Ateísmo, agnosticismo e secularismo

Transcrição

1 1 Ateísmo, agnosticismo e secularismo Pr. Marcelo Baço Nesta última lição trataremos de um assunto que não é classificado como religião, mas falta de religião. O universo dos que se declaram ateus, agnóticos ou que simplesmente não têm religião é de 11,4% para o mundo todo. No Brasil, 7% da população diz não acreditar em Deus ou não praticar nenhuma religião. Ateísmo Ateísmo é a crença na inexistência de qualquer tipo de deus ou de seres sobrenaturais. O termo ateísmo, proveniente do grego clássico aθεος (transl.: atheos), que significa "sem Deus", foi aplicado com uma conotação negativa àqueles que se pensava rejeitarem os deuses adorados pela maioria da sociedade no século V a.c. na antiga Grécia. Origem O ateísmo como conhecemos nos dias de hoje surgiu na Europa no século XVIII graças à difusão do livre pensamento, do ceticismo científico e ao criticismo à religião. A diferença do ateísmo antigo para o moderno é que, nos tempos antigos, era considerado ateu aquele que negava a existência dos deuses da mitologia grega. O ateísmo moderno surge com a negação mais específica do Deus das religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), já que os deuses mitológicos não eram considerados nos círculos filosóficos. Ateísmo e suas principais variações Ateísmo tradicional: afirma que nunca houve, não há e jamais haverá um Deus. Existem muitos pensadores que defendem essa posição, como por exemplo: Ludwig Feuerbach, Karl Marx e Jean Paul Sartre. Ateísmo mitológico: seu principal expoente foi Frederich Nietzche, que acreditava que o mito Deus jamais foi um ser, mas o modelo vivo pelo qual as pessoas viviam. Esse Deus foi morto pelo avanço da sociedade, do entendimento e da cultura do homem. Neo Ateísmo: são os ateus mais recentes na história. Estes não só afirmam a inexistência de Deus, mas que toda ideia de um ser transcendente deve ser combatida e a religião erradicada do discurso público e/ou científico. Seus principais porta-vozes são: Daniel Dennet, Sam Harris, Richard Dawkins e Christopher Hitchens.

2 2 Cristianismo X Ateísmo A posição ateísta de que Deus não existe, carece de apoio racional adequado. Os argumentos contra Deus são insuficientes. Além disso, há bons argumentos para a existência de Deus. Para muitas coisas o ateísmo não dá uma resposta satisfatória. Os principais argumentos a favor da existência de Deus são: Argumento Teleológico: após o Big Bang, a sintonia fina do universo só pode ser explicado por um projeto inteligente; portanto, Deus existe. Argumento Moral: existem valores morais objetivos; portanto, Deus existe. Argumento Cosmológico: tudo que começa a existir, tem uma causa. O universo teve um começo; portanto, o universo tem uma causa. Argumento da Contingência: tudo que existe possui uma explicação para a sua existência ou na necessidade de sua própria existência ou em uma causa externa. Como o universo existe, a sua causa é externa, transcendental e pessoal. Argumento sobre o Problema do Mal: Se Deus é perfeitamente bom e infinitamente poderoso então porque o mal e o sofrimento existem? O mal é necessário para que as pessoas distinguam o bem. É necessário um criador que resolve criar suas criaturas imperfeitas, com livre-arbítrio (pois do contrário não praticariam o mal) para um final com nítida lição de moral. Argumento da Ressurreição de Cristo: Deus se revelou decisivamente na pessoa de Jesus de Nazaré que afirmou ser Filho de Deus e revelação absoluta de Deus. Suas afirmações foram confirmadas por Deus ao ressuscitá-lo dos mortos. Existem 4 fatos históricos estabelecidos sobre o que aconteceu com Jesus de Nazaré: ele teve um sepultamento honroso no túmulo de José de Arimatéia, o descobrimento do túmulo vazio, houveram várias aparições de Jesus após a sua morte e a origem da crenças dos discípulos na ressurreição de Jesus. Argumento da experiência imediata de Deus: é uma crença básica própria, embasada em nossa experiência de Deus. Veja em anexo os vídeos que explicam cada um deles. Conclusão: Poucos cristãos apoiaram sua defesa da existência de Deus em um único argumento. Cada argumento parece demonstrar uma característica de Deus junto com sua existência. Por exemplo: os argumentos cosmológicos e teleológicos demonstram que Deus é infinitamente poderoso, confirmando o que a Bíblia diz sobre um Deus criador e pessoal do Universo, leia (Gênesis 1: 1-3, 26-28, João 1:1-4, Col 1: 15-17, Romanos 1:20). Palavras-chave: Criticismo: investigação prévia da nossa mente sobre a capacidade e limite do nosso conhecimento a respeito das coisas metafísicas.

