SOCIOLOGIA PARTE III

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1 SOCIOLOGIA PARTE III RELAÇÕES DE PODER, DIVERSIDADE E A LUTA PELOS DIREITOS 1- PODER, POLÍTICA E ESTADO Na vida social, poder significa a capacidade de agir ou de determinar o comportamento de outras(s) pessoas(s). As relações de poder perpassam todas as relações sociais. Já a política é entendida, de forma geral, como um meio para resolver conflitos na esfera pública, ou seja, no âmbito do Estado. A sociedade se organiza e promove mudanças valendo-se da política. Em nossa sociedade, os direitos os direitos ao estudo, ao trabalho, à habitação e à saúde, por exemplo, são regulados pelo Estado por meio de políticas públicas. Esses três termos, do ponto de vista sociológico, ainda que exista profunda ligação entre eles, são analisados como elementos distintos. Podemos entender o poder como a possibilidade de exercer influência sobre a conduta de outrem em uma relação social. A política pode ser vista como os meios pelos quais um sujeito ou grupo se organiza, exerce ou conquista o poder. Já o Estado é um modo específico de exercício do poder sobe uma sociedade. PODER De acordo com Max Weber, o poder refere-se à probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra a resistência alheia. Nesse sentido, todas as relações sociais que estabelecemos com indivíduos, instituições e coletividades são também relações de poder, que podem se apresentar de maneira explícita ou não. Por exemplo, as relações familiares são relações carregadas de poder. Os membros de um núcleo familiar exercem poder uns sobre os outros em diferentes níveis, de forma explicita ou não. As relações de poder da família são reconhecidas legalmente. Há casos em que esse reconhecimento é somente social, mas isso não diminui sua eficácia. Não há norma legal que indique a necessidade de agir conforme a vontade de um amigo ou amiga. No entanto, muitas vezes a conduta de um indivíduo é pautada pelo atendimento à vontade, explícita ou não, de alguém por quem ele tem apreço. O poder apresenta contornos ainda mais claros na esfera pública. As relações de classe, o controle social o exercício da autoridade, o poder dos governantes sobre os governados, as leis e normas sociais e a indústria cultural são exemplos do exercício do poder na sociedade. Essas formas de exercício de poder se caracterizam pela capacidade de influenciar simultaneamente a conduta coletiva de uma grande quantidade de pessoas. Formas de exercício do poder São numerosas as formas de exercício de poder. Podemos destacar três formas predominantes: o poder econômico, o ideológico e o político. O poder econômico consiste na utilização de bens materiais como forma de exercer influência sobre a conduta de indivíduos, coletividades, instituições e sociedades. Nas últimas décadas a primazia do poder econômico coube ao capital financeiro. Desse modo, os banqueiros exercem grande influência nas decisões econômicas de sociedades em todo o mundo, direcionando as ações de indivíduos, grupos e governantes nos mais diferentes níveis. O poder ideológico consiste na capacidade de influenciar a formação das ideias e práticas sociais para construir padrões de comportamento que produzam determinada maneira de perceber o mundo. Nas sociedades contemporâneas esse poder é exercido principalmente pelos meios de comunicação de massa e pela educação. Como elementos centrais no processo de construção das identidades sociais, eles influenciam no modo como os indivíduos e grupos interpretam os fatos e agem em seu cotidiano. O poder político se refere à possibilidade de uso da força como último recurso para a imposição da vontade sobre determinada coletividade. Não se baseia somente na coação física, mas na produção de consenso acerca dos instrumentos que devem ser utilizados para impor essa vontade. De acordo com o filósofo italiano Norberto Bobbio, é o monopólio legítimo desses instrumentos que constitui o poder político, ou seja o consenso social de que aquele que detém o poder político pode fazer valer a sua vontade sobre a coletividade sob o seu controle em determinadas condições históricas preestabelecidas. O poder legítimo e as formas de dominação As formas de exercício do poder podem ser legítimas ou não. Segundo Max Weber, o poder é legítimo quando a influência exercida é consentida por parte daqueles que se submetem à vontade do outro. E não são legítimas quando pressupõem apenas o uso da força para imposição da vontade, como no caso de ditaduras. O exercício do poder é denominado por Weber de dominação. Quando o poder é exercido exclusivamente com o uso da força, a dominação não é legítima. Para a Sociologia, o que importa é a 1

2 análise da dominação legítima, aquela em que o dominado aceita os termos em que o exercício do poder acontece. De acordo com Max Weber existem três tipos de dominação legítima: a tradicional, a carismática e a racional legal. A dominação tradicional consiste na crença em instituições e regras tradicionais de controle conduzidas por um indivíduo ou grupo de pessoas que se baseiam na tradição para exercer a dominação. São exemplos as relações feudais, o patriarcalismo e o coronelismo. A dominação carismática, estabelecida a partir da crença por parte dos dominados na existência de qualidades excepcionais em um determinado indivíduo, algo que o torna superior aos outros e permite que ele exerça sobre esses uma liderança ou controle. Pode ser ilustrada nas figuras de lideranças religiosas ou políticas com grande poder de influência social. Para Weber, a dominação carismática se contrapõe à dominação tradicional e propicia a transformação social. A dominação racional-legal, fundamentada em normas e regras aprovadas e aceitas por todos, pode ter como exemplo a burocracia moderna. Esse tipo de dominação seria o modelo adotado pelo Estado Moderno, onde as relações entre cidadãos e Estado seriam marcadas pela impessoalidade, ou seja, baseadas em regras e normas convencionadas e seguidas por todos os membros de uma coletividade sem nenhuma distinção. POLÍTICA Na Grécia antiga, a palavra política (do grego polítikós) referia-se às questões relativas à vida da cidade. A política não era uma atividade qualquer: dela dependia a organização cotidiana e o futuro da polis (cidade-estado grega). Por isso, era considerado cidadão o indivíduo que se interessava ou praticava política. Essa concepção foi divulgada na obra Política, de Aristóteles, o primeiro tratado sobre a natureza, as funções e as formas de governo. A partir das revoluções liberais do século XVIII, a palavra política passou a ser empregada para indicar as atividades relativas ao controle do Estado. Max Weber elaborou uma definição até hoje