PONTO 1: Efeitos dos Recursos 1. EFEITOS DOS RECURSOS
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- Igor Batista Bernardes
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1 1 PROCESSO CIVIL PROCESSO CIVIL PONTO 1: Efeitos dos Recursos a) EFEITO DEVOLUTIVO: 1. EFEITOS DOS RECURSOS Ambos efeitos devolutivo e o translativo compõem a cognição no plano horizontal (aquilo que o juiz deve enfrentar no julgamento) do juízo recursal. Questão terminológica: existem autores que preferem fazer a seguinte distinção: o efeito devolutivo analisado no plano horizontal e no plano vertical. Para essa parcela da doutrina o plano horizontal seria o efeito devolutivo e o vertical o efeito translativo. O efeito devolutivo concerne ao que foi impugnado na decisão pelo recorrente. Em função do efeito translativo pode o órgão recursal reconhecer todos os pontos que a lei assim permitir, ou seja, a transladação decorre de força de lei. O efeito devolutivo, como é intuitivo, por estar ligado a uma manifestação de vontade da parte, tem sua inspiração naquilo que a doutrina conhece por princípio da demanda ou princípio dispositivo em sentido material. b) EFEITO SUSPENSIVO: art. 497, art. 520, 527, 558 do CPC. b.1) Efeito Suspensivo da Interposição dos Recursos: b.2) Tutela Antecipada Recursal: durante muito tempo a doutrina a tratou de efeito suspensivo ativo. Idéia clássica de que a interposição de um recurso, com efeito suspensivo, suspende a eficácia da decisão recorrida. Críticas: O efeito suspensivo do recurso não é propriamente do recurso, mas do fato da decisão recorrida estar submetida a um recurso com efeito suspensivo. A suspensão não é do recurso, mas da condição da decisão. Barbosa Moreira. Não há propriamente a suspensão de uma eficácia já produzida pela decisão, como regra, se tem um efeito obstativo de produção de efeitos da decisão, porque a suspensão dos efeitos pressupõe a existência dos mesmos. O efeito só seria propriamente suspensivo quando tenho decisões não estão sujeitas a recursos suspensivos e lhe é conferido esse efeito. Assim, efeito suspensivo seria uma denominação própria para RE e REsp. Contradição: efeito suspensivo (obstativo) de sentença Ex: recurso de Apelação:
2 PROCESSO CIVIL Regra: por força do art. 520 do CPC, as sentenças só produzem efeitos depois de confirmadas pelos tribunais originários (TJ e TRF), efeito obstativo da eficácia das decisões. Contradição: No plano vertical da cognição, o sistema jurídico brasileiro admite um corte horizontal no plano vertical, afim de que o juiz decida a cognição sumária, art. 273 e 461. Decisões interlocutórias podem ter eficácia imediata fundada em cognição sumária. Mas a regra é que aprofundada a cognição cognição exauriente não mais num juízo de probabilidade, mas de certeza, as sentenças não tem eficácia imediata. Legislador resolveu isso em parte no art. 520, VII a sentença que confirma a antecipatória tem efeitos imediatos. Mas na verdade, deveria ser reformado o caput do art. 520, para que a regra seja a eficácia imediata da sentença e a exceção o efeito obstativo. c) TRANSLATIVO: pressupõem que a lei tenha autorizado o órgão jurisdicional de segundo grau a conhecer do recurso, ou seja, é uma manifestação do princípio do inquisitório, o juiz conhece de ofício determinadas questões porque a lei assim o autoriza. Em função das questões conhecidas de ofício, pelo juiz no órgão recursal (questões transladadas), não há vedação a reformatio in pejus. Se a parte impugnou a questão que poderia ter sido reconhecida de ofício? Não há a vedação a reformatio in pejus, prevalece o interesse em ver a questão reconhecida. Obs.: DISITINÇÃO ENTRE O PRINCÍPIO DA DEMANDA E O PRINCÍPIO DISPOSITIVO: Bibliografia: Mauro Capelletti, O testemunho da parte no sistema da oralidade uma contribuição para o saber das partes em juízo, vol PRINCÍPIO DA DEMANDA Princípio dispositivo em sentido material. Dizem respeito ao início do processo e a formação de seu objeto litigioso, ou seja, a formação do mérito da causa. PRINCÍPIO DISPOSITIVO Princípio dispositivo em sentido formal. Visa responder a pergunta de quem deve conduzir o processo, ou como deve se dar a condução do processo. Coloca nas mãos das partes o encargo de conduzir o processo. Opõem-se ao princípio inquisitório que coloca a condução do caso ao juiz. Essas questões (distinções) referem-se ao Formalismo Processual (como deve ser organizado o processo. Bibliografia: Carlos Alberto Oliveira. Do formalismo no processo civil proposta do formalismo no código de processo civil. Exemplo do efeito devolutivo e translativo na Apelação, análise do art. 515 e 516 do CPC:
