HISTÓRIA NARRADA: EXPERIÊNCIAS, VIDA E FORMAÇÃO

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1 HISTÓRIA NARRADA: EXPERIÊNCIAS, VIDA E FORMAÇÃO Macolle de Oliveira Pinto Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia mhacolly.oliveira@hotmail.com Introdução O artigo busca fazer relações de diferentes aspectos temporais, emocionais e acadêmicos de minha vida, a partir da metodologia das histórias de vida e da abordagem (auto)biográfica. O objetivo desse trabalho é narrar aspectos de minha história de vidaformação, remetendo a infância, adolescência e vida adulta e a minha trajetória como discente desde a entrada na escola, passando pelo Ensino Fundamental, Ensino Médio, até os dias atuais com o ingresso no curso de Pedagogia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), onde a cada dia experimento o desenvolvimento docente. História narrada: vida e progressão Na minha história de vida situo-me em duas posições: sou a narradora e atriz e nessa perspectiva, posso dizer que Itapetinga, na Bahia, é o meu refúgio; cidade onde moro e estudo na UESB. Venho de uma família de quatro irmãos e de pais separados. Da infância, lembro-me bem que aos cinco anos de idade fui estudar na Escolhinha Bom Pastor, era uma escola simples mantida igreja católica. No meu primeiro dia de aula tive uma sensação estranha, quando a minha mãe me deixou na escola tive a sensação que não mais iria reencontrá-la e chorei muito. A professora, tia Carmem, sentou-se ao meu lado e perguntou por que eu chorava, respondi então. Com um jeito meigo e manso ela que estava com medo de não reencontrar a minha mãe novamente ela com aquele jeitinho dela

2 calmo falou que eu parece de chorar que logo iria dar a hora de ir pra casa e assim poderia me encontrar com a minha mãe, depois dessas palavras dela fui me acalmando até que parei de chorar. Quando cheguei em casa contei tudo a minha mãe que havia acontecido na escola e sobre a minha inocência em achar que nunca mais iria ver-la novamente a minha rio e me deu alguns conselhos que aquilo nunca iria acontecer dela me deixar em um lugar e não me buscar nunca mais, depois dessas palavras da minha mãe fui tentando me acostumar com ideia de estudar, aos poucos fui me acostumando com os colegas e a professora que depois da primeira semana já estava era sentido vontade de estudar e ir a escola. Na Escolinha Bom Pastor estudei por dois anos o jardim I e II que hoje leva o nome de alfabetização. Os meus pais sempre foram presentes em meus estudos principalmente a minha mãe ela se preocupou em me ensinar as letras do alfabeto e fazer meu nome antes de entrar na escola; a minha mãe e o meu pai são os meus orgulhos, pois eles não fizeram nem o ensino fundamental completo, mas mesmo assim cobrou de mim e do meu irmão que estudássemos. Eles e eu também acreditamos que através dos estudos poderíamos alcançar os nossos objetivos e mudar nossa situação financeira. Sonho um dia poder dar uma vida melhor para os meus pais através dos meus estudos. Nessa perspectiva, Thompson (1998, p.208) afirma que recordar a própria vida é fundamental para nosso sentimento de identidade; continuar lidando com essa lembrança pode fortalecer, ou recapturar, a autoconfiança. Depois de terminar o jardim I e II na Escolhinha Bom Pastor fui estudar na escola Lunolândia, desta escola não tenho lembranças boas não, pois aconteceram coisas que não deveriam ter acontecido, mas isso não me desanimou só me deu mais forças para trilhar meus caminhos rumo aos meus objetivos. Estudei nessa escola por dois anos, 1ª e 2ª série. hoje falamos 2º e 4º ano. Depois que conclui 1ª e 2ª série fui estudar na escola Maria Amélia, nessa escola só foi alegria, pois os meus colegas eram a grande maioria conhecidos. Algumas dessas alegrias se relacionam as gincanas que aconteciam, as festas juninas que eram muito divertidas e o melhor disso tudo é que meu colega Domingos, hoje já falecido sempre era o rei do milho, pois ele sempre ia bem arrumado para as festinhas juninas da escola, por