bem aceita. Para ele, a prática política significa exercer um papel de liderança no Estado ou na luta pelo poder, a fim de controlar a distribuição deste, seja este Estados ou entre grupos dentro do Estado. ESTADO Uma característica relevante do modelo de organização do Estado é a racionalização da gestão do poder, que se tornou possível com a separação entre as esferas política e religiosa. Assim, o poder deveria ser amparado por uma máquina administrativa burocrática, composta de um corpo qualificado de auxiliares técnicos, que operam com base em procedimentos preestabelecidos e impessoais, para evitar a pessoalidade nas relações entre soberano e os súditos. Formas de organização do Estado Moderno A autoridade que administra o Estado é o governo. A forma de governo é a maneira pela qual está instituída a relação entre governantes e governados (estruturas e relações de poder). A monarquia e a república são as formas básicas de governo. Originalmente a monarquia significa o governo de um só, podendo ser definido como um Estado dirigido segundo a vontade de um indivíduo. Essa forma absolutista foi predominante durante a Idade Média e até meados do século XVIII. Nas monarquias o cargo e chefe do Estado é hereditário e vitalício. Hoje as monarquias são majoritariamente limitadas e constitucionais: o poder do soberano é restrito, e ele tem que aceitar o papel e o poder de outros órgãos, como parlamentos e gabinetes. A forma republicana de governo é oposta à monárquica. A república é uma conquista democrática que se concretizou na Revolução Francesa e se destaca pela rejeição aos governos de origem aristocrática ou oligárquica. Nas repúblicas, o chefe de Estado geralmente é eleito por períodos determinados. Sistemas de governo - presidencialismo e parlamentarismo O sistema de governo depende do relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo. No sistema presidencialista o presidente é eleito, direta ou indiretamente, para um mandato determinado, durante o qual exercerá a função executiva. Ele acumula a chefia do Estado e do governo e, possuindo o poder Executivo, escolhe seus ministros gestores das diferentes políticas públicas. No presidencialismo verificase a independência entre os poderes Executivo e Legislativo, pois a eleição dos representantes desses poderes é desvinculada. Ao contrário do presidencialismo, no sistema parlamentarista há forte interação entre o Executivo e o Legislativo, fundada na distinção entre chefe do Estado (monarca ou presidente) e chefe do governo (chanceler ou primeiro ministro). Nesse sistema, quem governa é o Parlamento, por meio do gabinete formado pelo primeiro-ministro (geralmente oriundo do partido majoritário) e demais ministros. O primeiroministro é o chefe de governo e depende da maioria parlamentar para governar. A relação entre Executivo e Legislativo é marcada pelo princípio da responsabilidade ministerial e o direito de dissolução. O princípio da responsabilidade ministerial refere-se à demissão do governo em caso de retirada de confiança por parte do Parlamento. O direito de dissolução dissolver o parlamento e convocar novas eleições representa o meio 2

3 inverso que possibilita a ação do governo sobre o Parlamento, evitando assim que estes sejam manipulados por partidos políticos majoritários. Formas de participação política: partidos e sistemas eleitorais Os partidos políticos são organizações baseadas em uniões voluntárias orientadas para influenciar ou conquistar o poder do Estado. Sociologicamente, são estruturas fundadas na ideologia da representação política. Juridicamente, são organizações de direito privado que congregam cidadãos com afinidades ideológicas e políticas. De fato, são forças políticas que contestam (oposição) ou sustentam (situação) os governos e que estão em permanente tensão na luta pelo poder institucionalizado. O sistema dos partidos influi na conformação do poder, interferindo na fisionomia do governo. Sua tipologia básica é: - monopartidário: O poder está concentrado no comitê dirigente do partido ou em seu secretário-geral (Ex: Partido Comunista Chinês); - bipartidário: quando atuam apenas dois partidos, como aconteceu no Brasil durante o regime militar ( ), com a formação da Aliança Renovadora Nacional (Arena) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB); - multipartidário: quando vários partidos disputam as esferas governamentais, como no Brasil após a redemocratização. A existência de partido políticos requer o estabelecimento de regras pelas quais os representante são escolhidos. Esse conjunto de regras é o sistema eleitoral. Nesse sistema, a legislação eleitoral é o conjunto de regras que disciplina as eleições, estabelecendo normas, datas e horários para sua realização. Para o Executivo (presidente, governador e prefeito) a votação é sempre majoritária, isto é, elege-se o candidato mais votado. Para o Legislativo (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores) a votação é, na maioria das vezes, proporcional, ou seja, o voto vai para o partido ou frente partidária e, mediante a aplicação do coeficiente eleitoral (divisão do número de votos válidos pelo número de vagas), transforma-se em cadeiras legislativas. O sistema eleitoral também regula a forma como são escolhidos os candidatos que concorrerão à eleição. Pelo regime de lista fechada, o partido seleciona e enumera a relação dos candidatos à eleição. Cabe ao eleitor votar na lista, e não no candidato individual. Pelo regime de lista aberta o partido seleciona seus candidatos, mas estes disputam livremente o voto individual do eleitor. Em resumo, o sistema eleitoral vigente o Brasil, definido principalmente pela Constituição de 1988, manteve alguns problemas de representação. No sistema proporcional de lista aberta há incentivo à coligação entre partidos. Este fenômeno, essencial para a sobrevivência dos partidos pequenos, provoca maior fragmentação partidária, dificulta a formação de maiorias estáveis nos parlamentos e obriga o partido no poder Executivo a negociar alianças e coalizões para poder governar. 2- ESTADO MODERNO As origens do Estado Moderno remontam ao século XVI, na Europa Ocidental, e o processo histórico que levou ao surgimento desse ordenamento político está relacionado ao processo de crise do Feudalismo e à oposição a duas forças características da Idade Média, a saber: a fragmentação político-administrativa e o universalismo medieval. Assim, o Estado Moderno possuía como objetivo a formação de uma sociedade nacional com base nas seguintes características: idioma comum; território definido; soberania e exército permanente. A formação moderna se configurou plenamente sob forma monárquica e absolutista e permitia, com o apoio da burguesia e alguns membros da nobreza e do clero, a concentração do poder nas mãos dos reis, sendo uma instituição com poder político centralizado nascida da união de interesses entre o rei, a burguesia e alguns membros da nobreza. O Estado representa a máxima autoridade no que refere à organização da sociedade. O teórico alemão Max Weber, visto no primeiro capítulo da apostila, foi responsável por realizar uma elaborada teoria do Estado e do poder, contribuindo para o avanço da ciência política no século XX. Entre as definições de Estado mais utilizadas pelos especialistas, encontra-se a definição weberiana que busca um sentido sociológico nos meios que seriam próprios ao Estado. A sociologia política de Weber é uma sociologia da dominação, a qual considera a força e a violência como momentos fundamentais do processo político, da existência e do funcionamento das instituições políticas. Nas palavras do autor: 3

4 Em última análise só podemos definir o Estado moderno sociologicamente em termos dos meios específicos peculiares a ele, como peculiares a toda associação política (politischen Verband), ou seja, o uso da força física. [...] O Estado é aquela comunidade humana que, dentro de determinado território este, o território, faz parte de suas características reclama para si (com êxito) o monopólio da coação física legítima (WEBER, 1982:98). Para o autor, a violência não é o único instrumento que o Estado dispõe, mas é seu instrumento específico. O Estado busca ser a única instituição que possui o monopólio legítimo da violência em determinado território, isto é, o Estado deve ser concebido como uma instituição que dentro dos limites de seu território a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado, conforme mencionado anteriormente - reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física. Entre as formas e características que o Estado assumiu ao longo da história, destacaremos algumas das mais comuns, a saber: Estado absolutista Conforme mencionado na introdução, o Estado moderno se configurou inicialmente sob forma monárquica e absolutista, predominando na Europa entre os séculos XVI e XVIII, e se caracterizando pela unidade territorial e centralização de poder na figura do rei, isto é, o rei possuía poderes ilimitados e absolutos. Neste sentido, ficou conhecida a frase de Luís XIV, o Rei Sol que dizia L état c est moi! (O Estado sou eu!). Entre os teóricos do absolutismo, destaca-se o teórico inglês Thomas Hobbes ( ). Segundo Hobbes, em seu estado de natureza os homens devorariam uns aos outros por sua natureza egoísta, ficando em permanente estado de guerra de todos contra todos. Nas palavras do autor: O homem é o lobo do homem. Desta forma, buscando assegurar a paz, os homens fazem entre si um contrato social que designa um soberano acima de todos os demais, tidos como súditos. Ao soberano, no caso o rei absolutista, caberia garantir a paz interna e a defesa da nação a partir da renúncia das pessoas a parte de suas liberdades. Estado liberal O Estado liberal, em uma perspectiva histórico-sociológica, é aquele que sucedeu o Estado Absolutista. Inspirado pelos ideais da Revolução Francesa liberdade, igualdade e fraternidade, os fundamentos do Estado Liberal são a soberania popular e a representação política. Entre os principais teóricos do liberalismo político, se destaca o filósofo inglês John Locke ( ). Para Locke, em seu estado de natureza o homem possuiria direitos naturais que não dependeriam de sua vontade, afirmando que a propriedade é uma instituição anterior à sociedade civil e por essa razão seria um direito natural ao indivíduo que o Estado não poderia retirar, atribuindo assim ao Estado o papel de controle das liberdades individuais e a defesa da propriedade privada. Conforme a visão liberal, o Estado possui como finalidades a garantia de liberdade civil e política, da igualdade jurídica e da ordem pública. Na esfera econômica, o liberalismo prega a dissociação entre o Estado e a economia que deveria ser estimulada e regulada pelo próprio mercado. O teórico britânico Adam Smith ( ), em A Riqueza das Nações postulou a existência de uma mão invisível responsável por regular a quantidade e o preço das mercadorias sem a intervenção do Estado, expressando o lema laissez-faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar) essa concepção liberal segundo a qual as atividades econômicas se autorregulariam por meio da oferta e demanda do mercado. Estado socialista O socialismo é considerado a primeira reação sistemática ao Estado liberal, questionando as bases materiais da sociedade, sua estrutura econômica e a divisão de classes típica do capitalismo do século XIX em duas classes sociais principais: a burguesia e a classe trabalhadora. O socialismo defendia uma profunda transformação nas condições de produção e apropriação da riqueza produzida pela sociedade. O primeiro Estado socialista surgiu com a vitória da Revolução Russa em 1917 na qual os revolucionários bolcheviques conseguiram destituíram o czarista russo Nicolau II. Com a morte de Lênin ( ), uma das principais lideranças da Revolução Russa, e a ascensão de Stalin ( ) em 1924 foi criado um Estado centralizado e uma economia planificada que possuía diretrizes impostas pelo Partido Comunista. O modelo ditatorial implantado por Stalin é exportado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas URSS, particularmente após a Segunda Guerra Mundial, sendo implantado em países do Leste Europeu Polônia, Hungria, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Iugoslávia e Alemanha Oriental. No final do século XX, o processo de decadência econômica e política da URSS entra em declínio. Estado nazista e fascista O nazismo e o fascismo se caracterizam por serem movimentos antiliberais e anticomunistas. Por suas semelhanças e afinidades, tornaram-se conhecidos pela expressão nazifascismo. 4