3 PROCESSO CIVIL Caput do 515 efeito devolutivo em sentido clássico, o que for impugnado será devolvido ao Tribunal, proibição da reformatio in pejus. 1º - Manifestação do efeito translativo. Art. 516 do CPC Trata do efeito translativo. Pressupõem as questões que não foram decididas pela sentença, mas que também não estão preclusas. Essas questões são aquelas incidentes, que não foram decididas ao longo do procedimento. Ex: deferimento e indeferimento de prova. 2º do Art. 515 Efeito translativo, concerne aos fundamentos do pedido, ou seja, às causas de pedir. Diferenciação entre fundamento e argumento: o fundamento é toda a proposição jurídica que, por si só, pode levar a procedência ou improcedência do pedido juiz tem o dever de analisar todos os fundamentos da causa; argumentos são reforços retóricos em torno dos fundamentos o juiz não está obrigado a responder a todos os argumentos levantados pelas partes. No caso do art. 515, 2º, está obviamente transladando também os argumentos. TEORIA DA CAUSA MADURA: Art. 515, 3º - esse artigo também é uma manifestação do efeito translativo, algo que será reconhecido pelo tribunal sem que haja pedido expresso. Esse artigo pode ser aplicado de ofício pelo Tribunal, precedente: REsp ES. Também nos casos em que houve a apreciação do mérito, mas ela foi incompleta, cabe a aplicação do art. 515, 3º. TRINÔMIO DE QUESTÕES: No primeiro momento há um trinômio e após um binômio de questões. Trinômio: 1) Pressupostos Processuais; 2) Condições da Ação; 3) Mérito da Causa. Entre essas categorias há uma relação de preliminariedade. Primeiro se analisa os pressupostos processuais, após as condições da ação e, por fim, o mérito da causa. Sempre se pode avançar na condição da causa, no mérito da questão, se a causa está madura, ou seja, se está devidamente instruída. MÉRITO: Preliminares de mérito: Prescrição e decadência Cumulação eventual de pedidos. 3
4 PROCESSO CIVIL Cumulação simples (vários pedidos autônomos cumulados): o juiz está obrigado a analisar todos os quesitos. Cumulação eventual: pode ser sucessiva (acolhe o primeiro e não analisa o segundo) ou alternativa (juiz não acolhe o primeiro e analisa o segundo). No caso de cumulação eventual alternativa, o juiz pode reconhecer do pedido cumulado alternativamente por força do art. 515, 3º, pois quem pode mais pode menos. Precedente: STJ, REsp Esse parágrafo permite não só a passagem do art. 267 ao 269, bem como a extensão deste último artigo. Norma de Sanabilidade de vícios processuais: Ar. 515, 4º - A nulidade não é sanável, o que é sanável ou não é o vício. Ao julgar a apelação tribunal pode sanar vícios processuais na decisão ou anteriores à decisão (no procedimento). É possível sanar esses vícios mediante a renovação ou realização do ato. Sanável: todos os vícios são sanáveis, devendo-se testar (doutrina dominante): a) o não prejuízo, art. 249, 1º e; b) a finalidade, art. 154 e 244 do CPC. Agravo de Instrumento: não tem efeito suspensivo, art. 527 e art. 558 do CPC. RE/REsp: art. 497, como regra não tem efeito suspensivo. Súmulas do STF nº 634 e 635, visam disciplinar a obtenção do efeito suspensivo ou de tutela antecipatória recursal em sede de RE e Resp. Súmulas 634 e 635: O juízo de admissibilidade dos recursos RE e REsp é compartido. Em primeiro momento é analisado pelas vice-presidências dos tribunais ordinários. e também é analisado pelo órgão ad quem. Efeito suspensivo ou tutela antecipatória recursal através do instrumento: medida cautelar. Se ainda não há juízo de admissibilidade tem que interpor a cautelar na origem, se já foi realizado o juízo de admissibilidade na origem, deve encaminhar ao STF ou STJ. Exceção: STJ tem precedentes de que é possível interpor uma cautelar, mesmo que ainda não tenha sido interposto o REsp ou se pendente de admissibilidade. Precedente: STJ, AR na MC RJ. Também se autoriza medida cautelar, diretamente no órgão ad quem, quando o recurso não foi admitido na origem. Precedente: Ap. Cível RO (2007). 4
