CLIMATOLOGIA URBANA DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE (PB), NO PERÍODO DE 1961 a 1990.
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- Ian Santana Martinho
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1 CLIMATOLOGIA URBANA DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE (PB), NO PERÍODO DE 1961 a Raimundo Mainar de Medeiros 1, Anailton Sales de Melo 1 Maria da Conceição Marcelino Patricio 2, Janierk Pereira de Freitas 2, Alexandra Lima Tavares 3 1 Doutorandos em Meteorologia; 2 Mestrandas em Recursos Naturais; 3 Mestranda em Meteorologia mainarmedeiros@gmail.com RESUMO: A atual preocupação com as grandes cidades é sem dúvida o Clima Urbano, a cidade de Campina Grande (PB), sendo uma das metrópoles do Nordeste Brasileiro, não foge a esta regra. Tem-se como objetivo estudar a variabilidade e a tendência das temperaturas média, máxima e mínima do ar, a precipitação pluviométrica, a umidade relativa do ar, insolação total, velocidade do vento e evaporação no período de 1961 a 1990, o que certamente contribuirá para um melhor planejamento urbano, visando à melhoria da qualidade de vida do ser humano. PALAVRAS-CHAVE: Umidade relativa do ar, insolação, velocidade do vento e precipitação. SUMMARY: The current preoccupation with the big cities is undoubtedly the urban climate, the city of Campina Grande (PB), one of the cities of the Brazilian Northeast, is no exception to this rule. One has to study the variability and trend of average temperature, maximum and minimum air, rainfall, the relative humidity, total solar radiation, wind speed and evaporation during the period 1961 to 1990, which will certainly contribute to better urban planning aimed at improving the quality of life of the distribution of the humam being. KEY WORDS: Relative humidity, solar radiation, wind speed and precipitation INTRODUÇÃO A importância do clima para o planejamento urbano já pode ser considerado como um consenso na literatura especializada. O clima urbano é um sistema complexo, adaptativo e aberto que, ao receber energia do ambiente maior no qual se insere e transforma substancialmente a ponto de gerar uma produção exportadora ao ambiente (KATZSCHNER, 1997; MONTEIRO & MENDONÇA, 2003). Entretanto, a aplicação dos conhecimentos da climatologia urbana ainda é bastante rudimentar nos planos de desenvolvimento e ocupação das cidades brasileiras (ALMEIDA, 2006). Desta forma, torna-se um desafio à incorporação das recomendações fundamentadas nas análises climáticas do meio urbano e nas atividades relacionadas às ações de planejamento urbano. Diante do exposto, pretende-se neste trabalho investigar as variáveis meteorológicas que contribuem para possíveis alterações climáticas, visando dar subsídios a população e as tomadas de políticas públicas, com vista à melhoria nas condições ambientais, sociais e econômicas.
2 MATERIAL E MÉTODOS Os dados de temperatura do ar; máximas, mínimas, médias, precipitação, insolação total, umidade relativa do ar, velocidade do vento e evaporação foram obtidos das normais climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os dados de precipitação foram coletados do pluviômetro Ville de Paris. Foram calculados valores médios mensais e anuais, a tendência para todo o período, através de regressão linear simples, em que o elemento é a variável dependente (Y) e o ano dentro do período é a variável independente (X). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura (1) observam-se as oscilações das temperaturas do ar mínimas que fluem entre 17,8 C (agosto) a 20,4 C (março), a temperatura anual é de 19,2 C, esta temperatura ocorreu devido às mudanças de tempo bruscas no horário das 05h00 às 05h30 da manhã, as menores temperaturas registradas neste período ocorreram nos anos de 1963 e 1968 com 13,2 C. Destaca-se ainda que os valores da temperatura do ar mínima tendem a aumentar proporcionalmente provocadas pelas causas dos efeitos locais e suas condições ambientais (XAVIER, 2001). Durante os meses de setembro a abril são elevadas e sofrem reduções nos meses de maio a agosto, onde os meses de julho e agosto são os mais frios. As temperaturas máximas flutuam entre 24,8 C em julho e 29,9ºC em janeiro com uma média anual de 27,8 C, as máximas temperaturas absolutas foram registradas no ano de 1979 com 34,0 C. A temperatura média climatológica do ar varia entre 20,5ºC a 23,4ºC, o que nota-se uma aproximação crescente da temperatura do ar mínima aos valores climatológicos, com uma média anual de 22,4 C. O regime térmico intermunicipal