de desenvolvimento que desfrutam (ECA) (Lei 8089/1990).
4 Portanto, é possível dizer que o Estatuto da Criança e do Adolescente é a versão brasileira das Convenções das Nações Unidas de Direitos da Criança. Como já mencionado anteriormente, no dispositivo 227 da CF/88, estão lançados os fundamentos do chamado Sistema Primário de Garantias, estabelecendo as diretrizes para uma Política Pública que priorize crianças e adolescentes (SARAIVA, 2009, p. 87). Nessa ótica, na lição de Firmo (2005, p. 114): Para que os direitos inerentes à proteção integral, previstos na Constituição e no ECA, sejam exercidos pelas crianças e adolescente brasileiros, tais como o direito a saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, impõe-se aos pais, ao estado e à sociedade como um todo o cumprimento dos deveres que são de suas respectivas responsabilidades, cabendo ao poder judiciário aplicar a cada um deles as penalidades correspondentes a cada infringência, através das ações jurídicas próprias. Essa salvaguarda atribuída às crianças e adolescentes encontra-se consagrada não só no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Declaração Universal dos Direitos das Crianças, mas também em outros diplomas como na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (1989) e também na Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 227. Visando a consolidar a doutrina da proteção integral às crianças e aos adolescentes, foram previstos os mesmos direitos às crianças e adolescentes que os atribuídos a todos os cidadãos, por estarem em condição de pessoas em desenvolvimento (RAMIDOFF, 2009, p. 22). Deu-se ao Estado a tarefa de preocuparse com as políticas públicas de atendimento e a participação ativa da sociedade como forma de pressão para uma efetiva atuação do Estado, bem como no exercício da cidadania, formando uma rede de proteção a atendimento a crianças adolescentes. 3. O ATO INFRACIONAL E A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA: UM DIREITO PENAL JUVENIL DISFARÇADO? Ao ler-se o conceito de funções manifestas e latentes da pena, descrito por Eugenio Raúl Zaffaroni, Nilo Batista, Alejandro Alagia e Alejandro Skolar, tem-se que a sociedade não exige que em todos os conflitos haja a intervenção dos dispositivos de poder, uma vez que podem intervir como solução ou decisão. A legislação penal programa a decisão de conflitos mediante uma espécie de coerção que priva de direitos e inflige uma dor (pena) sem buscar seja um fim reparador, seja a neutralização de um dano em curso ou de um perigo iminente (ZAFFARONI et. al.,
5 2011, p. 87). Os autores trazem cinco principais modelos decisórios, são eles: o modelo reparador, o conciliador, o corretivo, o terapêutico e o punitivo. Ao analisar a legislação penal nota-se que o modelo adotado é o decisório e punitivo, sendo então um modelo, como dizem os autores, pouco apto a solucionar conflitos; quando prisioniza alguém não resolve o conflito, mas sim o suspende (ZAFFARONI et. al., 2011, p. 87). Conforme notam os autores, a maior parte do poder estatal tem funções manifestas não punitivas e conjugadas com funções latentes que são ou podem ser punitivas, tendo, nesse enorme espaço de poder [...] situações em que a função latente punitiva é quase invariável e clara (institucionalização de crianças e adolescentes infratores sob função manifesta de tutela) e, as situações mais confusas, porque a função punitiva latente é eventual, dependendo do uso atribuído ao exercício desse poder em cada caso (qualquer privação de liberdade anterior à sentença pode ter por objetivo evitar a continuidade da lesão ou impedir um conflito maior, mas ela também pode ser utilizada como pena antecipada) (ZAFFARONI et. al., 2011, p. 88). As decisões dos casos devem ser tratadas separadamente, devendo analisar cada caso individualmente. Nos casos de leis penais manifestas, a interpretação orientará as agências para que limitem a seletividade da criminalização; no caso de leis penais latentes, a interpretação envidará esforços para que os juízes declarem sua inconstitucionalidade e arbitrem o necessário para a efetiva tutela de direitos que tal poder punitivo lesiona; e no último caso das leis eventualmente penais, a interpretação procurará que os juízes identifiquem os momentos punitivos exercidos ao amparo delas, para excluí-los ou para proceder como no caso das penais latentes (ZAFFARONI et. al., 2011, p. 88). Ao tratar sobre o ato infracional e a maneira como a legislação buscou lidar com os conflitos gerados pela prática de condutas danosas por crianças e adolescentes, verifica-se que são criadas as chamadas medidas socioeducativas. Elas estão previstas no artigo 112 do ECA, de maneira que a última medida a ser aplicada é a medida de internação (BRASIL, 1990). Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade;
