Belarmino Jelembi Director Geral da ADRA COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO E O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO SOCIAL EM ANGOLA
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- Arthur Viveiros Morais
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1 CONFERÊNCIA SOBRE O COOPERATIVISMO O COOPERATIVISMO COMO MODELO EMPRESARIAL SUSTENTÁVEL E RENTÁVEL E O SEU IMPACTO NO FORTALECIMENTO DA ECONOMIA ANGOLANA COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO E O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO SOCIAL EM ANGOLA Feira agropecuária de Cacusso Malanje Belarmino Jelembi Director Geral da ADRA belarmino.jelembi@adra-angola.org Luanda,
2 INDICE i. O COOPERATIVISMO VS A OPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ii. AGRÍCOLA EXPERIÊNCIAS DE PROMOÇÃO DO COOPERATIVISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL(CACULA E OUTROS) iii. NOTAS FINAIS
3 i. O COOPERATIVISMO VS A OPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA O cooperativismo agropecuário não pode ser abordado sem clarificar a opção de desenvolvimento agrícola do país. 1. O modelo dos grandes projectos agroindustriais? 2. O modelo assente na agricultura familiar? Ou 3. Ambos?
4 a) Modelos que, não sendo iguais, coexistem com complementaridades, conflitos e contradições Complementaridades: Pequenos agricultores assalariados nas grandes fazendas; Integração de agricultores nas cadeias agroindustriais (aves; suínos; leite; soja) Conflitos: terra; água; recursos públicos Contradições: modelos distintos de agricultura (alimentação); relação com biodiversidade b) Significados distintos: econômico, social, cultural e ambiental
5 c) Modernização com especialização produtiva vs. unidades diversificadas, reprodução familiar e desenvolvimento territorial (papel da produção auto-consumo) d) Cadeias integradas e especialização produtiva vs. agregação de valor e construção de mercados (mercado institucional, compras públicas) Circuitos curtos (locais ou regionais), produtos diferenciados e alimentação adequada Agricultores familiares ou famílias rurais: as políticas não-agrícolas dirigidas ao meio rural È preciso desmistificar (tipologias): De subsistencia; Com produção de excedentes para comercialização; De vocação pastorícia, complementada com a produção agrícola; De orientação para o mercado Trata-se de um segmento que contribui
6 A contribuição da agricultura familiar na produção de alimentos O caso Brasileiro Fonte: IBGE Censo Agropecuário 2006 A questão da terra: concentração fundiária = raiz histórica da elevada desigualdade social Agricultura patronal: apenas 15,6% dos estabelecimentos ocupam 75,7% da área total Agricultura familiar: 84,4% dos estabelecimentos ocupam apenas 24,3% da área total
7 Agricultura Familiar em Angola Peso da produção agrícola familiar O caso Angolano Produção 2013/14 Produção AF 2013/14 % Milho % Massango % Massambala % Mandioca % Feijão % Batata doce % Fonte: (IDA) 2016 Atenção: Agricultura familiar / economia de base familiar / ocupação do espaço agrário: razões econômicas vs. projeto de sociedade E quanto se investe?
