Doenças caninas de transmissão vectorial: uma picada com muitas consequências!

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1 v PRÉMIO BAYER SAÚDE ANIMAL: ANIMAIS DE COMPANHIA Doenças caninas de transmissão vectorial: uma picada com muitas consequências! Dr. Rui Seixas; Dra. Ana Margarida Alho; Dr. Diogo Guerra; Professor Doutor Luís Madeira de Carvalho Resumo As Doenças Caninas Transmitidas por Vectores (CVBD) apresentam importância crescente a nível mundial, devido às alterações climáticas e modificações sociais, nomeadamente a mobilidade de pessoas e animais, as quais promovem, respectivamente, um aumento dos vectores e do seu contacto com os hospedeiros. Transformações nos ecossistemas, inclusivamente alterações do comportamento biológico do vector ou do próprio parasita, são responsáveis pela maior eficácia de transmissão do agente patogénico ao hospedeiro, perpetuando estas doenças nas populações de canídeos. Deve ser tido em conta que os artrópodes- -vectores, por si só, são ainda responsáveis por outras alterações, como reacções cutâneas e alérgicas dos hospedeiros vertebrados. Frequentemente, o clínico vê-se confrontado com infecções por múltiplos agentes, diagnósticos difíceis e tratamentos onerosos que podem comprometer uma actuação eficaz no controlo das CVBD. Esta actuação deverá passar pelo controlo dos vectores, devendo o Médico Veterinário promover e educar para a profilaxia, através da gestão correcta dos ectoparasiticidas e endectocidas disponíveis no Dr. Rui Seixas Estudante do 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Dra. Ana Margarida Alho Estudante do 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Dr. Diogo Guerra Estudante do 5º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa (FMV/UTL), Pólo Universitário do Alto da Ajuda, Lisboa. Professor Doutor Luís Madeira de Carvalho Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde Animal, Fac. Medicina Veterinária, Univ. Técnica de Lisboa, CIISA/FMV/UTL, Pólo Universitário do Alto da Ajuda, Lisboa. mercado, bem como a utilização de meios de controlo não químicos. Na tentativa de conhecer correctamente a biologia destes agentes e respectivos vectores, deverão ser montadas redes de epidemiovigilância, e criada uma maior associação entre Medicina Veterinária e Medicina Humana. Um aspecto importante destas doenças é que, além de provocarem quadros graves nos animais, também são transmissíveis ao Homem, inclusive a partir de populações de animais silvestres. Todas estas peças são assim fundamentais para o desenvolvimento adequado de estratégias de controlo das CVBD no sentido de uma promoção eficaz da Saúde Global. Palavras-chave: CVBD, vectores, cão, humanos, zoonoses, tratamento, profilaxia. Introdução É indiscutível a importância que os vectores têm assumido ao longo dos tempos na manutenção de agentes patogénicos e sua transmissão aos canídeos. Em Portugal, existem vários factores de risco para o Imagens: Dr. Luís Madeira de Carvalho 18 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

2 desenvolvimento destas doenças caninas transmitidas por vectores (CVBD): As condições ambientais e climáticas; O aumento da densidade populacional humana e animal, principalmente na costa litoral do país; A enorme mobilidade de pessoas e bens. Estes factores, associados ao carácter zoonótico de muitas das CVBD, tornam o controlo dos artrópodes de extrema importância na manutenção do estado hígido, não só dos cães, mas também dos próprios humanos. Actualmente, tem-se observado um reconhecimento crescente por parte da comunidade científica e das autoridades de saúde relativamente à necessidade de uma maior e melhor investigação das CVBD, cuja importância está muitas das vezes subestimada. No presente artigo estão compilados os dados mais recentes em relação às CVBD mais relevantes no nosso país e à epidemiologia dos respectivos vectores, de forma a compreender o impacto real que estes agentes apresentam e quais as melhores estratégias para os controlar de forma eficaz. Revisão bibliográfica das Doenças Caninas Transmitidas por Vectores: Caracterização das Principais Parasitoses e a sua respectiva Prevalência Anaplasmose Considerada uma zoonose emergente em diversos países, a Anaplasmose está mundialmente distribuída e surge muitas vezes associada à Doença de Lyme e à Ehrlichiose. Identificação do agente: Anaplasma phagocytophilum, responsável pela Anaplasmose Granulocítica Canina (AGC) e Anaplasma platys, causador da Trombocitopénia Cíclica Canina (TCC), é a única rickettsia capaz de infectar as plaquetas. 1 Caracterização do agente: A. phagocytophilum é um coco gram-negativo, intracelular obrigatório, com 0,2-2,0 µm. A. platys, microrganismo gram-negativo, surge nas plaquetas sob a forma de inclusões azuis redondas ou ovais com 0,35-1,35 µm de diâmetro. 2 Vectores: Ixodes ricinus é o vector mais frequentemente associado à transmissão da AGC na Europa. 3 Rhipicephalus sanguineus e Dermacentor spp. são os vectores da TCC. Uma vez que A. phagocytophilum e B. burgdorferi partilham os mesmos vectores e Hospedeiros reservatórios (HR), é de esperar que as áreas geográficas onde a AGC seja endémica coincidam com as regiões onde a borreliose de Lyme seja prevalente. O mesmo se passa com A. platys e E. canis que partilham o mesmo vector, R. sanguineus. Ciclo biológico: Após a picada do vector, A. phagocytophilum é injectado na corrente sanguínea do hospedeiro, ocupando o citoplasma dos granulócitos, onde sofre replicação por divisão binária, dando origem a grandes corpos de inclusão, as chamadas mórulas. Posteriormente, ocorre apoptose das células hospedeiras, o que permite a dispersão da bactéria por toda a corrente sanguínea e a reinfecção de outras células. Também pode haver transmissão por transfusão de sangue e mais raramente, transmissão perinatal. 4 A patogénese de A. platys ainda não está bem definida. 5 Prevalência: Um estudo sorológico e molecular realizado em Portugal em 2009, documenta a infecção por A. phagocytophilum em 54,5% dos cães domésticos analisados. 6 Outro estudo revelou a presença de A. phagocytophilum em 4% dos I. ricinus na ilha da Madeira e em 2% de I. ventalloi no continente, sendo a prevalência nula em I. ricinus colhidas no continente. 7 De acordo com as directrizes da ESCCAP, 2 a 4% das carraças estão infectados com Anaplasma spp. 8 Babesiose A babesiose canina é uma doença provocada por protozoários intra-eritrocitários, pertencentes à família Babesiidae, sendo a sua transmissão efectuada por ixodídeos de vários géneros e espécies. É uma das doenças caninas transmitidas por carraças com maior importância a nível mundial e que tem vindo a ganhar projecção como zoonose emergente. Identificação do agente: É causada por duas espécies de Babesia: Babesia canis e Babesia gibsoni (altamente patogénica). A primeira subdivide-se em 3 subespécies: B. canis canis, considerada a principal causa de Babesiose na Europa, é a forma menos agressiva; B. canis vogeli, maioritariamente no Sul da Europa e regiões tropicais e semitropicais, de média patogenicidade; B. canis rossi, maioritariamente na África do Sul, responsável pela forma mais severa da doença; 9,10 Um canídeo pode estar infectado, simultaneamente, por mais do que uma subespécie de Babesia. 11 Caracterização do agente: B. canis, de grandes dimensões (2 x 5 µm), apresenta uma forma piriforme e surge geralmente como mais de um merozoíto por eritrócito (Figuras 1 & 2) enquanto B. gibsoni, é pequena (1 x 3 µm), pleomórfica e apresenta-se apenas como um merozoíto. 12 Vectores: Os principais vectores da babesiose canina são os ixodídeos Rhipichepalus sanguineus, Dermacentor reticulatus, e Haemaphysalis elliptica, tendo cada subespécie de B. canis patogenia e vectores próprios. 11 R. sanguineus parece ser o principal vector de transmissão de B. canis vogeli. Já D. reticulatus parece estar mais Veterinary Medicine Setembro/Outubro

