Relatório Final. Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Médicas. Mestrado Integrado em Medicina. 6º Ano Estágio Profissionalizante

Transcrição

1 Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Médicas Relatório Final Mestrado Integrado em Medicina 6º Ano Estágio Profissionalizante Francisco Azevedo Coutinho nº Turma /2014

2 Índice Introdução... 1 Actividades desenvolvidas... 1 Medicina Interna... 1 Cirurgia Geral... 2 Pediatria... 3 Ginecologia e Obstetrícia... 3 Saúde Mental... 4 Medicina Geral e Familiar... 4 Unidade opcional Doente Crítico... 5 Unidade Integradora Preparação para a prática clínica... 5 Actividades extra-curriculares... 6 Reflexão crítica... 6 Nota biográfica Francisco Maria Fontes de Azevedo Coutinho, nascido a 18 de Fevereiro de 1989, em Lisboa, filho de Jorge Maria Jonet de Azevedo Coutinho e de Maria da Conceição Almeida Sampaio Fontes de Azevedo Coutinho. Frequentei o Ensino Secundário na Escola Secundária Rainha D. Leonor, em Lisboa, com a classificação final de 16,2 valores. Ingressei no Curso de Medicina no ano de 2008, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, com uma média de ingresso de 18,2 valores, de acordo com as disciplinas específicas de acesso (Biologia e Geologia, Física e Química A e Matemática A). Actualmente no final do 6º ano de curso, com uma média de 15 valores. A Medicina nem sempre foi a minha vocação, mas desde cedo me comecei a interessar muito pela vida e pela natureza, de tal forma que quando iniciei a escola secundária pensava seguir Veterinária ou Biologia. No entanto durante estes anos de adolescência e de adaptação à idade adulta comecei a relativizar a importância dos vários níveis de vida, acabando por me aperceber que me sentiria muito mais útil a tratar pessoas. Só elas têm a capacidade de mudar o mundo e acredito que o meu trabalho pode ter assim um efeito exponencial. Apesar de tudo o mesmo gosto pela natureza persiste e como sempre me ensinaram na faculdade que o médico que só sabe de medicina nem de medicina sabe, dedico grande parte do meu tempo livre a explorar outras faces da vida orgânica, através da jardinagem e do estudo de botânica, criação de bonsais, aquariofilia, criação de cavalos e equitação, entre muitos outros hobbies.

3 Página1 Introdução O presente relatório pretende resumir a actividade por mim desenvolvida durante o 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM), ao longo de cada um dos oito estágios que o compuseram e reflectindo acerca do cumprimento dos objectivos definidos para o mesmo. O 6º ano do MIM, um ano dito profissionalizante, tem como objectivo a aquisição e treino, de uma forma mais autónoma que nos anos anteriores, de competências no âmbito da colheita de dados, raciocínio clínico, formulação de diagnósticos provisórios e definitivos e tomada de decisões, bem como na área da ética profissional e da comunicação interpessoal, tanto com os colegas, como com os doentes e as suas famílias. É ainda esperado que os alunos adquiram conhecimentos na área da investigação clínica. Neste relatório, após a presente introdução, irei abordar por ordem cronológica as várias componentes do ano profissionalizante do MIM, em subsecções correspondentes a cada um dos oito estágios. Após descrever resumidamente as actividades desenvolvidas nos vários estágios, farei uma reflexão crítica acerca do cumprimento dos objectivos gerais do MIM e dos meus objectivos pessoais. Actividades desenvolvidas Medicina Interna Este estágio, com a duração de 8 semanas, foi realizado no Hospital Curry Cabral (HCC) sob tutoria da Dra. Ana Ferreira. A actividade principal do estágio era trabalho de enfermaria, tendo-me sido dada bastante autonomia e responsabilidade. Fiquei encarregue de acompanhar diariamente um ou dois doentes, realizando exame

4 Página2 objectivo, anamnese e escrevendo os diários clínicos, sempre com o apoio da minha assistente e dos internos da equipa. Após observação do doente discutia a sua situação clínica com a minha tutora e propunha a realização de exames complementares de diagnóstico ou instituição de terapêutica. Também tive um grande contacto com os familiares dos doentes, aprendendo a gerir a informação clínica a fornecer, e treinando as minhas capacidades de comunicação e empatia. Além das actividades assistenciais de enfermaria também frequentei o Serviço de Urgência no Hospital de S. José (HSJ), acompanhando um dos internos da minha equipa. Participei ainda em várias actividades formativas do serviço e da unidade curricular e, juntamente com outros colegas realizei e apresentei um trabalho com o tema Taquiarritmias. Cirurgia Geral O estágio de Cirurgia Geral foi realizado no Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX), sob orientação da Dra. Angeles Rábago, tendo tido a duração de 8 semanas, incluindo 2 semanas em que passei pelos serviços de Urologia e Ortopedia. Acompanhei a minha assistente na actividade de enfermaria, Bloco Operatório, consultas de Cirurgia Geral, Cirurgia de Ambulatório e Serviço de Urgência. Tive oportunidade de realizar várias actividades com alguma autonomia, não deixando de ter a supervisão da minha tutora, nomeadamente procedimentos cirúrgicos simples (principalmente na Cirurgia de Ambulatório e Serviço de Urgência) e realização de diários clínicos dos doentes internados. Nas semanas de Ortopedia e Urologia, além da assistência a consultas também pude participar em várias cirurgias, tendo entrada numa delas como segundo ajudante.

