PODER JUDICIÁRIO. Gabinete da Desembargadora Elizabeth Maria da Silva

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1 AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA 4ª CÂMARA CÍVEL AGRAVANTE AGRAVADOS RELATORA : JÁRIO DOS PASSOS PEREIRA JÚNIOR : ESTADO DE GOIÁS E UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS : Desembargadora ELIZABETH MARIA DA SILVA RELATÓRIO E VOTO Trata-se de agravo regimental interposto por JÁRIO DOS PASSOS PEREIRA JÚNIOR, qualificado e representado nos autos, contra a decisão monocrática de f. 127/136, que, na forma do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, não conheceu do recurso de apelação interposto pelo ora agravante, figurando como agravados, ESTADO DE GOIÁS e UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS, também identificados no processo. Preparo: com o intuito de comprovar o recolhimento das custas recursais, o agravante juntou suposto comprovante de pagamento do preparo extraído da internet (f. 151), no qual sequer há referência ao endereço eletrônico da hipotética operação. É o sucinto e suficiente relatório, dado que a menção às demais particularidades da causa são desnecessárias in casu, porquanto o mérito da insurgência recursal não será analisado, ante a ausência de AgRg na AC nº ( ) 1

2 requisito recursal objetivo de admissibilidade (preparo regular). Explica-se. A comprovação do preparo, no ato de interposição da insurgência, é ônus do recorrente, cuja omissão acarretará a sanção processual de deserção do recurso e, assim, o seu não conhecimento, nos termos do art. 511, caput, do Código de Processo Civil, verbis: Art No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. Quando o preparo é exigência para a admissibilidade de determinado recurso, não efetivado ou efetivado incorretamente, ocorre o fenômeno da deserção, causa de não conhecimento do recurso. No caso do agravo regimental, interposto com fulcro no art. 364 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Goiás, a obrigatoriedade do preparo está prevista no art. 54 da Lei estadual nº , de 27 de dezembro de 2002, que remete ao item nº 2, da tabela I, anexa à lei, ipsis litteris: Art. 54. As custas e emolumentos são os constantes das tabelas I a XIX, anexas a esta lei. (...) Item nº 2. Agravo de despacho do Presidente do Tribunal de Justiça ou de Relator de recurso, 30% das custas do nº 1. Acerca do tema, é de todo oportuno trazer à colação o preciso magistério do consagrado processualista Araken de Assis, ipsis litteris: O preparo consiste no prévio pagamento das despesas AgRg na AC nº ( ) 2

3 relativas ao processamento do recurso. O valor é fixado na lei de organização judiciária para cada recurso e, de ordinário, emprega-se um percentual ad valorem. É a única condição cuja falta recebe designação própria: diz-se deserto (e, portanto, inadmissível) o recurso desacompanhado de preparo, quando e se a lei exigir tal pagamento. ( ) Já sob o texto em vigor do art. 511, representa ônus do recorrente comprovar, no ato de recorrer, a realização do preparo o recolhimento da quantia, através da guia própria, poderá ser feito antes da interposição, pois a regra só exige a produção simultânea da prova do recolhimento -, e, assim, o regime desse requisito equiparou-se à generalidade das condições de admissibilidade. Realizando-se o preparo posteriormente à interposição, há preclusão consumativa. O recurso é, desde logo, inadmissível. O ato defeituoso (= desprovido de preparo) não comporta emenda e aperfeiçoamento, haja ou não sido interposto o recurso com alguma antecedência relativamente ao último dia do prazo. Também se declarará deserto o recurso apresentado sem comprovante do preparo, apesar de efetivado no prazo do recurso, se exibido após a interposição. (in Manual dos Recursos. 4ª ed. rev. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 224/225, g.) Nesse diapasão, saliento que a jurisprudência desta egrégia Corte de Justiça Estadual, ao interpretar o art. 511, caput, do Código de Processo Civil, consolidou o posicionamento de que é necessária a apresentação dos originais da guia de preparo e do respectivo recibo de pagamento, visto que a juntada de mera fotocópia, que não esteja autenticada, é meio inidôneo para comprovar a observância desse pressuposto recursal, consoante se depreende dos acórdãos a seguir colacionados, in verbis: (...) 1 - O preparo deve ser recolhido e apresentado por ocasião da interposição do competente recurso, pena de deserção. Inteligência do art. 511, caput, do CPC. Jurisprudência da 2ª Seção do STJ. 2 - Para tanto, deverá o jurisdicionado apresentar não a fotocópia do preparo recursal recolhido, senão a guia original no ato do AgRg na AC nº ( ) 3

4 execício do direito recursal. Jurisprudência local. 3 - Logo, há de ser declarado deserto e, por conseguinte, não merece sequer ser conhecido o recurso interposto com a fotocópia do preparo recursal recolhido, ante a manifesta ausência de imprescindível pressuposto recursal extrínseco. APELAÇÃO NÃO CONHECIDA.(TJGO, Apelação Cível , Rel. Des. Alan S. de Sena Conceição, 5ª Câmara Cível, DJe 1224 de 16/01/2013, g.) (...) 1. A juntada aos autos de simples cópia da guia de recolhimento do preparo conduz a deserção do recurso. 2. (...) 3. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, AI , Rel. Des. Orloff Neves Rocha, 1ª Câmara Cível, DJe 1239 de 06/02/2013, g.) (...) 1. Nos termos do artigo 511 do CPC, a deserção do recurso deve ser reconhecida se no momento imediato de sua interposição, o agravante junta somente a cópia da guia do preparo desacompanhada da guia original. Daí, o descumprimento da norma resulta na pena de deserção, que somente pode ser relevada se o agravante provar justo impedimento (519, CPC). 2. A deserção impede o conhecimento do recurso, haja vista que o preparo é pressuposto de admissibilidade recursal. 3. Se a parte agravante não traz argumento suficiente ou fatos novos para acarretar a modificação da linha de raciocínio adotada na decisão monocrática, impõe-se o desprovimento do agravo regimental. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO, PORÉM IMPROVIDO. (TJGO, Agravo de Instrumento , Relª. Desª. Maria das Graças Carneiro Requi, 1ª Câmara Cível, DJe 1234 de 30/01/2013, g.) Não é demasiado salientar que apenas se atribui a mesma força dos originais às cópias inerentes ao preparo recursal se forem autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório com os respectivos originais, segundo a melhor intelecção do inciso III do art. 365 do Código de Processo Civil, ad verbum: Art Fazem a mesma prova que os originais: ( ) III. As reproduções de documentos públicos, desde que AgRg na AC nº ( ) 4

5 autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais; (g.) Miguel Garcia Medina, litteris: Nesse sentido, é a lição do renomado processualista José Juntada de cópia aos autos. Fazem a mesma prova que os originais as reproduções de documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas com os respectivos originais. Não podem as repartições públicas recusá-las, já que o art. 365, III, do CPC, claramente dispõe sobre sua aceitação. (in Código de Processo Civil Comentado. 2ª ed. rev. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 379, g.) Tribunal de Justiça, ipsis litteris: Na mesma vereda, a jurisprudência do colendo Superior ( ) 2. Não se conheceu do respectivo Agravo de Instrumento por falta de apresentação de originais do preparo e da certidão de intimação "porque não há como aferir por outros meios, de forma segura, a veracidade da aposição do selo de fiscalização judicial, tampouco a data em que o agravante foi intimado" (fls /STJ). (...) (STJ, REsp /MA, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 19/12/2012, g.) No caso em exame, o agravante limitou-se a apresentar à f. 151 suposto comprovante de pagamento do preparo extraído da internet, no qual sequer há referência ao endereço eletrônico da hipotética operação. Contudo, o colendo Superior Tribunal de Justiça vem se posicionando no sentido de que o aludido impresso não possui fé pública ou aptidão para provar o efetivo recolhimento do preparo recursal. De fato, segundo as razões expostas pela colenda Corte AgRg na AC nº ( ) 5

6 Cidadã, tendo em vista que os recibos bancários impressos na internet são documentos passíveis de alteração, a qualquer tempo, pelo próprio recorrente, por meio de editor de texto, não se pode, por isso, aceitá-los como comprovante de preparo. Isso porque está ausente, nesse caso, um requisito imprescindível da prova documental, qual seja, a certeza da imutabilidade do conteúdo documentado (STJ, AgRg no AREsp nº /MG, Rel. Min. Castro Meira, DJ-e de 04/09/2013). A propósito, confira-se a jurisprudência dominante da colenda Corte Brasileira Infraconstitucional, ad exemplum: ( ) COMPROVANTE DE PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS. DOCUMENTO EXTRAÍDO DA INTERNET. AUSÊNCIA DE FÉ PÚBLICA. DESERÇÃO. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é firme no entendimento de que os comprovantes bancários emitidos pela internet somente possuem veracidade entre a agência bancária e o correntista, não possuindo fé pública e, tampouco, aptidão para comprovar o recolhimento do preparo recursal. (STJ, AgRg no AREsp nº /DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJ-e de 26/03/2013, g.) ( ) RECIBO IMPRESSO DA INTERNET. DOCUMENTO SEM FÉ PÚBLICA ( ) 1. Recibo impresso da internet não serve para comprovar o preparo, visto não ter a fé pública dos comprovantes emitidos pelo próprio banco. 2. A comprovação do preparo deve ser feita no ato de interposição do recurso, sob pena de deserção (art. 511, caput, do Código de Processo Civil). (STJ, AgRg no ARESp nº /MG, Rel. Min. Castro Meira, DJ-e de 04/09/2013, g.) ( ) PREPARO NÃO COMPROVADO. RECIBO EXTRAÍDO DA INTERNET. AUSÊNCIA DE FÉ PÚBLICA. DESERÇÃO. - O recibo impresso da internet não possui fé pública, em virtude da possibilidade de adulteração pelo próprio interessado, não podendo ser utilizado para AgRg na AC nº ( ) 6