3 1. Babesia canis (merozoítos). Ocular 10X. Objectiva 100X. 2. Babesia gibsoni (merozoíto) e Mycoplasma haemocanis. Ocular 10X. Objectiva 100X. implicado na transmissão de B. canis canis e H. elliptica na de B. canis rossi. 10,13 Ciclo biológico: Durante a hematofagia, os ixodídeos infectados libertam na circulação sanguínea do hospedeiro, juntamente com a sua saliva, esporozoítos infectantes. Estes penetram nos eritrócitos caninos onde sofrem um processo de multiplicação por divisão binária, provocando a ruptura dos eritrócitos infectados, o que permite a libertação de novos merozoítos prontos a invadir mais eritrócitos. Pensa-se que nas infecções crónicas, os piroplasmas fiquem sequestrados nas redes de capilares do baço, fígado e outros órgãos, de onde são libertados periodicamente para a circulação sanguínea. Apesar dos vectores serem a fonte de infecção mais comum, esta parasitose pode também ser transmitida através de agulhas e transfusões de sangue contaminado, por via transplacentária ou mesmo por via horizontal, através de mordeduras nas lutas de cães. Prevalência: Na Europa, a região do Mediterrâneo parece ser a mais afectada, sendo as subespécies B. canis vogeli e em especial, B. canis canis, as mais prevalentes. 9 Em Portugal, a babesiose já foi identificada, sendo a região do Nordeste Transmontano a mais afectada, suspeitando-se que D. reticulatus seja o principal vector desta região. 14 Neste mesmo local, um estudo recente verificou que em 45 canídeos suspeitos de babesiose, 44 estavam infectados por B. canis canis e um por B. canis vogeli. 15 O período decorrente entre Outono e Inverno foi considerado o mais crítico para a infecção por B. canis no Nordeste Transmontano, sendo os animais de caça os mais afectados. 14 Estudos indicam uma maior tendência para a infecção por babesiose na raça American Pit Bull Terrier devido a lutas entre cães assim como na raça Greyhound pelas viagens e contactos frequentes com outros canídeos durante espectáculos de corridas. 16 Doença de Lyme ou Borreliose de Lyme Trata-se de uma afecção inflamatória, zoonótica, provocada por um grupo de bactérias, designadas por Borrelia burgdorferi sensu lato (s.l). São espiroquetas do género Borrelia transmitidas por carraças do complexo Ixodes ricinus. Em canídeos, a prevalência da doença varia geograficamente, apesar de ser muito comum em regiões de climas moderados no hemisfério norte. Em regiões endémicas atinge valores elevados de 85%. 17 Identificação do agente: Borrelia burgdorferi sensu lato. Este grupo de bactérias do género Borrelia está dividido em onze genoespécies, das quais três foram associadas à doença na Europa: B. burgdorferi sensu stricto (s.s), B. afzelii e B. garinii. Em Portugal Continental foi isolada a B. lusitaniae, cujo valor como entidade patogénica ainda não está conhecido. 9 Caracterização do agente: A espécie Borrelia burgdorferi sensu lato caracteriza-se por ser longa e delgada, de forma helicoidal, possuir um pequeno flagelo e um ciclo de vida que inclui hospedeiros vertebrados e invertebrados. 18 Vectores: Carraças pertencentes ao género Ixodes (Figura 3). 17 Ciclo biológico: Os ixodídeos, nas suas formas imaturas, adquirem a Borrelia burgdorferi s.l. através do seu parasitismo em hospedeiros infectados: pequenos mamíferos, roedores ou aves, que se comportam como H.R. São necessários dois a quatro dias para completar uma refeição sanguínea e assegurar a transmissão da espiroqueta. Em adultos, os ixodídeos sobem ao topo da vegetação e aguardam a passagem de um canídeo ou outro mamífero, incluindo o homem, para o parasitar. A hematofagia dura cinco a sete dias. No oeste europeu, a bactéria é transmitida pelo Ixodes ricinus, no entanto o vector depende da localização geográfica. Em Portugal, as densidades deste vector são baixas 19 mas um estudo 20 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

4 3. Carraças do género Ixodes: Macho (esquerda) e Fêmea (direita). Ocular 3X. Objectiva 6X. por PCR mostrou que 75% dos I. ricinus, colhidos a sul de Lisboa, apresentavam infecção por B. burgdorferi s.l. 20 As genoespécies também estão associadas a um hospedeiro reservatório específico. A B. burgdorferi s.s. e B. afzelli estão relacionadas aos pequenos roedores e B. garinii a aves. 21 A B. burgdorferi é transmitida por via transtadial. A transovárica é rara e pouco eficiente, fazendo com que os ixodídeos não sejam considerados reservatórios. 22 A transmissão em canídeos in utero é possível, o que faz desta via uma um problema na difusão da borreliose em cadelas gestantes. 23 Prevalência: Claramente distribuída pelo hemisfério norte, esta doença foi identificada nos Estados Unidos da América (EUA), Ásia e Europa. Em 2005, estudos serológicos em canídeos em Portugal, no Algarve apontam valores de seroprevalência de 2,25% 24 e em 2007, em Bragança de 9%. 9 Dirofilariose As filarioses são doenças causadas por nemátodes da Superfamília Filarioidea causadores de afecções ao nível do aparelho circulatório assim como das serosas, tecido conjuntivo e ligamentos. De entre elas, a Dirofilariose cardiopulmonar é sem qualquer dúvida a mais prevalente e preocupante, quer pela doença propriamente dita, quer pelas múltiplas complicações associadas ao seu tratamento (choque anafiláctico, tromboembolismo, entre outras), representando nos dias de hoje uma das causas de morbilidade e mortalidade mais comuns em canídeos no nosso país. Identificação do agente: Dirofilaria immitis, responsável pela dirofilariose cardio-pulmonar, é a espécie mais patogénica; Dirofilaria repens, responsável pela 4. Macho de Dirofilaria immitis Pormenor da sua extremidade posterior que termina de forma espiralada, semelhante a uma gavinha de videira. dirofilariose subcutânea, é a filariose com maior poder zoonótico na Europa. 8 Caracterização do agente: Os nemátodes de D. immitis são brancos, alongados e filiformes com uma cutícula estriada e cápsula bucal rudimentar. As fêmeas medem entre 25 a 31 cm e os machos entre 12 a 20 cm, sendo a extremidade posterior dos machos de forma espiralada com duas espículas (Figura 4). As microfilárias são fusiformes e têm entre 218 a 240 µm. Os nemátodes de D. repens são esbranquiçados, tendo as fêmeas dimensões entre 10 a 17 cm e os machos entre 5 a 7 cm. As microfilárias medem de 200 a 360 µm, e estão no sangue periférico e nas áreas linfóides da pele. 25 Vectores: A D. immitis requer sempre a presença de um hospedeiro intermediário (HI), um mosquito culicídeo dos géneros Anopheles, Culex (Figura 5) ou Aedes. D. repens é transmitida maioritariamente por mosquitos do género Anopheles e Aedes e menos pelo género Culex. Ciclo biológico: O ciclo de vida da D. immitis é indirecto, caracterizado pela presença de um HI obrigatório, um artrópode picador (culicídeo), no qual ocorrem dois estadios larvares, e um hospedeiro definitivo (canídeo) onde o parasita se reproduz. Os mosquitos fêmeas infectam-se com microfilárias (Figura 6) ao realizarem hematofagia num canídeo infectado, tornando-se vectores de L3 infectantes, que introduzem na pele de canídeos sãos. As L3 sofrem mudas até L5, fase esta em que ocorrem localizações erráticas (baço, olho, cérebro e artérias das extremidades posteriores) e após 70 a 100 dias do período de incubação, atingem o coração através da circulação venosa, passando às artérias pulmonares onde se fixam definitivamente. Quando as infecções são muito intensas, as dirofilárias podem também localizar-se no ventrículo e átrio direitos, veia cava e Veterinary Medicine Setembro/Outubro

