UMA BREVE COMPARAÇÃO ENTRE A QUÍMICA, A ALQUIMIA E A MAÇONARIA

Transcrição

1 A.:G.:D.:G.:A.:D.:U.: A.:R.:G.:B.:L.:S.: ESTRELA DO RIO CLARO Nº 426 FUNDADA EM 07 DE DEZEMBRO DE FEDERADA AO GOB E JURISDICIONADA AO GOSP DETENTORA DA CRUZ DA PERFEIÇÃO MAÇÔNICA RUA 4 Nº 708, CAIXA POSTAL 153 FONE RIO CLARO SP UMA BREVE COMPARAÇÃO ENTRE A QUÍMICA, A ALQUIMIA E A MAÇONARIA Ir.: Antonio César Christofoletti- M.:M.: 17/Setembro/2010 1

2 1. INTRODUÇÃO: Inicialmente eu planejava fazer uma apresentação neste Tempo de Estudos sobre algumas atividades da empresa que trabalho com o objetivo de compartilhar com os IIr.: algo sobre os produtos e processos da empresa, a importância destes no cenário da química dos polímeros para o Brasil e no mundo, bem como divulgar os programas sociais e os projetos ambientais mantidos por esta indústria química na comunidade rio-clarense. Mas, confesso que a idéia inicial não ganhou corpo e motivação, porém um tema mais filosófico mudou minha intenção inicial, mas ainda assim, focando o tema sobre a química. Refletindo sobre o que preparar para o estudo desta Sessão senti o desejo de fazer este breve comparativo entre a Química, a Alquimia e a Maçonaria. Lendo, refletindo e escrevendo este Trabalho, me surpreendi com a tangível intersecção de conceitos destas áreas e a aplicação destes mesmos conceitos tanto na vida profana como maçônica. No entanto, devo advertir aos IIr.: que, com exceção da Química e esta focada na área dos polímeros, que é justamente minha área de atuação profissional, não sou conhecedor do tema, portanto, este Trabalho deve ser encarado apenas como proposto no titulo: Uma breve comparação... e entenda-se este breve como Uma sucinta comparação A QUÍMICA COMO UMA CIÊNCIA MODERNA A química é o estudo das propriedades, da composição e da estrutura da matéria, de mudanças que ocorrem na matéria e da energia liberada ou absorvida durante essas modificações. A química, como todas as ciências naturais, tem natureza experimental. (1) Embora os conhecimentos sobre a química venham desde a pré-história, quando se transmitiu a informação que a madeira era combustível e a pedra não o era, somente após o período de trabalho do químico francês, Antoine Lavoisier no século XVIII, é que a maioria dos historiadores situam o inicio da química moderna. Utilizando de método científico lógico e instrumentos de pesagem para medir exatamente a quantidade de matéria utilizada e produzida nas reações químicas, Lavoisier justificou a máxima química: a teoria guia, mas a experimentação decide. Graças à sua apurada sensibilidade qualitativa e quantitativa, a química toma corpo como ciência descritiva, na qual a experimentação com as substâncias, a investigação da matéria devem comprovar o fato, expresso nas teses e teorias que podem iniciar pela observação apurada da natureza ou do pensamento humano 2

3 sobre esta mesma natureza. Em outras e rápidas palavras, a química moderna é racional e lógica, sendo que a experimentação deve traduzir o fato na prática, pois um sem o outro não se sustentam e subsistem. 3. A ALQUIMIA A palavra alquimia, Al-Khemy, vem do árabe e quer dizer a química. Discorrer sobre a alquimia demandaria não um breve trabalho, mas um verdadeiro compêndio sobre o tema, pela vasta abrangência do assunto, que vai desde a abordagem mística, ocultista e hermética até as conotações filosóficas e científicas descritas anteriormente sobre a química. Parece ser de comum acordo entre vários autores que a alquimia absorveu conhecimentos da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria, sendo introduzida no Ocidente pelos árabes no século VII e atingindo seu apogeu na Idade Média. A alquimia se sustenta em 4 elementos básicos: fogo, ar, terra e água, sendo que cada um destes elementos é suscetível de uma constituição tripla, a saber: fixa, variável e volúvel. Também, a alquimia é estudada sob 3 aspectos: o cósmico, o humano e o terrestre, os quais são representados distintamente pelo: enxofre, mercúrio e sal. O motivo da transmutação, ou seja, a transformação de metais comuns como o chumbo em metais preciosos como o ouro e a prata é sobejadamente publicado como o principal objetivo da alquimia, que é também conhecida como a busca da Pedra Filosofal. O segundo grande objetivo da alquimia, ou o motivo da transcendência, constituía-se pela busca do Elixir da longa vida, que seria a panacéia universal e serviria como chave para a imortalidade, pois curaria todas as doenças. Os preceitos alquímicos encontram-se condensados na misteriosa Tábua de Esmeralda, pois a esmeralda era considerada como a pedra preciosa mais formosa e simbólica para os alquimistas, e, segundo a lenda, nela estava gravada os preceitos e ensinamentos de Hermes Trimegisto, identificado como o deus egípcio Toth, que é uma representação do poder intelectual. Do nome Hermes derivou os termos hermético e hermetismo, que significam aquilo que é fechado, restrito. Algo que é hermeticamente fechado significa inacessível. Ensinamentos herméticos são restritos aos iniciados e pessoas comprometidas com determinada área do ocultismo (2). Justamente pela natureza hermética da alquimia, os trabalhos alquímicos eram de difícil compreensão para os 3

