MODELOS DE SIMULAÇÃO PARA A TANCAGEM DA ÁREA DE DIESEL EM REFINARIAS: EXEMPLO DE UMA REFINARIA NA REGIÃO NORDESTE
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- Nicolas Mendonça Monsanto
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1 MODELOS DE SIMULAÇÃO PARA A TANCAGEM DA ÁREA DE DIESEL EM REFINARIAS: EXEMPLO DE UMA REFINARIA NA REGIÃO NORDESTE Claudio Duarte Pinto Limoeiro Daniel Barry Vieira Fuller Celso Fernandes Araujo Filho Petrobras Petróleo Brasileiro S.A. Av. Nilo Peçanha, 151, 7º andar, Rio de Janeiro - RJ claudiolimoeiro@petrobras.com.br fullerdb@petrobras.com.br celsoaf@petrobras.com.br Guilherme de Aquino Barbosa Petrobras Petróleo Brasileiro S.A. Av. República do Chile, 65, sala 2102, Rio de Janeiro - RJ gaquibar@petrobras.com.br RESUMO Este trabalho apresenta a aplicação de modelos de simulação de tancagem em refinarias para investimentos na área de diesel. Devido a questões ambientais, o planejamento de capacidade de tancagem tem que contemplar não só o aumento natural dos mercados de diesel, mas, sobretudo, a questão da substituição gradativa das especificações, cada vez mais rigorosas no tocante ao teor de enxofre. Como exemplo, apresentamos um recente estudo em uma refinaria em implantação no nordeste brasileiro. Neste caso, foi necessário validar o projeto de tancagem para os primeiros anos de sua operação, dado que o prazo para a tomada de decisões estava se esgotando e que o mercado de diesel está em evolução. No modelo, foram representados mercado, produção e venda de diesel, as regras e as variações do processo produtivo e o uso do modal marítimo, tanto na chegada de matéria-prima quanto na expedição dos dieseis acabados. PALAVRAS CHAVE. Tancagem. Diesel. Refinaria de Petróleo. Área principal: Simulação. ABSTRACT This paper presents the application of simulation models on tanking in refineries for investments in diesel. Due to environmental issues, the planning of tanking capacity has to consider not only the natural growth of diesel markets but also, and foremost, the issue of the gradual substitution of the specifications with more rigorous ones regarding sulfur concentration. As an example, we present a recent study on a refinery being built in the Brazilian northeast. In this case, it was necessary to validate the tanking project for the first years of operations, given that the deadline for the decision making was approaching and that the diesel market is evolving. This model included representations of the demand, the production and the delivery of diesel, the rules and variations of the productive process and the use of maritime transport mode for both the arrival of raw material and the delivery of the finished diesels. KEYWORDS. Tanking. Diesel. Oil Refinery. Main area: Simulation. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3314
2 1. Introdução Atualmente, a Petrobras vem realizando diversos investimentos nas suas refinarias tanto com objetivo de aumentar sua capacidade de produção como para melhorar a qualidade de seus produtos. Para qualquer um destes investimentos, são inicialmente elaborados projetos de engenharia de processo que contemplam as melhores e mais adequadas tecnologias na área de refino para cada situação. Entretanto, para sua concretização, esses investimentos principais precisam ser complementados por outros que deverão atender às necessidades de transferência e armazenamento dos produtos da refinaria. A análise dos impactos na capacidade de armazenamento de uma refinaria e sua logística associada é chamada, na Petrobras, de planejamento de capacidade de tancagem. Na Petrobras, esse tipo de estudo é normalmente abordado através da construção de um modelo de simulação estocástica que permita o tratamento de eventos aleatórios e estudos de cenários alternativos, tanto para os investimentos quanto para os modos de funcionamento das unidades e seus recursos operacionais. Este tipo de análise é costumeiramente baseado na customização de um modelo geral de simulação voltado para tancagem de refinarias que foi construído ao longo tempo acompanhando o desenvolvimento de diversos estudos semelhantes (Limoeiro et al e Limoeiro et al. 2008). Todavia, dentre os programas de melhoria voltados para qualidade dos produtos, destacamos o enorme esforço que vem sendo realizado na área de óleo diesel, que pode-se considerar como um subgrupo com características próprias. Os projetos envolvendo diesel estão sendo realizados, praticamente ao mesmo tempo, em todas as refinarias da Petrobras. As características principais