apresenta média variação no decorrer dos meses, caracterizando a região com a presença de altas temperaturas, sendo este devido aos fatores locais como topografia, altitude, natureza do solo, nebulosidade e ventos calmos. A amplitude térmica não ultrapassa os 17,5ºC, inferior as registradas em outras regiões da Zona Equatorial. A variabilidade média anual das temperaturas do ar, máxima, mínima e média (Fig. 02), mostra certa variabilidade interanual e observase uma tendência a um aquecimento de 0,1 C a 1,5ºC, na temperatura mínima, ao passo que a temperatura do ar máxima apresentam oscilações de aumento por volta de 1,5ºC. A superfície exposta recebe aquecimento através da radiação solar direta e que estas tendências de elevação das temperaturas ocorrem, a partir do momento que se substitui uma paisagem natural por edificações, calçamentos e superfícies concretadas. Portanto, apresentam baixo calor específico e consequentemente, proporciona um maior aquecimento no ambiente adjacente, estas flutuações estão interligadas com as variações de mesoescalas decorrentes dos sistemas meteorológicos atuantes na região e seus efeitos locais. A umidade relativa do ar climatológica tem a sua variabilidade oscilando entre 72% no mês de novembro a 91% no mês de junho, sendo o período mais úmido centrado nos meses de maio, junho e julho com variações de 88% a 91%. A taxa anual de umidade relativa do ar é de 83,2% (Fig. 03).
3 Os meses com menores taxas de insolação total ocorrem entre abril e agosto. Nos meses de setembro a março acontecem as elevações da insolação total, sendo outubro o mês de maior incidência. A taxa anual da insolação total para Campina Grande (PB) é de 2.419,7 horas e décimos (Fig. 04). Observando-se na Figura (05), nos meses de outubro, novembro e dezembro ocorrem as mais altas velocidades do vento com variações de 3,6 a 3,9 m/s e nos meses de abril e maio e junho a velocidade do vento é constate com 2,8 m/s, a velocidade média anual é 3,3 m/s. Estes aumentos/reduções nas velocidades dos ventos são decorrentes do posicionamento dos centros de altas/baixas pressões e dos fatores provocadores e/ou inibidores de chuvas. A evaporação anual é de 1.388,0 mm, os meses com maiores variabilidade na evaporação são novembro e dezembro com 162,7 mm e 164,7 mm, respectivamente, estes valores estão correlacionados com os altos índices de insolação total e velocidade do vento que ocorrem na mesma época. Os baixos valores de evaporação ocorrem no quadrimestre (abril julho) com variações de 63,1 a 89,4 mm Observamos que o evento de menores valores de evaporação está interligado aos meses com maiores incidências de chuvas, ou seja, ocorrem durante o período chuvoso, como demonstrado na Figura 06. O regime pluviométrico durante o período de 1910 a 2006 (Fig. 07) apresenta um período chuvoso compreendido de fevereiro a agosto, com 63% do total anual de precipitação e um período menos chuvoso, abrangendo os meses de setembro a janeiro com menor concentração de precipitação no trimestre outubro, novembro e dezembro contribuindo somente com 8% do total anual. Observa-se nas Figuras (07, 08, 09) uma oscilação interanual da precipitação, caracterizado por um movimento cíclico ao longo do período, apresentando uma média climatológica anual de 742,2mm. Esta redução/elevação nos totais anuais de chuvas relaciona-se com as ocorrências de fortes eventos de El Niño/La Nina, pois quando o ramo descendente e ascendente é dominante ocorrem flutuações nos índices pluviométricos de até 60% das chuvas esperadas anuais. CONCLUSÕES Nota-se uma variabilidade interanual e observa-se uma tendência a um aquecimento de 0,1 C a 1,5ºC, na temperatura mínima, ao passo que a temperatura do ar máxima suas oscilações de aumento é por volta de 1,5ºC. Destacamos que em vários bairros ou áreas adjacentes ao município percebemos já as formações de ilhas de calor isoladas devido ao desmatamento das áreas e mudanças bruscas na paisagem urbanas, como derrubadas ou falta de arborização, crescimento vertical e asfalto desproporcional ao crescimento da cidade. As tendências de variações bruscas com decaimentos dos valores da umidade relativa do ar nos meses mais secos, podendo este valor chegar abaixo dos 25% em dias isolados. No parâmetro insolação total espera-se aumentos significativos principalmente nos meses de outubro, novembro e dezembro isto deverá ocorrer pelas altas transmissões dos raios solares diretamente a superfície da terra, o enfraquecimentos dos efeitos locais na geração da cobertura total de nuvens.