5 Página3 Assisti ainda a várias actividades formativas e participei no Mini-congresso, juntamente com duas colegas, apresentando um caso clínico de uma doente com Carcinoma Colo-rectal. Pediatria Este estágio foi realizado no Hospital de Dona Estefânia (HDE) sob orientação da Dra. Flora Candeias e teve a duração de 4 semanas. Permaneci durante este período na enfermaria da Unidade de Infecciologia. Aqui fiz algumas actividades de forma autónoma, como a observação diária de um doente, em conjunto com um colega do 6º ano. Em cada caso eram feitos a colheita de história clínica (tendo em conta a idade da maioria dos doentes, a anamnese era maioritariamente obtida por intermédio dos pais), o exame objectivo e a realização do diário clínico. De seguida a situação clínica era discutida com a nossa orientadora. Também acompanhei a minha assistente na consulta de imunodeficiências, e juntamente com a equipa fixa estive por duas vezes no Serviço de Urgência. Compareci a múltiplas reuniões e sessões de formação do hospital e aos seminários organizados pela unidade curricular, onde apresentei um trabalho com o tema Síndrome de Munchausen em Pediatria. Ginecologia e Obstetrícia Neste estágio, também realizado no HDE com a duração de 4 semanas, estive sob orientação da Dra. Maria João Nunes. O estágio foi dividido em duas partes, tendo começado pela Ginecologia. Nestas primeiras duas semanas fui assistindo a consultas de climatério, planeamento familiar e oncologia. Fui ainda à Maternidade Alfredo da Costa (MAC) onde eram realizadas as cirurgias e ao HCC onde se faziam histeroscopias. Na segunda metade do estágio estive presente nas consultas de

6 Página4 Obstetrícia e Diagnóstico Pré-Natal. Uma vez que o serviço no HDE não tem internamento as minhas tarefas consistiram apenas na observação das doentes em consulta. Semanalmente estive presente no Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia na MAC, onde pude assistir a 3 partos eutócicos e 2 distócicos - 1 dele por cesariana e outro com uso de ventosa. Saúde Mental Realizei este estágio no Hospital Júlio de Matos (HJM) sob orientação do Dr. Marco Gonçalves. Nas duas primeiras semanas de estágio estive na clínica 5, destinada às doenças afectivas, onde acompanhei o meu orientador e a sua interna no seguimento diário dos doentes, discutindo com eles os vários casos. Na terceira semana de estágio passei por várias unidades do HJM, tendo estado 2 dias no Hospital de dia, 1 dia na Unidade de Alcoologia, e outro na Reabilitação. Estive ainda semanalmente na consulta do meu assistente e nas sessões de formação destinadas aos internos, que se realizavam ambas às 4as feiras. No serviço de urgência no HSJ, acompanhei a equipa no atendimento em balcão, na realização de história clínica, na escolha de terapêutica e no encaminhamento para outros serviços de internamento. Medicina Geral e Familiar O meu estágio de Medicina Geral e Familiar (MGF) foi dividido em duas vertentes: uma semana de estágio urbano na USF de São Julião, em Oeiras, com a Dra. Teresa Libório, e três de estágio rural na USF de São Filipe, em Setúbal, com a Dra. Cristina Branco. Ao longo deste tempo, pude acompanhar as minhas tutoras nas consultas de saúde de adultos, saúde infantil, saúde materna, planeamento familiar, consulta de

7 Página5 diabetes, de hipertensão, e ainda consultas de serviço de atendimento complementar, participando activamente nas mesmas. Unidade opcional Doente Crítico Por ter grande curiosidade em conhecer o funcionamento de uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) escolhi como unidade opcional o estágio de Doente Crítico. Este teve a duração de duas semanas, sendo que as segundas-feiras eram ocupadas por aulas teóricas. Os restantes dias eram destinados à actividade prática na UCI do HCC, onde estive sob orientação do Dr. Luís Bento e fui integrado na sua equipa, acompanhando os vários médicos e internos na observação diária dos doentes, realização de procedimentos e registo de diários clínicos. Nesta unidade, além dos doentes internados com cuidados de nível III, existe uma ala com doentes de nível I/II onde pude estar alternadamente. Devido à presença de uma Unidade de transplantação neste hospital, muitos dos doentes presentes na UCI eram transplantados hepáticos ou tinham indicação para transplante. Unidade Integradora Preparação para a prática clínica A unidade curricular integradora de conhecimentos Preparação para a prática clínica, consistiu em períodos quinzenais, nos quais foram abordados e aprofundados temas abrangentes, por especialistas de diversas áreas médicas e cirúrgicas, no intuito de demonstrar a importância de uma abordagem multidisciplinar e de incentivar ao exercício de colocação de hipóteses diagnósticas, sobre sinais e sintomas comumente apresentados pelas pessoas que procuram os cuidados médicos.