destes projetos são a evolução da tecnologia em etapas e planejamento da tancagem de forma dinâmica, ou seja, as necessidades de segregar o armazenamento de produtos que vão ser substituídos e aquele que o substituirá coexistem durante algum período, que pode ser bastante extenso. O trabalho apresentado neste texto relata as características dos modelos voltados para o diesel nas refinarias e, para exemplificar, mostra o caso referente à tancagem de diesel na Refinaria do Nordeste (conhecida como RNEST), que tem inauguração prevista para Esse caso é um estudo de adequação da tancagem prevista para os produtos intermediários envolvidos, da tancagem final dos dieseis e da logística da retirada desses produtos para o mercado consumidor, tanto pelo modal marítimo quanto pelo terrestre. Nos itens seguintes são tratados o problema geral do diesel no item 2 e o contexto deste casoexemplo no item 3. Os itens 4, 5 e 6 apresentam as entradas, estrutura e construção do modelo. O item 7 discute os resultados da Simulação e o último item apresenta conclusões. 2. Problema geral do diesel O diesel é o derivado de petróleo mais importante, cuja utilização é fundamental para o transporte de pessoas e carga e para a geração de energia elétrica por usinas termoelétricas. Por isso, qualquer esforço para redução das emissões de poluentes no meio ambiente é importante. Para medir essa redução, considera-se o nível de enxofre no diesel utilizado no transporte público. Esse enxofre é medido em ppm partes por milhão. Deste modo, desde algum tempo já se procurava a meta de existir um diesel para as grandes cidades e outro para o interior. Entretanto, três fatores têm pressionado muito o processo de produção e o mercado. O primeiro são as restrições ambientais tornando-se cada vez mais severas; o segundo é provocado pelo aumento da demanda para o uso nas térmicas e o terceiro é a inclusão de biomassa como matériaprima no processo de produção do diesel (Barbosa et al., 2007). Atualmente, as principais classes de diesel que são comercializadas no Brasil pela Petrobras para veículos automotivos são: o diesel interior, possuindo até 1800ppm de enxofre em sua composição (diesel S1800) e, para as grandes cidades, o diesel metropolitano, com até 500ppm XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3315
3 de enxofre (S500). Para navios é um utilizado diesel marítimo com teor de enxofre ainda maior que o do S1800, e as termoelétricas consomem o próprio S1800. Entretanto, segundo determinações governamentais, começando em 2009 e terminando em 2014, gradualmente, os dieseis automotivos, interior e metropolitano, terão seus teores de enxofre respectivamente reduzidos para 500ppm (S500) e 50ppm (S50). Este processo, embora gradual em termos de meio ambiente, representa um esforço muito grande no ponto de vista empresarial. Isso porque demanda investimentos em equipamentos com tecnologia mais avançada e uso mais crítico dos parques de armazenagem devido à necessidade de se armazenar, segregadamente, vários tipos de diesel durante o processo evolutivo. Porém, complementando os tipos de diesel, cabe ressaltar: O diesel de térmicas continuará a ser o S1800 e o marítimo não mudará; A participação de óleos vegetais na composição do diesel será paulatinamente aumentada; Está previsto para 2013 o início da produção no Brasil também de diesel com 10ppm de enxofre (diesel S10); Em alguns períodos e locais coexistirão, no futuro, todos os tipos de diesel (S10, S50, S500, S1800 e Marítimo); Substituição progressiva dos mercados de cada especificação (figura 1). Quantos aos investimentos em unidades operacionais, os mais significativos são os seguintes: HDT, ou hidrotratamento; MLD, ou misturador de correntes de produtos em linha; HDS, ou hidrodessulfurização. Quanto ao processo de produção, podem-se tecer os seguintes comentários: As matérias-primas são, de um modo geral: 1) nafta pesada e querosene, ambos retirados das unidades de destilação; 2) Correntes de saídas das unidades de HDT e HDS; 3) óleos vegetais; 4) Diesel externo (não produzido na própria refinaria). Um MLD realiza a mistura para produzir as diversas especificações do diesel. A importação de um diesel externo é necessária porque nem sempre a refinaria consegue, por seus próprios meios, produzir todas as especificações para abastecer os mercados de sua área de influência. Neste caso, torna-se necessário obter de outro local de produção um diesel com o teor de enxofre usualmente muito baixo para que, durante a formação do produto final pela mistura nos