EFEITO ALELOPÁTICO DE CANOLA (Brassica napus) NO DESENVOLVIMENTO. PRODUÇÃO FINAL DE SOJA (Glycine max) E PRODUÇÃO FINAL DE SOJA (Glycine max)
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1 EFEITO ALELOPÁTICO DE CANOLA (Brassica napus) NO DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO FINAL DE SOJA (Glycine max) Autor(es): Apresentador: Rodrigo Ciotti Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: MOTTA, Marcelo; CIOTTI, Rodrigo; GAVIRAGHI, Fernando; MARTINS, João Augusto Kinalski; WAGNER, Juliano Fuhrmann; VALENTINI, Ana Paula Fontana.; ZAMBONATO,Felipe; CARBONERA, Roberto; SILVA, José Antonio Gonzalez da. José Antonio Gonzalez da Silva Valmir José de Quadros Sandra Beatriz Vicenci Fernandes UNIJUI EFEITO ALELOPÁTICO DE CANOLA (Brassica napus) NO DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO FINAL DE SOJA (Glycine max) MOTTA, Marcelo¹; CIOTTI, Rodrigo 1 ; GAVIRAGHI, Fernando 1 ; MARTINS, João Augusto Kinalski¹ ; WAGNER, Juliano Fuhrmann¹; VALENTINI, Ana Paula Fontana.¹; ZAMBONATO,Felipe¹; CARBONERA, Roberto; SILVA, José Antonio Gonzalez da.² 1,2 Deptº de Estudos Agrários DEAg/UNIJUI Rua do Comércio, 3000, Bairro Universitário, Campus. CEP: jagsfaem@yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO A região noroeste do estado do Rio Grande do Sul tem como principal espécie de exploração econômica no período de estação quente do ano, a cultura da soja. Esta espécie é cultivada tanto em pequenas, média e grande estabelecimentos agrícolas e faz parte de diversos sistemas de produção da região. Por outro lado, na estação fria do ano, existe uma grande dificuldade em trabalhar com uma cultura que estabeleça ao produtor, confiabilidade em rendimento de grãos, principalmente pelo período favorecer ao aparecimento de inúmeras raças de moléstias de parte aérea, bem como o risco decorrente de temperaturas muito reduzidas. A cultura da canola hoje representa espécie de forte expansão para o estado do Rio Grande do Sul, principalmente, por se confirmar como uma nova alternativa de manejo e de lucro no período de estação fria. Aliado que, o trigo, a principal cultura nesta época do ano tem apresentado resultados econômicos insatisfatórios, tanto pelo preço de mercado, como o risco devido às geadas. No entanto, com a crescente implantação da canola no inverno, vários agricultores no noroeste do estado do RS têm observado que a cultura apresenta inconveniências quando
2 antecessora à soja (principal espécie de interesse econômico na região), devido, possivelmente, a efeitos alelopáticos. Segundo Neves (2005), estudando extratos de raiz, folhas e caules de canola evidenciou a redução da velocidade ou inibição da germinação de aquênios de picão-preto e das sementes de soja, indicando a presença de efeitos alelopáticos em experimentos conduzidos em casa de vegetação. Além disto, com relação à inibição da germinação, os extratos elaborados a partir de plantas secas revelaram maior potencial de inibição. O conhecimento de resultados experimentais mais efetivos em nível de campo no sentido de conhecer os possíveis efeitos da canola sobre a cultura da soja, não tem sido encontrado na literatura de forma mais conclusiva. Além disto, existe um grande interesse pelos agricultores e técnicos da região em conhecer os prováveis efeitos desta sucessão, principalmente no sentido de estabelecer qual o momento adequado entre a semeadura da soja após colheita da canola, determinando uma margem de segurança que não inviabilize o emprego destas duas espécies no manejo de sucessão. Desta forma, o trabalho tem como objetivo avaliar se existe em nível de campo efeito alelopático da canola sobre a cultura da soja, além de determinar os possíveis danos nos componentes de rendimento e estabelecer o intervalo adequado de semeadura da soja após colheita da canola que viabilize esse sistema de sucessão MATERIAL E MÉTODOS