5 O fascismo é um regime político estabelecido por Benito Mussolini ( ) na Itália no primeiro pós-guerra em Entre as características do movimento fascista destacam-se a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase no ultranacionalismo e militarismo. O Estado, personificado em um partido único de massa, o Partido Fascista, era o único criador do direito e da moral e toda oposição era proibida e sujeita à ação da Justiça. O regime nazista surgiu na Alemanha ao final da Primeira Guerra Mundial com base na ideologia formulada por Adolf Hitler ( ) em seu livro Mein Kampf (Minha Luta), de O Estado nazista esvaziou o parlamento, dissolveu a oposição através da violência e submeteu toda a sociedade ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Uma das diferenças estabelecidas entre o regime fascista e o regime nazista se dá em função do programa racista do nazismo que associava o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico e à crença em sua supremacia, a xenofobia e a perseguição étnica a judeus, negros, ciganos e também a comunistas, homossexuais e deficientes intelectuais e mentais. Apesar do fim desse modelo de estado após a Segunda Grande Guerra, ainda existem diversos grupos e partidos que defendem os ideais nazifascistas, podendo ser observados no crescente fortalecimento de partidos ultranacionalistas e de movimentos neonazistas ao redor do mundo. Estado de bem-estar social O Estado de bem-estar social, conhecido também como Estado-providência, Estado social ou Welfare State se refere a um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção social e organizador da economia. Este modelo foi adotado pelas grandes economias mundiais durante a primeira metade do século XX. Alguns fatores que contribuíram para sua emergência são tributários da crise econômica de 1929 como o desemprego, a inflação, o crescimento do movimento operário, entre outros. A base intelectual do Estado de bem-estar social se desenvolve a partir do teórico britânico John Keynes ( ) que afirmava que o Estado deveria intervir no domínio econômico visando garantir o pleno emprego, estimular a produção e o consumo, mediar as relações de trabalho e ampliar a política de assistência. Após a Segunda Guerra Mundial vários países da Europa passaram a adotar a teoria keynesiana como prática de governo possuindo como objetivo a reestruturação se suas economias e o atendimento às questões sociais. No final da década de 1960, esse modelo de Estado começa a sofrer críticas diante da inadequação dos gastos públicos com a previdência social em decorrência do aumento do desemprego e da recessão econômica mundial que culminou na crise do petróleo de Apesar das críticas, o Estado de bem-estar social permanece ainda em alguns países da Europa Ocidental como a Dinamarca e Suécia. Estado neoliberal Na década de 1980, os Estados Unidos e a Inglaterra buscaram a reestruturação do modelo de Estado realizando críticas ao Estado de bem-estar social com relação à sua eficácia sob o argumento de as melhorias ocorridas resultaram mais das riquezas produzidas pelos países do que da política de bem-estar social em si. As mudanças implementadas possuíram como base o livre mercado e a livre iniciativa, assim como o estabelecimento do consumo e da riqueza como metas primordiais. Entre os principais teóricos responsáveis por desenvolver as bases do pensamento neoliberal destacam-se os teóricos Friedrich Hayek ( ) e Milton Friedman ( ) e afirmavam que somente a desvinculação entre política e economia seria o caminho para a prosperidade econômica, conduzida pela diminuição progressiva da participação estatal na economia. No ano de 1989 ocorre em Washington uma reunião entre as principais instituições econômicas como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial com o objetivo de adotar medidas econômicas para países em desenvolvimento tendo em vista a contenção da dívida externa, da inflação e da estagnação econômica. Essa reunião ficou conhecida como Consenso de Washington e entre as orientações econômicas a serem seguidas pelos países em desenvolvimento seriam privatização de empresas estatais, flexibilização das leis trabalhistas, aumentos dos investimentos estrangeiros sem restrições ficais, entre outros, o que comprometia a ação governamental e a autonomia desses países uma vez que havia forte fiscalização dos agentes econômicos e financeiros internacionais envolvidos para o direcionamento da aplicação de recursos. Com o advento da crise econômica de 2008 e suas consequências, a contestação às políticas neoliberais aumentaram gerando grandes manifestações populares em vários países como o movimento Occupy Wall Street iniciado em 2011 na cidade de Nova Iorque e que se espalhou para várias cidades dos Estados Unidos e do mundo com a ocupação de espaços públicos como praças e ruas para denunciar o sistema financeiro internacional e as desigualdades econômicas e sociais. Diferença entre Estado e Nação 5

6 O Estado é uma instituição que compõe um âmbito jurídico e formal, a unidade administrativa de um território. O Estado é formado pelo conjunto de instituições públicas que possuem como dever representar, organizar e atender os anseios da população que habita o seu território. Entre essas instituições, podemos citar o governo, as escolas, as prisões, os hospitais públicos, o exército. Não existe Estado sem território. A nação, por sua vez, se trata de um conceito étnico-social que se refere a um grupo de indivíduos que apresentam características históricas, culturais, idioma, costumes, valores sociais, entre outros elementos em comum e que compartilham o sentimento de pertencimento, conformando, desta maneira, uma identidade cultural. Sendo assim, um Estado pode se constituir como uma única nação ou várias, podendo compor, desta forma, os chamados Estados multinacionais. Como exemplo de Estado com múltiplas nações pode-se destacar a Espanha onde convivem catalães, bascos, navarros, espanhóis, etc. Os curdos são um exemplo de nação sem Estado, ou seja, uma nação sem um território constituído. Eles habitam a região de alguns países do Oriente Médio e são a maior nação sem Estado do mundo. A população de origem curda soma mais de 26 milhões de pessoas distribuídas nos territórios da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Os curdos não possuem um território autônomo e lutam pela criação de um Estado próprio (entre o norte do Iraque, oeste da Turquia e noroeste do Irã), denominado Curdistão. Diferença entre Estado e Governo A diferença entre Estado e Governo repousa na hierarquia existente entre ambos. O governo é apenas uma das instituições que compõem o Estado, sendo a esfera pública responsável por administrá-lo. Os governos são temporários, podem mudar e se apresentar sob diferentes formas (Repúblicas presidencialistas, Monarquias absolutistas, Ditaduras militares, entre outras), variando de um local para outro enquanto o Estado, por sua vez, se caracteriza pela permanência. Qual é a relação entre Estado e país? Conforme visto anteriormente, o Estado é uma instituição. O País envolve todas as características físicas e sociais de um território, além dos seus símbolos, como a bandeira, o hino, os costumes, entre outros. O Estado brasileiro, por exemplo, é uma República Federativa comandada pela união entre os poderes legislativo, executivo e judiciário ao passo que o Brasil é um país que possui uma grande variação cultural, com um relevo geologicamente antigo e um espaço territorial que possui dimensões continentais. 