Poder Judiciário. Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira MANDADO DE SEGURANÇA

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1 Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira MANDADO DE SEGURANÇA /001 RELATOR: Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira IMPETRANTE: ANTONIO TARGINO DA SILVA ADVOGADO: Rosângela Maria de Medeiros Brito, Defensora Pública AUTORIDADE COATORA: SECRETÁRIO DA SAÚDE DO ESTADO DA PARAIBA e SECRETÁRIO DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE ACÓRDÃO SÚMULA DO JULGAMENTO VISTO, examinado, relatado e discutido o presente procedimento de MANDADO DE SEGURANÇA, cm que figuram 'como partes, de um lado Antonio Targino da Silva, e do outro o Secretário de Saúde do Estado da Paraíba e o Secretário Municipal da Saúde do Município de Campina Grande, Autoridades Coatoras, Acordam os Membros do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, seguindo o voto do Relator. conforme a Súmula de julgamento constante dos autos, f. 149, por UNANIMIDADE DE VOTOS, REJEITAR A PRELIMINAR. E NO MÉRITO, CONCEDER A SEGURANÇA. EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO FUNDAMENTAL. PORTADOR DE LINFOMA NÃO- HODGKIN, CID C82.0. PROTEÇÃO À VIDA. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA URGÊNCIA CONSTATADA. CUSTEIO PELO ESTADO. TUTELA MANDAMENTAL. REQUISITOS AUTORIZADORES. CONCESSÃO DA ORDEM. Demonstrando o impetrante, por meio dos documentos colacionados à inicial do "wrir que é portador de Linfoma Não- HODGKIN, CID C82.0, com necessidade de controle ininterrupto, através do medicamento RITUXIMAI3E (MABTHERA) conforme laudo médico e exames constante dos autos, correndo risco de morte e não tendo condições de arcar, por conta própria com o a aquisição de tal medicamento, é imperiosa a concessão da segurança obrigando o Estado a fornecer-lhe o referido medicamento. É cediço que o direito à s4tdc possui natureza indisponível e traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, rk)r cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem non nhe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas que visem gar. ntir, aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência médico-bospit

2 VOTO. Vistos etc. ANTONIO TARGINO DA SILVA. por intermédio da Defensoria Pública. impetrou Mandado de Segurança contra ato omissix o do Exm." Sr. Secretário da Saúde do Estado da Paraíba e do Secretário Municipal da Saúde do Município de Campina Grande. pelo não fornecimento da medicação RITUXIMABE (MABTI 'ERA). para tratamento de Linfoma Não- 110DGKIN. CID C82.0, de que é portador, conforme laudo médico. Alega na inicial que não tem condições de arear com os custos da medicação que lhe foi prescrita pelo médico que o acompanha. na tentativa de reverter o avanço da doença. mediante acompanhamento médico constante, e tendo procurado os postos de saúde, inclusive se inscrevendo para recebimento da medicação. não obteve resposta. nem mesmo com a abertura de um procedimento pela Curadoria da Saúde do Município de Campina Grande. Requereu a concessão de liminar, c no mérito, a garantia do recebimento do remédio, em definitivo para eficácia do tratamento. Instruiu a inicial com os documentos de f. 16/27. A ação foi proposta inicialmente perante o Juízo da Comarca de Areia-PIR que declinou da competência em favor de uma das Varas da Fazenda Pública da Comarca da Capital. despacho de f. 29/30. O feito foi distribuído para a 6a Vara da Fazenda Pública de João Pessoa, tendo o Juízo concedido 3 liminar. Decisão de f. 34/36. determinando a notificação das Autoridades Coatoras. Notificado, por Carta Precatória. o Secretário de Saúde do Município de Campina Grande prestou as informações alegando que por força da Portaria n 3916/98. do Ministério da Saúde, que dispõe sobre a Política Nacional de Medicamentos a serem fornecidos pelo SUS. estes foram classificados em dois grupos. sendo o primeiro dos medicamentos essenciais e o segundo dos medicamentos excepcionais, estes a cargo do Estado e aqueles a cargo dos Municípios. e que a Portaria n.3237/gm do Ministério da Saúde. em vigor, não atribui ao Município de Campina Grande o fornecimento do produto médico-farmacêutico pleiteado pelo Impetrante. documento de f. 81/84. Foram os autos com vistas ao Ministério Público em primeiro grau. que opinou pela concessão da segurança, Parecer de f.90. Às f.91. o Juízo da 6' Vara declinou. de ofício. da competência em favor desta Corte. Remetidos os autos, coube-me a Relatoria. Em decisão de E95, considerando que o ato atacado partiu única e exclusivamente do Secretário Estadual de Saúde. exclui da relação jurídica o Secretário Municipal de Saúde de Campina Grande. ratifiquei a liminar anteriormente concedida, determinando o seu imediato cumprimento, requisitando da Autoridade Coatora. as informações. Intimado para defesa do ato, o Estado da Paraíba, f. 1011v. interpôs Agravo Interno contra a Decisão Liminar, f. 102/116. ao qual foi negado provimento, por unanimidade, certidão de f. 132, Acórdão de f. 133/135. O Secretário de Estado da Saúde apresentou as informaç es alegando. em preliminar, ilegitimidade passiva. indicando como parte. legítima ara causa o Município de Areia e no mérito, fazendo uma exposição sobre a descentraliza ão do Sistema l'jnico de Saúde. apontou o Município de Areia como respons p lo

