15 anos do ONS A CRIAÇÃO DO OPERADOR
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- Maria de Fátima Custódio Ventura
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1 15 anos do ONS A data de 26 de agosto de 2013 marca os quinze anos do Operador Nacional. É, portanto, um excelente momento para uma reflexão sobre nossas origens, sobre o momento atual e sobre os desafios futuros que deveremos enfrentar. É nesses três grandes blocos que gostaria de dividir estas minhas palavras: um olhar no retrovisor, mirando a estrada já percorrida; um farol baixo, detalhando o momento que vivemos agora; e um farol alto, prospectivo, sobre o que o futuro nos poderá trazer, à luz dos sinais que o presente já nos aponta. A CRIAÇÃO DO OPERADOR O ONS foi criado em um momento de grandes mudanças no setor elétrico, que representavam o resultado de uma profunda reestruturação, que trazia a competição e a segregação de funções. Para a área de operação de sistemas, este momento trouxe a passagem de um ambiente colaborativo, dos organismos coordenadores CCOI, CCON e GCOI, para uma responsabilidade diretamente atribuída, que culminou com a criação de um Operador que, sem deter a propriedade dos ativos de transmissão e geração, tem a responsabilidade de gerir uma rede de dimensões continentais e garantir o suprimento de energia com segurança e ao menor custo a todos os consumidores. Essa transição só foi possível porque recebemos um legado de formação técnica e de processos e metodologias desses organismos. O ONS é o legítimo herdeiro do GCOI, que lhe forneceu as bases técnicas para a elaboração dos Procedimentos de Rede, um conjunto de regras detalhadas, necessárias e indispensáveis para o exercício pleno das atribuições institucionais do Operador.
2 Mas também tivemos que saber inovar, pois o formato do negócio de transmissão, definido pelo novo modelo setorial, impôs a criação de processos e procedimentos para a administração dos contratos e encargos. Vem dessa época o primeiro esforço de formação da equipe do ONS, a partir da reunião das melhores cabeças disponíveis na área de operação das empresas do grupo Eletrobras, das demais concessionárias de energia, do setor como um todo e dos principais centros de ensino do país. Dessa reunião, nasceu o desafio de criação de uma cultura única, que agregasse a todo o vasto conhecimento técnico acumulado, os princípios da transparência, da neutralidade e da equidade. A CONSOLIDAÇÃO DO OPERADOR Enfrentamos diversos desafios ao longo desses quinze anos. O desafio inicial da aceitação pelos próprios associados, a gestão de um racionamento de energia e de diversas ocorrências de grande porte, como os blecautes de 1999 e de 2002, o desafio da evolução tecnológica e o do aprimoramento metodológico. O desafio de gerir um sistema que passou de 60 GW de capacidade instalada, para 115 GW em quinze anos. De uma rede de transmissão com km de extensão, em 1998, para uma rede com quase km, em De uma demanda de 50,6 GW, há quinze anos, para uma demanda de 77,6 GW, atualmente. Um sistema que cresce em tamanho e em complexidade operativa. Não posso prosseguir falando do momento atual sem fazer um justo e respeitoso agradecimento a Dr. Mario Santos e a todos os diretores: Carlos Ribeiro, Roberto Gomes, Heitor Gontijo, Darico Livi, Luiz Eduardo Barata, Luiz Alberto Fortunato; e os atuais, Álvaro Fleury Veloso da Silveira, Francisco José Arteiro de Oliveira, István Gárdos e Ronaldo Schuck. Juntos, conduzimos o Operador desde o primeiro momento até hoje.
3 Ao longo desse tempo, todos os desafios vêm sendo superados com a experiência e a qualificação dessas pessoas, aliadas à dedicação e à competência técnica das equipes que formam o ONS. Mesmo correndo o risco de esquecer alguns itens relevantes, gostaria de listar alguns desafios que mais me marcaram nestes últimos anos: A descontratação dos centros de operação das empresas, com os Centros de Operação do ONS assumindo integralmente a supervisão e o controle da operação do SIN. A aprovação em caráter definitivo pela Aneel dos Procedimentos de Rede do ONS. A introdução no planejamento da operação energética do conceito de segurança do abastecimento, por meio da curva de aversão ao risco. A criação e implantação dos Procedimentos Operativos de Curto Prazo, que mudaram o paradigma da segurança operacional do SIN. A integração dos sistemas elétricos dos estados do Acre e Rondônia ao SIN. A avaliação da conformidade dos projetos básicos do sistema de transmissão e os estudos pré-operacionais do Complexo do Rio Madeira. O projeto e a implantação da Rede de Gerenciamento de Energia (REGER) nos Centros de Operação do ONS. A realização dos estudos necessários para a integração ao SIN do tronco de transmissão Tucuruí-Manaus-Macapá. E os estudos de adequação do sistema elétrico para que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 possam ser realizadas com condições adicionais de segurança no suprimento elétrico.