8 % do OGE destinado a agricultura em África Fonte: FAO, por cento dos recursos dos orçamentos nacionais para agricultura (Declaração de Maputo, 2003)
9 Recursos alocados e desembolsados (OGE) Ano Total OGE Alocado Executado % OGE alocado % OGE Executado % Executado ,288,400,000,000 19,492,629,825 11,003,918, % 0.85% 56.45% ,433,012,506,233 9,331,822,675 8,230,960, % 0.57% 88.20% ,748,607,731,781 26,006,393,396 20,103,844, % 1.15% 77.30% ,552,416,037,310 32,053,364,547 3,447,873, % 0.14% 10.76% ,842,000,000,000 54,506,655,620 10,343,479, % 0.36% 18.98% ,179,373,400,000 39,830,405,100 26,447,245, % 0.83% 66.40% ,310,175,600,000 40,763,722,055 40,049,142, % 0.93% 98.25% ,078,500,000,000 59,207,527,868 32,228,891, % 0.79% 54.43% ,020,900,000,000 53,387,701,469 49,261,786, % 0.98% 92.27% ,258,380,000,000 42,911,811,692 19,272,431, % 0.27% 44.91% Fonte: FAO Workpaper FZ
10 Adaptado de Pedro Santos (2012) Problema central do produtor/produção Oferta individual pequena Baixa capacidade negocial Dificuldade de escoamento Difícil acesso aos serviços pequena COMO RESOLVER? Representação politica dos agricultores
11 Especificidade da produção agrícola (ao contrario de outras actividades) Adaptado de Pedro Santos (2012)
12 A solução é trabalhar em conjunto ESCALA, NEGOCIAÇÃO E CRÉDITO ACESSO A INFORMAÇÃO (Preços, Mercados, Inputs) REPRESENTAÇÃO POLITICA ASSOCIAÇÃO E/OU COOPERATIVA TRANSPORTE LOGÍSTICA E VENDA TRANSFORMAÇÃO ARMAZENAMENTO CONSERVAÇÃO Adaptado de Pedro Santos (2012)
13 Formas de organização dos produtores ASSOCIAÇÃO Representar e defender os interesses dos associados Presta serviços, relacionados com o seu objectivo, e, de preferência, em condições mais vantajosas para os seus associados Sem fins lucrativos. Os lucros são aplicados na própria associação Os associados pagam uma quota e pagam a prestação de serviços Não tem capital social (dificulta obtenção de financiamento) Cooperativa Viabilizar e desenvolver actividades de produção, prestação de serviços e comercialização, de acordo com os interesses dos seus associados Tem sobretudo uma orientação para o mercado, permitindo operações de compra e de venda Sem fins lucrativos, mas funciona como uma empresa. Os lucros são divididos pelos associados na proporção da sua produção Os associados pagam uma jóia de entrada e a sua quota depende da produção entregue Tem capital social composto pelas quotas-partes dos associados Os dirigentes não são remunerados Os dirigentes podem ser remunerados Adaptado de Pedro Santos (2012)
14 População em zonas rurais Distribuição territorial PROVÍNCIA POPULAÇÃO RURAL FAMÍLIAS EXISTENTES (5,7) Bengo Benguela Bié Cabinda Cunene Huambo Huíla Cuando Cubango Kuanza Norte Kuanza Sul Luanda Lunda Norte Lunda Sul Malange Moxico Namibe Uíge Zaire Sub Total TOTAL Fonte: (IDA) Resultados definitivos do Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola, 2014
15 Agricultura Familiar Angolana Distribuição Territorial N.º Província População Rural % 1 Huíla ,44% 2 Cuanza Sul ,03% 3 Huambo ,96% 4 Uíge % 9,39% 5 Bié ,58% 6 Benguela ,34% 7 Cunene ,13% 8 Malanje ,50% 9 Moxico ,54% 10 Lunda Norte ,35% 11 Cuando Cubango ,38% 12 Bengo ,08% 13 Luanda ,92% 14 Namibe ,86% 15 Zaire ,57% 16 Cuanza Norte ,48% 17 Cabinda ,27% 18 Lunda Sul ,18% Total Fonte: (IDA) Resultados definitivos do Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola, ,4%
16 II. EXPERIÊNCIAS DE PROMOÇÃO DO COOPERATIVISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL(CACULA E OUTROS)
17 Enquadramento legal artigo 16.º Lei das cooperativas agrícola ou agropecuário; comercialização; consumo; crédito;
18 3. A Organização comunitária (Associativismo e cooperativismo) Acesso ao crédito (Caixa Comunitária de crédito) Assistência técnica (ECAs - Escola no Campo do Agricultor) Acesso e segurança fundiária Organização Comunitária Associações Cooperativas Comércio Alfabetização
19 a) Direitos fundiários a. Surgiu na sequencia de um conflito entre comunidades e fazendeiros devido a agua; b. Envolvimento da EDA e da Administração Municipal c. Assistência técnica da FAO d para a construção dos marcos pelo IGCA e. Orientação metodológica da ADRA f. O processo muito moroso
20 b) A assistência técnica. Escolas de campo do agricultor Objectivos das ECAs A ECA não trata do desenvolvimento de tecnologias, mas do desenvolvimento das pessoas. As ECAs juntam pessoas para que possam melhor determinar os seus problemas e identificar meios para os resolver