MLDs, obtenha-se o teor de enxofre necessário. Quanto ao grande impacto nos tanques, ele pode ser constatado pelo número de produtos que deverão ser segregados ao mesmo tempo, associado ao processo dinâmico da necessidade de alocação do número de tanques para cada tipo de diesel, necessidade que vai se alterando a cada ano ao longo de muito tempo (figura 1). As segregações a considerar são: as especificações dos dieseis para o mercado automotivo, o diesel marítimo, os óleos vegetais, o diesel externo e as correntes intermediárias, como o diesel de HDT e outras. O problema geral que se deseja resolver, com o apoio de um modelo de simulação, consiste em: Dimensionar os investimentos nos parques de tanques relacionados à produção e comercialização de diesel de uma refinaria de tal forma que, durante todo o período contemplando no planejamento, esta tancagem seja capaz de suportar as operações da respectiva área de diesel com o nível de serviço mantido aceitável, tanto no processo de produção quanto ao fornecimento do mercado consumido. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3316
4 Cabe ressaltar que o custo de construção de tanques de armazenamento está próximo de um milhão de dólares por 1.000m³. Um tanque para diesel possui, em média, m³. 140% 120% Mercado brasileiro de diesel Mercado 100% 80% 60% 40% 20% S10 S50 S500 S1800 Total 0% Ano Figura 1: evolução dos mercados de diesel 3. Contexto do caso RNEST A RNEST é uma refinaria que está sendo construída no litoral do estado de Pernambuco com previsão de início de funcionamento em Esta unidade está sendo concebida para trabalhar com petróleos pesados e terá seu parque de refino moldado com foco na fabricação de diesel de boa qualidade, ou seja, com baixo teor de enxofre. O diesel produzido será destinado principalmente ao mercado brasileiro, que ainda importa uma grande parte do diesel consumido. Inicialmente, serão produzidos dois tipos de diesel na RNEST: Diesel S500; Diesel S50, especificação ainda não produzida no país. A produção dos dieseis será realizada essencialmente a partir da mistura de quatro produtos intermediários: dois dieseis provenientes de unidades de hidrotratamento (referenciados como diesel HDT A e diesel HDT B que podem ter diferenças em suas especificações), nafta pesada (também proveniente de hidrotratamento) e um diesel de fabricação externa que é recebido por navio e, no caso da RNEST, possui qualidade inferior ao S50. Diferentes proporções destes produtos intermediários serão usadas para fabricar S500 e S50, sendo que o S50 desta refinaria poderá ser fabricado segundo duas receitas diferentes, uma das quais não necessitando de diesel externo. Ambos os produtos finais possuem dois mercados consumidores: as companhias locais (Companhias) e o mercado externo, representado por outras regiões do país, sobretudo o sul e o sudeste. As Companhias retiram produto por caminhão diretamente da refinaria e os produtos destinados ao mercado externo saem por navios. No porto, pretende-se utilizar apenas um berço para a movimentação de diesel (recebimento de diesel externo para carga e carregamento de S500 e S50 para venda), embora haja outros berços que poderiam operar com diesel se houver necessidade e o berço inicialmente reservado para operações de diesel possa também receber periodicamente outros navios que não sejam relacionados à produção de diesel. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3317
5 O tempo necessário para que um investimento em tancagem esteja pronto para atender aos primeiros anos de funcionamento da RNEST está terminando. Assim sendo, as duas questões que precisam ser respondidas com ajuda do modelo de simulação customizado para RNEST são: 1) A tancagem geral da área de diesel, prevista no projeto da refinaria, possui configurações que permitem atender satisfatoriamente tanto à produção quanto aos mercados dos dieseis da refinaria? 2) Caso a resposta da pergunta 1 seja negativa, quais investimentos em tancagem serão necessários para reverter a situação? 