4 Foram observados, dois períodos distintos, um período menos quente e mais chuvoso de março a agosto e outro período mais quente e menos chuvoso de setembro a fevereiro. A precipitação pluviométrica, porém, com alternância entre períodos de aumento gradual, com seqüência de queda em ambos os elementos meteorológicos estudados, os quais são de grande interesse em estudos específicos como, conforto humano, doenças respiratórias, estudos do clima e as condições de habitações nos bairros das periferias do município. A criação e conservação de áreas arborizadas, a redução de asfalto na periferia, além da padronização das alturas dos edifícios em seis pisos que vierem a ser construídos futuramente, e um maior controle do dióxido de carbono expelido pelos escapes dos carros nas áreas urbanas tendem a melhorar a qualidade de vida do ser humano. Devido o aquecimento provocado pela desordem urbana da cidade, o desconforto térmico é muito grande da população local. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.A. Configuração urbana sua relação com os microclimas: estudo de frações urbanas na cidade de Maceió-AL. Dissertação (Mestrado em Dinâmicas do Espaço Habitado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, KATZSCHNER, L. Urban climate studies as tools for urban planning and architecture. In: Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído, Anais... Salvador, p.49-58, MONTEIRO, C.A de F.; MENDONÇA, F. (Org.) Clima Urbano. São Paulo: Contexto, XAVIER, T. de Ma. B. S., TEMPO DE CHUVA : Estudos Climáticos e de Previsão para o Ceará e Nordeste Setentrional, Figura 01: Variabilidade mensal mínima, média e máxima da temp. do ar para CG/PB, no período de 1910 a Figura 02: Variabilidade mensal mínima, média e máxima da temp. do ar para CG/PB, no período de 1961 a 1990, e temperatura para o futuro. FONTE: INMET. Figura 03: Variabilidade da umidade relativa do ar climatológica para CG/PB, no período de 1961 a Figura 04: Variabilidade da insolação total (hora e décimo) climatológica para CG/PB, no período de 1961 a FONTE: INMET
5 Figura 05: Velocidade do vento climatológica para CG/PB), no período de 1961 a Figura 06: Evaporação climatológica para CG/PB), no período de 1961 a FONTE: INMET Figura 07: Variabilidade da precipitação climatológica, máxima e mínima, para o município de CG/PB. Figura 08: Variação do total anual da precipitação e precipitação média no município de CG/PB. Figura 09:Variação do total anual da prec., prec. média e prec. linear no município de CG/PB, no período de 1910 a FONTE: AESA Tabela 01: Temperatura mínima e máxima absolutos; Temperatura do ar máxima, mínima e média, para o município de Campina Grande (PB), no período de 1961 a Temp. Mín Ab ( C) Temp. Máx. Ab ( C) Temp. Máx ( C). Tem. Mín ( C) Temp. Média ( C) , ,9 Jan 29,9 Jan 20,0 Jan 23, , ,9 Fev 29,8 Fev 20,0 Fev 23, , ,0 Mar 28,4 Mar 20,4 Mar 23, , ,2 Abr 28,2 Abr 20,2 Abr 23, , ,8 Mai 26,7 Mai 19,3 Mai 22, , ,2 Jun 25,5 Jun 18,1 Jun 21, , ,3 Jul 24,8 Jul 17,9 Jul 20, , ,2 Ago 25,5 Ago 17,8 Ago 20, , ,3 Set 27,1 Set 18,3 Set 21, , ,0 Out 28,8 Out 18,9 Out 22, , ,4 Nov 29,5 Nov 19,5 Nov 23, , ,5 Dez 29,6 Dez 22,0 Dez 23, , ,0 Ano 27,8 Ano 19,2 Ano 22,4
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