Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Ano lectivo de ºano, Turma A DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA I. Exame escrito. 4 de Junho de 2009
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- Ana Vitória Camarinho Galindo
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1 Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Ano lectivo de ºano, Turma A DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA I Exame escrito 4 de Junho de 2009 Regente: Prof. Doutor Fausto de Quadros Responda às duas seguintes questões: Grupo I a)explique, desenvolvidamente, a seguinte afirmação: Todos os sucessivos tratados de revisão dos Tratados originários trouxeram inovações significativas para a consolidação do processo de integração europeia, mas o contributo de alguns deles foi determinante para a configuração actual do modelo de integração. b)comente, desenvolvidamente, a seguinte afirmação: A União Europeia ainda não é um Estado, mas é dotada de uma Constituição que cria três poderes à imagem do Estado, e apresenta já hoje importantes traços federais. Grupo II Responda sucinta, mas fundamentadamente, no máximo de 25 linhas por cada resposta, às duas seguintes questões: a)podem a Bulgária e a Roménia celebrar com a Argentina um acordo sobre a importação de carne? b)maria pretende fazer valer contra a instituição bancária da qual é funcionária uma directiva em matéria de licença de maternidade já em vigor. Que conselho lhe dá? Observações: 1 Os Alunos podem responder às perguntas pela ordem que quiserem, devendo, todavia, indicar a qual pergunta estão a responder. 2 Os Alunos não podem ter consigo e consultar senão tratados internacionais ou comunitários e textos constitucionais ou legislativos não anotados. 3 Cotação: Grupo I: questão a - 8 valores; questão b 6 valores. Grupo II 2 valores para cada questão. Redacção e sistematização 2 valores. 4 Duração da prova: 120 minutos, improrrogáveis. 5 Os Alunos devem rubricar todas as folhas da prova e, no final da mesma, assinar e indicar o número total de páginas escritas. 6 Os Alunos devem manter os telemóveis desligados durante toda a realização da prova.
2 Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Ano lectivo de ºano, Turma A DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA I Exame escrito 4 de Junho de 2009 Regente: Prof. Doutor Fausto de Quadros Grelha de correcção Grupo I Questão a: - Identificação dos três Tratados institutivos das três Comunidades bem como de todos os quatro Tratados que procederam à revisão substancial daqueles (o que exclui os Tratados de adesão), com indicação do ano da sua assinatura e do ano da sua entrada em vigor. Total parcial:1 valor; 1 -Acto Único Europeu principais inovações: a- criação de um espaço sem fronteiras internas; b- criação do Mercado Interno para ; c- criação do Conselho Europeu; d- criação de políticas comuns novas e indicação de quais ; e- criação do processo de cooperação do Conselho com o Parlamento Europeu; f- alargamento da votação por maioria qualificada no Conselho. Total parcial: 1 valor. 2 - Tratado de Maastricht, que aprovou o Tratado da União Europeia- principais inovações:
3 a- criação da União Europeia. O que é esta. Breve descrição dos 3 pilares; b- criação de uma Comunidade Europeia não só económica. Transformação da antiga CEE em CE. Por isso, inclusão nos seus fins de fins também sociais, culturais e políticos; c- previsão da União Económica e Monetária para , com uma moeda única e um banco central único; d- criação da cidadania europeia, e como cidadania não autónoma em relação à cidadania estadual; e- introdução nos Tratados, e ao nível da União, de uma cláusula expressa sobre direitos fundamentais: então, o artº 6º, nº 1, UE; f- reforço dos poderes do PE e criação do processo de co-decisão; g- alargamento da votação por maioria qualificada no Conselho; h- criação do princípio da subsidiariedade como regra do exercício das atribuições concorrentes da CE. Total parcial: 3 valores. 3 - Tratado de Amesterdão principais inovações: a- criação de um espaço de liberdade, segurança e justiça na UE; b- direitos fundamentais: - criação das sanções do artº 7º UE e do artº 309º, nº 2, CE; - criação das novas atribuições do novo artº 6º, nº 1, UE, e passagem do antigo artº 6º, nº1, para 6º, nº 2; - controlo da aplicação do artº 6º, nº 2, UE, pelo TJ (artº 46º, al. d, UE); - respeito dos direitos fundamentais pelos Estados candidatos à adesão (artº 49º UE); c- simplificação do processo de coperação; d- alargamento do processo de co-decisão; e- alargamento da votação por maioria qualificada no Conselho; f- afastamento dos Estados no processo de designação dos membros da Comissão Europeia e investidura desta pelo PE; g- transformação da antiga CJAI em CPJMP, com parcial comunitarização da primeira; h- criação da cooperação reforçada na UE. Em síntese, em que consiste.
