HAIDUK, PEREIRA & BIENERT

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1 HAIDUK, PEREIRA & BIENERT ADVOGADOS ASSOCIADOS DESAPOSENTAÇÃO Após aposentar-se por idade 1 muitos beneficiados da Seguridade Social, que mantém aptidão e disposição para o trabalho, permanecem anos contribuindo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em recente discussão judicial, levada as mais altas Cortes deste país, iniciou-se o reconhecimento do direito desses trabalhadores aumentarem o valor de seu benefício mediante um recálculo da aposentadoria considerando as contribuições realizadas posteriormente ao primeiro pedido de aposentadoria, tal instituto vem sendo tratado nos tribunais e na doutrina como Desaposantadoria ou Desaposentação. Trata-se de um instrumento que permite ao aposentado, que retornou ao mercado de trabalho, renunciar ao benefício pago pelo INSS, momentaneamente, para pedir o recálculo da aposentadoria, incorporando as contribuições acumuladas com o labor prestado após a primeira aposentadoria. O objetivo é conseguir uma aposentadoria maior, em especial com dedução parcelada dos valores pagos ou sem restituição de qualquer valor ao INSS. Vejamos matéria acerca de recente decisão do STF: Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o primeiro pedido de desaposentação em Goiás. O engenheiro agrônomo Olympio Carlos Moreira, que hoje tem 74 anos, prestava assistência técnica agropecuária como serviço de extensão rural e se aposentou após 31 anos de serviço, em Dois anos depois, foi aprovado em concurso e se tornou docente da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO). Lecionou por oito anos, cumprindo com a obrigatoriedade de suas contribuições ao Regime Geral de Previdência Social, sem ter o retorno por elas. Após esse período, ficou sabendo que podia rever a aposentadoria e pedir a desaposentação. O aposentado entrou com processo em julho do ano passado e, em menos de um ano, teve reconhecido seu pedido. Se contribuí durante esses oito anos, nada mais justo do que receber o que é me devido, já que a estrutura da previdência tem como caráter a contribuição e a retribuição, avalia. O aposentado informa que, somadas as novas contribuições, a aposentadoria antiga será acrescida em 40%. Segundo o advogado que atuou no caso, Hallan de Souza Rocha (presidente do Instituto Goiano de Direito Previdenciário e Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil seção Goiás), ainda cabe recurso por parte do INSS, 1 Aposentadoria por Idade - Têm direito ao benefício os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres. Para solicitar o benefício, os trabalhadores urbanos inscritos na Previdência Social a partir de 25 de julho de 1991 precisam comprovar 180 contribuições mensais. Os rurais têm de provar, com documentos, 180 meses de atividade rural.

2 mas há grande expectativa que o STF apresente uma definição sobre o assunto em breve. O impasse é que alguns juízes avaliam que deve haver a devolução dos valores pagos enquanto outros não, por ser recebido de boa fé e se tratar de verba alimentar. Trata-se de matéria nova no Direito Previdenciário Brasileiro, pendente de entendimento jurisprudencial pacífico acerca do tema, porém há fortes indicativos, como veremos abaixo, de que as teses elaboradas pelas bancas advocatícias em favor dos beneficiários serão acatadas pelos tribunais. Por fim, destaca-se que já correm na Câmara Federal e no Senado projetos para legislar o tema, porém, com a pressão do Governo Federal e o atual déficit previdenciário tais matérias tendem a encontrar dificuldades para aprovação. ENTENDIMENTO STF Em voto recente o Min. Marco Aurélio criou grande expectativa na comunidade jurídica, pois, no papel de relator, reconheceu os benefícios da desaposentação, o que, se acatado pelos demais Ministros criará uniformidade nacional nos julgados. Segue abaixo notícia veiculada no Site do STF acerca da matéria: O Min. Marco Aurélio, relator, proveu o recurso. Consignou, de início, a premissa segundo a qual o trabalhador aposentado, ao voltar à atividade, seria segurado obrigatório e estaria compelido por lei a contribuir para o custeio da seguridade social. Salientou, no ponto, que o sistema constitucional em vigor viabilizaria o retorno do prestador de serviço aposentado à atividade. Em seguida, ao aduzir que a previdência social estaria organizada sob o ângulo contributivo e com filiação obrigatória (CF, art. 201, caput), assentou a constitucionalidade do 3º do art. 11 da Lei 8.213/91, com a redação conferida pelo art. 3º da Lei 9.032/95 ( 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. ). Assinalou que essa disposição extinguira o denominado pecúlio, o qual possibilitava a devolução das contribuições implementadas após a aposentadoria. Enfatizou que o segurado teria em patrimônio o direito à satisfação da aposentadoria tal como calculada no ato de jubilação e, ao retornar ao trabalho, voltaria a estar filiado e a contribuir sem que pudesse cogitar de restrição sob o ângulo de benefícios. Reputou, dessa forma, que não se coadunaria com o disposto no art. 201 da CF a limitação do 2º do art. 18 da Lei 8.213/91 que, em última análise,