5 5. Mosquito: Culex. Fêmea. Ocular 10X. Objectiva 1X. 6. Microfilárias obtidas pela técnica de Knott em sangue periférico de cão. Ocular 10X. Objectiva 20X. veia hepática. O período pré-patente dura entre 6 a 7 meses, sendo que os adultos podem viver entre 5 a 7 anos 26 o que nos permite dizer que a sobrevivência do parasita depende em parte, da sobrevivência do próprio hospedeiro. 27 A microfilarémia é máxima nas últimas horas da tarde e no Verão, razão pela qual os animais domésticos não devem ser passeados nas horas crepusculares pelo facto do risco de infecção ser superior. 25 O ciclo de vida da D. repens é idêntico ao da D. immitis, com excepção dos adultos se localizarem no tecido conjuntivo SC e por vezes nos rins, tendões e gânglios linfáticos. Prevalência: A dirofilariose canina está distribuída mundialmente e, apesar das zonas quentes e temperadas do globo serem as mais afectadas, esta parasitose tem vindo a adaptar-se a zonas de clima continental. Ocorre predominantemente em zonas húmidas, que asseguram o desenvolvimento dos estádios larvares dos culicídeos e quentes, sendo por isso os Verões quentes seguidos de grande precipitação, épocas de grande risco. É uma das doenças parasitárias com maior relevância em Portugal, sendo as bacias fluviais do Tejo, Douro, Sado, Mondego e a ilha da Madeira as zonas hiperendémicas (Figura 7), 28,29,30 embora ela esteja distribuída por todo o país, fruto do movimento dos proprietários e seus animais, assim como dos próprios HI. 31 Segundo as directrizes de Setembro de 2009 da ESCCAP, Portugal é considerado não apenas uma zona endémica de dirofilariose, mas sim hiperendémica. Vários factores determinam o risco de transmissão desta doença, nomeadamente o sexo e a idade (maior número de casos em machos e em canídeos entre 3 e 7 anos) bem como o seu modo de vida (cães errantes, que vivam no exterior ou que exerçam funções de pastoreio ou caça, estão mais expostos aos culicídeos). Ehrlichiose monocítica Antigamente designada por ricketiose canina ou tifo canino, a ehrlichiose monocítica é provocada pela Ehrlichia canis e adquiriu importância após a morte de centenas de cães militares americanos durante a Guerra do Vietname. Disseminada mundialmente e principalmente em climas quentes, esta doença está dividida em três fases: aguda, subclínica e crónica, e possui uma grande variabilidade sintomatológica. 32 Identificação do agente: Ehrlichia canis, principal membro do genogrupo E. canis. Este grupo inclui mais duas espécies, Cowdria ruminantium e E. muris, que nunca foram reportados como agentes de erliquiose. 1 Caracterização do agente: pequeno microrganismo (0,5-1,5 μm), intracelular obrigatório, pleomórfico e gram-negativo. 33 Vectores: Rhipicephalus sanguineus. 32 Ciclo biológico: A E. canis multiplica-se nos hemócitos e nas glândulas salivares das carraças infectadas. Após a picada no hospedeiro, verifica-se uma migração de células mononucleares ao local de inoculação, o que pode acelerar a infecção dos monócitos com este agente. 1 Apesar do R. sanguineus adulto não ser um verdadeiro reservatório para E. canis, este é capaz de a transmitir até 155 dias após o destacamento do hospedeiro. No entanto, é indispensável a existência de canídeos infectados para manter o parasita na população de carraças. 34 Experimentalmente comprovou-se que o R. sanguineus é capaz de transmitir este agente de forma intraestadial e transtadial, contradizendo os antigos pressupostos que a infecção apenas ocorreria através das formas imaturas, isto é, larvas ou ninfas. 35 Os ixodídeos adultos infectados são capazes de transmitir este microrganismo sem necessidade de cópula ou ainda da presença de fêmeas. 36 A E. canis infecta os 22 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

6 Viana do Castelo Braga Vila Real Porto Viseu Aveiro Guarda Bragança Leiria Coimbra Castelo Branco Lisboa Santarém Setúbal Portalegre Évora Beja Faro Açores Corvo Flores Faial Pico Madeira Graciosa São Jorge Terceira São Miguel Santa Maria Porto Santo Funchal 7. Mapa da Prevalência de Dirofilariose em canídeos em Portugal (compilação de estudos). 2% no Algarve; 28 9% em Setúbal; % em Coimbra; 29 16,5 % no Alentejo; 28 16,7 % no Ribatejo; 28 30% na Ilha da Madeira; 28 51,2 % na Região do Sado. 30 canídeos domésticos e silvestres, sendo estes últimos os hospedeiros reservatórios, podendo inclusivamente permanecer assintomáticos até cinco anos. 1 Prevalência: Disseminada por todo o globo, esta doença foi identificada e isolada em Portugal e na Europa em Os valores de seroprevalência em Portugal chegam a atingir os 50%, nomeadamente em canídeos errantes do distrito de Setúbal. 37 Em 2005, em populações de cães medicamente assistidos da região do Algarve verificou-se 5,25% 24 e mais recentemente, num trabalho de 2008, o gene 16S rrna da E. canis foi identificado por PCR em 22% (n=55) dos cães suspeitos na mesma região Hepatozoon sp. em sangue de cão. Observe no canto superior esquerdo a característica cápsula medicamentosa. Ocular 10X. Objectiva 100X. Hepatozoonose É uma doença parasitária, não zoonótica, de canídeos domésticos e selvagens, desencadeada por protozoários do género Hepatozoon. Actualmente apresenta uma elevada dispersão a nível mundial. Constitui uma afecção oportunista, estando, por isso, muitas vezes associada a situações de imunossupressão e infecções concomitantes por outros agentes (Ehrlichia spp., Toxoplasma spp., Leishmania spp.). 39,40 Identificação do agente: Protozoários do filo Apicomplexa, género Hepatozoon. Em canídeos, estão descritas duas espécies, clínica e epidemiologicamente distintas: H. canis cuja distribuição envolve o Sul dos continentes Europeu e Americano, Ásia, África e Médio Oriente e, mais recentemente, os EUA 41 ; e H. americanum, agente da Hepatozoonose Canina Americana, com relevância no Sul dos EUA, tendo, nos últimos anos sido já detectada noutras regiões mais a Norte. 41,42 Caracterização do agente: As formas mais comummente observáveis são os gametócitos em esfregaços sanguíneos. Correspondem a estruturas elípticas esbranquiçadas, com dimensões médias de 4 x 11 μm, localizadas a nível citoplasmático nos neutrófilos e monócitos (Figura 8). 43 Vectores: O principal vector para H. canis é a carraça Rhipicepalus sanguineus, 41 tendo, porém, já sido detectado noutros ixodídeos como Ixodes ricinus 44 e Amblyomma ovale. 43 A espécie Amblyomma maculatum é o vector primordial de H. americanum. 41 Ciclo biológico: O ciclo de vida alterna entre um hospedeiro definitivo invertebrado (carraças vectores) e um hospedeiro intermediário vertebrado (canídeos domésticos e selvagens). A nível Ibérico, vários estudos demonstraram a infecção de raposas (Vulpes vulpes) por H. canis, 45,46 que poderão funcionar como hospedeiros de manutenção para esta afecção no meio natural. A infecção do vector ocorre por ingestão de sangue do hospedeiro vertebrado. Segue-se uma fase de esporogonia no organismo dos Ixodídeos, com formação de oocistos, sendo estas as formas infectantes, transmitidas Veterinary Medicine Setembro/Outubro

