Intervenção Senhor Presidente da Direcção, Comendador Mário Pereira Gonçalves

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1 Intervenção Senhor Presidente da Direcção, Comendador Mário Pereira Gonçalves Debatemos a sobrevivência das nossas milhares de empresas, e dos respectivos centenas de milhares de postos de trabalho. Concluímos que até que o Governo e a Assembleia da República nos garantam a competitividade do nosso produto turístico, e o crescimento da economia, e das nossas empresas, não vamos baixar os braços. Não aceitamos que a obsessão do défice e da divida pública, a que decidiram chamar austeridade, nos leve à ruína. Estão a estrangular o consumo, querem atirar-nos para o abismo, teremos que saber dizer não. Diz o Governo que a situação do país é caótica e nós não desmentimos. Mas que culpa temos nós? Temos é que exigir contas e responsabilidades a quem nos tem governado depois do 25 de Abril. Não é só através do voto que se lavam as responsabilidades. Não vamos pagar as contas, dos espertos, nem dos mercados porque temos mais de famílias para sustentar. Admitindo que a troika tem que estar feliz com Portugal, e assim por e dispor das nossas vidas, perguntamos porque é que não fazemos como a Irlanda que também está sob jugo da troika, mas acaba de baixar o IVA da taxa intermédia para a taxa reduzida? - 1 -

2 A título de exemplo, o Sector da Restauração Colectiva, que serve anualmente 300 milhões de refeições, em escolas, hospitais, prisões e refeitórios públicos e privados, e que em qualquer país da Europa, paga IVA à taxa de 0% ou à taxa reduzida, em Portugal paga 13%! É justo? Não. É inaceitável. Com estas políticas de caça ao tesouro estão em causa a sopa e o simples prato de comida, que são a alimentação dos nossos alunos e dos trabalhadores, que não podem pagar uma taxa de IVA igual à dos artigos de luxo, como jóias, iates e aviões particulares. O Eurodeputado Italiano Carlo Fidauza, acaba de fazer aprovar por unanimidade, no Parlamento Europeu, a resolução defendendo o turismo como gerador de emprego. Assim todos os países da União foram instados a aplicar a taxa reduzida de IVA nos seus produtos e serviços turísticos! Ora se o Turismo, líder das exportações, é a Galinha dos Ovos de Ouro de Portugal, porque estamos a destruí-la? O aumento do IVA nos nossos serviços, levaria ao encerramento de mais de 54 mil estabelecimentos, e ao desemprego de mais de 120 mil trabalhadores, bem como á perda das receitas na ordem de 1,8 mil milhões de euros. Este cenário põe em causa a viabilidade, e a sobrevivência, de mais de metade das nossas empresas, e do Turismo, que produz 14% do PIB, e é um dos maiores empregadores de Portugal

3 Como é possível que nos corredores do poder, apregoem que se vai apoiar os setores e as empresas exportadoras, baixando a taxa social única, mas em contra ciclo, ao líder dessas mesmas exportações, o Turismo, se ameace com o aumento do IVA?!! Temos, é que ter a taxa reduzida do IVA para podermos competir com os nossos mais directos concorrentes, e aumentar as receitas fiscais e a empregabilidade. Pela nossa parte: - Porque não queremos o aumento da espiral recessiva, que nos atira para o abismo; - Porque não queremos assistir á morte de milhares de empresas; - Porque não queremos enviar para o desemprego mais de trabalhadores; - Porque sabemos que com a actual taxa de 13% do IVA na Restauração, as receitas fiscais e da segurança social vão cair, podendo chegar aos 1,45 mil milhões de euros de perdas, só na restauração e na hotelaria; - Porque o Primeiro-Ministro disse em público que não ia acabar com o IVA intermédio para a Restauração; - Porque o CDS propôs, em 2009, à Assembleia da República, a redução do nosso IVA para 5%; - Porque temos de evitar de transmitir imagens negativas, ou de insegurança, em Portugal; - 3 -

4 - Porque não queremos ferir a qualidade da nossa oferta turística, e da gastronomia património cultural de Portugal; - Porque não podemos por em causa a segurança alimentar, e a saúde pública de 10 milhões de portugueses, e de 30 milhões de visitantes estrangeiros; - Porque não queremos que aumente a evasão e a fraude fiscal, a economia paralela e a contrafacção; - Porque queremos, e esperamos, que o bom senso impere; Deliberámos: 1. Manter o diálogo aberto com o Governo, e com a Assembleia da República; 2. Solicitar, de imediato, audiência com o Senhor Primeiro- Ministro, para lhe apresentar as nossas propostas; 3. Exigir a fixação da taxa reduzida de IVA, para a Restauração e para a Hotelaria, à semelhança dos nossos directos concorrentes; 4. Ponderar e reflectir na tomada de medidas que possam levar à não cobrança dos eventuais aumentos do IVA, como exercício do nosso direito à indignação; - 4 -

5 Permitam-me umas palavras finais de agradecimento. Á Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, através do seu Bastonário, meu Caro Amigo, Dr. Domingos Azevedo, e a todos os nossos TOC S, que quiseram partilhar esta jornada connosco. Aos Senhores Deputados, que se disponibilizaram para nos ouvir, e connosco refletir. Ao Senhor Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que nos esclareceu com os seus doutos conselhos. À Srª. Drª. Fátima Campos Ferreira que nos manteve lúcidos, e coerentes. Aos nossos Patrocinadores, que tornaram possível este debate. Ao BUE Balcão Único Empresarial, que nos organizou este encontro. A todos os colegas das Associações Empresariais, da DECO e dos Sindicatos. E finalmente a todos vós, Caros Colegas e Associados, que honraram a democracia, e nos deram forças para continuar a lutar. Vamos à luta. Muito Obrigado - 5 -