3 implicaria desequilíbrio na equação ditada pela Constituição. Realçou que uma coisa seria concluir-se pela inexistência da dupla aposentadoria. Outra seria proclamar-se, conforme se verifica no preceito impugnado, que, mesmo havendo a contribuição como se fosse primeiro vínculo com a previdência, o fenômeno apenas acarretaria o direito ao salário-família e à reabilitação profissional. Reiterou que, além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao que estabelecido na Constituição, abalaria a feição sinalagmática e comutativa decorrente da contribuição obrigatória. Em arremate, afirmou que ao trabalhador que, aposentado, retorna à atividade caberia o ônus alusivo à contribuição, devendo-se a ele a contrapartida, os benefícios próprios, mais precisamente a consideração das novas contribuições para, voltando ao ócio com dignidade, calcular-se, ante o retorno e as novas contribuições e presentes os requisitos legais, o valor a que tem jus sob o ângulo da aposentadoria. Registrou, por fim, que essa conclusão não resultaria na necessidade de se declarar a inconstitucionalidade do 2º do art. 18 da Lei 8.213/91, mas de lhe emprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido de afastar a duplicidade de beneficio, porém não o novo cálculo de parcela previdenciária que deva ser satisfeita. Após, pediu vista o Min. Dias Toffoli. RE /RS, rel. Min. Marco Aurélio, (RE ) Após o voto do Min. Relator os autos foram ao gabinete do Min. Dias Toffoli para por pedido de vistas, onde aguardam análise para retornarem a pauta de julgamento de nossa Suprema Corte. CARACTERÍSTICAS PRÁTICO-JURÍDICAS As demandas em face do INSS tramitam perante a Justiça Federal, atualmente essa esfera judicial armazena e conduz os Processos Judiciais no sistema E-PROC, o que torna os autos digitais trazendo maior celeridade de tramitação. ENTENDIMENTO TRF 4 (PR) O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tem entendimento, sem sua maioria, no sentido de admitir a desaposentação. Em regra, entende-se que a renúncia opera efeitos retroativos, desde a concessão da aposentadoria. Em consequência, é devida a restituição de tudo quanto o aposentado percebeu enquanto manteve essa qualidade. Outra orientação entende que, por constitutiva negativa, a decisão proferida em sede de ação de desaposentação opera efeitos para o futuro. O que desconstitui o ato jurídico aposentação é a

4 decisão judicial. Portanto, os valores percebidos até a decisão judicial final o foram a justo título, inexistindo motivo para sua restituição. Haiduk, Pereira & Bienert Advogados Associados RESUMO JURISPRUDENCIAL NACIONAL

5 STF - RE DECISÃO FAVORÁVEL DO RELATOR; STJ: 5ª e 6ª Turmas da 3ª Seção. - ADMITE RENÚNCIA AO BENEFÍCIO; - NÃO PRECISA DEVOLVER OS VALORES RECEBIDOS; TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. - POSSÍVEL A DESAPOSENTAÇÃO DESDE QUE HAJA A DEVOLUÇÃO DOS PROVENTOS JÁ RECEBIDOS; TRF / 1ª REGIÃO - NÃO ADMITE RENÚNCIA À APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA; TRF / 2ª REGIÃO - ADMITE A DESAPOSENTAÇÃO; - NÃO PRECISA DEVOLVER OS VALORES RECEBIDOS; TRF / 3ª REGIÃO 8ª e 9ª Turma - NÃO ADMITE A DESAPOSENTAÇÃO, MESMO COM A DEVOLUÇÃO DE VALORES; TRF / 4ª REGIÃO 3ª Seção. 5ª Turma: ADMITE A RENÚNCIA, SEM RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS; 6ª Turma: ADMITE A RENÚNCIA, COM RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS; Turma Suplementar: ADMITE A RENÚNCIA, SEM DEVOLUÇÃO DOS VALORES; TRF / 5ª REGIÃO ADMITE A RENÚNCIA, COM RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS;