Ano XVIII - Boletim 24 - Novembro de Educação e Trabalho Infantil
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- Manoela Sá Osório
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1 Ano XVIII - Boletim 24 - Novembro de 2008 Educação e Trabalho Infantil
2 SUMÁRIO Educação e Trabalho Infantil PROPOSTA PEDAGÓGICA Renato Mendes PGM 1: Educação e Trabalho Infantil PGM 2: Trabalho Infantil e desempenho escolar PGM 3: Exploração sexual PGM 4: Trabalho Infantil doméstico PGM 5: Trabalho Infantil na agricultura familiar EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 2.
3 PROPOSTA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL Renato Mendes 1 1. Justificativa A presente proposta da série Educação e Trabalho Infantil, que será apresentada no programa Salto para o Futuro/TV Escola (SEED/MEC) de 10 a 14 de novembro de 2008, insere-se no conjunto de políticas públicas transversais que objetiva: a) implementar dispositivos que dizem respeito à proibição do trabalho infantil constante no Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, de acordo com artigo 5º, que dispõe sobre o direito à profissionalização e à proteção no trabalho, e proíbe qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos; b) divulgar o Decreto nº , de 18 de junho de 2008, que estabeleceu a lista TIP Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil; c) implementar a Lei nº /2007, que acrescenta o 5 o ao art. 32 da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDBEN), para incluir conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes no currículo do Ensino Fundamental, tendo como diretriz o Estatuto da Criança e do Adolescente; d) fortalecer as ações do MEC junto aos sistemas de ensino e profissionais da educação para o enfrentamento ao trabalho infantil, em atendimento aos Planos Nacionais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil e de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; e) fortalecer as ações do MEC na promoção da educação em direitos humanos, em EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 3.
4 atendimento ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. A temática proposta para o programa visa gerar subsídios para os processos de formação continuada de profissionais previstos pelo Ministério da Educação, notadamente aqueles correlacionados à Agenda Social em seu eixo Criança e Adolescente. Os programas deverão contribuir para a sensibilização dos profissionais sobre a relevância dessa temática para a educação. Em outras palavras, a proposta visa fomentar ações educativas e promover debates qualificados que contribuam para que a sociedade e os profissionais da educação em particular revejam e re-signifiquem suas práticas pedagógicas, mediante o acesso à formação e a informações que repercutam princípios afetos à garantia de direitos de crianças e adolescentes. Nesta série de programas pretende-se discutir a violência social, institucional, doméstica e intrafamiliar em suas diversas formas, o que assume uma dimensão cada vez mais ampliada no cotidiano da nossa sociedade, e o papel da escola no enfrentamento a tais problemáticas. Entre as múltiplas formas de violências, as praticadas contra crianças e adolescentes exigem atenção prioritária do Estado, por inúmeros motivos, dentre eles, pela condição peculiar de crescimento, desenvolvimento e vulnerabilidade das crianças e dos adolescentes. O trabalho infantil é uma destas violências que atinge crianças e adolescentes e dele decorrem, também, diversas outras conseqüências sociais, tais como a evasão e o fracasso escolar. Dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), de 2006, apontam as diversas formas de trabalho infantil e estabelecem relação com dados educacionais tais como: freqüência escolar, programas sociais voltados para a erradicação do trabalho infantil e educação, além de afazeres domésticos constatados entre crianças. O contexto de violação de direitos em que se encontram muitas crianças é composto também pelo trabalho infantil. Esse desrespeito aos direitos de crianças e adolescentes conta, por vezes, com a conivência de seu círculo social e familiar íntimo. Sabemos que, em situações de pobreza, as famílias utilizam-se do trabalho infantil como estratégia de sobrevivência. Aos olhos da justiça formal, isso coloca pais e/ou responsáveis na condição de violadores de EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 4.