3- DEMCRACIA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS Neste módulo veremos que o desenvolvimento da democracia influenciou as mudanças na concepção de cidadania e na institucionalização dos direitos humanos. Também iremos compreender que os direitos de cidadania são conquistas historicamente construídas e que a participação política é indispensável para a ampliação desses direitos Democracia Onde está a democracia em nosso país? Pode um país com desigualdade social, violência urbana e pobreza ser uma democracia? O conceito de democracia tem sua origem na Grécia antiga, aproximadamente no século V a.c. O termo grego demokratia é composto pelos vocábulos demos que quer dizer povo e kratos que quer dizer poder. Logo, a ideia de iniciativa popular aparece em contraposição a um Estado controlado por um rei (autocracia) ou ainda por um grupo restrito (aristocracia ou oligarquia). Dessa forma, podemos definir democracia como um regime político que supõe o governo direto ou indireto da população mediante eleições regulares para os cargos administrativos do país, do estado ou do município. Em Atenas, há 500 a.c onde o termo demokratia foi cunhado, era fácil dizer que democracia significava o povo no poder, pois era possível reunir-se em praça pública (ágora em grego) para tomar as decisões políticas mais importantes. Isso porque a ideia de povo abrangia apenas os nativos da cidade, homens adultos e que fossem proprietários (mulheres, escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos), o que correspondia a uma parcela minúscula da sociedade na época. Tratava-se portanto de uma democracia direta. Mas esse modelo certamente não seria possível em comunidades mais numerosas, surgindo consequentemente uma adaptação de tal modelo conhecido como democracia representativa. É por isso que na Constituição brasileira está escrito Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 1º, 1988), ou seja, o povo elege quem exercerá o poder em seu nome, e os escolhidos sãos os representantes do povo. Sendo assim, podemos concluir que em uma democracia representativa é o povo quem confere legitimidade aos representantes para que exerçam o poder. 6

7 O conceito de povo como coletividade que compartilha dos mesmos direitos e deveres apareceu apenas na Idade Contemporânea (que começa com a Revolução Francesa, no fim do século XVIII). Somente a partir do reconhecimento de que todos os homens são juridicamente iguais tornou-se possível pensar em democracia como um governo de todos do povo, pelo povo e para o povo. Porém, desde seu surgimento, em Atenas, até o século XIX, a democracia não foi um sistema político predominante. Foram poucos os governos que a incorporaram e, quando isso ocorreu, tratava-se sempre de uma resposta à luta dos diferentes grupos excluídos do processo de tomada de decisão política. Foi somente no século XX que a democracia passou a ser considerada por muitos critério de legitimação da vida política. No decorrer da história, o modelo democrático se modificou, incorporando e abolindo diferentes elementos. A ideia de que todos os indivíduos devem ter direitos e deveres iguais, independentemente de sua classe social, gênero ou etnia é atualmente bastante difundida. Contudo, embora a ideia de direitos e deveres iguais pareça óbvia, trata-se de um grande dilema das sociedades contemporâneas e há uma luta constante de diversos dos seus segmentos que buscam reconhecimento e aceitação, bem como o atendimento de seus interesses. Democracia Representativa Um dos principais proponentes do governo representativo foi John Stuart Mill, aristocrata inglês do século XIX. Naquele contexto, o governo representativo foi concebido como uma solução para os dilemas do exercício da democracia em países com população numerosa. Em um governo representativo, a democracia é exercida indiretamente, através de representantes do povo aos quais é transferido o poder de decidir em nome dos cidadãos. O conceito de democracia representativa (ou democracia indireta) como conhecemos hoje começou a ganhar forma com as revoluções burguesas da Europa ocorridas entre os séculos XVII e XIX e influenciado pelas ideias iluministas de liberdade, centralidade da razão e pela Independências dos Estados Unidos da América no século XVIII. Ancorada na ideia de soberania popular, a democracia representativa efetivou-se no decorrer da história pelo exercício do voto. Outras instituições políticas também surgiram e se tornaram essenciais para que um regime tenha caráter democrático: a separação dos poderes, o respeito às leis, a livre manifestação do pensamento e a cidadania. Segundo Bonavides, hoje tal modelo tem como principais bases: A soberania popular, o sufrágio universal, a observância constitucional, o princípio da separação dos poderes, a igualdade de todos perante a lei, a manifesta adesão ao princípio da fraternidade social, a representação como base das instituições políticas, limitação de prerrogativas dos governantes, Estado de Direito, temporariedade dos mandatos eletivos, direitos e possibilidades de representação, bem como das minorias nacionais, onde estas porventura existirem (BONAVIDES, 2006, p.294). Em uma democracia representativa os cidadãos elegem os representantes que compõe o conjunto de instituições políticas (Poder Executivo e Poder Legislativo) responsáveis por gerir a coisa pública, estabelecer leis e/ou executá-las. Os representantes devem exerce o mandato visando os interesses daqueles que os elegem, ou seja, a população. O mandato do representante, isto é, aquilo que ele está autorizado a fazer pelos representados e em seu nome, define os limites da representação. Geralmente, um mandato é definido temporalmente, ou seja, um mandato dura um certo período de tempo, após o qual a relação de representação deixa de existir. Os três poderes Com o intuito de assegurar a liberdade dos homens e conter o poder absoluto de alguns monarcas, surgiu no século XVIII a doutrina da separação dos poderes. O mais importante pensador que esteve por trás dessa doutrina viveu naquele século e chamava-se Montesquieu. O filósofo francês constatou que o governo de um país possui funções diferentes, as quais não podem ser exercidas pela mesmo órgão, sob pena de violar a liberdade individual e que portanto era preciso um órgão próprio para cada função do governo. Montesquieu atribuiu ao Estado três funções distintas e conferiu a essas diferentes funções órgãos independentes: o Poder Legislativo, cuja função é a de elaborar as leis. O Pode Executivo, cuja função é a de administrar o país e executar as leis elaboradas pelo poder competente; e o Poder Judiciário, responsável por julgar os conflitos que surjam no país em face das leis elaboradas pelo Poder Legislativo. Foi a partir da Revolução Francesa (1789) que a doutrina da separação dos poderes tornou-se um dogma. A Constituição brasileira de 1988, como todas desde a Proclamação da República no Brasil, determina como Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Os Três Poderes são independentes, isto é, nenhum deles pode ser superior aos outros e nem se subordinar a eles. Também devem ser harmônicos entre si, ou seja, cada poder deve ocupar-se do exercício de sua própria função, sem interferir nas funções alheias. 7