7 9. Mycoplasma haemocanis. Ocular 10X. Objectiva 100X. 10. Formas amastigotas de Leishmania sp. num macrófago de cão. Ocular 10X. Objectiva 100X. por via oral ao hospedeiro vertebrado. Esta transmissão é feita por ingestão das carraças infectadas. 41,43 A nível intestinal, os oocistos libertam esporozoítos, que penetram na parede do intestino e distribuem-se, através das correntes sanguínea e linfática, para o baço, fígado, fibras musculares e gânglios linfáticos, onde ocorre a fase de esquizogonia e formação de macro e microesquizonte. Na medula óssea, os microesquizontes evoluem para gametócitos que são libertados na corrente sanguínea no interior das células leucocitárias. Vinte e oito dias pós-infecção podem ser detectados gametócitos em neutrófilos, e por vezes monócitos, no sangue periférico. 47 Existem diferenças significativas na patogénese de cada uma das espécies de Hepatozoon spp. Baneth, G. (2007) sugere que H. canis está melhor adaptado ao hospedeiro vertebrado, distribuindo-se sobretudo pelos tecidos hemolinfáticos e hematopoiéticos, com desenvolvimento de sinais leves de doenças (letargia, anemia), na maioria das vezes assintomáticos, 8,9 muitas vezes associados a situações de imunossupressão e co- -infecções com outros agentes. Está ainda descrita a via de transmissão vertical, transplacentária, para H. canis. 41 Prevalência: Estudos recorrendo apenas ao diagnóstico por avaliação de esfregaços sanguíneos revelam prevalências relativamente baixas desta doença: 2,1% no distrito de Bragança (n=473). 9 Um estudo em 331 cães importados de Portugal obteve prevalências superiores, através do uso de técnicas mais sensíveis: 18% (através da análise da camada flogística) e 21% (através da utilização de PCR). 48 Para além disso, os cães em estudo eram provenientes de canis e abrigos, existindo, por isso, factores de risco que podem justificar estes resultados superiores. Micoplasmose É uma afecção bacteriana causada por espécies de Mycoplasma spp. Os cães infectam-se através de inoculação do agente por carraças, desenvolvendo-se uma doença crónica, geralmente assintomática. Os sinais clínicos, como anemia, são raros e desenvolvem-se geralmente em animais esplenectomizados e em estados de imunossupressão. Cães instalados em canis poderão apresentar risco maior de infecção. 49 Identificação do agente: A Micoplasmose canina é causada por hemoplasmas das espécies Mycoplasma haemocanis (Figura 9) e Candidatus Mycoplasma haematoparvum (antigamente referenciados indiferenciadamente como Haemobartonella canis). 50,51 Estudos recentes de prevalência destas bactérias apontam para uma distribuição mundial. 51,52,53 Caracterização do agente: Bactérias gram-positivas de dimensões muito reduzidas. São desprovidas de parede celular, e por isso parasitas intra-eritrocitários obrigatórios. O M. haemocanis apresenta-se sob a forma de pontuados arredondados isolados ou em cadeia, ao longo da membrana celular do eritrócito. O seu diâmetro varia entre 0,3 e 2,0 μm. O M. haematoparvum possui dimensões inferiores (0,3 μm), encontrando-se isoladamente ou emparelhados na superfície eritrocitária. 54 Vectores: Carraças da espécie Rhipicepalus sanguineus. Ao contrário da micoplasmose felina, as pulgas não parecem apresentar importância como vectores, embora este aspecto não esteja cabalmente esclarecido. 53 Ciclo biológico: Uma das vias de transmissão dos agentes de Micoplasmose canina é através da inoculação destes por carraças da espécie Rhipicepalus sanguineus. Outra possível via de transmissão é através da ingestão de sangue contaminado, por exemplo durante lutas Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

8 11. Formas promastigotas de Leishmania por IFI. Ocular 10X. Objectiva 40X. Existem dados de transmissão vertical e por transfusão sanguínea em espécies de Mycoplasma spp. em felinos. Não estão ainda disponíveis dados de casos em canídeos. 49 Prevalência: Os estudos realizados em Portugal para esta doença são escassos. Dados de 2009, do Laboratório de Diagnóstico de Doenças Parasitárias da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, revelaram 31% de amostras positivas para Mycoplasma spp. em esfregaços sanguíneos de 162 animais de várias espécies: gato, cão e lobo (Madeira de Carvalho. com pessoal). Leishmaniose Zoonose endémica em mais de 80 países, incluindo Portugal, onde os canídeos funcionam como reservatórios, sendo a doença desencadeada por protozoários da espécie Leishmania infantum e surgindo geralmente na sua forma visceral. 56,57 Trata-se de uma doença crónica, de sintomatologia variada, que cria estados de imunossupressão, existindo muitos casos de co-infecções com outros agentes patogénicos. O Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, refere a Leishmaniose como doença re-emergente nos últimos anos, em parte devido às alterações climáticas e da epidemiologia dos vectores. 57 Identificação do agente: Protozoários do Sub-filo Sarcomastigophora, género Leishmania. Existem mais de 30 espécies, 20 das quais apresentam carácter zoonótico. 58 Em Portugal e na Bacia do Mediterrâneo, a espécie mais importante é L. infantum. 56,57 Caracterização do agente: Existem duas formas evolutivas passíveis de serem identificadas. Na forma amastigota, o parasita apresenta-se como uma célula ovalada de 12. Díptero do género Phlebotomus sp. Ocular 3X. Objectiva 6X. 2,5-6,8 µm de comprimento no interior dos macrófagos ou extracelularmente, com um núcleo grande e um cinetoplasto adjacente em forma de bastonete (Figura 10). Na forma promastigota surge como uma célula flagelada alongada, 59,60 (Figura 11). Vectores: Insectos hematófagos dos géneros Phlebotomus (Figura 12) nos países do Velho Mundo e, Lutzomyia nos países do Novo Mundo. 58 Apenas as fêmeas são vectores da doença. Em Portugal e na Europa Ocidental, as espécies mais relevantes são Phlebotomus perniciosus e P. ariasi, 57 tendo, porém, já sido identificadas na região do Algarve outras espécies como P. sergenti e P. papatasi, vectores de L. tropica e L. major, respectivamente. 61 Recentemente, surgiram estudos que confirmam o envolvimento da pulga Ctenocephalides felis como potencial vector na transmissão do género Leishmania (Figura 13). 62 Ciclo biológico: O agente é inoculado nos hospedeiros vertebrados (mamíferos homeotérmicos, incluindo os canídeos domésticos e silváticos, roedores e o Homem) na sua forma promastigota através da picada do insecto vector. A actividade dos vectores é nocturna, com picos de actividade entre Maio e Outubro. 63 Foram já reportados casos de transmissão desta doença a nível vertical, in utero, e em situações de transfusão sanguínea. 56 Após inoculação na derme, as formas promastigotas são fagocitadas por macrófagos. Nestas células ocorre multiplicação e evolução para a fase amastigota, seguida da lise dos macrófagos. A libertação do parasita permite a re-infecção de outras células do sistema Veterinary Medicine Setembro/Outubro