5 direitos de crianças e adolescentes. Nesse sentido, é oportuno resgatar o que indica o Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente (p. 27), que dispõe: Convencer as famílias mais pobres e sensibilizar aquelas mais abastadas de que o trabalho não é mais importante do que a educação, mesmo em situações críticas, pode ser o grande desafio das ações de combate ao trabalho infantil atualmente. O trabalho só deve ser bom quando exercido na idade certa, de modo protegido e na função adequada à fase da vida em que a pessoa está. A natureza complexa dos fenômenos e sua gravidade exigem esforços conjuntos de toda a sociedade visando ao aprimoramento das políticas públicas, com a perspectiva de preservar as crianças e os adolescentes e sua integridade física, moral e cultural, bem como garantir o direito à educação. As políticas educacionais necessitam da articulação intersetorial envolvendo os órgãos gestores das demais políticas sociais para poder enfrentar essa violação de direito. O Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, fruto do empenho de uma comissão criada especialmente para esse fim a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI) sob a coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego, agregou contribuições de organizações governamentais e não-governamentais, dentre elas, a sociedade civil, organismos internacionais, sindicatos patronais e de trabalhadores, somando 32 instituições, para a construção do Plano. Este Plano tem por finalidade coordenar diversas intervenções e introduzir novas, sempre direcionadas a assegurar a eliminação do trabalho infantil. Para tanto, foi preciso considerar diferentes aspectos, tais como raça, gênero, condição econômica, tipo de ocupação, entre outros, e critérios importantes para que se possa compreender como a exploração ilegal do trabalho de crianças e adolescentes ainda encontra meios para se perpetuar no País. A ação do Ministério da Educação no Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 5.
6 Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente visa à formação de profissionais de educação, para que sejam sensibilizados/as e capacitados/as no que se refere a esta temática bem como o apoio institucional a egressos/as do trabalho infantil quanto ao acesso, à permanência e ao sucesso no processo de escolarização. O Programa Mais Educação, publicado por meio da Portaria Interministerial n 17 de 24 de abril de 2007, tem como uma de suas finalidades prevenir e combater o trabalho infantil, a exploração sexual e outras formas de violência contra crianças, adolescentes e jovens, mediante sua maior integração comunitária, ampliando sua participação na vida escolar. Por fim, mas não menos importante, vale lembrar que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) definiu a educação como tema prioritário para 2008, na agenda de enfrentamento ao trabalho infantil. Pelos motivos expostos acima, e especialmente pelo contexto atual, de particular sinergia de diversos atores individuais e institucionais em torno da questão, entendemos ser extremamente importante a realização de uma série do Salto para o Futuro sobre Educação e Trabalho Infantil. Os programas deverão contribuir para a sensibilização dos profissionais sobre a relevância dessa temática para a educação. Em outras palavras, a proposta visa, também, gerar mobilização de todos os profissionais envolvidos nos sistemas de educação no país inteiro, a partir do reconhecimento da importância da identificação e notificação de casos de crianças que trabalham e de adolescentes que se encontram no mercado de trabalho em desacordo com a legislação vigente no país. 2. Programas 2.1 Proposta pedagógica geral Na série de programas ora proposta pretende-se discutir o papel da educação quanto à visibilização da temática. Nesse sentido, os programas irão discutir como sensibilizar trabalhadores/as da educação sobre a temática no âmbito educacional; debater metodologias EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 6.
7 pedagógicas que permitam aperfeiçoar o enfrentamento do trabalho infantil; refletir acerca de estratégias e tecnologias sociais que promovam a articulação intersetorial da política pública; contribuir para a discussão de parâmetros para a formação continuada de profissionais de educação na temática de trabalho infantil; contribuir para o aprofundamento do debate sobre a relação entre analfabetismo e trabalho infantil; debater estratégias de identificação e notificação de casos de trabalho infantil e acolhimento dos egressos de trabalho infantil e, especialmente, observar com atenção o desempenho escolar destas crianças. Além disso, a série pretende aprofundar a discussão sobre o panorama atual do trabalho infantil, por meio da apresentação de dados e pesquisas que reflitam sobre as formas de trabalho infantil mais comuns no Brasil de hoje, a saber: exploração sexual comercial, trabalho doméstico, narcotráfico, trabalho informal urbano e trabalho agrícola. A série Educação e Trabalho Infantil, que será apresentada no programa Salto para o Futuro/TV Escola (SEED/MEC) de 10 a 14 de novembro de 2008, vai debater estes temas: PGM 1: Educação e Trabalho Infantil Este primeiro programa pretende apresentar o que se entende por trabalho infantil, mediante as ações de combate e erradicação, informações sobre a situação do trabalho infantil, sua caracterização no contexto brasileiro e o papel da educação e de outros setores governamentais, tais como a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Ministério do Desenvolvimento Social, no processo de visibilidade e identificação do trabalho infantil. Este programa também deverá abordar a importância de criação de situações educativas que permitam a problematização do trabalho infantil e sua superação. Apresentar as políticas transversais já existentes no Governo Federal seus limites e possibilidades estabelecendo EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 7.