3 tratamento ao qual deve ser submetido o Impetrante. documento de f. 120/130. Foram os autos com vistas ao Ministério Público tendo Sua Excelência o Senhor Subprocurador-Geral de Justiça ofertado parecer fundamentado na legitimidade passiva solidária entre Município. Estado e União para fornecimento de medicamentos e na consecução do direito fundamental à saúde pleiteado pelo Impetrante, pela concessão da segurança. É o relatório. O Impetrante. conforme relatórios médicos e exames /27. é portador de um Linfoma Não- HODGKIN. CID C82. neoplasia dos gânglios linfáticos. com expressão de uma proteína de membrana chamada CD 20. dependendo suas chances de cura da realização de uma imunoterapia associada ao tratamento quimioterápico comum, anticorpo rnonoclonal (anti-cd 20). fabricado pela ROCHE e intitulado RITUXIMABE, droga que já se somou ao arsenal terapêutico dos linfomas há cerca de cinco anos e ainda não prevista pelo Sistema Único de Saúde. sendo necessário ao Impetrante uma dosagem de 600 me a cada vinte e um dias, num total de seis aplicações. em caráter de urgência, conforme se infere da informação prestada pelo Doutor Roberto Moura Grisi, Hematologista do Hemocentro Regional de Campina Grande. à Procuradoria Geral do Estado, f. 20. Os. serviços de saúde são de relevância pública e de responsabilidade solidária dos Entes Federados, conforme estabelecido no artigo 196 da Constituição Federal. A Constituição Federal dispõe em seu art in verbis: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção. proteção e recuperação -. O Sistema Único de Saúde SUS, consiste no conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração Direta e Indireta c das fundações mantidas pelo Poder Público," podendo ainda haver a participação da iniciativa privada, em caráter complementar, regendo-se, entre outros. pelos princípios da uni\ ersalidade de acesso aos Serviços de saúde em todos os níveis de assistência, e da intceralidade de assistência. entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de Complexidade do sistema. O cumprimento do dever político-constitucional de proteção à saúde. consagrado no artigo 196 da Carta Constitucional obriga o estado (gênero) em regime de responsabilidade solidária entre os entes federativos que o compõem. nos exatos termos do artigo 23, 11, da Carta Magna. dada à unicidade do sistema (artigo 198, da Constituição Federal/88). A Lei 8.080/90, que regula em todo território nacional o Sistema Único de Saúde, repete o mandamento constitucional supracitado, tornando a responsabilidade linear da União. Estados, Distrito Federal e Municípios. na execução dos programas de saúde e de distribuição de medicamentos. Na distribuição das atribuições, fica a cargo dos Municípios a efetiva prestação dos serviços médicos. Dessa forma, qualquer cidadão que procure o Siste Único de Saúde deve ser atendido e devidamente encaminhado, considerando a cmplcidadc do atendimento necessário, às instâncias municipal, estadual ou federal cabín s. \.)