9 13. Pulga: Ctenocephalides felis. Ocular 3X. Objectiva 6X. reticulo-endotelial, distribuindo-se em vários órgãos como os gânglios linfáticos, baço, fígado e a pele. 63 O desenvolvimento de sintomatologia está associado ao estado imunitário do hospedeiro vertebrado no momento de inoculação, 56 podendo os sinais surgir 3 a 7 meses após a infecção. A infecção do flebótomo é efectuada aquando de uma nova ingestão de sangue de um mamífero com parasitémia. Posteriormente, há multiplicação e transformação nas formas promastigotas que se vão localizar no tubo digestivo proximal do insecto vector, que se torna assim infeccioso. 59 Prevalência: Em Portugal, segundo o Observatório Nacional das Leishmanioses, as áreas endémicas incluem a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, a sub-região da Cova da Beira, o concelho da Lousã, a região de Lisboa e Setúbal, o concelho de Évora e o Algarve. O relatório de 2009 deste observatório revelou uma prevalência nacional média de cerca de 6% (n=4004). Cerca de metade destes casos correspondiam a cães que habitavam exclusivamente fora de casa 64 (Figura 14). Alterações directas da interacção vector-hospedeiro Os artrópodes são veículos cruciais na transmissão de inúmeras parasitoses, assumindo uma importância extrema na disseminação destas doenças. Infelizmente, o seu papel não se resume apenas à transmissão de agentes infecciosos. Surgem também diversas alterações que, per si, tornam importante a sua referência e reforçam a necessidade do controlo destes agentes. Incómodo: Muitos artrópodes são fonte de incómodo tanto para canídeos como para humanos devido ao seu comportamento picador. Outros, não picadores, perturbam pela sua abundância, pequeno tamanho e hábito de voar em torno dos olhos, nariz ou orelhas. 65 Anemia: Apesar de cada artrópode remover apenas pequenas quantidades de sangue do hospedeiro, uma elevada densidade destes vectores tem um efeito debilitante que resulta em anemias graves, sintoma comummente observado em hospedeiros muito parasitados. Alterações cutâneas: A interacção destes vectores com a pele dos hospedeiros pode causar prurido, alopécia e lenhificação da pele. A presença de ectoparasitas na superfície ou no interior da pele pode estimular os queratinócitos a libertar citoquinas que provocam e dermatites e hiperplasias da epiderme. No local de mordedora ocorre necrose focal, hemorragia e exuberante resposta inflamatória. Podem ainda ocorrer infecções bacterianas ou fúngicas secundárias como por exemplo as causadas por Staphylococcus spp. e Malassezia spp. 66 Reacções alérgicas: Os antigénios localizados na saliva ou fezes dos artrópodes podem, em alguns indivíduos, desencadear reacções de hipersensibilidade. A dermatite à picada da pulpa (DAPP) é a mais comum. 66 Além disso, os canídeos, assim como outros hospedeiros, respondem de duas formas possíveis à actividade ininterrupta do mesmo artrópode, dependendo também do antigénio envolvido: Dessensibilização à exposição repetida às picadas dos vectores; Desenvolvendo reacções alérgicas que, em casos extremos, podem resultar em choques anafilácticos pondo em risco a vida do animal. 65 Diagnóstico e Tratamento das CVBD Um dos grandes problemas associados às parasitoses transmitidas por vectores deve-se à dificuldade no seu diagnóstico, uma vez que se fazem acompanhar por uma sintomatologia altamente inespecífica: apatia, anorexia, febre, linfadenomegália, vómito, anemia, entre outros. Outro factor a considerar prende-se com o facto de diferentes doenças partilharem os mesmos sintomas, ou seja, praticamente não existem sinais patognomónicos nas CVBD e há um mimetismo entre elas. Além disso, há que mencionar que como muitas destas parasitoses têm vectores em comum, é frequente a co-infecção por múltiplos agentes etiológicos (Figura 2). 8 Conclui-se, que para realização de um diagnóstico correcto é imperativo construir uma boa anamnese. Informações como a localização, viagens recentes, época do ano, idade, contacto com o exterior e a progressão da afecção são essenciais. Para auxiliar o diagnóstico, o médico veterinário dispõe actualmente de um conjunto de técnicas laboratorais diversificadas que vão desde o simples esfregaço sanguíneo a sofisticados PCR ou IFI. Estas diferentes técnicas são necessárias na rotina 26 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

10 1 Concelho de Mesão Frio 15% em Concelho da Lousã 6,2% em Concelho de Santa Marta de Penaguião 9,4% em 1989 Concelho de Alijó 10% em 1986/87 12,4% em 1988/89 18,7% em 2000 Concelho de Tabuaço 6,5% em 1996 Concelho de Peso da Régua 10% em ,4% em 1999 Região da Cova da Beira Concelhos do Fundão, Covilhã e Belmonte 12,5% em Concelhos de Santarém e Alcanena 10,3% em 2006 Distrito de Lisboa 5,2% em ,2% em 2003 Distrito de Setúbal 7,8% em 1981/86 21,3% em 2003 Concelho de Évora 3,9% em ,4% em 1999/00 Concelho de Loulé 7% em 1994 Distrito de Faro 7% em 1993/ Mapa da Prevalência da Leishmaniose Canina em Portugal. ( in: Observatório Nacional das Leishmanioses, ONLeish, ). diária, sendo a sua escolha adequada fundamental para confirmar a suspeita clínica e assegurar um diagnóstico correcto (Quadro 1). Após este último, o clínico pode assim instituir a terapêutica apropriada. Nas CVBD recorre-se frequentemente a antibióticos pertencentes ao grupo das Tetraciclinas, em especial a Doxiciclina, uma vez que esta apresenta um amplo espectro contra bactérias gram-positivas e negativas, assim como contra Mycoplasma, nomeadamente o Mycoplasma haemocanis, e rickettsias tais como Anaplasma e Ehrlichia. Outro fármaco muito utilizado é o Dipropionato de Imidocarb, um antiprotozoário eficaz no combate das babesioses e das hepatozoonoses (Quadro 1). 67 Nas situações em que há suspeita de co-infecção com aqueles agentes, por vezes é necessário fazer em primeiro lugar a antibioterapia e só depois administramos os medicamentos para os protozoários. Desta forma evitamos uma reacção inusitada do animal à terapêutica instituída e reduzimos os seus efeitos secundários. Abordagem Eficaz das CVBD A abordagem actual das CVBD apresenta diversas lacunas. Otranto et. al (2009) referem variados motivos que reduzem a aplicabilidade e viabilidade do tratamento etiológico das CVBD, nomeadamente: A ausência de cura etiológica, na maioria dos casos; excepções incluem o tratamento de Dirofilariose com Ivermectina e de infecções por B. canis com Imidocarb; O facto de requererem tempos de administração longos; Os custos associados, que dificultam o seu uso em países subdesenvolvidos, onde os próprios sistemas de saúde humanos são também eles muito deficitários; A toxicidade de alguns fármacos, como o Antimoniato de Meglumina. As vacinas actuais contra a Doença de Lyme e Babesiose são pouco eficazes, de elevado custo e gera-se dificuldade em distinguir indivíduos afectados dos vacinados. A pouca eficácia deve-se, em parte, à grande variabilidade antigénica destes agentes. Vacinas homólogas para B. canis não protegem contra outras espécies, o que levou ao desenvolvimento de vacinas heterólogas, mais eficazes. 10 A da Leishmaniose foi lançada recentemente e necessita de uma avaliação mais profunda e prolongada. Um melhor conhecimento destas afecções, da sua Veterinary Medicine Setembro/Outubro