8 (Larte, 2008) O voto ou sufrágio O mecanismo pelo qual os representantes são eleitos é chamado voto ou sufrágio. Sufrágio vem do latim sufragium e significa aprovação. Por meio do voto a população escolhe seus representantes, isto é, aqueles que exercerão o poder em seu nome, representando a vontade da população. O voto expressa, portanto, o consentimento em relação àqueles que exercerão o poder no país. Existem dois tipos de sufrágio e cada um está associado ao grau de democracia que determinado país possui. São eles o sufrágio restrito e o sufrágio universal. Diz-se que um país adota o sufrágio restrito quando só alguns indivíduos podem votar. Esses indivíduos passam a ter a possibilidade do voto em função do preenchimento de determinadas condições econômicas ou intelectuais. Há duas modalidades mais conhecidas de sufrágio restrito: o voto censitário e o voto capacitário. O voto censitário é concedido apenas para as pessoas que atinjam determinada qualificação econômica. Por exemplo, no Brasil a Constituição Imperial de 1824 determinava que só podiam votar nas eleições para deputados e senadores aqueles que possuíam renda líquida anual acima de duzentos mil réis. Já o voto capacitário é concedido apenas para as pessoas que possuam determinado grau de instrução. O Brasil, até 1985, fazia uma exigência capacitaria de seus eleitores, já que os analfabetos não podiam votar. A outra modalidade de sufrágio é o sufrágio universal. O sufrágio universal se dá quando todos os cidadãos do país são também potencialmente eleitores, isto é, podem votar. Não existem, nesse caso, quaisquer restrições de ordem econômica ou intelectual. O Brasil adota o sufrágio universal, mas à semelhança de muitos outros países que também o adotam e são democráticos, estabelece alguns requisitos para o exercício do voto. Todos os brasileiros, sejam eles natos ou naturalizados, homens ou mulheres, ricos ou pobres, letrados ou analfabetos, todos podem votar a partir dos dezesseis anos. De acordo com nossa Constituição, só não podem votar no Brasil, independentemente da idade que tenham, os estrangeiros e os militares que estejam prestando o serviço militar obrigatório. O voto no Brasil é obrigatório para todos que possuam entre dezoito e setenta anos e facultativo para analfabetos e para aqueles que tenham idade entre dezesseis e dezoito ou que sejam maiores de setenta anos. Ou seja, brasileiros dos dezoito aos setenta anos, são obrigados a votar. Caso descumpra essa obrigação e não justifique perante a Justiça Eleitoral, o cidadão é multado e pode perder vários direitos. Democracia participativa Durante boa parte do século XX acreditou-se que a democracia representativa era o modelo ideal para assegurar liberdade e igualdade a todos os cidadãos. No entanto, em muitos países ocidentais, principalmente na América Latina, a democracia representativa mostrou-se incapaz de fazer com que os governos agissem de acordo com os interesses da maioria dos cidadãos. Os representantes já não conseguem mais identificar e atender as demandas da sociedade. As exigências se tornaram cada vez mais complexas e tornou-se evidente a necessidade de participação em conjunto entre representantes e representados. Considerando que a democracia representativa não corresponde mais as demandas da sociedade e a democracia direta seria impossível, a democracia participativa surge como alternativa de superação das deficiências do sistema representativo. Suas principais propostas visam ampliar a participação cidadã nos assuntos públicos, reduzindo a distância entre a população e seus representantes. Embora não seja amplamente adotada, a democracia participativa tem como intuito propiciar uma ação política mais igualitária, baseada em grande número de grupos sociais que, articulados em rede, contribuem para orientar as ações governamentais no sentido de atender às necessidades da maioria dos cidadãos. O orçamento participativo, que tem o objetivo de sujeitar o uso dos recursos municipais à opinião pública, ilustra bem esse processo. Por meio de reuniões comunitárias, propostas da comunidade são coletadas, prioridades são votadas, e o resultado é encaminhado ao governo para que as solicitações sejam atendidas sem necessidade de intermediários. Assim, a sociedade civil passa a preencher espaços que antes eram ocupados por uma elite burocrática, muitas vezes distante da realidade da população local. Segundo Boaventura de Souza Santos, a democracia participativa é exercida por mecanismos que buscam ampliar a participação social. Esse modelo critica o modelo representativo por ter se tornado um 8

9 método de formação de governo quando deveria ser uma prática social que inserisse na política os atores sociais excluídos. Teoria democrática contemporânea No decorrer do século XIX o conflito existente entre liberalismo e socialismo influenciou intensamente as teorias democráticas desenvolvidas. De acordo com a perspectiva dos pensadores do liberalismo, devese limitar os poderes governamentais, com o intuito de proteger os direitos econômicos, políticos, religiosos e intelectuais dos membros da sociedade. Isso quer dizer que para os liberais o poder do Estado deve ser reduzido, pois acreditam que a verdadeira liberdade depende da menor interferência possível do Estado e das leis. Um dos principais defensores dessa perspectiva é Benjamin Constant, que em seu livro A liberdade dos antigos comparada com a dos modernos, afirma que a liberdade dos modernos, que deve ser promovida e desenvolvida, é a liberdade individual em sua relação com o Estado, enquanto a liberdade dos antigos, que se tornou impraticável, é a liberdade de participação direta na formulação das leis. Também são representantes desta corrente o filósofo e economista inglês John Stuart Mill e o pensador político francês Alexis de Tocqueville. Na corrente socialista temos como principais representantes Karl Marx e Friedrich Engels. Segundo a perspectiva desses autores, um governo democrático seria inviável numa sociedade capitalista, pois a regulação democrática da vida não poderia se realizar com as limitações impostas pelas relações capitalistas de produção. Seria