3 No referido trabalho, o desenvolvimento do experimento se deu em dois períodos distintos, ou seja, num primeiro momento a semeadura das parcelas com canola e posterior colheita desta espécie, seguida da semeadura da soja em períodos distintos em parcelas com e sem a presença da canola como cultura antecessora. A semeadura da soja foi iniciada em 21 de outubro de 2006 nas parcelas dessecadas com canola de ciclo de 147 dias. A partir daí, foi efetuado os distintos intervalos de semeadura nas parcelas de canola nos intervalos de dessecação: 0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 dias. O experimento foi conduzido na propriedade do agricultor Mauri Machado da Motta, localizado no município de Independência/RS em parceria com a Empresa Camera Agroalimentos S/A. A cultivar de canola empregada foi a Hyola 61, híbrido proveniente da Austrália e a soja COD 214, desenvolvida pelo programa de melhoramento genético da Coodetec/PR. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com quatro repetições, sendo cada parcela representada por uma área de 4,20 x 11m onde foi adicionado o tratamento intervalos de dessecação em presença (80 parcelas) e ausência (80 parcelas) de canola, totalizando uma área experimental de 9.700m 2, que inclui o espaçamento de 0,40m entre parcelas do experimento como área de segurança. Contudo, na semeadura da canola foi empregada uma densidade de 3,5 kg de semente por hectare com espaçamento de 0,22m entre linhas, visando uma população de 40 mil plantas por hectare. Além disto, foi empregado adubação de base na quantidade de 200 kg ha -1 de NPK na formulação e de cobertura com uréia na dose de 60 kg ha -1 de Nitrogênio aplicado no estádio de quatro folhas, segundo indicações técnicas da cultura da canola (2005). Na soja, foi determinada uma densidade populacional de 200 mil plantas por hectare com espaçamento 0,43 m entre linha. Além disto, foi empregada adubação de base na quantidade de 220 kg ha -1 de NPK na formulação , tendo como base, as recomendações técnicas da cultura da soja (2006/2007). A colheita da soja foi iniciada em 15 de março de 2007, com completa maturação fisiológica das plantas, se prorrogando até 27 de abril do corrente ano, sendo o procedimento de colheita realizado de forma manual. Em cada parcela foi colhida três amostras de um metro quadrado para estimativa do rendimento de grãos (REND) e quinze plantas coletadas de forma aleatória na parcela para determinação dos componentes do rendimento que são: número de legumes por planta (NLP), número de grãos por planta (NGP) e peso de mil grãos (PMG), incluindo também mensuração do caráter estatura de planta (EST) avaliado no estádio final da cultura. O material recolhido foi conduzido ao Laboratório de Produção Vegetal da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul/ UNIJUÍ, localizado no município de Ijuí/RS. As amostras foram submetidas a estufa de ar forçado com temperatura controlada de 50 o C por 72 horas. Após a secagem, os legumes foram debulhados manualmente para a separação dos grãos do restante da planta e posteriores análises individuais. Os dados foram submetidos a análise de variância para a avaliação dos efeitos principais e de interação com posterior teste de média pelo modelo de Tukey, de modo a comparar o fator qualitativo tipo de parcela (com canola e sem canola) quanto ao efeito de alelopatia sobre a soja. E, para o fator quantitativo intervalo de dessecação foi determinado o ajuste de equação e grau do polinômio de modo a estabelecer de modo efetivo as conclusões com base no objetivo do trabalho e, empregado como ferramenta estatística o programa computacional Genes.