4. Conceitos, dados de entrada e regras operacionais do caso RNEST A etapa inicial da implementação do modelo foi de cunho conceitual/lógico (figura 2), cuja importância é apontada por Balci e Ormsby (2007) e Montevechi et al. (2007). Então, foi necessário representar de forma integrada tanto os mecanismos de transferência, recebimento e expedição de produtos e suas regras quanto o gerenciamento do uso dos parques de tanques. Paralelamente, foram levantados os dados de entrada, obtidos no levantamento dos processos operacionais previstos em projeto, os quais incluem: capacidade dos tanques, vazões de produção, receitas de produção, tamanho dos navios e previsões de mercado ao longo dos anos futuros a partir de Segue o procedimento para construção do modelo, associado aos parâmetros operacionais e regras consideradas: Existe produção contínua nos HDTs; os produtos resultantes, dieseis hidrotratados e nafta pesada, são armazenados em seus respectivos tanques, os quais funcionam no modo pulmão, ou seja, podem receber e expedir produto ao mesmo tempo. O diesel externo é recebido em tanque próprio a partir de navio. O S50 pode ser produzido com duas receitas diferentes, mas o produto final é o mesmo S50, não havendo distinção. O diesel externo e os dieseis vendidos necessitam de um tempo repouso e certificação antes de serem respectivamente consumidos e retirados ao mercado. O MLD (misturador em linha) não precisa funcionar o tempo todo para atender aos mercados de diesel, pois sua vazão de projeto é superior às demandas iniciais. A previsão inicial para a distribuição dos tanques entre os dieseis é: S50 usando com 4 tanques, sendo 3 destinados para escoamento marítimo e 1 ao mercado local; S500 é acomodada em um parque com 3 tanques, sendo 2 destinados para escoamento marítimo e 1, o menor, ao mercado local. O mercado local funciona somente de segunda a sábado. O mesmo duto realiza tanto o descarregamento de diesel externo para a refinaria quanto o carregamento de S500 para transporte marítimo. O duto usado para escoar a produção de S50 pelo terminal marítimo é outro, dedicado. Prevê-se o uso de apenas um berço pelos navios de diesel. Há previsão de que este berço esteja ocupado por outros navios durante 20% do tempo. Um navio carregado de diesel externo é chamado quando o estoque desta matéria-prima atingir um ponto de suprimento determinado. Um navio de S500 ou S50 é chamado quando o estoque de produto pronto estiver suficientemente alto. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3318
6 Foram escolhidos os mercados esperados para o segundo ano de operação da refinaria como dados de entrada da simulação, pois esse deverá ser o primeiro ano de operação regular da refinaria. Figura 2: esquema lógico do modelo Quanto às variabilidades que resultaram em distribuições de probabilidades, podemos destacar as seguintes: Tempos entre a chamada e chegada dos navios; Tempos de atracação e desatracação; Tempos de certificação de produtos. 5. Construção e estrutura do modelo de simulação A partir do entendimento conceitual / lógico do problema, obteve-se o mapeamento dos processos envolvidos. Delimitando o contexto a ser representado pelo modelo de simulação, pudemos aprofundar a coleta e análise dos dados de entrada do modelo. Foi preciso levantar informações tais como: as capacidades dos tanques e dos navios, as vazões das operações de transferência, os mercados esperados, tempos de certificação e tempos de chegadas dos navios. Conforme é usual para esse tipo de modelo, os eventos devem ter uma hora como unidade de tempo e considerar a seqüência dos estados de cada tanque, ou seja: vazio, enchendo, certificando, pronto para retirar e esvaziando. A etapa seguinte foi definir os parques de tanques e quais as operações de movimentação possíveis. Um parque de tanques é um conjunto de tanques com as mesmas funções e facilidades operacionais. Entretanto, o modelo trata cada tanque de forma individual, embora leve em consideração os atributos do parque de tanques que o contém, por exemplo, o limite máximo de uso simultâneo das entradas e saídas de um parque de tanques. Sendo assim, foram definidos os parques de tanques para cada tipo de produto. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3319
7 Quanto às operações de movimentação, foram identificados os seguintes grupos: 1. Chegada de diesel externo por navio e retiradas de S500 e S50 por navio; 2. Produção de dieseis HDT A e B e nafta pesada; 3. Campanhas de produção de S500, S50 (duas campanhas) e envio aos parques de tanques de produto final; 4. Retiradas de S500 e S50 pelas Companhias. Após a identificação das operações, vazões das movimentações, parques de tanques e os mercados, foram realizadas duas etapas fundamentais para se aprovar o esboço do modelo que se pretende implementar. A primeira foi fechar o balanço volumétrico do modelo e, a segunda, definir as distribuições de probabilidades. Um princípio básico do funcionamento de uma refinaria é a regra do balanço volumétrico, segundo a qual os volumes recebidos pela refinaria devem