Influência de Preparados Homeopáticos na Taxa de Imigração e Crescimento da Colônia de Pulgões (Brevicoryne brassicae ( L.)) em Plantas de Couve.

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1 Influência de Preparados Homeopáticos na Taxa de Imigração e Crescimento da Colônia de Pulgões (Brevicoryne brassicae ( L.)) em Plantas de Couve. Nilbe Carla Mapeli 1 ; Rosileyde Gonçalves Siqueira 2 ; Cassiano Cremon 3 ; Ana Maria Mapeli 4 ; Ricardo Henrique Silva Santos UFV - Departamento de Fitotecnia, Viçosa - MG; ncmapeli@bol.com.br; 2 -Engenheira agrônoma. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a taxa de imigração e crescimento da colônia de pulgões, Brevicoryne brassicae, em plantas de couve tratadas ou não com preparados homeopáticos. Os tratamentos foram couve resistente CH5, couve susceptível com ataque de pulgão CH5, couve susceptível sem ataque de pulgão CH5, pulgão CH5 e CH30 (este último utilizado somente no ensaio de crescimento da colônia), e as testemunhas água sem dinamização e etanol 70%+ água CH5. A diluição usada foi de 30 gotas do preparado por 1,5L de água. Os tratamentos foram aplicados via solo (70mL) e via pulverização (30mL), diariamente no ensaio da taxa de imigração e quatro vezes por semana no ensaio de crescimento da colônia. Avaliouse o número de pulgões alados e o número de adultos (alados+ápteros) e ninfas. O preparado homeopático com resultado satisfatório foi o de couve resistente CH5. PALAVRAS-CHAVES: Brassica oleracea L., homeopatia, densidade populacional. ABSTRACT Influence of homeopathic mixtures in the immigration rate and growth colony of louse (Brevicoryne brassicae ( L.)) in cabbage plants. This work was conducted to evaluate the immigration rate and growth of colony louse, Brevicoryne brassicae L., in plants of treated cabbage or not with homeopathic mixtures. The treatments were resistant cabbage CH5, cabbage susceptible with louse attack CH5, cabbage susceptible without louse attack CH5, louse CH5 and CH30 (this last only used in the growth rehearsal of the colony), and the witnesses water without dynamization and etanol 70% + water CH5. The used dilution belonged to 30 drops of the mixture for 1,5L of water. The treatments were applied via soil (70mL) and via pulverization (30mL), daily in the rehearsal of the immigration rate and four times a week in the rehearsal of the colony. It evaluated the number

2 of louse winged and the number of adults (apterous+winged) and nymphs. The homeopathic mixture with satisfactory result was the one of resistant cabbage CH5. KEYWORDS: Brassica oleracea L., homeopathy, density population. A homeopatia é uma ciência cujos princípios são aplicáveis ao reino animal e vegetal (Barollo, 1996), atuando na informação construtiva e defensiva dos sistemas de vitalidade destes reinos. Atua na imunogênese (via princípio vital) atingindo a atividade de invasores como vírus, bactéria, fungos, ácaros e insetos-praga (Casali et. al., 2002). A bibliografia referente à utilização de homeopatia em hortaliças é bem restrita, devendo-se ao fato do estudo de preparados homeopáticos em vegetais ser recente. As pesquisas sobre a aplicabilidade dos preparados homeopáticos em vegetais tiveram início com hortaliças em cultivo orgânico e depois com plantas medicinais, pois ambas têm grande potencial no mercado de produtos orgânicos. Brunini e Arenales (1993) relataram experiências satisfatórias quando usaram Staphysagria em determinadas hortaliças, dentre elas a couve, e plantas ornamentais, observando um aumento da resistência destas plantas ao pulgão e uma melhora das condições gerais destas plantas. Diante da demanda crescente de produtos oriundos de uma agricultura saudável e da possibilidade de produzir couve no sistema de cultivo orgânico, deparou-se com um sério problema: a alta incidência de pulgões (Brevicoryne brassicae L.) nas regiões produtoras de couve do Brasil. Este inseto é considerado no Brasil como praga-chave da cultura da couve. Seu controle é feito com o uso de inseticidas, sendo este terminantemente proibido no sistema de cultivo orgânico. Na busca por novos caminhos para solução deste problema, o objetivo deste trabalho foi desenvolveu e testar produtos homeopáticos verificando seu potencial terapêutico (patogenesia) de maneira que possam ser efetivos no controle do pulgão-da-couve, podendo ser esta uma alternativa aliada ao controle biológico para manter o equilíbrio da produção orgânica da couve e também a densidade populacional deste inseto. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na horta da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa MG, durante o período de 15 de agosto de 2003 a 19 de dezembro de Utilizou-se vasos de