5 5 d) EXPANSIVO PROCESSO CIVIL Ocorre quando em função da interposição e provimento do recurso outras pessoas que não o recorrente e outros que não a recorria são atingidas pela eficácia recursal. Compreende: a) Subjetivos concernentes a pessoas, art. 509 do CPC. Provimento do recurso alcançando pessoas diversas da pessoa do recorrente. Deve-se analisar o suporte fático do art. 509, primeiro problema é o regime do litisconsórcio. Litisconsórcio em Regime simples: ato ou omissão de um dos litisconsortes não prejudica nem aproveita aos demais. Doutrina (Barbosa Moreira) entende que só há efeito expansivo subjetivo se houver litisconsórcio unitário. Doutrina do STJ possui o mesmo entendimento, REsp , só aplica o art. 509 em litisconsórcio unitário. Além dos casos de litisconsórcio unitário, o STJ tem entendido que no caso de possuírem o mesmo advogado aplica-se também o efeito expansivo subjetivo. Precedente: Resp Se a situação jurídica é a mesma entre eles, ainda que seja litisconsórcio simples, deve ser aplicada a expansividade subjetiva para que haja igualdade entre eles, ou seja, para casos iguais, sanções iguais. Precedente: Resp b) Objetivo atinge atos ou fatos que não a decisão recorrida. Art. 574-O Execução da decisão Provisória. O provimento do REsp vai atacar não só a decisão recorrida como também a execução da decisão provisória. e) SUBSTITUTIVO art. 512 do CPC Alguns autores fazem distinção entre substituição e anulação. Há substituição quando há enfrentamento da decisão recorrida, ou seja, tribunal diz se está certa ou errada a decisão de primeiro grau. A anulação ocorre quando tenho um erro in procedendo. Hoje a doutrina afirma que pode ocorrer efeito substitutivo em ambos os casos, na anulação e na substituição, com base no art. 515, 3º e 4º. Importância do efeito substitutivo na competência para a Ação Rescisória: É importante analisar o efeito substitutivo, pois a partir dele pode se compreender a competência para a ação rescisória. O efeito devolutivo opera desde que tenha havido a admissão do recurso, havendo a admissão do recurso, a decisão do recurso substitui a decisão recorrida, então, a partir daí o que deve ser atacado é a decisão oriunda do recurso e não a decisão atacada pelo recurso, ainda que a decisão do recurso tenha sido no mesmo sentido que a decisão recorrida. É a decisão recorrida que decidirá a competência para a ação rescisória. O STJ, ao dizer que não conhece o recurso, está improvendo o recurso, então a doutrina sugere que a análise do grau de substitutividade dos recursos não deve se dar apenas na parte dispositiva do acórdão, mas sim nas razões recursais (pois há casos em que o STJ não conhece o recurso, mas improvendo o seu conteúdo).
6 6 f) ANTI-PRECLUSIVO PROCESSO CIVIL Como regra a admissibilidade ou, excepcionalmente, a simples interposição, adia o momento do trânsito em julgado. Regra é de que apenas a admissibilidade protrai o momento do trânsito em julgado. O efeito é ex tunc, apenas declaratório. Entendimento do STJ: salvo erro grosseiro ou má-fé, nos casos em que há uma distância muito grande entre a decisão e o trânsito em julgado, há efeitos ex nunc. Precedente: REsp Momento do trânsito em julgado: Há na doutrina quem sustente o trânsito em julgado parcelado ou fracionado. Mas, a fim de evitar problemas de ordem prática, o STJ tem jurisprudência quase pacífica no sentido de que o trânsito em julgado é uno e único. Precedente: STJ, Resp
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