4 não iniciados, conjugavam método sem rigor científico com práticas devocionais. Apenas como curiosidade e exemplificação, a palavra laboratório tem origem em Labor que significa trabalho e Oratório que significa local de orações. No entanto, (os alquimistas) tiveram sucesso na preparação de muitos novos elementos: o arsênio, o antimônio, o bismuto e alguns de seus compostos. Também inventaram dezenas de aparelhos, como frascos de destilação e fornos de aquecimento.(1) Entre os muitos praticantes da alquimia, dois destacamse e são mencionados até nossos dias pelo legado de seus trabalhos: Nicolas Flammel e Paracelso, sendo que este último introduziu o conceito da doença na medicina, sustentando a tese de que as doenças eram causadas por agentes externos ao corpo, que o atacavam.(3) 4. QUÍMICA, ALQUIMIA E MAÇONARIA É indiscutível que a Maçonaria conserva muitos símbolos alquímicos em seus rituais, por exemplo: Os quatro elementos básicos estão presentes no ritual de Iniciação. O primeiro está na prova da Terra, quando o candidato é colocado na Câmara de Reflexões, simbolizando o fim de uma era e o renascimento para uma nova vida. Neste mesmo momento, o candidato presencia pelo menos mais dois símbolos que estão diretamente relacionados aos elementos alquímicos, ou seja, o enxofre e o sal, sendo o primeiro o símbolo do espírito e o segundo da Sabedoria e da Ciência. No transcorrer do ritual de Iniciação, o candidato novamente toma contato com outros três elementos essenciais da alquimia, quando ele é submetido a fazer as três viagens simbólicas: do AR, da ÁGUA e do FOGO, completando assim os quatro elementos alquímicos básicos. Mas, de todos os símbolos da Alquimia conservados pela Maçonaria, merece especial destaque o princípio da transmutação, o qual está presente no mesmo princípio observado na máxima maçônica: que o Iniciado deve polir a Pedra Bruta em transformá-la em Pedra Polida. Talvez os alquimistas não tenham conseguido transmutar metais comuns em nobres, mas passaram suas vidas se esforçando para ver reluzir o metal que era opaco, assim como nós maçons devemos por principio básico galgar a escada de Jacó por pensamentos e atitudes mais nobres do que aquelas que nos caracterizam antes de entrarmos na Câmara de Reflexões. Enquanto os alquimistas buscavam seus objetivos introduzindo conhecimento científico a mística espiritual, os químicos se ocuparam de afastar desta ciência tudo aquilo que não tem base comprovada 4

5 experimentalmente. Os químicos introduziram o método lógico, a investigação de fatos isentos de qualquer sentimento, sem inferências e opiniões subjetivas. A Maçonaria, assim como a Alquimia, apresenta um caráter espiritual, seja pela crença no G.:A.:D.:U.:, pelo uso de símbolos e a aplicação do significado destes na vida do maçom, pela mística egrégora que une os IIr.: nas Sessões, pela continua busca de mudança interior do Iniciado, transformando homens profanos em homens livres e de bons costumes. Mas, a Maçonaria também apresenta um caráter lógico e metódico, típicos das ciências naturais como a química. Nossos Rituais precisos, nossa Liturgia e códigos de condutas, nosso caráter centrado e exemplar, são características desejadas do cientista na investigação pura e isenta de dolo. Cabe a nós, Maçons do século XXI, colocar todos esses sentimentos espirituais e racionais em equilíbrio e harmonia para que estejamos todos os dias e não somente às sextas-feiras cavando masmorras ao vício e erguendo templos a virtude. 5. BIBLIOGRAFIA 1. Química J.V. Quagliano; L.M. Vallarino, 3ª Ed, Guanabara Dois, Alquimia: Ciência ou Seita? Luis Antônio Silva e Daniel Dias Gato; Revista Eletrônica de Ciências, 25, abril/ Alquimia Dicionário Céptico, 4. Introdução: Alquimia artigo encontrado pelo Ir.: Coutinho 5. O que é Alquimia? 6. Alquimia e a Maçonaria Ven.:Ir.: Lucas Francisco Galdeano, 7. Alquimia & Química: sua relação com a maçonaria, Ir.: Affonso Celso Gonçalves Jr., A Trolha, nº 250, pag Apostila Grau 1 Aprendiz, Ir.: Antonio Carlos Gama, A.:R.:G.;B.:L.:S.: Estrela do Rio Claro nº 496 Laboratório do Alquímico: notar o Oráculo juntamente com os instrumentos de trabalho. 5