EFEITOS DO EXTRATO DE ALHO AQUOSO NO CONTROLE DA VERMINOSE EM BOVINOS DE LEITE DA RACA HOLANDESA

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1 EFEITOS DO EXTRATO DE ALHO AQUOSO NO CONTROLE DA VERMINOSE EM BOVINOS DE LEITE DA RACA HOLANDESA Karina Kirschner GOEDE, Alana Maria BECKER, Rita de Albernaz Gonçalves da SILVA, Éverton Eduardo Dias JUFFO. (Alunas do Curso Técnico em Agropecuária IFC Campus Rio do Sul, Orientador IFC-Campus Rio do Sul, Co-orientador IFC-Campus Rio do Sul). Introdução A bovinocultura brasileira ocupa papel de destaque mundial em relação à produção de carne e leite. Dados da USDA (2014), publicados por Netto (2014) apontam o Brasil como maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 208 milhões de cabeças. O país detém a sexta maior produção leiteira do mundo, é o segundo em termos de produção e consumo de carne bovina e, a partir de 2003, lidera as exportações do produto (BASTITELLA, et al. 2011). O Estado de Santa Catarina na região Oeste se destaca na bovinocultura com a produção de 1,54 bilhões de litros de leite em 2008, registrando o maior crescimento entre as bacias leiteiras, com 2,55% no período. As doenças parasitárias contribuem significativamente para a redução da eficiência produtiva dos animais, implicando em grandes perdas econômicas aos produtores, com destaque para as helmintoses. As infecções por nematódeos gastrintestinais ocasionam prejuízos extremamente significativos à criação de ruminantes, sendo que o déficit produtivo causado por infecções subclínicas acarreta grande impacto econômico, limitando a produção de leite, reduzindo o ganho de peso e a conversão alimentar; além de comprometer o desempenho reprodutivo e o sistema imunológico (PARRA et al. 2014). Para o controle convencional dessas parasitoses, geralmente são usados produtos químicos. No entanto, também são observados efeitos adversos do uso desses medicamentos, podendo acarretar malefícios ao hospedeiro, ao homem, que consome os produtos de origem animal, e ao ambiente (CHAGAS et al, 2003). Acrescenta-se, ainda, problemas com o desenvolvimento da resistência dos parasitas aos quimioterápicos, sendo notados quando estes são utilizados de forma inadequada, pois, pequenas diferenças nas formulações podem eventualmente causar importantes e significativas alterações na atuação e consequente eficácia dos helminticidas (BORGES et al., 2003). Os tratamentos fitoterápicos vêm ascendendo em Medicina Veterinária e já demonstram resultados satisfatórios no controle de endoparasitas. (FURTADO, 2006). Um exemplo de fitoterápico utilizado com a finalidade

2 anti-helmíntica é o alho. Dentre as suas ações terapêuticas, o alho possui propriedades como imunoestimulantes, anticancerígena, hepatoprotetora, antioxidante, antiviral, antifúngica e antiparasitária (KEMPER, 2000). A principal propriedade farmacológica do alho é a alicina, é um líquido de coloração amarelada, e só aparece apenas quando o alho é mastigado ou cortado, rompendo as células do bulbo (PARRA 2011). A ação da alicina tem sido comprovada in vitro em parasitas comuns do intestino dos seres humanos como Entomoeba histolytica e Giardia lambilia (ANKRI & MIRELMAN. 1999). O objetivo deste trabalho foi observar a eficácia do extrato de alho no controle de verminoses de bovinos, em comparação a medicamento convencional a base de albendazole, a partir da contagem de ovos por grama (OPG) nas fezes dos animais. Material e Métodos O experimento foi realizado no IFC- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense- Campus Rio do Sul no setor de Zootecnia III e no Laboratório de Parasitologia, para se fazer as observações das análises. Foram utilizados oito bovinos fêmeas da raça Holandesa, sendo cada animal identificado com o número do brinco. Foram utilizados três tratamentos, que consistiram em: extrato de alho em água (120g/100 kg pv) (T1), extrato de alho alcoólico (120g/100kg pv) (T2) e medicamento convencional a base de albendazole (T3), sendo a dose calculada conforme recomendação do fabricante. Todos os tratamentos foram administrados por via oral, sendo os tratamentos com alho aplicados durante três dias consecutivos, numa dose diária de 20 ml. Para coleta de fezes foram utilizados sacos plásticos, sendo registrados o número do brinco dos animais coletados na amostra. As amostras foram separadas para realização do teste de OPG e o restante colocado em estufa a temperatura de 25º C para coprocultura para identificação dos helmintos. O teste de OPG foi realizado a partir da técnica desenvolvida por Gordon e Whitlock (1939). Nessa técnica para o número de amostras foram utilizados oito copos plásticos de peso uniforme e dentro destes foram postos 4g das fezes, adicionando-se 60 ml de solução saturada de NaCl, fazendo-se a homogeneização e filtração do conteúdo. Parte do conteúdo foi pipetado e colocado em câmara de Macmaster para contagem dos ovos em microscópio.