21 1. A experiencia assente nas associações e cooperativas (sustentabilidade) associações envolvidas implementam a metodologia membros envolvidos 2. Há uma multiplicação da experiência agricultores não membros das associações e cooperativas adoptaram a metodologia 3. Esta é uma metodologia complementar ao método de desenvolvimento comunitário
22 C) Acesso ao Crédito A experiencia das caixas comunitárias de crédito A caixa comunitária de crédito é um sistema de micro - finanças,, baseado nos princípios de um banco de aldeia. Trata-se de um sistema mutualista, com capacidade de mobilizar quer clientes para pouparem dinheiro, quer de distribuir créditos. - A relevância dos pequenos negócios - O papel estratégico do negócio do Gado - A comercialização dos adubos - o Centro é a cooperativa/associação Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 22
23 D) O processo de comercialização O papel das cooperativas na intermediação da venda produção as vendas públicas/papagro (A situação das cauladoras ) A construção de armazenas (Ex. Ganda/Chikuma) A transportação de produtos de forma colectiva (Baia Farta) A compra de adubos de forma colectiva O pagamento de impostos pelos agricultores e cooperativas Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 23
24 E) As associações, enquanto dinamizadoras da alfabetização 1) As cooperativas seleccionam candidatos à alfabetizadores 2) Celebrado acordo com o Direcção provincial da Educação no âmbito do PAAE 3) A Direcção Provincial realiza a capacitação 4) A cooperativa disponibiliza a sala (armazém ) e mobiliza os alfabetizandos 5) Na Cacula são 260 Alfabetizandos, no Bailundo e Caála/Huambo cerca de ) O ADRA apoia com material académico e a articulação institucional Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 24
25 Termino como comecei iii NOTAS INAIS 1. O futuro do cooperativsimo agropecuário está dependente do modelo de desenvolvimento agrícola do país; 2. As isntituições de apoio ao sector cooperativo são frageis, sobretudo no que se trata ao cooperativismo agropecuário; 3. Temos de aprofundar o conhecimento sobre a realidade da organização da cadeia produtiva para determinar estartegias de acordo com as capacidades; 4. Ligar as compras públicas à agricultura familiar e as cooperativas agropecuárias; 5. Há alguma capacidade desenvolvida no pais em relação ao cooperativismo. O Estado não pode fazer tudo sozinho, pode aproveitar este conecimento; 6. A participação das mulheres em cooperativas especializadas é uma oportunidade para a sua inserção na cadeia de valor; 7. O cooperativsimo é uma oportunidade de desenvolver a economia local, criar riquesa nos municipios e protagonistas locais; 8. Nas condições institucionais do nosso país, o investimento no cooperativismo é também um projecto de descentralização e de criação de capacidades locais 9. Atribuir ao municipio a responsabilidade dos principais projectos de desenvolvimento da economia local
26 a organização comunitária (associações/cooperativas) é o centro de tudo (não é tudo), mas exige paciência, disciplina e, sobretudo, uma visão e uma convicção com um certo tipo de desenvolvimento
27 BIBLIOGRAFIA 1. ADRA, Experiência de Crédito via Caixa Comunitária, Huambo, 2014; 2. ADRA e Rede Terra, Pesquisa sobre Diferendos e Conflitos de Terras e as Formas da sua Resolução, Luanda 2010; 3. ANGOLA, Ministério da Economia, Crédito Agrícola de Campanha, Aprovado pelo Decreto Executivo Conjunto nº 16/10 de 14 de Abril; 4. ANGOLA, Ministério do Planeamento e Território, Plano Nacional de Desenvolvimento, Luanda 2012; 5. PACHECO, Fernando, Agricultura Familiar no Planalto Central Angolano, Kuito 2014; 6. REDE TERRA E ADRA, Estudos de Caso nas Províncias do Huambo, Lunda Sul e Uíge, Luanda 2004; 7. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Visão Estratégica da Agricultura Familiar. Lubango, FAO Representação em Angola. O investimento base do desenvolvimento da produção alimentar e segurança alimentar e nutricional. Parceria Renovada para Erradicação da Fome até Lubango, BIANCHINE, VALTER. Politicas Públicas para o Desenvolvimento Rural do Brasil. Luanda, SANTOS, PEDRO. Associativismo e Cooperativismo Agrícola em Portugal. Casos de Sucesso. Luanda, 2012
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