4 Outro ponto importante no processo de consolidação do Operador diz respeito à sua atuação como gestor de uma rede que hoje inclui mais de 320 Agentes Associados, além de diversas outras instituições. Lembro bem que eram 57 Agentes Associados quando começamos, em Presença constante, abertura para ouvir outras opiniões e disponibilidade para o diálogo têm sido a tônica de nossa conduta. Além disso, mantemos um intenso relacionamento com as organizações que participam da gestão do setor elétrico, como a EPE, a CCEE e as Secretarias Estaduais de Energia. Trabalhamos de forma totalmente integrada com as autoridades do setor, tanto no âmbito das agências reguladoras quanto na esfera governamental, tendo na ANEEL e no MME os principais destaques deste relacionamento. Cabe aqui uma palavra especial sobre o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que tem trabalhado intensamente para resolver as questões emergentes que impactam o suprimento de eletricidade e tem acolhido favoravelmente todas as nossas sugestões de aprimoramento metodológico e suportado nossas decisões operativas não previstas nos Procedimentos de Rede, em prol da garantia do atendimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional. Mas não se pode falar da consolidação do Operador olhando apenas para o ambiente externo à organização. Foi na gestão corporativa que conseguimos, a partir da análise das melhores práticas do mercado e do respeito às limitações orçamentárias da realidade do ONS, implantar um conjunto de Planos e Programas que sempre tiveram como objetivo tornar a gestão de pessoas aderente aos valores organizacionais. Novamente, corro o risco de esquecer alguma iniciativa importante, mas gostaria de destacar as seguintes medidas no campo da gestão corporativa: A realização de pesquisas de clima para ouvir a casa e direcionar as medidas de gestão de pessoas em resposta às principais aspirações. A implantação do Programa Trajetórias de Carreira, que permite visualizar as perspectivas de evolução profissional no ONS.
5 A participação aberta de gestores e empregados na revisão estrutural do Plano de Gestão de Cargos e Remuneração. A realização, desde 2005, da Capacitação em Aspectos Institucionais do Setor Elétrico CAISE, pela qual já passaram 242 empregados e que considero o MBA do ONS. O Programa Mais Valor, que utiliza o conhecimento disponível nos empregados mais experientes da organização para a capacitação dos empregados mais jovens. O Programa Construir, que abre espaço para os jovens profissionais iniciarem sua trajetória. O Programa de Monitoria, concebido a partir de uma visão estratégica da organização, com foco no desenvolvimento de carreira e no fortalecimento de uma cultura de gestão do conhecimento. A participação de todos os colaboradores no processo de revisão dos Valores Organizacionais, que estabeleceu novos parâmetros para o comportamento das pessoas na organização. Talvez o sinal mais expressivo do momento atual do ONS seja a mudança para novas instalações, com o apoio do Conselho de Administração. As equipes de Florianópolis e do Recife já ocupam suas novas casas. No Rio de Janeiro, a mudança acontecerá muito em breve. É um novo tempo que se inaugura no ONS, com instalações mais adequadas às nossas necessidades, com as equipes mais integradas, com um padrão único, independentemente da localização geográfica. Cabe aqui um agradecimento especial à Eletrobras, Furnas, Chesf e Eletrosul, que apoiaram o Operador desde os primeiros momentos e às três últimas que hospedaram nossos Núcleos e Centros Regionais durante todo esse tempo.
6 Desejo de coração que sejamos muito felizes e produtivos em nossas novas casas. O FUTURO A maneira mais fácil de cometer erros é fazer previsões sobre o futuro. Mas o presente e os estudos de planejamento do SIN, com sinais já claros da expansão da geração e da transmissão, nos permitem antever quais as características dominantes do futuro. A diversificação crescente da matriz elétrica, com ampliação do uso das fontes renováveis não convencionais, e a expansão da rede de transmissão, notadamente em direção ao Norte do país, deixam claro que a operação do SIN será cada vez mais complexa. Precisamos estar preparados para isso, já. As mudanças climáticas estão afetando o comportamento de nosso principal insumo para a produção de energia, as vazões nos rios. Nossos modelos de previsão precisam ser aprimorados para que estejam atualizados para esse novo comportamento seja devidamente representado. Para tal, estamos investindo em parceria com o MCT, por meio do CPTEC/INPE, no aprimoramento dos modelos atuais, seguindo o estado da arte nacional e internacional. Essas mudanças climáticas também afetam a operação da rede de transmissão, exigindo que tenhamos ferramentas mais sofisticadas de controle. O futuro aponta para uma infinidade de desafios armazenamento de energia, desenvolvimento da energia solar, veículos elétricos, gerenciamento da demanda, medição de sincrofasores (PMUs), recapacitação de ativos que, de alguma forma, irão afetar a produção e/ou o consumo de eletricidade nos próximos anos. Ninguém sabe com certeza quando esses desafios irão se incorporar ao nosso dia a dia.
7 Mas não podemos ser pegos desprevenidos. Temos que nos preparar e modificar nossos procedimentos e processos para incorporar o novo. Isso exige uma grande e permanente disposição para estudar. Os próximos anos acentuarão também a necessidade de se cuidar da transição de gerações no Operador. Identificar quais são os conhecimentos imprescindíveis para o cumprimento da missão do Operador e quem são os profissionais que os têm em nível de excelência. Entre os mais jovens, identificar quais têm o potencial e a oportunidade de aprimorar-se nesses temas. Profissionais com mais de quatro décadas de serviços prestados ao setor deverão fazer a gestão de seu conhecimento para os mais jovens, para que possam contribuir cada vez mais naquilo em que sua expertise os diferencia dos demais. É da natureza do nosso trabalho o aprimoramento contínuo, sem se descuidar por um segundo do compromisso com a segurança, ao menor custo. Finalmente, ainda em relação ao futuro, gostaria de considerar que, em função das mudanças de políticas internas e externas ao país, que têm rebatimento direto ou indireto nas organizações, não podemos deixar de entender os aspectos que nos afetam diretamente e avançarmos, com maior maturidade, na percepção dos desafios corporativos e na relação organização/colaboradores, para que possamos tornar o ONS um lugar cada vez melhor para trabalhar. Muito obrigado, e boa sorte para todos. Hermes Chipp Diretor Geral do ONS
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