CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL RESOLUÇÃO Nº 21 DE 10 DE OUTUBRO DE 2001
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- Laís de Oliveira Fragoso
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1 Publicada no D.O.U. de 20/12/2001, Seção 1, Página 36 CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL RESOLUÇÃO Nº 21 DE 10 DE OUTUBRO DE 2001 Dispõe sobre a aprovação do Programa Jovem Agricultor Empreendedor O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL CNDRS, no uso de suas atribuições, conferidas pelo Decreto n 3.508, de 14 de junho de 2000, e atendendo ao disposto no inciso II, do art. 1º, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução nº 03, de 20 de dezembro de 2000, torna público que o Plenário do Conselho, em Sessão realizada em 29 de agosto de 2001, CONSIDERANDO: a) a situação do meio rural, particularmente da agricultura familiar, quanto ao processo de envelhecimento de sua população, provocado pela evasão dos jovens para o meio urbano, agravado pelo fato de que os jovens que permanecem no meio rural são os que menos estudam; b) a relevância do trabalho desenvolvido pelos Centros de Formação por Alternância (CEFFAs); conhecidos como Casas Familiares Rurais, Escolas Famílias Agrícola, Projovem e outras denominações locais, para o processo de aprendizagem de jovens e adultos no meio rural, valorizando a adequação do ensino à realidade local através da pedagogia da alternância e incentivando a fixação do jovem no campo; c) os resultados alcançados pelos CEFFAs no que se refere ao desenvolvimento de uma visão empreendedora pelos jovens e fortalecimento do capital social das comunidades, caracterizando-se como um processo educativo, de capacitação e assistência técnica não só para os estudantes como para a comunidade envolvida; RESOLVEU: Art. 1º Aprovar o Programa Jovem Agricultor Empreendedor, nos termos do anexo desta Resolução. Art. 2º Determinar que a Secretaria da Agricultura Familiar - SAF, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA e o Banco da Terra se responsabilizem pela operacionalização do Programa. Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. RAUL BELENS JUNGMANN PINTO Presidente
2 Publicado no D.O.U. de 20/12/2001, Seção 1, Páginas 36/37 ANEXO PROGRAMA JOVEM AGRICULTOR EMPREENDEDOR Justificativa Um dos problemas da agricultura familiar é o envelhecimento de sua população, provocado pela evasão dos jovens no meio rural brasileiro. Esse segmento filhos de pequenos agricultores, assentados, meeiros quer, em sua maioria, continuar na zona rural. Uma pesquisa realizada pelo professor Ricardo Abramovay com a EPAGRI/SC, no oeste catarinense, constatou que 12% dos estabelecimentos familiares não têm filhos na propriedade e que em 16% dos imóveis só há um jovem na propriedade. Assim quase 30% dos estabelecimentos correm o risco de não ter sucessores na próxima geração. Na mesma pesquisa constatou-se que 70% dos jovens masculinos e 40% dos do sexo feminino querem continuar trabalhando na zona rural, desde que tenham boas condições para seu desenvolvimento econômico e social. Por outro lado, é preocupante a constatação de que dois terços dos jovens que continuaram com os pais na propriedade são os que menos estudaram, muitas vezes nem terminando o ensino fundamental. Dentro desse contexto se insere a experiência dos aqui denominados Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs), conhecidos como Casas Familiares Rurais, Escolas Família Agrícola, Projovem e outras denominações locais. Esses núcleos adotaram experiências européias de formação profissional de jovens agricultores, valorizando a adequação à realidade local através da pedagogia da alternância, onde rapazes e moças passam um período discutindo projetos e sua realidade rural, e no outro, na propriedade da família, debatem em casa os conteúdos desenvolvidos na escola. Adotam também a pedagogia construtivista que dá liberdade para os jovens e seus pais discutirem os interesses e os conteúdos do curso em função de suas necessidades e realidades locais. A administração das escolas é feita de forma participativa pela associação dos agricultores da região criada para essa finalidade. Os parceiros das associações são geralmente as prefeituras e governos estaduais, havendo participações pontuais do governo federal, universidades e ONG s, reforçando o envolvimento dos Centros com o desenvolvimento local. A dinâmica trabalhada nesses centros vêm apresentando resultados práticos no desenvolvimento de uma visão empreendedora pelos jovens, fortalecimento do capital social das comunidades, capacitação e assistência técnica para quase toda a comunidade envolvida e o fortalecimento dos fóruns participativos como os
3 CMDRS, configurando-se em um trabalho a ser apoiado na tentativa de reversão do quadro acima descrito. Objetivos Geral O Programa Jovem Agricultor Empreendedor visa ampliar as oportunidades de formação profissional dos jovens no meio rural buscando sua inserção econômica e social e o fortalecimento de suas unidades familiares na expectativa de constituírem redes de referência para o desenvolvimento local sustentável. Específicos dar oportunidade aos filhos(as) de agricultores familiares e pescadores que concluírem o curso nos CEFFAs de se tornarem produtores rurais através do acesso ao crédito de produção e/ou crédito fundiário e lotes da reforma agrária; estimular, ao menos, a conclusão do ensino fundamental por parte dos jovens no meio rural; apoiar a integração dos projetos desenvolvidos pelos jovens, durante e após o período de formação, ao processo de desenvolvimento local e aos programas governamentais, ressaltando-se a integração com a pesquisa agropecuária; ampliar a capacitação tecnológica e associativa das famílias envolvidas com os Centros Familiares de Formação por Alternância; estimular o envolvimento e corresponsabildade entre os CEFFAs e os conselhos e sociedade locais; inserir técnicos e as unidades familiares atendidas pelo Programa nas redes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) local. Ações do Programa As ações necessárias para se atingir os objetivos relacionados serão: 1) viabilizar o acesso ao crédito de produção pelo jovem ou através de seu(s) pai(s) na unidade familiar de forma individual ou coletiva; 2) apoiar o acesso à terra ao público alvo através dos programas Banco da Terra, Terra Legal e da Reforma Agrária e outros que vierem a ser criados via arrendamentos, parcerias, etc; 3) apoiar um amplo programa de qualificação das Associações dos Centros Familiares de Formação por Alternância (ACEFFAs) e dos monitores, esses em sistemas agrários, desenvolvimento local e pedagogia da alternância, com recursos a serem negociados com o Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Desenvolvimento Agrário e outros.