4 4 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando os intervalos de semeadura da soja (ISS), foi possível identificar diferenças entre todos os caracteres estudados, o que provavelmente tenha como justificativa dos distintos efeitos de tratamento a influência de fotoperíodo e temperatura no desenvolvimento da cultura em virtude do período de semeadura discorrer de 21 de outubro a 14 de dezembro. Por outro lado, considerando o fator tipo de parcela (TP), ou seja, diferentes estádios de semeadura da soja em parcelas com e sem a presença da canola como cultura antecessora, foram detectadas diferenças para REND, NLP e NGP, o que levanta a hipótese de possibilidade de existência de efeito de alelopatia. Ao analisar o efeito de interação (Tabela 1), sua presença foi confirmada nos caracteres NLP, NGP e EST, o que justifica a necessidade de analisar de forma isolada em cada época de semeadura os efeitos de parcela com e sem canola sobre estes caracteres. Por outro lado, REND e PMG a interação não foi observada, o que permite uma analise geral dos efeitos de tratamento. Tabela 1. Resumo da análise de variância dos efeitos simples e principais dos caracteres mensurados em soja. UNIJUI/DEAg, FONTE DE VARIAÇÃO GL REND NLP NGP PMG EST BLOCO ,15* ns 4510,89 ns ns ns ISS ,28* * * 130,42* * TP ,51* * * 5.46 ns ns ISS*TP ,96 ns * * ns 82.30* ERRO , TOTAL 79 Média Geral CV (%) Sem Canola 3032,8 a ,7 a - Com Canola 2671,5 b ,2 a - DMS 275, (REND)=Produtividade; (NLP)=Número de legumes por planta; (NGP)=Número de grãos por planta; (PMG)=Peso médio de mil grãos; (EST)=Estatura de planta(cm); (ISS)=Intervalo de semeadura da soja; (TP)=Tipo de parcela (com e sem a presença de canola como cultura antecessora; (ns)=não significativo; (*)= Significativo a 5% de probabilidade de erro. Considerando a ausência de interação, a análise prosseguiu de modo que foi possível detectar que existem fortes diferenças em parcelas com e sem a presença de canola como antecessora da soja, portanto, nas parcelas sem canola foi obtido um rendimento médio significativo na ordem de kg ha -1 e, com canola de kg ha -1, evidenciando uma diferença de 361 kg de rendimento médio, justificando desta forma, o efeito alelopático negativo sobre a cultura da soja (Tabela 1). No caráter PMG a diferença entre os tipos de parcela não foi observada, o que levanta a hipótese que caracteres como NLP, NGP e EST podem representar com maior efetividade as causas de efeito alelopático sobre a soja. Neste sentido, considerando os efeitos de interação, foi necessário analisar os efeitos simples para NLP, NGP e EST de modo a determinar com precisão o intervalo de semeadura que não interferem no desenvolvimento desta espécie (Tabela não apresentada). Para o NLP analisando as parcelas com e sem canola dentro de cada intervalo de semeadura, QM
5 foi observado que o período entre quinze e vinte dias representa o ponto de truncamento (PT), onde a partir do qual se evidencia o limite da possibilidade de ausência ou presença de possíveis efeitos alelopáticos sobre a cultura, sendo que intervalos maiores que vinte dias entre a colheita da canola e a semeadura de soja não evidenciaram diferenças. Por outro lado, analisando o NGP e EST, efeitos significativos foram também detectados num intervalo entre zero e cinco dias de semeadura da soja sobre a canola, indicando que estes caracteres são menos afetados pela cultura antecessora. Contudo, considerando o rendimento médio total já mencionado entre os dois tipos de parcela (Tabela 1), se observa uma forte redução de produtividade, indicando possivelmente um efeito negativo atuando de forma simultaneamente, ou seja, tanto na estatura, que pode influenciar o número de ramos laterais e comprimento de ramos, bem como, número de grãos e legumes por planta que são componentes diretos do rendimento. Muitas espécies Brassicas, como é o caso da canola são conhecidas por serem potencialmente alelopáticas. De acordo com alguns pesquisadores, espécies do gênero Brassica sintetizam grande quantidade de glucosinolatos, que são convertidos em uma variedade de potenciais aleloquímicos, incluindo tiocianatos e nitrilas CONCLUSÃO Existe efeito alelopático da cultura da Canola sobre a soja, trazendo reflexos negativos no rendimento de grãos. Além disto, um intervalo de no mínimo 15 a 20 dias deve ser considerado de modo a reduzir ou eliminar os efeitos decorrentes de alelopatia. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NEVES, R. Potencial alelopático da cultura da canola (Brassica napus L. Var. Oleifera) na supressão de picão-preto (bidens sp.) e soja. Passo Fundo: UPF, 2005.
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