necessário, portanto, mudar as bases da sociedade para criar a possibilidade de uma política democrática. Para Marx e Engels, os princípios que protegem a liberdade dos indivíduos e defendem o direito à propriedade tratam as pessoas como iguais apenas formalmente. O movimento em favor do sufrágio universal e de igualdade política era reconhecido por Marx como um passo importante, mas seu potencial emancipador estava seriamente limitado pelas desigualdades de classe. Dessa forma, as democracias liberais são cerceadas pelo capital privado, que restringe sistematicamente as opções políticas. A liberdades nas democracias capitalistas é, portanto, puramente formal, pois a desigualdade de classe prevalece. Nas palavras de Marx, na democracia liberal o capital governa. Enquanto para a perspectiva socialista o sufrágio universal é apenas o ponto inicial do processo de democratização do Estado, para o liberalismo é o ponto de chegada. Antônio Gramsci e Rosa Luxemburgo, dois importantes teóricos do socialismo, afirmam que o aprofundamento do processo de democratização ocorre de duas formas: por meio da crítica à democracia representativa (e da retomada de alguns temas da democracia direta) e pela ampliação da participação popular e de controle do poder através dos chamados conselhos operários. É durante a metade do século XX que surge uma nova corrente denominada pluralismo que tem como principal representante o cientista político e professor americano Robert Dahl. Os pluralistas não tinham como intuito estabelecer uma definição abstrata e teórica acerca da democracia, mas sim estipular a partir da observação de experiências de sistemas político alguns requisitos mínimos: funcionários eleitos; eleições livres, justas e frequentes; liberdade de expressão; fontes de informação diversificadas; autonomia para associações; e cidadania inclusiva Cidadania O que é ser cidadão? Ser cidadão é somente votar nas eleições? Não. Existem muitas outras maneiras de ser cidadão além do voto. Por definição, a cidadania é o vínculo jurídico-político que une as pessoas ao Estado, bem como as une uma frente às outras em face do Estado. Ser cidadão significa ser membro do Estado e também ser membro de uma sociedade de pessoas que habita este Estado. Na medida em que o cidadão pode participar dos assuntos públicos do Estado, de suas decisões e de seu política, a cidadania se expressa através da participação política. A participação política é, ao mesmo tempo, um direito e um dever do cidadão. É comum dizer que um cidadão é um cidadão justamente porque ele possui direitos e deveres concedidos pelo Estado. Mas, a cidadania também vai muito além daquilo que o Estado nos diz sobre os direitos e deveres previstos nas suas leis. Os cidadãos também podem participar dos assuntos públicos de sua sociedade, mesmo aqueles que não dependam do Estado para serem discutidos e resolvidos, como, por exemplo, as questões da escola em que estudam, da empresa em que trabalham, do bairro onde moram, etc. Nesses casos, a cidadania se expressa participando da sociedade e de suas instituições. 9

10 (Laerte, 2008) 10

11 Tendo como referência a trajetória histórica inglesa, o sociólogo Thomas Humphrey Marshall ( ) divide os direitos de cidadania em três categorias: direitos civis (garantia das liberdade individuais, tais como a possibilidade de pensar e se expressar de maneira autônoma), garantia do ir e vir e acesso à propriedade privada. Estes direitos foram desenvolvidos sob a influência das ideias iluministas como resultado da luta contra o absolutismo monárquico do Antigo Regime. Foi a partir desse processo que tivemos como resultado o advento da soberania popular. Trata-se do primeiro estágio da luta pelos direitos do homem, concedendo a todos esses direitos. O segundo estágio refere-se aos direitos políticos, que são definidos como possibilidade de participação da sociedade civil nas diversas relações de poder presentes em uma sociedade, em especial a possibilidade de escolha de representantes ou de se candidatar a qualquer tipo de cargo, assim como de se manifestar em relação a possíveis transformações a serem realizadas. Tais direitos foram desenvolvidos com influência direta da organização política dos trabalhadores no final do século XIX. Com o intuito de fazer valer seus direitos e buscando melhores condições de trabalho, os trabalhadores utilizaram-se de mecanismos democráticos como a organização de partidos e sindicatos. Já o terceiro e último estágio refere-se aos direitos sociais vistos como essenciais para uma vida digna a partir de padrões estabelecidos socialmente (educação, saúde, lazer e moradia). O surgimento desses direitos têm sua origem a partir das reinvindicações e lutas de diversos grupos, que lutam por melhorias no sistema educacional, saúde pública, criação de áreas de lazer, seguridade social e etc. Ainda de acordo com Marshall, cidadão é aquele que exerce plenamente seus direitos civis, políticos e sociais. O conceito de cidadania está em constante reconstrução, já que a humanidade está sempre em luta pela ampliação de tais direitos. Ser cidadão, significa ter consciência de ser sujeito de direitos. Direito à vida, à liberdade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Direitos e deveres são indissociáveis, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são condicionados ao cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade. O Estado possui, portanto, a função de garantir os direitos humanos, protegendo-os contra violações, entretanto, o próprio Estado às vezes comete violações, desrespeitando a Constituição. Quanto menos direitos o Estado faculta para uma pessoa, mais restrita será a sua cidadania. Na época do Império brasileiro, a Constituição fazia uma distinção entre cidadão ativos e cidadãos passivos. Os cidadãos ativos eram aqueles que possuíam direitos políticos, ou seja, que podiam votar e ser votados. Agora, naquela época o sufrágio ainda era restrito: só podia votar quem tivesse um certo nível de escolaridade ou um certo padrão financeiro. Ora, só quem teve acesso à escola e a um emprego era cidadão ativo. Esse exemplo serva para nos fazer entender a importância do Estado e dos direitos na definição da cidadania. Mesmo hoje, em que não há mais esta distinção jurídica e que o sufrágio é universal, os direitos continuam pesando na formação e definição da cidadania. Quanto mais uma pessoa tiver direitos e condição para exercê-los, mais espaço e formas ela encontrará para expressar a sua cidadania. Contudo, os deveres não precisam esperar pelo Estado para que os cumpramos como cidadãos. Há deveres, afinal, que não são jurídicos, mas sociais ou morais Direitos Humanos Declaração Universal dos Direitos Humanos Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de Artigo I. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Os direitos, tal como conhecemos hoje, começaram a ser desenvolvidos entre os séculos XVI e XVII, com os pensadores que elaboraram a ideia de direitos naturais. Esses direitos naturais do qual falavam esses pensadores não foram criados por homens nem promulgados por um Estado, mas tem sua origem na natureza humana e para possuí-los, basta ser humano. Por exemplo, o direito à vida, de acordo com aqueles pensadores, é um direito natural. No século XVIII os direitos naturais formaram a base daquilo que passou a ser chamado de direitos do homem. Foi justamente nesse momento que os direitos saíram dos tratados teóricos dos pensadores da política e passaram a integrar cartas e declarações de direitos. Consequentemente, podemos dizer que os direitos passaram da categoria de direitos naturais para direitos do homem, tornando-se jurídicos e inscritos em leis promulgadas pela sociedade ou pelo Estado. São várias 11 [...] Artigo VI Toda pessoa tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

12 as declarações de direitos promulgadas ao longo do século XVIII. A mais importante delas é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789 durante a Revolução Francesa e influenciou inúmeras constituições do mundo. A ideia de direitos humanos surge apenas no século XX, após a Segunda Guerra Mundial, como resposta as barbaridades e efeitos destrutivos produzidos pelo conflito. Em 10 de dezembro de 1948 foi aprovada pela Organização das Nações Unidades (ONU, criada em 1945) a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O texto tinha como base direitos essenciais à vida e à liberdade e o reconhecimento da pluralidade. Essa Declaração reconhece que todas as pessoas, em todos os lugares, independentemente de sua nacionalidade, etnia, raça, religião, cor, ou classe social livre de quaisquer distinções, têm os mesmos direitos. Os valores descritos na Declaração são universais e inegociáveis, visando respeito mútuo em detrimento dos privilégios restritos a determinados grupos, por isso não devem ser pensados como benefícios particulares ou privilégios de grupos elitizados. Como sabemos, a simples declaração de um direito não faz necessariamente com que ele seja respeitado na prática, porém abre espaço para sua reinvindicação. As conquistas relacionadas aos direitos humanos são resultados históricos, consequência de mobilizações e demandas da população. Ou seja, as lutas por igualdade e liberdade ampliaram os direitos políticos e abriram espaços de reivindicação para a criação dos direitos sociais, os direitos das chamadas minorias (mulheres, idosos, negros, homossexuais, jovens, crianças e índios e o direito à segurança planetária (simbolizado pelas lutas ecológicas e contra as armas nucleares). As lutas populares por participação política ampliaram também os direitos civis: direito de opor-se à tirania, à censura, à tortura; direito de fiscalizar o Estado por meio de associação, sindicatos ou partidos políticos; direito à informação sobre as decisões governamentais. Embora exista a divisão entre direitos civis, políticos e sociais, é preciso enfatizar que uma característica intrínseca aos direitos humanos é sua indivisibilidade. Ou seja, os direitos não podem ser exercidos de maneira parcial. Em 1993, a Declaração e Programa de Ação de Viena instituiu que os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependente e inter-relacionados e devem, portanto, serem tratados de forma global, justa e equitativa. Mesmo que deva-se considerar as particularidades e o contexto cultural de cada local, é dever do Estado promover e proteger todos os direitos humanos de forma integral, independente do sistema político, econômico e cultural Democracia, cidadania e direitos humanos no Brasil IDH do Brasil (2011) O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011 mostra o Brasil ocupando a 84ª posição no ranking dos países pesquisados. O IDH mede a qualidade de vida dos habitantes de um país; no Brasil, é de 0,718. Ele é composto de três subíndices: longevidade, renda e educação. Embora no Brasil as Pessoas vivam em média 73,5 anos e a taxa de matrículas escolares atinja 97% das crianças entre 7 e 14 anos, números relativamente bons, a concentração de renda e de riqueza compromete o IDH e é a principal responsável pela octogésima quarta colocação do país. Esse fator coloca o Brasil como o 8º país mais desigual de uma lista de 187 nações. Isso pode ser verificado nos números: enquanto os 10% mais pobres da população detêm 1% da renda, os 10% mais risco se apropriam de 50%. Quando se trata da riqueza que engloba, além da renda, o patrimônio -, verificase que 10% da população detêm 75,6% de toda a riqueza nacional, sobrando 24,6% para os outros 90%, mais de 165 milhões de brasileiros. A partir desses números, podemos ter uma ideia de como a cidadania real é vivenciada pela maioria da população brasileira. O brasil preenche formalmente os requisitos mínimos de um sistema político que pode ser classificado como uma poliarquia: sistema democrático em que o poder é atribuído com base em eleições livres e em que há ampla participação política e concorrência pelos cargos eletivos. Contudo, apenas essa estrutura formal, não é capaz de garantir a democratização dos recursos socialmente produzidos. Com isso, entendese que para classificar esse tipo de regime deve-se ir além das regras formais. O historiador José Murilo de Carvalho afirma que no Brasil vivemos em uma estadania, pois os direitos adquiridos seriam resultado de uma concessão relativa do Estado, feita de cima para baixo. Os direitos de cidadania no Brasil estiveram vinculados aos interesses das elites socioeconômicas e políticas e raramente teve participação popular. Portanto, os direitos no Brasil costumam ser vistos como concessões ou benefícios oferecidos por grupos dominantes ao restante da população. O conceito de cidadania regulada é utilizado pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos para identificar a concessão dos direitos por parte do Estado que, segundo o autor, tem por objetivo mediar possíveis conflitos de classes. É citado como exemplo pelo autor a criação das leis trabalhistas e o controle dos sindicatos durante o governo Vargas. Como consequência de tais concessões, embora a classe trabalhadora conquiste direitos, perde poder de contestação. Porém, é possível identificar na história do Brasil alguns momentos em que as mobilizações políticas ganharam força. Durante a ditadura militar iniciada em 1964 e instituída a partir de práticas repressivas que 12

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