11 Quadro 1 Caracterização dos Métodos de Diagnóstico e Tratamentos de eleição referentes às CVBD mais relevantes em Portugal Doença Métodos de Diagnóstico Tratamento de Eleição Diagnóstico Clínico Diagnóstico Laboratorial Anaplasmose Febre, anorexia, depressão, claudicação, rigidez muscular. Por vezes esplenomegália, hepatomegália, sinais neurológicos. Esfregaço de sangue: Presença de mórulas nos linfócitos, monócitos e/ou granulócitos. Serologia: IFI para anticorpos anti-a. phagocytophilum e anti-a. platys. Diagnóstico molecular: PCR específico para A. phagocytophilum ou A. platys. Tetraciclinas são os compostos mais utilizados, nomeadamente: Doxiciclina, 10 mg/kg, SID, durante 4 semanas. Babesiose Forma aguda: febre alta, anorexia, Icterícia, vómito e hemoglobinúria. Forma crónica: anemia, miosite, artrite. Análise de sangue: Esfregaço de sangue periférico. Serologia: IFI. Diagnóstico molecular: PCR específico para género, espécie e subespécie de Babesia. Dipropionato de Imidocarb, 4.6 a 6 mg/kg, IM ou SC, repetir após 15 dias. Doença de Lyme 95% dos canídeos infectados são assintomáticos. Artropatia de Lyme - claudicação de uma ou mais articulações e Nefropatia de Lyme Glomerulonefrite imunomediada. Detecção da B. burgdorferi através de Citologia, PCR ou Cultura é difícil. A Serologia é o melhor método para detecção de anticorpos anti-borrelia. Confirmar com Western Blot ou com a Reacção Específica de Anticorpo ao Péptido C6. Doxiciclina, 10 mg/kg, PO, SID, duração mínima de 1 mês. Dirofilariose Tosse crónica, seguida de moderada/grave, dispneia, fraqueza, perda de peso, síncope. Ruídos cardíacos do lado direito por insuficiência da válvula tricúspide e fibrilhação atrial são comuns. Síndrome da veia cava. Identificação de microfilárias pela técnica de Knott, pela gota a fresco, por filtração através de membranas de policarbonato ou através das fosfatases ácidas. Serologia: IFI, ELISA, Western Blot ou aglutinação rápida. Métodos moleculares: PCR é muito sensível e específico. Adulticidas: Melarsomina, 2,5 mg/kg SID, IM duas doses com um intervalo de 24 horas, se infecção for maciça: administrar a 2ª dose só 50 a 60 dias depois. Larvicida: Ivermectina (L3-L4): 6-12 μg/kg PO; Moxidectina. 2,5 mg/kg spot on mensal (L4-L5); Milbemicina 0,5-1,0 mg/kg PO mensal Microfilaricida: Milbemicina 0,5-1,0 mg/kg PO mensal. Ehrlichiose monocítica Fase aguda: febre, anorexia, depressão, linfadenomegália, esplenomegália, epistáxis, petéquias, sinais oculares e Neurológicos. Fase crónica: letargia, trombocitopatia, infecções secundárias. Esfregaço de sangue: Presença de mórulas nos linfócitos (raro). Serologia: IFI para anticorpos anti E. canis. Diagnóstico molecular: PCR específico para E. canis. Tetraciclinas são os compostos mais utilizados, nomeadamente: Doxiclina, 10 mg/kg, SID, durante 4 semanas Hepatozoonose canina Febre, depressão, corrimento ocular, linfoadenomegália, perda de peso, palidez das mucosas e anorexia. Pode haver alopécia pruriginosa e crostas. Esfregaço de Sangue: Presença de gamontes intracelulares de H. canis nos neutrófilos e raramente nos monócitos. Serologia: IFI, Immunoblot, ELISA. Técnicas moleculares: PCR e sequenciação. Dipropionato de Imidocarb, 5 mg/kg, IM/SC, repetir após 14 dias. Adaptado da Guideline ESCCAP, continua na página ao lado 28 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

12 Quadro 1 (continuação) Caracterização dos Métodos de Diagnóstico e Tratamentos de eleição referentes às CVBD mais relevantes em Portugal Doença Métodos de diagnóstico Tratamento de eleição Diagnóstico clínico Diagnóstico laboratorial Micoplasmose Doença crónica, geralmente assintomática. Sinais clínicos como mucosas pálidas devido à anemia são raros. Esfregaço de sangue: observação de pequenos pontos na margem do eritrócito, parecendo por vezes estar em posição exterior a este. Técnicas moleculares: real-time PCR é considerado o gold standard para detecção e diferenciação das espécies. Serologia: não está disponível para uso rotineiro. Doxiciclina, 10 mg/kg, PO, SID, durante 28 dias. No entanto, não elimina totalmente o parasita pelo que podem surgir novos episódios da doença. Leishmaniose Dermatite exfoliativa com alopécia e crostas, perda de peso, linfadenomegália, apatia, atrofia muscular, esplenomegália, hiperqueratose, onicogrifose, epistáxis, glomerulonefrite, meningite e uveíte. Observação do protozoário (forma amastigota no vertebrado, pois a forma promastigota só é normalmente observada no vector) por microscopia óptica a partir de biópsias de linfonodos, medula óssea, conjuntiva, baço e fígado na LV e biópsia de pele na LC. Serologia: IFI para detecção de anticorpos IgG (método de eleição), ELISA, Aglutinação Rápida e Imunocromatografia rápida. Métodos Moleculares: PCR-RFLP e PCR em tempo real. Antimoniato de Meglumina mg/kg, SID, SC, durante 4 a 8 semanas; Alopurinol mg/kg, PO, BID ou TID durante 6 a 18 meses; Miltefosina 2mg/ kg, SID, PO, durante 4 semanas; ou Antimoniato de Meglumina + Alopurinol; ou Miltefosina + Alopurinol. (Fazer sempre uma terapia combinada nas Zonas Endémicas). epidemiologia e sobretudo dos seus vectores pode ser a chave para garantir o sucesso da vacinação. Oliveira et. al (2009) referem que existem antigénios ao nível da saliva dos flebótomos P. papatasi que são responsáveis pela modulação da resposta imunitária nas infecções por L. major, podendo esta propriedade ser utilizada futuramente na formulação de vacinas mais eficazes. Existem actualmente no mercado, vários compostos que podem ser usados no controlo químico de vectores (Quadro 2). No entanto, estes fármacos não estão isentos de consequências e estão descritos múltiplos casos de desenvolvimento de resistências, devido ao seu uso indiscriminado e cálculo errado das quantidades a administrar. No caso de Rhipicephalus sanguineus, por exemplo, já foram relatados em Espanha casos de resistência à Deltametrina. 10 O surgimento de resistências por parte dos vectores deverá ser avaliado criticamente. Num interessante estudo de são analisadas as alterações que estas resistências produzem no próprio insecto enquanto vector, e foi detectado que, em certos casos, os artrópodes resistentes podem apresentar longevidade e capacidade de transmissão dos agentes patogénicos inferiores. O contrário também foi verificado. O real impacto deste assunto ainda não é conhecido, mas estudos futuros poderão ajudar a compreender em que situações o desenvolvimento de resistências é ou não problemático. O Médico Veterinário deverá ter um papel importante de educação dos donos não só para o uso racional dos desparasitantes, mas também na adopção de métodos não químicos para combater os vectores, nomeadamente o corte regular dos relvados dos jardins e o seu controlo biológico com fungos, estudado com sucesso no Rhipicephalus sanguineus. 70 Podemos assim concluir que o controlo integrado dos vectores surge como a chave para o sucesso da gestão das CVBD, contribuindo para reduzir a infecção em animais e humanos. Importância da Fauna Silvestre na manutenção das CVBD Os animais silvestres estão implicados na transmissão e manutenção de múltiplas CVBD e, à medida que mais pesquisas são efectuadas, um maior número de espécies animais são identificadas como vectores. Aliás, se considerarmos que 75% das doenças que surgiram nas últimas duas décadas tiveram origem na fauna silvestre 71 apercebemo-nos do verdadeiro impacto que todo este ciclo vector-hospedeiro-reservatório, adquire actualmente. Uma particularidade importante relativamente à ma- Veterinary Medicine Setembro/Outubro