equivaler aos expedidos (Fuller, 2009). Para isso acontecer, é preciso que as campanhas dos HDT e do MLD produzam uma quantidade suficiente para atender à demanda. Enquanto não se consegue fechar o balanço, o modelo proposto é inviável ou irreal. Quanto aos processos aleatórios, e devido à complexidade do modelo, optamos por uma postura conservadora no tocante às escolhas das distribuições de probabilidades, com o cuidado de não aceitar distribuições que fossem incompatíveis com o cálculo do balanço volumétrico. Com a aprovação do balanço de volumes, automaticamente ficou aprovado o fluxo geral da simulação (figura 3). Este pode ser codificado e foi usado o ProModel como plataforma de software e também para executar os testes de verificação. Figura 3: fluxo geral da simulação XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3320
8 Passo 1: Avançar uma hora e verificar se um dia ou um mês está começando. Caso isto aconteça, é necessário atualizar as metas de retirada dos produtos finais tanto por navio quanto pelas Companhias. Passo 2: Verificar se algum navio está no porto naquela hora. Se for o caso, também considerar sua tancagem no modelo. Passo 3: Conferir e ajustar os estados dos tanques, a fim de que sejam usados nas operações de movimentação durante a hora em curso. Passo 4: Estabelecer, para cada operação, índices que definem quão críticas estão as operações naquele momento. Os valores destes índices servem para priorizar a execução das operações. Passo 5: Efetivar as operações levando em conta se a operação já está sendo executada desde a hora anterior, seus relacionamentos com as demais operações e o seu índice de prioridade, nos casos onde a operação não esteja sendo executada ou exista concorrência de recursos com outras operações do mesmo grupo. Passo 6: Verificar a necessidade de se chamar navios, no caso de serem navios que chegam por chamada; então, executar rotinas paralelas correspondentes a controle de viagem, chegada e atracação no porto e demais providências. Passo 7: Fechamento das estatísticas da hora; ida para próxima hora. Liberação de navios que podem partir. 6. Validação e Processamento do modelo. A simulação é processada em intervalos de uma hora e abrange um período útil de um ano com quatro meses de aquecimento. São executadas trinta replicações de cada cenário. Terminados a codificação e testes do modelo, foi realizada a etapa de validação. Nesse caso, como na maioria dessa classe de modelos, é fundamental realizar a validação em conjunto com a equipe que vai se utilizar dos resultados do modelo. Após a validação, foram definidos os cenários que se deveria estudar, divididos em dois grupos relacionados às duas perguntas propostas na seção 3: 1) Suficiência da previsão inicial da tancagem geral de diesel. Cenário 1: Configuração básica prevista para a tancagem; Cenário 2: Retirada de um tanque de produto intermediário; Cenário 3: Retirada de um tanque de produto final, no caso, do parque de diesel S50 destinado ao mercado externo usando o modal marítimo; 2) Necessidades de investimentos complementares em tanques Cenários 4 em diante: Consistem em aumentar progressivamente o número de tanques de cada parque até a suficiência da tancagem de diesel. Cabe ressaltar que estes cenários só seriam estudados caso os cenários de suficiência de tancagem, grupo 1, não consigam atender aos objetivos operacionais e comerciais da área de diesel da RNEST. 7. Resultados da simulação e comentários. Após o processamento do grupo 1 de cenários, foi constatado que tanto o cenário básico quanto o cenário com a restrição de um tanque de intermediários a menos, responderam positivamente sobre a suficiência da tancagem já projetada. Quanto à retirada de um tanque de S50 de exportação, o resultado foi insatisfatório, indicado que pode existir um limite de atendimento em caso de contingência prolongada. Devido aos resultados dos cenários 1, 2 e 3 do XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3321
