USO DA HOMEOPATIA NO CONTROLE DO Haemonchus spp EM OVINOS

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1 USO DA HOMEOPATIA NO CONTROLE DO Haemonchus spp EM OVINOS Autores: Giovana MISFELD; Geovana VIZENTAINER; Karina DE JESUS; Marilac Priscila VIVAN; Rafael Pereira HECKLER; Identificação autores: Giovana MISFELD (estudante IFC Campus Rio do Sul); Geovana VIZENTAINER (estudante IFC Campus Rio do Sul); Karina DE JESUS(estudante IFC Campus Rio do Sul); Marilac Priscila VIVAN(Orientadora, IFC Campus Rio do Sul); Rafael Pereira HECKLER(Co-Orientador IFC Campus Rio do Sul); Introdução A homeopatia representa uma alternativa de tratamento para um grande número de problemas que atingem os animais. Seu tratamento baseia-se na utilização de medicamentos homeopáticos que são indicados com a finalidade de tratar o organismo como um todo, e não apenas sintomas isolados. O tratamento não é direcionado apenas a um órgão doente, mas essencialmente ao equilíbrio do organismo como um todo. Utilizamos neste projeto a denominada Homeopatia Populacional, na qual se trata o rebanho todo e não os animais individualmente. Possui como objetivo estimular o organismo animal, diminuindo assim o nível de estresse do rebanho, e aumentar a imunidade e a capacidade reacional dos animais às infecções bacterianas ou víricas e aos parasitas internos e externos. Na Homeopatia Populacional trabalha-se com o princípio da Isopatia, sendo o medicamento obtido a partir de material infectante do próprio animal ou rebanho, produto este denominado nosódio. A verminose é um dos principais problemas sanitários dos ovinos no Brasil e no mundo, provocando grandes perdas produtivas. O Haemonchus spp é um dos principais parasitos dos ovinos, encontrado predominantemente no abomaso e que provoca altos índices de mortalidade especialmente entre os animais mais jovens. Os sintomas são anemia profunda, inapetência, o animal caminha lentamente com a respiração acelerada, mucosas pálidas, diarreia, lã áspera, sem lanolina, e facilmente arrancável. Além da dificuldade de tratamento existe também a resistência aos vermífugos, já que os mesmos vêm sendo usados há muito tempo e com bastante frequência. Além disso, a utilização desses produtos químicos pode deixar resíduos na carne e no leite dos animais. A opção de tratamento com a matéria médica Cina (Artemísia marítima), derivou da análise de outros trabalhos já realizados com esta mesma matéria médica no controle da

2 verminose em ovinos e a tentativa de analisar sua eficiência nas condições específicas deste trabalho. Material e Métodos Este trabalho foi realizado no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul. Para realização do mesmo utilizamos 18 ovinos da raça Texel. Os animais foram divididos em três grupos que receberam todos os tratamentos, que receberam todos os tratamentos, uma vez que foram feitas três repetições. Um dos grupos era o controle (testemunha), um grupo recebeu o nosódio na potência CH30, e outro grupo recebeu a matéria médica Cina (Artemísia marítima) na CH30. Para a divisão dos grupos o critério seguido foi a similaridade entre as médias de ovos por grama (OPG) de fezes entre os grupos. Na elaboração do preparado homeopático, o nosódio foi utilizado o método de maceração, sendo este um dos métodos descritos pela Farmacopeia Homeopática Brasileira. A maceração foi realizada no Laboratório de Homeopatia do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul. Neste caso utilizamos larvas de Haemonchus spp. obtidas na necropsia de um ovino do setor de ovinocultura do IFC que veio a óbito. Esses vermes foram colocados em contato com o liquido extrator, o álcool 70, em uma proporção de 5% de vermes e 95% de líquido. Os vermes ficaram em contato com o veículo extrator durante 15 dias. Para obtenção da CH1 utilizou-se 0,2ml da tintura mãe e 19,8ml de álcool 70%, sendo após a diluição dinamizada com auxílio de um dinamizador. Para obtenção da CH2 utilizou-se 0,2ml da CH1 e 19,8ml de álcool 70% que após diluição foi dinamizada e assim sucessivamente até chegar à potência CH30. A matéria médica Cina foi adquirida em uma farmácia homeopática. Os preparados utilizados nos tratamentos foram acondicionados em borrifadores plásticos previamente higienizados, e armazenados em locais distantes de equipamentos elétricos e eletrônicos. Antes de iniciar o fornecimento dos tratamentos aos animais, realizamos uma coleta de fezes individualizada, para a realização do exame coproparasitológico para determinação da OPG (ovos por grama de fezes), seguindo o método de Gordon e Whitlock. Este método utiliza 0,2 gramas de fezes que são diluídas em 28 ml de sulfato de magnésio, que possui uma densidade elevada e resulta na elevação dos ovos