13 Quadro 2 Ectoparasitocidas e Endectocidas mais frequentemente utilizados em cães no tratamento das ectoparasitoses Princípio activo Parasitas Via de admin. e posologia Pulgas Carraças Piolhos Otodectes Ácaros da sarna Mosquitos Amitraz Coleira Sim (Acaricida) Sim (Dc/Ss) Amitraz e metaflumizona Spot on Sim Sim (Acaricida) Deltametrina Coleira Sim Sim (Acaricida) Sim (Repelente) Diazinão Coleira Sim Sim Fipronil Spot on ou Pulverização 7,5 mg/kg Sim Sim Sim+ Fipronil e metopreno Spot on 6-7mg/kg Sim Sim (Acaricida) Sim (Tc) Imidaclopride Spot on 10 mg/kg Sim Sim Imidaclopride e Moxidectina Spot on 10 mg/kg e 2,5 mg/kg Sim Sim (Tc) Sim (Oc) Sim (Dc/Ss) Sim (microfilarias L3 e L4) Imidaclopride e Permectina Spot on 10 mg/kg e 50 mg/kg Sim Sim (Acaricida + Repelente) Sim Sim (Repelente) Lufenuron Oral 10 mg/kg Sim* - Lufenuron e milbemicina oxima Sim* Moxidectina SC 0,17mg/kg?? Nitempiran Oral 1 mg/kg Sim* Permetrina Spot on Sim Sim Sim Sim Permetrina e butóxido de piperonilo Champô Sim Sim Sim Sim Sim Piriprol Propoxur Spot on 12,5 mg/kg Coleira, Champô, Pó e Spray Sim Sim (Acaricida) Sim Sim Sim Sim - Propoxur e flumetrina Coleira Sim Sim Sim Sim Selamectina Spot on 6 mg/kg Sim - Sim (Tc) Sim (Oc) Sim (Dc/Ss) Adaptado de ESCCAP, 2009, modificado de acordo com o mercado de medicamentos veterinários em Portugal. + Apenas para forma de pulverização * Prevenção de pulgas, não adulticida. Dc: Demodex canis Ss: Sarcoptes scabiei Oc: Otodectes cynotis Tc: Trichodectes canis GI: Gastrintestinais PD: Preventivo da dirofilariose? Acção desconhecida 30 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

14 Flebótomos Tabanídeos Trat. DAPP Trat. amb. pulgas - Sim Sim Sim (Repelente) Sim Sim Sim Sim Sim Parasitas intestinais Sim Sim Nemátodes GI e PD Sim (Repelente) Sim Sim Sim Sim Nemátodes GI e PD Nemátodes GI e PD Sim Sim - Sim Sim + + Sim Sim Nemátodes GI E PD nutenção dos parasitas no meio ambiente deve-se ao facto da sua distribuição não ser feita aleatoriamente mas sim em função do local com maior concentração de HR. Tomemos como exemplo os ixodídeos que detectam concentrações de CO 2, NH3, feromonas e diferentes temperaturas corporais para encontrarem o seu hospedeiro. Outra singularidade reside no facto de grande parte das relações parasita-hospedeiro obedecerem à chamada Regra dos 20/80. 1 Quer isto dizer que num dado local, 20% dos hospedeiros estão parasitados com 80% dos parasitas existentes nesse mesmo local. Há também múltiplos factores que influenciam a distribuição dos parasitas numa população: para além dos habituais factores abióticos como a temperatura, luz e humidade, outro factor relevante é o sexo do hospedeiro. Estudos indicam que os machos apresentam maiores cargas parasitárias do que as fêmeas pelo facto de percorrerem uma maior área territorial. Outra particularidade é a concentração hormonal: machos inoculados com testosterona apresentam uma maior e mais longa parasitémia do que machos não inoculados, facto justificável pelo efeito imunossupressivo desta hormona. Conclui-se assim que machos activos sexualmente, apresentam maior relevância na dispersão e perpetuação das CVBD do que os machos castrados. 1 Um dos grandes desafios que se coloca relativamente à fauna silvestre é a detecção precoce da doença nestes animais uma vez que, salvo algumas parasitoses em que a mortalidade é elevada, o mero aparecimento de sintomas como a diminuição da taxa de fecundidade, atrasos de crescimento e maior vulnerabilidade aos predadores é muito inespecífico e difícil de detectar num ambiente selvagem. Desta forma, conclui-se que é de vital importância a compreensão da totalidade do ciclo epidemiológico de cada parasita, assim como de todos os seus intervenientes de modo a encontrar as melhores tácticas de prevenção e controlo dos vectores e espécies reservatórios, promovendo assim a interrupção da ponte existente entre o ciclo silvático e o ciclo doméstico da doença. Veterinary Medicine Setembro/Outubro

15 Quadro 3 Caracterização da Prevalência das CVBD com relevância em Portugal nos Humanos Nome da doença Potencial zoonótico Doença de declaração obrigatória Prevalência em Portugal Anaplasmose Positivo: A. phagocytophilum é responsável pela anaplasmose granulocítica humana Não Casos de AGH já foram reportados em vários países da Europa, inclusivamente Portugal. 5 Babesiose Positivo Não Apesar da babesiose ser considerada uma zoonose emergente em algumas partes do globo, sabe-se que salvo raras excepções, as espécies de Babesia spp. responsáveis pela infecção nos humanos (principalmente B. microti) são diferentes das espécies que infectam os animais de companhia. 1 Doença de Lyme Dirofilariose Ehrlichiose Monocítica Positivo: B. burgdorferi é responsável pelo eritema migrante visceral Positivo: D. repens é responsável pela dirofilariose subcutânea Positivo para E. canis (risco muito baixo) e E. chaffensis, responsável pela ehrlichiose monocítica humana, mas que ainda não foi documentada na Europa Sim Estima-se que na Europa existam cerca de casos/ano. 74 A incidência estimada anualmente em Portugal é de 0.4 por habitantes, valores bastante baixos quando comparados com outros países europeus, o que nos leva a pensar que se trata de uma doença sub-notificada em Portugal. 18 Não Não Hepatozoonose Negativo Não Leishmaniose Positivo Sim Entre 2000 e 2009 foram diagnosticados 173 novos casos de Leishmaniose em humanos a nível nacional: 66 em adultos e crianças imunocompetentes e 107 em adultos imunocomprometidos. Apesar de ser uma doença de declaração obrigatória, poderão existir muitos casos não notificados, sobretudo de indivíduos assintomáticos. Apesar da leishmaniose cutânea ser uma doença pouco conhecida em Portugal, deverá deixar de ser encarada como rara estimando-se que sejam diagnosticados anualmente cerca de 10 novos casos. 57 Micoplasmose Negativo Não O futuro, à escala global, no controlo das CVBD Climate change is the biggest global health threat of the 21st century. Esta afirmação abre e sumariza o último relatório de comissão conjunta entre The Lancet e a University College London Institute for Global Health. 72 As alterações climáticas e os desafios que podem trazer ao controlo destas parasitoses são um facto irrefutável, nomeadamente devido ao aumento da temperatura média do ar e dos oceanos de algumas zonas do globo, a precipitação de carácter concentrado e em grande volume, assim como as inúmeras situações de calamidade pública como inundações, tornados, etc. Todo este conjunto de alterações levou a diversas modificações biológicas por parte destes artrópodes: Aumento do tempo de sobrevivência em épocas que normalmente eram desfavoráveis a estes agentes parasitários, como é o caso dos Invernos cada vez menos frios 32 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