3 Após a contagem de OPG foi observado que alguns animais não apresentaram nenhuma infestação parasitária (14227, , ), sendo estes descartados dos tratamentos. O bovino (243715) que apresentou alta infestação foi medicado com albendazole para controle positivo. O restante foi separado em dois grupos e distribuídos de forma que a contagem de OPG fosse semelhante em ambos os grupos. Os resultados foram comparados comparando-se a contagem de OPG inicial e final (quatro dias após a aplicação dos tratamentos). Resultados e discussão As observações realizadas durante o período experimental estão descritas na Tabela 1. Mediante os resultados apresentados, pode-se observar que houve uma redução de infestação parasitária nos bovinos do grupo T1, os que receberam T2 tiveram um aumento na contagem de ovos, no entanto não se pode ter uma resposta significativa se o extrato de alho aquoso tem mais eficiência sobre o extrato de alho alcóolico, pois como o número de repetições era restrito, e outros fatores podem ter influenciado na contagem de OPG. Tabela 1. Resultados de OPG obtidos durante o período experimental. ANIMAL Nº DO BRINCO TRATAMENTO OPG INICIAL OPG FINAL Descartado Extrato de alho em água (T1) Descartado Albendazole (T3) Extrato de alho em água (T1) Extrato de alho alcóolico (T2) Extrato de alho alcóolico (T2) Descartado 0 - Os resultados apresentados concordam com Parra (2011) que relata que o extrato aquoso ou alcoólico de alho administrado a bovinos jovens com um intervalo de 14 dias

4 resulta em controle parcial de nematóides gastrintestinais, atingindo percentagem de redução de OPG próxima a 50% Batatinha et al. (2004) discordam desses resultados. Em experimento com caprinos utilizando o suco de alho em comparação à medicamento convencional à base de ivermectina, apresentou resultados negativos no controle de nematódeos. As divergências de resultados nos diferentes experimentos podem ser atribuídas a diversas variáveis, tais como: composição do alho, época e local de colheita, tempo decorrido da colheita, espécie animal testada, método de extração empregado, entre outros. (SANTOS et al. 2012). Conclusão De acordo com os resultados apresentados e nas condições em que foi realizado este experimento, observou-se uma resposta positiva ao extrato de alho aquoso no controle de verminoses de bovinos, no entanto, é importante ressaltar que há necessidade de mais estudos devido ao número de repetições utilizados nesse trabalho. Referências ANRKI, S; MIRELMAN, D. Antimicrobial properties of aliccin from garlic: Microbes and Infection, v.1, n.2, p , BATATINHA, M.J.M. et al. Efeitos do suco de alho (Allium sativum Linn) sobre nematódeos gastrintestinais de caprinos. Ciência Rural, v.34, n.4, p BATISTELLA, M, ANDRADE, R. G.; BOLFE, E.L.; VICTÓRIA, D. C.; SILVA, G.B.S.; Geotecnologias e gestão territorial da bovinocultura no Brasil Revista Brasileira de Zootecnia. v.40, p , BORGES, F.A. et al. Ação anti-ixodídica de uma formulação de ação prolongada (ivermectina+abamectina) contra Boophilus microplus parasitando bovinos naturalmente infestados. Revista A Hora Veterinária. Ed. Extra, n.5, p.12-5, CHAGAS, A.C.S. et al. Sensibilidade do carrapato Boophilus microplus a solventes. Ciência Rural, v.33, n.1, p , FURTADO, S. K. Alternativas Fitoterápicas para o controle da verminose ovina no estado do Paraná: Testes in vitro e in vivo f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal).

5 Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PARRA, C. L.C. Soluções de alho no controle de nematódeos gastrintestinais em bovinos jovens. 2011, 52 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Centro de Ciências Rurais. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, PARRA, C.L.C.; OLIVIO, C.J.; AGNOLIN, C.A.; SANGIONI, L.A.; BUZATTI, A.; PIVOTO, F.L. Soluções de alho no controle de nematódeos gastrintestinais em bovinos jovens de raça holandesa. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.16, n.3, p , SANTOS, F..C C.; VOGEL, F. S. F.; MONTEIRO, S. G. Extrato aquoso de alho (Allium sativum) sobre nematóides gastrintestinais de ovinos. Revista Brasileira de Agroecologia, n.7, v.1. p , TATTELMAN, E. Health effects of garlic. American family Physician, v.72, n.1, p