8 relação com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Decreto n 6.481, de 12/06/2008, e outros. PGM 2: Trabalho Infantil e desempenho escolar Este segundo programa pretende apresentar uma discussão a respeito das conseqüências negativas do trabalho infantil para crianças e adolescentes no que se refere à sua vida escolar, a saber: baixa freqüência, baixo desempenho, distorção idade-série, evasão e repetência escolares, dentre outras. Além disso, é necessário considerar de quais mecanismos os profissionais de educação podem lançar mão para acompanhar e acolher crianças em situação de trabalho e que apresentam as características acima citadas, buscando garantir seu direito de aprender. PGM 3: Exploração sexual Este terceiro programa pretende discutir a exploração sexual comercial como uma das piores formas de trabalho infantil, de acordo com o que foi estabelecido pelo Decreto n 6.481, de 12/06/2008, incluindo a discussão sobre o tráfico de pessoas realizado para a exploração sexual e trabalho escravo de crianças e adolescentes. São descritas como piores formas de trabalho infantil aquelas em que ocorrem o recrutamento forçado de crianças para serem utilizadas em confrontos armados, para fins de prostituição, atividades ilícitas, tráfico de entorpecentes e serviços forçados ou compulsórios. É classificado, ainda, como aviltante o trabalho que expõe crianças a abusos físicos, psicológicos ou sexuais, trabalho em espaços confinados, com maquinaria, equipamentos e ferramentas perigosas e cargas pesadas e trabalho em longas jornadas e durante a noite. PGM 4: Trabalho Infantil doméstico O quarto programa busca discutir a invisibilização do trabalho infantil doméstico, a questão de gênero e o papel da educação no questionamento das atribuições dadas, especialmente, às EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 8.
9 meninas para a realização das tarefas domésticas e para o cuidado de crianças em casa. Ou seja, cabe enfatizar a situação de risco a que são expostos crianças e adolescentes enviados a outros lares para execução do trabalho prematuro e as possíveis situações de abuso decorrente dessas situações. PGM 5: Trabalho Infantil na agricultura familiar Este quinto programa debaterá sobre o trabalho infantil na agricultura familiar e a educação no campo. O questionamento do respeito no âmbito da educação à sazonalidade das lavouras e o que crianças dão aos pais no plantio e na colheita dos produtos agrícolas. Devese ressaltar a questão das mutilações corporais decorrentes das atividades a que são submetidas crianças em situação de trabalho infantil no contexto agrário. Nota: Coordenador Nacional do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) Escritório de Organização Internacional do Trabalho (OIT). Consultor da série. EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 9.
10 Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO Diretor de Produção de Conteúdos e Formação em Educação a Distância Demerval Bruzzi Coordenador-geral da TV Escola Érico da Silveira Coordenadora-geral de Capacitação e Formação em Educação a Distância Simone Medeiros Supervisora Pedagógica Rosa Helena Mendonça Acompanhamento Pedagógico Grazielle Avellar Bragança Coordenação de Utilização e Avaliação Mônica Mufarrej Fernanda Braga Copidesque e Revisão Magda Frediani Martins Diagramação e Editoração Equipe do Núcleo de Produção Gráfica de Mídia Impressa TV Brasil Gerência de Criação e Produção de Arte Consultor especialmente convidado Renato Mendes salto@mec.gov.br Home page: Rua da Relação, 18, 4 o andar - Centro. CEP: Rio de Janeiro (RJ) Novembro de 2008 EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL. 10.
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