3 plástico com capacidade de 10L, contendo terra de barranco peneirada misturada com composto orgânico, na proporção de 1:1. As mudas de couve foram provenientes de Brassica oleracea L. var. acephala DC., cultivar Manteiga, sendo esta susceptível ao pulgão (Brevicoryne brassicae L.). Para o preparo das homeopatias usou-se a cultivar citada e a cultivar Roxa, esta última é considerada resistente ao ataque dos pulgões. O trabalho foi dividido em dois ensaios, onde se estudou a taxa de imigração dos pulgões nos vasos com couve homeopatizadas e o crescimento da colônia dos pulgões em folhas de couve que receberam homeopatia. Para o ensaio da taxa de imigração dos pulgões os tratamentos foram: 1-cultivar de couve resistente ao ataque dos pulgões; 2-cultivar de couve susceptível com ataque de pulgões; 3- cultivar de couve susceptível sem ataque de pulgões; 4-pulgão (nosódio); 5-água destilada (testemunha) e 6-etanol 70%+água (testemunha). Os tratamentos constituíram-se das homeopatias na dinamização CH5, com exceção da testemunha água destilada que estava sem dinamização. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições e seis tratamentos, totalizando 24 parcelas experimentais, sendo que cada parcela era constituída por três vasos, contendo uma planta cada vaso. O preparo das homeopatias foi realizado no Laboratório de Homeopatia do Departamento de Fitotecnia-UFV, de acordo com as regras e técnicas oficiais previstas na FARMACOPÉIA (1977). No momento da aplicação, foram preparadas soluções com 30 gotas da respectiva homeopatia para 1,5L de água destilada, aplicadas diariamente via pulverização (30mL) e via solo (70mL), nas primeiras horas do dia (7 horas e 30 minutos). Em cada tratamento foi utilizado um pulverizador de 600mL e um jarro de 2000mL individualizado, sendo as aplicações realizadas bloco a bloco no campo, totalizando sete aplicações no final do período experimental. Os vasos foram dispostos ao redor de um campo experimental contendo diferentes cultivares de couve, de forma que favorecesse a imigração dos pulgões. Foi adotado o Duplo-Cego na implementação dos tratamentos, ou seja, durante a experimentação, o experimentador e o aplicador desconheciam o medicamento em teste. Foram feitas contagens diárias de pulgões alados contidos nas folhas da planta de cada vaso, seguida da eliminação dos mesmos e limpeza total das folhas. As aplicações das homeopatias eram feitas após a contagem dos pulgões.

4 Para o ensaio do crescimento da colônia dos pulgões os tratamentos foram: 1-cultivar de couve resistente ao ataque dos pulgões CH5; 2-cultivar de couve susceptível com ataque de pulgões CH5; 3- cultivar de couve susceptível sem ataque de pulgões CH5; 4-pulgão (nosódio) CH5; 5-água destilada (testemunha) e 6-etanol 70%+água (testemunha) CH5; 7- pulgão CH30. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições e sete tratamentos, totalizando 28 parcelas experimentais, sendo que cada parcela era constituída por três vasos, contendo uma planta cada vaso. O preparo das homeopatias e as formas de aplicação seguiram o mesmo processo de ensaio anterior. Os vasos foram colocados no telado com abertura nas laterais, da horta, dispostos na mesma posição em que se encontravam ao redor do campo experimental de couve. No dia anterior ao início de experimento, todas as plantas foram limpas de qualquer tipo de inseto e uma folha de cada planta foi ensacada com voil, em seguida foi feita à aplicação das homeopatias. O experimento iniciou-se com a introdução de um pulgão alado por folha ensacada. As aplicações passaram a serem feitas quatro vezes por semana. Ao término de 15 dias de experimentação os sacos foram retirados e contou-se o número de ninfas e adultos por folha. Os dados foram interpretados por meio da análise de variância, seguida pelo teste de média (Tukey à 5% de probabilidade). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 contém as médias do número de pulgões alados por vaso com couve, em função das aplicações das homeopatias, referente à taxa de imigração dos pulgões. Pela Tabela 1, constata-se que não houve diferença significativa pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade entre as homeopatias 2, 3 e 4, assim como entre as testemunhas 5 e 6. No entanto, as homeopatias 3 e 4 foram estatisticamente superiores a 1, 2, 5 e 6. Destacando-se numericamente dentre às demais a homeopatia 1.

