Produção de forragem hidropônica de milho em túnel plástico.
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- Ana Clara Lopes Rocha
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1 Produção de forragem hidropônica de milho em túnel plástico. Felipe Gustavo Pilau 1, Reinaldo Bonnecarrère 1, Denise Schmidt 2, Osmar Santos 2, Paulo A. Manfron 2. 1 Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP. Av. Pádua Dias, 11, Piracicaba/SP. 2 Universidade Federal de Santa Maria. Campus Universitário - Camobi. Santa Maria/RS RESUMO O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, RS, O objetivo do trabalho foi avaliar a produção e a composição químico-bromatológica da forragem hidropônica de milho, utilizando-se casca de arroz e palhada de milho seca e triturada como substratos. Avaliou-se a massa fresca, a massa seca e a composição química bromatológica. A densidade de semeadura de 3 kg m -2 apresentou maior produção de massa fresca, porém não diferiu da densidade de 2 kg m -2 quanto a produção de massa seca. O incremento em massa seca apresentou-se negativo em relação ao utilizado para produção da forragem. A maior densidade de semeadura apresentou valores de proteína bruta superiores com a utilização de palhada de milho seca e triturada como substrato. Palavras-Chave: Zea Mays, casca de arroz, hidroponia, palhada de milho. ABSTRACT Hydroponic forage corn production in plastic tunnel. The experiment was carried out at the experimental area at the Crop Science Department, at the Federal University of Santa Maria, RS, Brasil, The objective was to evaluate the productivity and bromatologic composition of the corn forage cultivated by hydroponic system, using different seed densities and rice peel or corn straw as substratum. Fresh and dry matter and chemical composition were evaluated. The highest seed density had better results, achieving highest fresh and dry matter productions and better quimical composition, for both substratum tested. However, analysing the increase of dry matter production, comparing dry matter production harvest with dry matter used, the highest density showed the worst results. Comparing both substratum used, the corn straw had a bigger decrease in dry matter content due to it s higher decomposition during the test period. Key words: Zea Mays, corn straw, hydroponics, rice peel. Os criadores de gado de leite ou de corte enfrentam o desafio de manter suas produções constantes durante o ano, pois, muitas vezes, as condições climáticas impedem o adequado desenvolvimento do campo nativo ou de pastagens implantadas prejudicando o desempenho animal.
2 Como alternativa para essas ocasiões pode-se utilizar alimentos concentrados, ou volumosos como fenos e silagens. Outra possibilidade é a produção de forragens hidropônicas de arroz, aveia, centeio, cevada ou trigo e de milho. A forragem hidropônica diferencia-se em relação a qualquer outra não pastejada diretamente do campo, por ser consumida fresca, sem nenhuma perda de nutrientes, como acontece com as forragens conservadas. É também distinta das demais porque o animal consome a parte aérea (folhas verdes), restos de sementes e sementes não germinadas, e a zona radicular, rica em açúcares e proteínas (Valdivia, 1996). Para o cultivo da forragem hidropônica pode-se utilizar como substrato e/ou cobertura das sementes, qualquer material que possa ser consumido pelos animais, de preferência trazendo algum benefício nutricional à forragem. A casca de arroz, palhas de milho, capim elefante seco, bagaço de cana-de-açúcar e de outras culturas são alguns dos materiais possíveis de serem usados. Com base nos supostos benefícios oferecidos pela forragem hidropônica, o presente trabalho objetivou avaliar a produção e composição químico-bromatológica de forragem hidropônica de milho produzida em túnel plástico, utilizando-se variações na densidade de semeadura e, como substrato casca de arroz e a palhada de milho seca e triturada. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Departamento de Fitotecnia da UFSM RS, 2001, avaliando-se a produção e a composição químico-bromatológica da forragem hidropônica de milho. A semeadura foi realizada em área apropriada, tendo suas bordas delimitadas com tijolos, formando as laterais e dando a dimensão de 1 x 6 m. Utilizou-se lona plástica preta para forrar o interior da mesma. Utilizou-se um túnel baixo cobrindo toda área plantada, o qual foi manejado conforme as condições meteorológicas, abrindo-o pela manhã, ao redor das 08:00h, e fechando-o às 19:00h, em dias ensolarados ou encobertos. Em dias chuvosos o túnel plástico permaneceu fechado durante todo o período. As sementes de milho foram provenientes de colheita de lavoura, evitando tratamentos químicos. Como substrato para cobertura das sementes utilizou-se casca de arroz e palhada de milho seca e triturada. A solução nutritiva utilizada para irrigar a forragem foi a descrita por Furlani e Furlani (1988), recomendada para a cultura do milho. Iniciou-se a utilização da solução nutritiva cinco dias após a semeadura, numa freqüência de 2 à 3 regas diárias, com gasto aproximado de 3 litros m -2 em cada rega. Nos dias anteriores ao início da