4 No caso dos autos, trata-se de medicação cuja eficiência no tratamento dos linfomas. conforme o Parecer do Hematologista que acompanha o Impetrante, estando suas chances de cura vinculadas a esse tratamento, que ainda não foi absorvido pelo SUS, tanto que o Estado questiona apenas sua ilegitimidade. argumentando que o Município de Areia é quem deve fornecer a medicação. entretanto. como consta das informações prestadas pela Secretaria de Saúde de Campina Grande. os medicamentos essenciais ficam a cargo do Município e os excepcionais a cargo do Estado. O fato é que são raros os Municípios que têm suporte para atender a casos como o do Impetrante. que corre o risco de morrer à míngua. sem receber o tratamento adequado. e mesmo assim possam as Edilidades acionar os demais entes estatais para dar cumprimento ao atendimento universaalizado preconizado pelo SUS. Nessa linha de argumentação. chega-se à conclusão cristalina que o Impetrante tem direito, de exigir do Estado Brasileiro, por intermédio de qualquer um de seus entes, priorizando-se o que mais próximo e com maiores condições se apresentar. de custear o procedimento necessário à preservação de sua saúde. Nesse sentido caminha a Jurisprudência Pátria, como se pode constatar dos precedentes deste Tribunal: Apelação Cível n ;001. Primeira Câmara Cível: Apelação Cível ny /001. Segunda Câmara Cível; Agravo de Instrumento n /001. Terceira Câmara Cível: Agravo n ;001, Quarta Câmara Ove], e do Superior Tribunal de Justiça, que adiante se seguem: AgRg no REsp SC, Segunda Turma. Relator Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado em 16/03/2010. DJe 24/03/2010: RIVIS 28338/ MG. Segunda Turma. Relatora Ministra Eliana Calmon. julgado em 02/06/2009. DJe 17/06/2009. Posto isso, CONFIRMO A LIMINAR E CONCEDO A SEGURANÇA. em harmonia com o parecer Ministerial. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Genésio Gomes Pereira Filho, decano presente. na eventual ausência do Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior(Presidente) e dele participaram. além deste Relator. os Excelentíssimos Senhores Desembargadores e Juízes de Direito Convocados. Frederico Maninho da Nobrega Coutinho. José Ricardo Porto, Carlos Martins Beltrão Juiz convocado, Márcio Murillo da Cunha Ramos, José Di 1,orenzo Serpa, Arnóbio Alves Teodósio, João Benedito da Silva, Nilo Luis Rarnalho Vieira, Leôncio Teixeira Câmara e Joás de Brito Pereira Filho. Ausentes, justificadamente. os Exmos. Srs. Des. João Alves da Silva, Abraham Lincoln da Cunha Ramos (Corregedor GeraYda Justiça). Maria de Fátima Morais Bezerra Cavalcanti, Miguel de Britto ra Filho Juiz convocado, Marcos Cavalcanti de Albuquerque e Maria das Neves do Egito Araújo Duda Ferreira. Presente à sessão o Excelentíssimo Senhor Procurador de Justiça José Raimundo de Lima. em substituição ao Excelentíssimo Senhor Doutor Oswaldo Trigueiro do Valle ilho, procuradoç-geral de Justiça. Salai de- SesPes do Egrégio Tribunal Pleno. Sessão Ordinária do Tribunal d 4 1 do Es ádo da P,..raíba, em 25 de j.neir. de -)0 l 1., Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator

5 \ÇA 11V-31041/ut àaolktrtfl cootiottuaortg, un utv,c,