5 Tabela 1. Número médio de pulgões alados (Brevicoryne brassicae L.) imigrados por vaso com couve em função das aplicações das homeopatias. Viçosa, MG, UFV, Codificação Homeopatias Médias Couve susceptível nãoatacada CH5 Pulgões CH5 Etanol 70% + Água CH5 Água destilada 10,2493 A 8,7493 AB 8,5404 AB 8,2479 AB 2 Couve susceptível atacada 7,8932 AB 1 Couve resistente 7,0411 B C.V.% Parcela 37,39 C.V.% Subparcela 48,74 Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Na Homeopatia existem duas teorias a da ação primária, na qual estes experimentos foram baseados, caracterizados pela presença ou invasão da substância no ser vivo e este responde através de estímulos, sem envolver nenhuma reação, tal ação permite conhecer o potencial terapêutico da substância aplicada (dependendo da substância e da dinamização), porque o indivíduo expressa sintomas, ou seja, patogenesia atuando na fase experimental; e a ação secundária, que é a reação do ser à presença da substância, na forma de combate, atuando na fase terapêutica (cura). Se os estímulos forem mais fortes do que a resistência natural do

6 organismo, ocorrerá um estado de desequilíbrio com sinais e sintomas erroneamente rotulados de doença (Vithoulkas, 1980). Pôde-se verificar que a homeopatia feita das folhas de couve que sofreram ataques de pulgões (2) e da couve resistente (1) passaram de certa forma, uma informação a planta homeopatizada, considerada inicialmente como saudável, demonstrando a mesma como deveria ser estimulada a reagir contra o ataque de pulgões, desenvolvendo desta forma os sintomas de planta atacada por pulgão e planta resistente, respectivamente. O nosódio comportou-se de igual maneira às testemunhas, porque tal dinamização tende a estimular o sintoma de ataque de pulgão, favorecendo a chegada e ação dos mesmos, pois a planta apresenta-se debilitada. A diferença no número de pulgões alados da homeopatia 3 e a homeopatia 1 foi de 3,21% o que representa 45% mais pulgão. A análise de variância para crescimento de colônia não deu significância entre as homeopatias estudadas. Numericamente constatou-se que a homeopatia de couve resistente (1) teve em média 28,5 pulgões adultos (alados+ápteros) contra 46,5 e 80,5 das respectivas testemunhas 6 e 5. O número de ninfas também foi menor na homeopatia 1 (média de 127,75 ninfas), seguida das homeopatias 3 (138,5 ninfas), 4 (197,5 ninfas), 7-pulgões CH30 (267 ninfas), 2 (322,75 ninfas), testemunha 6 (287,5 ninfas) e testemunha 5 (382 ninfas). Sendo assim é possível concluir que o preparado homeopático à base de folhas da cultivar resistente (Roxa) resultou na menor taxa de imigração de pulgões alados e interferiu diminuindo a reprodução dos pulgões. A patogenesia de cada uma das homeopatias estudadas foi alcançada, podendo desta forma estabelecer o potencial terapêutico das mesmas, apesar de estatisticamente não ter ocorrido diferença. LITERATURA CITADA BAROLLO,C.R. Homeopatia:ciência médica e arte de curar. 1.ed. São Paulo, SP: Robe, p. BRUNINI,C.; ARENALES,M.C. Staphysagria. In: BRUNINI,C., SAMPAIO,C. (Eds.). Matéria médica homeopática, v.3. Mythus: São Paulo, p , CASALI,V.W.D.; CASTRO,D.M.; ANDRADE,M.F.C. Pesquisa sobre homeopatia nas plantas. In:SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE HOMEOPATIA NA AGROPECUÁRIA ORGÂNICA, 3, 2002,Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG:UFV, p , FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 1.ed. São Paulo, SP: Andrei Ed., p. VITHOULKAS,G. Homeopatia: ciência e cura. São Paulo, SP: Cultryx, p.