3 utilização da solução nutritiva, usou-se apenas água, com 2 a 3 regas diárias, mantendo umidade adequada. As sementes de milho passaram pelo processo de pré-germinação, sendo deixadas submersas em água por 24 horas e umedecidas por mais 24 horas. Após a pré-germinação realizou-se a semeadura com densidades de 2 e 3 kg m -2. A área destinada ao experimento foi dividida em quatro parcelas de 1,5 m 2 cada, onde em duas semeou-se usando a menor densidade e nas outras restantes a maior. As parcelas, com mesma densidade de semeadura, tiveram as sementes cobertas com materiais diferenciados, utilizando-se a casca de arroz com 2,25 kg m -2, e palhada de milho triturada, com 1,3 kg m -2. O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com duas repetições. A forragem foi considerada pronta para colheita quando as plantas alcançaram de 25 a 30 cm de altura, obtido com 15 dias de produção. Retirou-se quatro amostras de 0,25 m x 0,25 m de cada parcela para determinação de massa fresca (MF). Após, levou-se as amostras à estufa de ventilação forçada, a temperatura de ± 65 C, procedendo-se após a determinação de massa seca (MS). As amostras foram enviadas à laboratório para realização de análise químico-bromatológica, seguindo a metodologia descrita por Silva (1988). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias das produções de massa fresca e seca, e os valores médios de proteína e fibra bruta da forragem comparadas entre si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de produção de massa fresca e seca demonstraram que a interação entre substrato e densidade não se apresentou significativa. Independentemente do substrato utilizado para a cobertura das sementes, a maior produção de massa fresca foi alcançada com 3 kg m -2 de sementes, diferindo estatisticamente dos valores obtidos quando se realizou a semeadura com 2 kg m -2 de sementes de milho (Tabelas 1 e 2). Quanto aos valores de produção de massa seca da forragem hidropônica de milho, observou-se que com a utilização da casca de arroz, obteve-se valores superiores para ambas as densidades de semeadura (Tabela 1). Estes resultados decorrem de uma quantidade utilizada de palhada de milho triturada (1,3 kg m -2 ) inferior a de casca de arroz (2,25 kg m -2 ), para formação da camada de cobertura das sementes com espessura similar, e por este material apresentar uma velocidade de decomposição acelerada em relação a casca de arroz, chegando no momento da colheita com massa inferior a utilizada, praticamente não ocorrendo com a casca de arroz devido ao curto período de produção. Os valores de massa seca produzida por ambas densidades não apresentaram diferenças entre si (Tabela 2).
4 Quanto à qualidade bromatológica da forragem, se obteve valores superiores de proteína bruta com a utilização da palhada de milho. Já os valores de fibra bruta não apresentaram diferença significativa entre os substratos e as diferentes densidades de semeadura (Tabela 3). Com base nos resultados, se poderia sugerir a densidade de 3 kg m -2 de sementes de milho como preferencial para a produção de forragem hidropônica de milho, e como substrato preferencial a palha de milho seca e triturada. Já, ao analisar os resultados obtidos, visando o acréscimo de massa seca, ou seja, quanto foi produzido de volumoso em relação ao montante de sementes e substrato utilizado para a sua produção, verifica-se que a densidade de sementes que gerou a maior produção de massa seca apresentou o pior resultado, com ocorrência de redução da massa seca de 1,36 kg m -2 MS, contra -0,46 kg m -2 MS da menor densidade. Quanto ao substrato, a forragem produzida com palhada de milho apresentou redução de 1,65 kg m -2 MS, contra 0,19 kg m -2 MS da casca de arroz. Conclui-se então que o período de produção foi insuficiente para permitir acréscimo em massa seca. Com impossibilidade de expansão do período de produção, sugere-se a utilização de densidades inferiores às praticadas, aumentando a possibilidade de acréscimo em massa seca da forragem. Porém, se a escolha recair sobre alguma das densidades utilizadas, deve-se prolongar o período de produção. TABELA 1 - Massa fresca (kg m -2 ) e massa seca (kg m -2 ) de forragens hidropônicas de milho obtidas utilizando-se casca de arroz e palha de milho triturada como cobertura para as sementes de milho. Santa Maria, RS, Universidade Federal de Santa Maria, Tratamentos Massa Fresca Massa Seca Casca de arroz 16,59a 4,56a Palha de milho 16,23a 2,15 b CV(%) 12,1 10 *Médias seguidas pela mesma letra, em uma mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. TABELA 2 - Massa fresca e seca (kg m -2 ) de forragens hidropônicas de milho obtidas com diferentes densidades de semeadura. Santa Maria, RS, Universidade Federal de Santa Maria, Tratamentos Massa Fresca Massa Seca 2kg m -2 14,74 b 3,31a 3kg m -2 18,13a 3,41a CV(%) 12,6 10,2 *Médias seguidas pela mesma letra, em uma mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
5 TABELA 3 -Composição químico-bromatológica de forragens hidropônicas de milho obtidas com diferentes densidades de semeadura e casca de arroz e palha de milho triturada como cobertura para as sementes de milho. Santa Maria, RS, Universidade Federal de Santa Maria, Determinações Densidades de semeadura (kg m-2) 3,00 1 2,00 1 3,00 2 2,00 2 Cinzas (%) 21,11 11,17 12,46 15,83 Proteína (Nx6, 25) (%) 15,80a 15,22a 9,97b 8,29b Extrato etéreo (%) 4,97 5,08 4,15 3,06 Fibra bruta (%) 17,88a 21,73a 22,74a 16,44a Extrativos não nitrogenados (%) 50,78 49,94 50,71 50,84 *Médias seguidas pela mesma letra, em uma mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. 1 Palha de milho triturada usada para cobertura das sementes. 2 Casca de arroz usada para cobertura das sementes. LITERATURA CITADA FURLANI, A.M.C. & FURLANI, P.R. Composição e ph de soluções nutritivas para estudos fisiológicos e seleção de plantas em condições nutricionais adversas. Campinas: IAC, p. (Boletim Técnico, 121). SILVA, D.J. Análises de alimentos (Métodos químicos e biológicos). 2 a Ed. Viçosa: UFV, p. VALDIVIA, E. Producción de forraje verde hidropónico. In: Curso Taller Internacional, 1996, Lima. Universidad Nacional Agraria La Molina, p.
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