6 VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. Dessa forma o artigo 112 do ECA tem como modelo reparador a própria obrigação de reparar o dano causado, também possui o modelo corretivo uma vez que o adolescente poderá ser submetido à prestação de serviço à comunidade. Ainda, o ECA traz uma visão abolicionista quando diz que ao juiz é facultada a aplicação da medida. A internação deve ser cumprida em estabelecimentos próprios, sob responsabilidade do Estado, assegurado aos jovens infratores os direitos elencados no artigo 124 do Estatuto da Criança e do Adolescente. A medida de internação, apesar de ser manifestamente correcional é na realidade, de maneira latente, punitiva. Nesse sentido, Ana Paula Motta Costa (2205, p. 79), traz que: Tais medidas, por serem restritivas de direitos, inclusive da liberdade, consequências da responsabilização, terão sempre caráter penal, sendo sua natureza de sanção ou de retribuição. Esta característica não pode ser disfarçada ou negada, seja em antigas ou novas legislações, com esta ou com aquela nomenclatura. Para isso, basta ver a situação em que se encontram as instituições de internação dos adolescentes. Também é estabelecida como regra geral a negativa absoluta de colocação do jovem sob regime de incomunicabilidade. Com relação ao prazo máximo de internação, ou seja, a privação de liberdade será de três anos e o limite de 21 anos de idade, quando se dará a desinternação compulsória. O internamento deverá ser revisto, no máximo, a cada seis meses. Esclarecem os autores Emílio Garcia Mendez e Antônio Carlos Gomes da Costa (1994, p. 52) que os avanços na consciência social e jurídica, nacional e internacional, permitirão perceber, num futuro não muito longe, os absurdos e a ineficácia das práticas de privação de liberdade. A prisão ideal é só aquela que não existe. Os direitos constitucionais da criança e do adolescente brasileiro não recepcionam a imputabilidade/responsabilidade penal juvenil. Portanto, primeiro, é inconstitucional o Direito Penal Juvenil, posteriormente à nossa CF/88, pois ela é
7 brilhante ao pronunciar que a lei especial disporá sobre as normas de responsabilização dos adolescentes tendo em vista os princípios da brevidade e da excepcionalidade. E, para concluir, como já foi dito anteriormente o Estatuto da Criança e do Adolescente definiu como prazo máximo para o cumprimento da medida de internação três anos, delimitando nada mais do que a atribuição já feita pela CF/ CONCLUSÃO Através das leituras realizadas, percebe-se que mesmo com a evolução histórica dos direitos da criança e do adolescente, a mudança da situação irregular à doutrina da proteção integral, ainda há muito que evoluir. Há muitas diferenças em relação à maneira como a medida de internação esta descrita na lei e como ela é aplicada. A função da medida de internação, aparentemente é uma medida de ressocialização, educativa, porém na verdade de maneira latente, é uma medida punitiva. Este trabalho buscou apresentar os resultados da primeira parte da pesquisa que está sendo realizada sobre a medida socioeducativa de internação e seu caráter de pena ou de medida. Na segunda fase dessa pesquisa serão analisadas as justificativas dos projetos de lei da Câmara dos Deputados a respeito de alterações na medida de internação, buscando verificar se os deputados compreendem essa medida como pena ou como medida correcional e tutelar. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, BRASIL. Assembléia Nacional Constituinte. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa do Senado, BRASIL. Congresso Nacional. Lei n , de 13 de julho de Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 de julho de COSTA, Ana Paula M. As garantias processuais e o Direito Penal Juvenil com limite na aplicação da medida socioeducativa de internação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, FIRMO, Maria de Fátima Carrada. A Criança e o Adolescente no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 2. ed. rev. e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei /02). Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
8 MENDEZ, Emílio G.; COSTA, Antônio Carlos G. Das Necessidades aos Direitos. São Paulo: Malheiros, MINAYO, Maria Cecília S.; GOMES, Romeu; DESLANDES, Suely F. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 29. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010 SARAIVA, João Batista C. Adolescente em conflito com a lei da indiferença à proteção integral: uma abordagem sobre a responsabilidade penal juvenil. 3. ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, Compêndio de Direito Penal Juvenil Adolescente e Ato Infracional. 4. ed. rev. e atual. Incluindo o projeto SINASE e Lei /09. Porto Alegre: Livraria do Advogado, RAMIDOFF, Luiz M. Lições de Direito da Criança e do Adolescente: Ato Infracional e Medidas Socioeducativas. Curitiba: Juruá, ROSA, Alexandre M. Introdução Crítica ao Ato Infracional: princípios e garantias constitucionais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, ZAFFARONI, Eugénio R. et al. Direito Penal Brasileiro. v. I. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
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