7 comprovação de recolhimento de preparo recursal. (STJ, AgRg no AREsp nº /SC, Relª. Minª. Nancy Andrighi, DJe de 12/08/2013, g.) ( ) PROCESSUAL CIVIL. DEVIDA COMPROVAÇÃO DO PREPARO. NÃO OCORRÊNCIA. COMPROVANTE EXTRAÍDO DA INTERNET. (STJ, AgRg no AREsp nº /SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJ-e de 08/05/2013, g.) ( ) COMPROVAÇÃO DO PREPARO. NÃO OCORRÊNCIA. ( ) COMPROVANTE EXTRAÍDO DA INTERNET. AUSÊNCIA DE FÉ PÚBLICA ( ) (STJ, AgRg no AREsp nº /PA, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJ-e de 07/05/2013, g.) ( ) Na espécie, observo que a parte recorrente juntou aos autos documento extraído da internet para comprovar o pagamento das custas processuais (f. 159), o que não é admitido pela Corte Superior. (STJ, AREsp nº /SC, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, decisão monocrática, DJ-e de 30/10/2013, g.) ( ) Esta Corte possui entendimento firmado no sentido de ser inadmissível o comprovante de recolhimento do preparo seja documento extraído da internet, por ausência de fé pública. (STJ, AREsp nº /SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, decisão monocrática, DJ-e de 28/10/2013, g.) ( ) Recibo impresso da internet não possui fé pública necessária à comprovação do preparo, face a possibilidade de ser adulterado, pelo próprio interessado, por meio de editor de texto. 2. Preparo não comprovado, no ato da interposição do recurso, implica deserção. (STJ, AgRg no AREsp nº /GO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJ-e de 15/02/2013, g.) ( ) Esta Corte possui entendimento firmado no sentido AgRg na AC nº ( ) 7

8 de ser inadmissível o comprovante de recolhimento do preparo seja documento extraído da internet, por ausência de fé pública. (STJ, AREsp nº /SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, decisão monocrática, DJ-e de 24/10/2013, g.) Por sua vez, é importante frisar que não há como, na espécie, intimar-se o insurgente para sanar a falha no que toca ao recolhimento do preparo, porquanto a regra disposta no art. 511, 2º, do Código de Processo Civil, apenas encontra aplicação quando há pagamento insuficiente das despesas recursais, mas não quando existe, como in casu, irregularidade na sua comprovação. No mesmo sentido, o colendo Superior Tribunal de Justiça, ipsis litteris: ( ) II O preparo insuficiente enseja a intimação, com abertura de prazo para a sua complementação, o que não ocorre na falta da comprovação do preparo no ato da interposição do recurso. (STJ, AgRg no REsp nº /RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJ-e de 26/11/2010, g.) AO TEOR DO EXPOSTO, NÃO CONHEÇO do AGRAVO REGIMENTAL, por irregularidade na comprovação do preparo. É como voto. Goiânia, 27 de março de Desembargadora ELIZABETH MARIA DA SILVA 9 Relatora AgRg na AC nº ( ) 8

9 AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA 4ª CÂMARA CÍVEL AGRAVANTE AGRAVADOS RELATORA : JÁRIO DOS PASSOS PEREIRA JÚNIOR : ESTADO DE GOIÁS E UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS : Desembargadora ELIZABETH MARIA DA SILVA EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO. NÃO COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DO PREPARO RECURSAL. IMPRESSO DA INTERNET. AUSÊNCIA DE FÉ PÚBLICA. DESERÇÃO CONFIGURADA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. 1. Não se conhece do agravo regimental quando desprovido de regular comprovação do recolhimento do preparo, consoante disciplina do art. 511 do Código de Processo Civil c/c o item nº 2, da tabela I, da Lei estadual nº , de 27 de dezembro de Recibo impresso da internet não possui fé pública necessária à comprovação do preparo, face a possibilidade de ser adulterado, pelo próprio interessado, por meio de editor de texto. 3. Desnecessária a intimação da parte agravante para AgRg na AC nº ( ) 9

10 juntar aos autos o comprovante original de pagamento do preparo, haja vista que não se trata de mero erro justificável, ou até mesmo de recolhimento a menor da guia recursal. 4. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) da Comarca de Goiânia, em que figura como agravante JÁRIO DOS PASSOS PEREIRA JÚNIOR e como agravados ESTADO DE GOIÁS e UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. Acorda o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pela Quarta Turma Julgadora de sua Quarta Câmara Cível, à unanimidade de votos, em NÃO CONHECER DO AGRAVO REGIMENTAL, tudo nos termos do voto da Relatora. Presidiu a sessão de julgamento, a Excelentíssima Senhora Desembargadora Elizabeth Maria da Silva. Votaram acompanhando a Relatora Desembargadora Elizabeth Maria da Silva, os Excelentíssimos Senhores: Desembargador Carlos Escher e o Juiz Substituto em Segundo Grau Doutor Sérgio Mendonça de Araújo em substituição ao Desembargador Gilberto Marques Filho. AgRg na AC nº ( ) 10

11 Yara Alves Ferreira e Silva. Representou a Procuradoria Geral de Justiça, a Doutora Goiânia, 27 de março de Desembargadora ELIZABETH MARIA DA SILVA Relatora AgRg na AC nº ( ) 11