4 Público Alvo O público alvo das ações do programa constitui-se de jovens estudantes a partir do 2º ano e jovens egressos dos Centros de Formação, monitores, unidades familiares dos jovens, associações dos pais e os Centros de Formação. O público da ações do Programa - acesso ao crédito e a terra são os jovens estudantes a partir do 2º ano e jovens egressos dos Centros de Formação, sendo pré-requisito para esse público acessar essas ações: a) Para o jovem no 2 o ano experiência comprovada, aval do monitor do Centro de Formação, existência de projeto técnico e aprovação das Associações dos Centros Familiares de Formação por Alternância (ACEFFAs) e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS); b) Para o jovem formando aval do monitor do Centro de Formação; existência de projeto técnico e aprovação das ACEFFAs e do CMDRS; c) Para os jovens egressos dos CEFFAs existência de projeto técnico e aprovação das ACEFFAs e do CMDRS. I - A ordem de prioridades para atendimento a esse público deverá ser : 1 o ) Jovens formandos; 2 o ) Jovens cursando o 2 o ano e formados há no máximo 1 ano; 3 o ) Demais egressos; II - O limite mínimo de idade para esse público acessar a ação do programa, acesso ao crédito, é de 16 anos, desde que emancipados. Perfil dos CEFFAs para inserção no Programa Os Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs) que quiserem se habilitar ao programa deverão atender aos seguintes pré-requisitos: trabalhar com a pedagogia da alternância; ter vínculo com o desenvolvimento local desde sua criação, com participação nos CMDRS; ter gestão local, com a criação de associação de pais para sua administração e estabelecimento de parcerias de apoio ao seu funcionamento com os municípios e estados;
5 ter compromisso em vincular o acesso direto ou indireto dos jovens pelo menos ao ensino fundamental; constar do curso para graduação do jovem o desenvolvimento de um projeto técnico. Atribuições Para execução do Programa as atribuições foram distribuídas de forma descentralizada e articulada visando o comprometimento dos diversos atores envolvidos, assim caberá: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável: acompanhar e avaliar a execução do Programa; Aos Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural: reconhecer os centros de formação aptos a entrarem no programa de acordo com os pré-requisitos acima estabelecidos; articular com as superintendências regionais do INCRA, principalmente na região Norte onde já há demanda, buscando viabilizar o acesso dos jovens dos centros de formação ao Programa Nacional de Reforma Agrária; encaminhar e acompanhar a execução do programa Terra Legal e do crédito de produção junto aos órgãos executores; articular com as Unidades Técnicas Estaduais do Banco da Terra visando propiciar o atendimento pelo programa aos jovens formandos dos centros de formação; articular com as Secretarias de Trabalho buscando incluir na programação anual do Programa Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) a utilização de recursos para capacitação dos monitores dos Centros de Formação habilitados no programa. Onde os CEDRs ainda não estiverem implantados será criado um Comitê Provisório Estadual composto por representantes do governo, dos CEFFAs e da sociedade civil com as atribuições acima descritas. Aos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural e as ACEFFAs: verificar a elegibilidade dos beneficiários e opinar sobre as propostas de financiamento, constituindo a primeira instância consultiva e de monitoramento do programa; apoiar o funcionamento e implementação dos CEFFAs. Ressalta-se a importância dos movimentos sociais para o sucesso do programa sendo fundamental sua atuação, principalmente:
6 apoiando a organização dos CEFFAs e trabalhando no seu fortalecimento e na criação de novos Centros; ajudando a viabilizar recursos para apoiar a capacitação dos monitores dos Centros Familiares de Formação por Alternância. Projeção de Demandas As estimativas para o Programa até 2003 (ano de alcance do Plano Plurianual - PPA) são: Ano Beneficiários Crédito de Produção * (em mil reais) ** TOTAL *Valor médio de R$5.000,00/Beneficiário **Número médio estimado a partir da demanda do CEFFA Ano Beneficiários Crédito Fundiário* (em mil reais) ** TOTAL *Valor médio de R$15.000,00/Beneficiário
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