4 Total parcial: 2 valores. 4 - Tratado de Nice principais inovações: a- veio preparar, sobretudo no plano institucional, o novo e vasto alargamento da União sobretudo a Leste; b- alargamento do processo de co-decisão; c- alargamento da votação por maioria qualificada no Conselho; d- direitos fundamentais: UE; - introdução de uma fase preventiva no procedimento das sanções previstas no artº 7º - controlo pelo Tribunal de Justiça sobre as regras processuais do artº 7º UE (artº 46º, al. e, UE); e- aprovação da Declaração sobre o Futuro da União. O Tratado Constitucional Europeu nunca entrou em vigor e o Tratado de Lisboa ainda não entrou em vigor. Total parcial: 1 valor. Total absoluto: 8 valores Questão b: - A UE não é um Estado, porque: - não há um povo europeu, porque não há uma cidadania europeia autónoma da cidadania estadual. É cidadão europeu quem os Estados dizem que é cidadão nacional (artº 17º, nº 1, CE). Por isso, o PE é composto por representantes dos povos dos Estados membros e não do povo europeu; - portanto, não há um poder constituinte próprio da União. Este pertence aos Estados. São estes que revêem os Tratados; - as atribuições da UE estão limitadas pelo princípio da especialidade (artº 5º, par. I, CE) Total parcial: 2 valores
5 -A UE tem uma Constituição material mas não formal dizer qual é a diferença. A UE tem uma divisão de poderes similar àquela que encontramos no Estado mas esses poderes não se podem exercer como são exercidos no Estado. Total parcial: 2 valores - Traços federais: - integração económica e monetária com moeda única e banco central único; - um embrião de Governo europeu (referência ao processo de designação da Comissão e à coordenação política que cabe ao seu Presidente); - poder de co-decisão do PE; - poder legiferante do PE; -contra a regra geral, o TJ tem o poder de rever um acto dos Estados membros no caso do artº 14º, nº 2, do SEBC. Total parcial: 2 valores Total absoluto: 6 valores Grupo II Questão a: - Estamos perante um acordo internacional concluído por Estados membros com um Estado terceiro. Portanto, é um tratado (ou acordo) não comunitário. - O acordo versa sobre matéria da politica comercial comum. - Está é uma política exclusiva da CE. Fundamentar. - Em matéria de politicas exclusivas da CE os Estados membros perdem capacidade jurídica para celebrar acordos internacionais ( princípio do paralelismo - doutrina do caso AETR). Total : 2 valores. Questão b: - Breve caracterização da directiva - artº 249º, par. 3, CE;
6 - a directiva tem de ser transposta para a ordem interna dos Estados destinatários ( mesmo preceito). A primeira sanção contra o Estado pela não transposição dentro do prazo é o efeito directo (criação da jurisprudência do TJ); - no caso vertente, se a instituição bancária for pública, a directiva goza de efeito directo vertical. Requisitos do efeito directo vertical: a norma tem de ser clara, precisa e incondicional (casos Van Duyn e Ursula Becker); - se a instituição bancária for privada, a directiva não goza de efeito directo vertical. E também não goza de efeito directo horizontal - jurisprudência do TJ que sustenta esta conclusão; - factor de valorização da resposta: independentemente da questão do efeito directo, o Estado responde pelos prejuizos causados a Maria pela não transposição da directiva - jurisprudência Francovich. Total: 2 valores. - Redacção e sistematização 2 valores. TOTAL: 20 VALORES.
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