3 Metafísica: aquilo que se encontra além e/ou após o mundo físico. Considera-se metafísico tudo aquilo que se denomina imutável e espiritual. 3 Agnosticismo Este termo provém de duas palavras gregas (a, não ; gnosis, conhecimento ). O termo agnosticismo foi criado por T.H. Huxley. Significa literalmente não conhecimento. Logo, o agnóstico é alguém que alega não conhecer ou ter a incapacidade de conhecer aquilo que é metafísico. Portanto, o agnóstico confessa sua ignorância sobre o sobrenatural. O agnosticismo não dever ser confundido com o ateísmo. Mais de cem anos antes de Huxley, as obras de Immanuel Kant e David Hume lançaram a base filosófica para o agnosticismo. Grande parte da filosofia moderna simplesmente apoia a validade geral dos dois tipos de argumentos. Existem dois tipos básicos de agnósticos: os que afirmam que a existência e a natureza de Deus não são conhecidas e os que acreditam que não se pode conhecer a Deus. Esses tipos de agnosticismos também são conhecidos por limitado e ilimitado. O primeiro diz que o homem como ser finito é limitado ao espaço-tempo e não pode conhecer um Ser infinito e transcendente. O agnosticismo ilimitado é autodestrutivo: implica conhecimento sobre a realidade para negar a possibilidade de sua existência. Ao afirmarem a impossibilidade de conhecer algo que está no campo metafísico, os agnósticos confirmam a fragilidade dos argumentos agnósticos. Elas podem ser refutadas com os argumentos já citados contra o ateísmo. A própria Bíblia demonstra claramente a existência de Deus e sua ação na história da humanidade. Citarei alguns versículos sobre o assunto. Diz o tolo em seu coração: Deus não existe. Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem. Salmos 14:1 "Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. Jó 38:4 Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis. Romanos 1: Secularismo Surgido há dois séculos, o secularismo é a separação entre as instituições Igreja e Estado. A idéia principal é que o ser humano deve ser livre do jugo e do ensinamento religiosos, e que o Estado sendo laico não deve impor sobre as pessoas nenhum tipo de religião ou princípios com base na mesma. Essa secularização deve deixar o Estado livre para tomar decisões, sem nenhuma participação ou decisão por influência religiosa.

4 4 Os problemas do secularismo O secularismo enfraquece os valores morais e éticos da sociedade. Abaixo segue um trecho do artigo de Wolfhart Pannenberg, intitulado Como pensar o secularismo: Num ambiente secular, mesmo um conhecimento elementar do Cristianismo, sua história, ensinamentos, textos sagrados e figuras formativas se enfraquece. Não é mais uma questão de rejeitar os ensinamentos Cristãos; um enorme número de pessoas sequer tem o mais vago conhecimento de quais ensinos são esses. Isso é um desenvolvimento notório quando considera-se quão fundamental o Cristianismo é para toda a história da cultura Ocidental. Quanto mais ampla for a ignorância em relação ao Cristianismo, maior será o preconceito contra o Cristianismo. Assim, pessoas que não sabem nem a diferença entre Saulo de Tarso e João Calvino acham que tem toda certeza de que o Cristianismo foi provado como uma religião de opressão. Quando tais pessoas se interessam por religião ou espiritualidade, sendo esse interesse uma reação natural à superficialidade da cultura secular, elas frequentemente não se voltarão para o Cristianismo, mas sim para religiões alternativas. Para entender a tensão entre princípios cristãos e o secularismo, assista ao vídeo anexo. O vídeo mostra que há uma falsa preocupação por parte dos defensores do secularismo com aqueles que têm direito à vida, com os valores morais objetivos e uma relativização da verdade. Isso é um reflexo do secularismo da nossa sociedade. Secularismo e a Igreja A secularização da igreja é o modo como esta vive, age e acomoda-se aos padrões do mundo. Pervertemse os ensinos bíblicos, abandona-se o que é santo, utiliza-se a fé com fins escusos e se adotam ideias contrárias à doutrina cristã. Por exemplo: defensores da união homoafetiva e do aborto. De repente, a santidade do espírito, alma e corpo não têm mais tanta importância; assim dizem os desviados secularistas: "o que importa na pessoa é o coração". Muitos se declaram cristãos, mas não são de Cristo, conforme diz as Escrituras (Mt ; Fp 3.18,19). Isto é secularismo. Se deixam levar pelo presente século. O secularismo torce a verdade de Deus e busca tornar a Igreja uma instituição corrompida e secularizada, adotando os costumes e modos de viver do mundo em todas as suas esferas: na família, no emprego, na escola, no lazer e em muitíssimas outras atividades e empreendimentos da massa humana. É tirar Deus da igreja. A igreja foi chamada para deixar o mundo e ingressar no reino de Deus. A separação do mundo é parte inerente da natureza da igreja e a recompensa disso é ter o Senhor por Deus e Pai (2 Co 6: 16-18). A igreja é a coluna e o fundamento da verdade (1Tm 3.15), funcionando, assim, como o alicerce que sustenta uma construção. A igreja deve sustentar a verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos mestres (ver Fp 1.17; Jd 3). A igreja é tanto invisível como visível. (a) A igreja invisível é o conjunto de todos os crentes verdadeiros, unidos por sua fé viva em Cristo.

5 (b) A igreja visível consiste de congregações locais, compostas de crentes vencedores e fiéis (Ap 2.11, 17, 26; ver 2.7), bem como de crentes professos, porém falsos (Ap 2.2); caídos (Ap 2.5); espiritualmente mortos (Ap 3.1) e mornos (Ap 3.16; ver Mt 13.24; At 12.5). 5 Bibliografia: Dicionário de Filosofia, Brugger Enciclopédia de Apologética, Norman Geisler O delírio de Dawkins, Alister Macgrath Em guarda, William L. Craig A veracidade da fé cristã, William Lane Craig Fundamentos Inabaláveis, Norman Geisler e Peter Bochino Filosofia Concisa, Garret De Weese e J.P Moreland Artigo: Como pensar o secularismo, Wolfhart Pannenberg