9 grupo 1, julgou-se desnecessário processar cenários do grupo 2, pois os resultados já estavam satisfatórios. Na tabela 1, ilustramos os resultados encontrados pela simulação do grupo 1. Os principais indicadores utilizados foram: Atendimento de mercado é o percentual da demanda que foi atendida. Ocupação das unidades operacionais é o percentual de tempo que a unidade em questão funcionou. Ocupação crítica da tancagem é o percentual do tempo que o estoque esteve acima de um nível crítico predeterminado. Comentários sobre os resultados: O mercado previsto está sendo atendido de maneira satisfatória. A configuração dos tanques prevista no projeto mostrou-se robusta embora tendo limites no caso de contingência prolongada. Isto significa que, nos primeiros anos de funcionamento do empreendimento, não serão necessários investimentos adicionais na tancagem para o diesel. Considerando somente um berço para o diesel e com navios que não têm a ver com a área de diesel, constata-se uma alta, porém não crítica, ocupação do berço. O resultado da ocupação crítica da tancagem do diesel S50 para comercialização por navio mostrou-se a mais severa, certamente devido aos volumes movimentados. Atendimento de mercado (% demanda) Ocupação das unidades operacionais (% capacidade) Ocupação crítica dos parques de tanques (% tempo) Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 S500 companhias > 99% > 99% > 99% S500 navio > 99% > 99% > 99% S50 companhias > 99% > 99% > 99% S50 navio > 99% > 99% Entre 85% e 90% HDT A Entre 90% e 95% Entre 90% e 95% Entre 80% e 85% HDT B Entre 90% e 95% Entre 90% e 95% Entre 80% e 85% HDT Nafta Entre 90% e 95% Entre 90% e 95% Entre 80% e 85% MLD Entre 50% e 55% Entre 50% e 55% Entre 45% e 50% Berço Entre 75% e 80% Entre 75% e 80% Entre 70% e 75% HDT A < 1% < 1% < 1% HDT B < 1% < 1% < 1% HDT Nafta Entre 5% e 10% < 5% Entre 10% e 15% S500 companhias Entre 15% e 20% Entre 15% e 20% Entre 15% e 20% S500 navio < 1% < 1% < 1% S50 companhias Entre 15% e 20% Entre 15% e 20% Entre 15% e 20% S50 navio Entre 30% e 35% Entre 25% e 30% Entre 35% e 40% Tabela 1: resultados 8. Conclusão Após discussão dos resultados do grupo com a equipe responsável pela definição da tancagem de diesel da RNEST e a constatação da suficiência da tancagem projetada, foi decidido considerar que o estudo atendeu as expectativas e, desta forma, estava concluído. Cabe ressaltar que uma característica deste caso foi a urgência para se obter uma resposta sobre a capacidade de tancagem. As possíveis situações seriam: tancagem folgada, atendendo sem folgas ou insuficiente. A grande preocupação era a possibilidade de existir insuficiência, o XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3322
10 acarretaria grandes prejuízos à refinaria. Então, apesar de a reposta parecer indicar uma folga, esta é muito melhor que falta de tancagem, especialmente considerando a tendência de crescimento dos mercados. No futuro, o modelo deverá ser revisitado e aprimorado, pois os resultados obtidos são validos somente para os primeiros anos de funcionamento da refinaria. Sabe-se que os modelos de diesel representam sistemas passíveis de evolução e substituições no mercado consumidor alvo. Assim sendo, conforme existam mudanças na regulação oficial ou nos volumes de previsão do mercado, no futuro será necessário adaptar e utilizar este modelo para que a decisão a tomar seja feita em tempo hábil. Por fim, o desenvolvimento deste modelo de simulação contribuiu para o processo de dimensionamento de parques de tanques na RNEST e em outras refinarias no futuro. 9. Referências. Balci, O. e Ormsby, W. F. (2007), Conceptual modeling for designing large-scale simulations, Journal of Simulation I(3), Barbosa, G., Tito, M., Fuller, D. B. e Limoeiro, C. (2007), Use of simulation model to valuate the use of vegetable oil in a new refining process for diesel using existing installations, in IASH 2009 Conference, IASH, Tucson, Arizona, U.S.A. Fuller, D. B. (2009), Um simulador de refinarias de petróleo, dissertação de mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. Limoeiro, C., Barbosa, G., Lima, M., Bezerra, D. e Fuller, D. B. (2007), Planejamento de capacidade de tancagem numa refinaria de petróleo para atender o projeto de duplicação da unidade de lubrificantes usando simulação estocástica, in Anais do SBPO 2007, Sobrapo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Limoeiro, C., Fuller, D. B., Pereira, B. e Barbosa, G. (2008), Processo de dimensionamento por simulação de um sistema integrado de suprimento de petróleo para um conjunto regional de refinarias, in Anais do SBPO 2008, Sobrapo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Montevechi, J.A.B; Leal, F.; Oliveira, M.L.M. de; Almeida, D.A. de; Marins, F.A.S.; Matos, A.J. de M. (2007), Elaboração de modelos conceituais em simulação computacional através de adaptações na técnica idef0: uma aplicação prática. Atas do XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Foz do Iguaçu, PR. XLI SBPO Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 3323
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