16 Casos reportados de DDO em Portugal e mais favoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência de carraças transmissoras de hemoparasitas; Aumento da dispersão de artrópodes, vectores destes agentes patogénicos, em latitude e altitude, aparecendo agora em zonas setentrionais ou mais elevadas, como é o caso de algumas espécies de mosquitos e carraças; Alterações meteorológicas relevantes, como por exemplo ventos fortes. Estes foram responsáveis pelo transporte de mosquitos culicídeos e Phlebotomus desde a Bacia Mediterrânica para áreas mais a norte da Europa. Actualmente, a zona Mediterrânica é a que apresenta maior ocorrência de CVBD, sendo possível considerá- -la como centro de dispersão para o resto da Europa (Figura 15). 76 Além das alterações climáticas, alterações ecológicas causadas pelo desenvolvimento agrícola e industrial induziram importantes transformações nos ecossistemas. Estas modificações são preocupantes, uma vez que colocam os animais e humanos em maior contacto com vectores e/ou hospedeiros reservatórios, seja por aumento de proximidade ou mais frequentemente por alterações do ecossistema que favorecem o aumento do vector ou do hospedeiro reservatório. É o caso da Doença de Lyme, cuja emergência foi causada pela reflorestação, que originou um aumentou da população de ixodídeos vectores desta doença. Nada na Terra é imutável. Durante milhares de anos, pressões biológicas selectivas levaram à emergência de novas doenças ou ainda a alterações do comportamento biológico dos seres vivos, as quais os artrópodes não escaparam. Ixodídeos infectados com Borrelia alteraram o seu comportamento de procura, o que lhes conferiu vantagem em encontrar o seu hospedeiro alvo. Em contraste, os Phlebotomus, vectores de Leishmania spp., também modificaram o seu comportamento hematófago, mas curiosamente não em benefício do artrópode mas sim do microrganismo. Aglomerados de Leishmania spp. ao nível do proventrículo do insecto, interferem com o volume de sangue sugado do hospedeiro, fazendo com que seja necessário que o mosquito se alimente um maior número de vezes. Novos agentes patogénicos, cada vez mais adaptados aos hospedeiros, que surgiram por modificações de microrganismos pré-existentes ou mais raramente, por mutação emergiram no passado, e continuarão a intimidar o futuro. 1 Actualmente, qualquer ponto do globo é alcançável por diversos meios de transporte. As viagens, principalmente as aéreas, tornaram-se cada vez mais acessíveis ao consumidor, permitindo num mesmo dia estar em diversos locais do planeta. Além disso, cada vez mais as companhias áreas facilitam o transporte de animais domésticos e o requerimento para a movimentação de animais na União Europeia está cada vez mais simplificado. Como consequência, temos o exemplo dos cães que viajam durante as férias com os seus proprietários, do norte da Europa para zonas mediterrâneas, surgindo associados à disseminação da E. canis e do seu vector, R. sanguineus. Este é o caso da Alemanha, causando a introdução de agentes patogénicos em novas áreas geográficas. 76 Com todas estas transformações à escala global, novas pressões selectivas são exercidas nos seres vivos, Veterinary Medicine Setembro/Outubro

17 15. Figura 15 - Prevalência das CVBD na Europa. ( in: Bayer HealthCare AG Junho 2010, sejam eles insectos, canídeos ou humanos. O futuro, uma outra caixa de Pandora, traz consigo inúmeros desafios aos médicos veterinários, que munidos de informação e um arsenal profilático poderoso, podem combater estas doenças, hoje e no futuro com a convicção que a prevenção é sempre o melhor remédio. One Health: Desafios das CVBD para a Saúde Global Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem actualmente mais de 200 doenças zoonóticas, emergentes e re-emergentes. Das CVBD, pelo menos 10 CVBD são zoonoses, sendo a Doença de Lyme aparentemente a mais comum a nível da Comunidade Europeia. 73 Surpreendentemente, em grande parte das listas publicadas internacionalmente sobre zoonoses transmitidas por vectores não figuram dados relativos à maioria das doenças enunciadas, muitas vezes porque simplesmente não existem sistemas de monitorização e os dados de prevalência aparentam ser baixos. No Quadro 3, 18,57,74 estão compiladas as prevalências estudadas para as CVBD de carácter zoonótico em Portugal. Deve ser tido em conta que, para além das alterações climáticas referidas, as próprias alterações socioculturais constituem por si só factores de risco. A estreita relação Homem-Animal, a globalização e a evolução dos transportes têm contribuído para o agravamento de todo este fenómeno, por exemplo, com a internacionalização das viagens de pessoas e dos próprios animais de companhia. 75,76 Existem vários relatos de cães portadores de CVBD importados de regiões endémicas para países teoricamente menos susceptíveis. Num estudo interessante foram analisados 331 cães importados de Portugal para Alemanha, verificando-se que 87% se encontravam infectados com CVBD, muitos deles em situações de co-infecção. 48 Os factores de risco socioculturais estão presentes tanto nas sociedades urbanizadas como nas menos desenvolvidas. 77 No primeiro caso, destacamos a invasão de áreas naturais, o aumento das actividades ao ar livre em parques citadinos, e a ténue fronteira que por vezes se estabelece entre o meio urbano e o meio silvático. O principal exemplo é a raposa, importante reservatório de doenças (Babesiose Canina, Doença de Lyme, Leishmaniose, Dirofilariose, entre outras), muitas vezes encontrada em contexto urbano. 76 Nas sociedades menos desenvolvidas, que assentam em sistemas agrários, observamos ainda o escasso acesso a meios de saúde, deficientes condições higio-sanitárias e o elevado contacto com populações animais (cães, gado, espécies selvagens ). Face aos factores de risco mencionados, e porque muitas das CVBD são subclínicas, o seu impacto não pode ser descurado. Um interessante artigo de Dujardin et. al (2008) reforça a importância do conhecimento destas zoonoses, elucidando o caso da Leishmaniose Humana na Europa, muitas vezes negligenciada. A título exemplificativo, destaca-se a ocorrência de casos de dadores sanguíneos parasitados com L. infantum em França, Espanha e Grécia, por inexistência de monitorização, e a estimativa de que por cada caso de LV humana detectada a nível europeu existem casos de doença subclínica. 78 Daqui surge a relevância do conceito One-Health, da interdependência das saúdes humana e animal nas CVBD e do papel que estas doenças podem apresentar, que talvez esteja subestimado. O Médico Veterinário surge com peça fulcral em associação à Medicina Humana e à Saúde Pública, uma vez que os profissionais de saúde humana não estão preparados ou sensibilizados para lidar com muitas destas doenças. Reforça-se ainda a necessidade e a importância da implementação de programas de epidemiovigilância, que permitam conhecer de forma eficaz a situação das CVBD e responder de forma célere aos desafios de controlo destas doenças, não só em canídeos, mas também noutros animais, inclusive silvestres e ainda nos humanos. v REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Day, M; Shaw, S. (2005). Arthropod-borne Infectious Diseases of the Dog and Cat. Manson Publishing Ltd, London, UK: 152 pp. 2. Canine Vector-Borne Diseases: Anaplasmosis, Pathogens (2010). Acedido em: 20 Dez, 2010, disponível em: 3. Rymaszewska, A. & Grenda, S. (2008). Bacteria of the genus Anaplasma characteristics 34 Setembro/Outubro 2011 Veterinary Medicine

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