8 Página6 Actividades extra-curriculares Por fim é importante referir que além do curso, realizei outras actividades que também contribuíram em muito para a minha formação, como pessoa e como médico. Entre outras destaco o meu trabalho como animador dos Grupos de Jovens Fraternos da Paroquia do Campo Grande onde nos últimos 3 anos fui responsável por um grupo de voluntariado e uma experiência de 1 mês de voluntariado em Timor-Leste no ano Reflexão crítica É com muita alegria que concluo mais esta importante etapa da minha vida e não posso deixar de olhar para trás e ver o quão importante foi cada momento que vivi nesta faculdade, desde os primeiros anos, e nos vários hospitais de lisboa, a partir dos anos clínicos. Apesar de ter plena consciência que não fui de longe o melhor aluno, considero que fiz um caminho que não me defraudou nem a mim nem aos que me acompanharam (família, namorada, amigos e professores) porque desde cedo tive bem claro para mim que este curso, apesar da sua importância, não ia ser a minha única prioridade. Optei por me dedicar a muitas outras actividades e tenho a certeza que com isso me tornei mais rico e completo. Este último ano de faculdade teve estágios muito bons e outros que considero terem ficado um pouco aquém das minhas expectativas. Uma vez que este era agora considerado um ano profissionalizante, as minhas expectativas eram as de que iria ter bastante mais autonomia e responsabilidade que no ano anterior, e que me iam ser dadas tarefas mais semelhantes a um interno do ano comum do que a um aluno de 5º ano. Apesar de os estágios de Medicina Interna e Cirurgia Geral terem correspondido

9 Página7 a essa definição, penso que as restantes unidades curriculares não podem ainda ser assim designadas. Não obstante ter aprendido muito em cada um dos estágios e de ter gostado de todos os tutores que tive, não deixo de achar que os estágios deviam ser melhorados para que possam ser realmente considerados profissionalizantes. No caso dos estágios de Pediatria, Saúde Mental e Ginecologia e Obstetrícia as constrições foram principalmente por existir pouco trabalho para a quantidade de pessoas em formação, e portanto pouca responsabilização dos alunos de 6º ano. No caso da MGF, as condições são muito dependentes de local para local. No meu caso o estágio na USF São Julião foi muito construtivo uma vez que me foram dadas inúmeras oportunidades de intervir e até para fazer consultas sozinho. No entanto uma vez que só lá estive uma semana e que no estágio rural não houve tantas condições para essa autonomia, senti que no geral o estágio acabou por ser menos rico do que poderia ter sido. O estágio opcional que escolhi (Doente Crítico), e com que terminei o meu curso de Medicina deixou-me com uma óptima última memória do curso. Em primeiro lugar porque este estágio estava excepcionalmente bem preparado, permitindo ter um primeiro contacto com a Medicina Intensiva muito bem contextualizado. E em segundo lugar porque fez todo o sentido para a minha formação ter esta experiência, que me permitiu ter uma visão mais completa da Medicina. Com tudo isto considero que neste 6º ano, acima de tudo à custa dos estágios de Medicina Interna e Cirurgia Geral, consegui adquirir muitas ferramentas de comunicação, análise e diagnóstico que me vão permitir no próximo ano ser médico, com mais autonomia e com uma maior capacidade para dar resposta às necessidades das pessoas que estiverem aos meus cuidados. Transversalmente também acho que consegui ter sempre uma conduta eticamente correcta, nas pequenas coisas que estiveram ao meu alcance. Apesar de não me ter

10 Página8 debatido com os grandes dilemas éticos da Medicina, no que dizia respeito aos doentes que estavam a meu cargo não deixei de pedir ajuda sempre que não conseguia lidar com alguma situação e de assumir as minhas falhas, fazendo tudo por corrigi-las para que delas não resultasse nenhum mal para os doentes. Nesse sentido penso ter conseguido cumprir a maioria dos objectivos definidos para este 6º ano, sendo que com grande pena minha ficou por cumprir o objectivo da investigação clínica. Apesar de ter tido conhecimento de alguns meios para participar em projectos de investigação, acabei por nunca concretizar esse objectivo, por não ter encontrado nenhum projecto com o qual me identificasse. Apesar disso neste 6º ano acabei por desenvolver uma ideia para um dispositivo médico/cirúrgico, que por uma questão de prioridades ficou em standby e será retomado após a prova nacional de seriação.