3 isso sempre levava o titulo de rei do milho. O bom de tudo isso é que até nos dias atuais reencontro os meus colegas e sempre nos lembramos daquela época. Na escola Maria Amélia cursei também 3ª e 4ª série que hoje chamamos de 4º e 5º ano, logo quando terminei fui estudar na escola Sizaltina, não me adaptei, só estudei por uma semana, minha mãe pediu transferência para a Escola Noralice Gusmão. Nesta escola, no primeiro dia não fui bem recepcionada pelo meu colega Ricardo que me arremessou uma cadeira na barriga, pois não sabia como funcionava a rotina dos alunos e me sentei no lugar que ele se sentava todos os dias. Ele foi levado para a secretaria da escola e por esse motivo da grosseria daquele colega não continuei a estudar naquela escola, só voltei a estudar na 5ª série nesta escola. No ano seguinte fui estudar na escola Polivalente a 6ª, 7ª e 8ª concluindo ensino fundamental fui estudar o ensino médio no Colégio Modelo Luis Eduardo Magalhães. Não foi fácil para estudar nesta escola, pois tive que guardar o meu lugar a fila para garantir minha vaga no turno matutino, pois esse era o mais concorrido fiquei o dia inteiro, mas consegui minha vaga. Na primeira semana, neste colégio Modelo, não foi fácil, pois não conhecia quase ninguém, mas não demorou muito para eu fazer amizades, amizades essas que mantenho até hoje. Foi nesta escola, no 3º ano que comecei a pensar em que área prestaria o vestibular como estudava o ensino médio pela manhã, a tarde decidi fazer o cursinho pré-vestibular ofertado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). O primeiro vestibular que prestei foi pra o curso de Direito, não consegui passar; no ano seguinte fiz para o curso de História, pois era uma área que me identificava. Minhas escolhas me remeteram ao que disse Souza (2004, p. 214): A arte de lembrar remete o sujeito a observar-se numa dimensão genealógica, como um processo de recuperação do eu, e a memória narrativa marca um olhar sobre se em diferentes tempos e espaços, os quais articulam-se com as lembranças e as possibilidades de narrar as experiências. O tempo é memória, o tempo instala-se nas vivências circunscritas em momentos; o tempo é o situar-se no passado e no presente. Também não passei para o curso de História, a partir de então resolvi que naquele ano de 2012 seria a mudança da minha vida, eu iria entrar para uma faculdade, preparei-me

4 e fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Fiquei esperando o resultado que foi divulgado e não tinha ido muito bem, mas me dava condições para concorrer a uma vaga no Sisu (Sistema de Seleção Unificada). Fiz minha inscrição para Pedagogia e quando não mais lembrava que havia feito essa inscrição uma colega minha que estudou comigo no ensino fundamental enviou-me uma mensagem através do facebook dizendo que tinha visto meu nome na 7ª chamada do Sisu da UESB. Fiquei feliz ao mesmo tempo triste, pois havia passado em um curso que não queria, mas mesmo assim fui fazer minha inscrição na UESB. Ao chegar ao curso foi difícil, pois o semestre já havia começado há algumas semanas, mas essa dificuldade não foi só minha, mas também de outros. Nesse percurso, aproximei-me de uma colega que entrou junto comigo, pois, por várias vezes, fui a casa dela para fazermos os trabalhos Cursei pela manhã o 1º semestre, mas, por precisar trabalhar, não pude dar mais continuidade e pedi transferência para o turno da noite e essa colega também. No começo tivemos que ficar irregular, pois foi uma decisão nossa cursar em semestres diferentes do nosso, não queria ficar paradas e assim poderíamos adiantar algumas matérias do curso. Entrar na Universidade não estava programado, não fazia parte dos planejamentos de minha vida, mas, hoje, fazer uso dessa oportunidade para a mudança de vida é uma meta que busco alcançar. Vejo a Pedagogia como uma possibilidade de carreira e crescimento profissional, principalmente, depois que participei, em 2014, de um curso de extensão na UESB sobre formação de professores na contemporaneidade, pois pude perceber o quanto o curso de Pedagogia poderia contribuir para meu desenvolvimento como ser humano. Dessa forma, neste curso de extensão, foi proposto leituras (SOUZA, 2006; FERREIRA, 2010, 2014) que me permitiu experimentar a cada dia o desenvolvimento docente, que fundamentaram o curso, através das quais também aprendi/aprendo sobre a formação docente. Dentro da universidade a cada dia tenho mais curiosidade em buscar aprender mais e formar-me para tornar-me uma profissional que tenha interesse em compartilhar o que aprendi e também reconstruir saberes. Então, remeto a Freire (1996, p. 47) quando diz ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

5 Considerações Finais Assim, perduro em caminhar, acreditando que ao longo desse percurso novos conhecimentos serão construídos e adquiridos, provocando avanços na minha vida pessoal e profissional, numa perspectiva formativa, num processo que desencadeia experiências formadoras. Referências FERREIRA, L. G. Professoras da zona rural: formação, identidade, saberes e práticas. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade. Universidade do Estado da Bahia: Salvador- BA, Professores da zona rural em início de carreira: narrativas de si e desenvolvimento profissional. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal de São Carlos: São Carlos-SP, FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, SOUZA, E.C. O conhecimento de si: estágio e narrativas de formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A; Salvador, BA: UNEB, Memórias e trajetórias de escolarização: abordagem experiencial e formação de professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental. Revista da Faced. Nº 8, P THOMPSON, P. A memória e o eu. In:. A voz do passado: história oral. 2 Ed., Trad. de Lólio Lourenço de Oliveira, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p