3 presentes na mistura, o que facilita a visualização através da placa de mcmaster. Nesta mesma data iniciou-se o tratamento com os grupos previamente definidos, sendo que todos os animais do experimento foram submetidos ao mesmo manejo alimentar. Os tratamentos foram administrados na quantidade de 5 ml por animal, uma vez ao dia. O grupo testemunha recebeu 5mls de água destilada. O tratamento foi realizado uma vez ao dia durante 15 dias consecutivos. Durante a realização do tratamento foram realizadas coletas de fezes individualizadas nos dias +1, +4, e +8 para obtenção de uma maior quantidade de dados referentes aos exames coproparasitológicos e coproculturas. Após o tratamento realizamos uma nova coleta de fezes individualizada, para obtermos a análise coproparasitológica, e com estes dados obtivemos os resultados. Realizamos então o sorteio de modo aleatório dos tratamentos para iniciarmos a segunda repetição, sendo que os grupos permaneceram os mesmos mudando apenas os tratamentos. A terceira repetição foi realizada de forma similar, possuindo também a duração de 15 dias. Desta forma todos os animais foram submetidos a todos os tratamentos. Os exames coproparasitológicos e as coproculturas foram realizados no Laboratório de Parasitologia do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul. Na análise estatística foi usado inicialmente o teste D Agostino para verificação da normalidade dos valores de OPG obtidos. Como não houve normalidade, os dados foram então normalizados e utilizou-se posteriormente a análise de variância two-way ANOVA. Resultados e discussão Embora tenha sido observado na maioria das repetições contagens mais altas de OPG nos grupos controle, não houve diferença significativa entre os grupos que receberam os tratamentos e o grupo controle.

4 Figura 1 Dados de OPG 1ª Repetição Figura 2 - Dados de OPG 2ª Repetição Figura 3 - Dados de OPG 3ª Repetição Repetições Figura 4 - Dados Gerais OPG Três Foi observado que, embora as contagens de OPG do grupo controle tenham sido mais elevadas, quando avaliadas em conjunto, nos dias +4, +8 e +15 (Figura 4), não houve diferença significativa (P>0,05) entre os grupos tratados e controle, assim como entre os grupos tratados. A ausência de diferença significativa se deve, provavelmente, ao elevado desvio padrão observado em todos os grupos (tratados e não tratado) e redução da quantidade de amostras avaliadas, visto que em diversas oportunidades as amostras não puderam ser coletadas. É importante salientar que alguns animais utilizados no início deste estudo tiveram que ser excluídos, o que pode ter influenciado bastante os resultados experimentais diante da drástica redução da quantidade de amostras fecais coletadas (n). Na coprocultura foi observada a presença dos gêneros Haemonchus spp. (62%), Cooperia spp. (20%), Oesophagostomum spp. (1%) e Trichostrongylus spp. (17%). Estes resultados, aliado ao cenário de resistência parasitária atualmente vivenciado no Brasil e no mundo, denota a importância de se controlar de maneira eficaz as verminoses gastrintestinais, visto que o principal gênero observado também é o mais patogênico, assim como observado neste estudo. Diante disso, nota-se que é de extrema

5 importância avaliar novas ferramentas não químicas de controle da verminose gastrintestinal, sejam elas a fitoterapia, seleção de animais geneticamente resistentes e/ou homeopatia, especialmente em pequenos ruminantes, uma vez que a utilização de compostos não químicos com ação nematodicida poderá reduzir a pressão de seleção para a resistência parasitária, eliminar a presença de resíduos na carne e leite e, principalmente, estimular a produção de produtos e subprodutos de origem animal livres de resíduos químicos. Conclusão A utilização da Cina e do nosódio, administradas diariamente pela mucosa oral, não interferiram significativamente na contagem de ovos nas fezes de ovinos naturalmente infectados por nematódeos gastrintestinais. Novas pesquisas devem ser desenvolvidas, com grupos maiores e mais homogêneos de animais, uma vez que a contagem de OPG é uma análise pouco sensível e, muitas vezes, pode não representar de maneira fidedigna a carga parasitária animal. Em experimentos mais longos e com um reduzido número de animais (n), como foi o caso deste estudo, existe uma dificuldade maior na manutenção dos grupos formados inicialmente, o que pode comprometer o resultado final, uma vez que muitas variáveis biológicas podem interferir direta ou indiretamente na manutenção tanto da carga parasitária animal e do status fisiológico normal quanto relacionado com a biologia dos nematódeos gastrintestinais fora do hospedeiro. Em futuros experimentos também é importante testar outras formas de obtenção dos nosódios, outras potências e ainda outras matérias médicas. Referências BOFF, P. et. all. IV Seminário sobre Ciências Básicas em Homeopatia, UDESC, Lages- SC Pag. 11 a 24. GIESEL, A. et.all. Agropecuária Saudável: Da prevenção de Doenças, Pragas e Parasitas à Terapêutica Não Residual, 1ª edição Rede Guarani Serra Geral, Lages- SC Pag. 38 a 41. VIERA, G. V. N.; SANTOS, V. T. Criação de Ovinos e Suas Enfermidades, 3º Edição- Editora Melhoramentos.