EXCELENTÍSSMO SENHOR PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, DR. RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS

Transcrição

1 EXCELENTÍSSMO SENHOR PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, DR. RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS ANTONIO IMBASSAHY, cidadão brasileiro, deputado federal, com endereço profissional na Câmara dos Deputados, Edifício Principal, Brasília DF, telefone nº , RUBENS BUENO, brasileiro, casado, Deputado Federal, com endereço funcional no gabinete 623, Anexo IV, da Câmara dos Deputados, Brasília/DF, GENECIAS MATEUS NORONHA, brasileiro, casado, Deputado Federal, residente e domiciliado à Rua Silva Jatahy, 405, apto. 800, Meireles, Fortaleza Ceará, PAUDERNEY AVELINO, cidadão brasileiro, deputado federal, com endereço profissional na Câmara dos Deputados, Edifício Principal, Brasília-DF, telefone nº RONALDO RAMOS CAIADO, brasileiro, casado, Senador da República, com endereço para notificações na Praça dos Três Poderes, Anexo II, Bloco A, Ala Alexandre Costa, Gabinete 21, Brasília/DF, vem, com fundamento no art. 5º, alínea a, do inciso XXXIV, no art. 129, I, III, VIII e IX, da Constituição Federal, e no art. 14 da Lei 8.429/1992, solicitar a Vossa Excelência a instauração de inquérito penal e inquérito civil para apurar a possível prática de crime de advocacia administrativa, de ato de improbidade administrativa, de crime de responsabilidade por improbidade administrativa e de crime de responsabilidade por opor-se ao livre exercício do Poder Judiciário, por EDINHO SILVA, Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, com base nos fatos e fundamentos a seguir narrados.

2 SÍNTESE No dia 16 de março de 2016, uma ordem judicial levantou o sigilo de inquérito policial que investigava a conduta criminosa do ex-presidente Lula. Com os autos tornados públicos, algumas conversas telefônicas originadas ou recebidas nos telefones utilizados por Lula ou por outros investigados, que haviam sido monitoradas por ordem judicial, vieram a público. Essas conversas telefônicas mostram que o atual Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, utilizou seu cargo de ministro para defender interesses pessoais do Sr. Luís Inácio Lula da Silva, que durante todo o tempo coberto pelas gravações não exercia nenhum cargo público. Agindo dessa forma, o Representado cometeu: 1) O crime de advocacia administrativa, por patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário (CP, art. 321, caput e parágrafo único); 2) O crime de responsabilidade previsto no art. 9º, 7, da Lei 1.079/1950, por proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo de ministro de Estado; e 3) O crime de responsabilidade previsto no art. 6º, 5, da Lei 1.079, por opor-se diretamente e por fatos ao livre exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por meios violentos, ao efeito dos seus atos, mandados ou sentenças ; e 4) O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11, I, da Lei de Improbidade por praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência. É o que passamos a demonstrar.

3 FATOS Antes de mais nada, é importante registrar que essas gravações ocorreram no período em que Lula sentia que a Polícia Federal estava desvendando seus crimes contra a Petrobras e contra os cooperados da Bancoop. Lula, e muita gente mais, sentia que em breve ele poderia ser preso por ordem judicial. Sentindo-se ameaçado, Lula concentrou todas as suas forças em derrubar as investigações, fosse por meios lícitos, fosse por meios ilícitos. No âmbito dos meios ilícitos, Lula montou uma incansável ofensiva para intimidar autoridades do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário. Pelo que se vê das interceptações telefônicas, a ofensiva lulista englobava 3 tipos de ações: 1) tentativa de montar dossiês contra membros do Ministério Público que atuavam na Operação Lava-Jato; 2) pressão implacável sobre o Ministro da Justiça para que ele interviesse na Polícia Federal. Caso o então ministro, José Eduardo Cardozo, se recusasse, ou não lograsse, a intervir na Polícia Federal, Lula estava disposto a pressionar pela sua demissão, como de fato ocorreu no dia 03 de março de ) garantir a impunidade de Lula através da utilização de ministros de Estado que, privilegiando os interesses de Lula sobre os interesses públicos, defenderiam os interesses do expresidente no Judiciário, na Procuradoria-Geral da República e até no gabinete da Presidente da República. A ofensiva global contou com a ajuda ilícita de Jaques Wagner, Edinho Silva, Rui Falcão, Wadih Damous, Lindberg Faria, Paulo Teixeira, José Guimarães, Jorge Viana, Wellington Dias, Tião Viana, Gilberto Carvalho, Paulo Vanucchi, entre outros.

4 Tudo isso está provado nos grampos divulgados no último dia 16 de março de Em relação ao Representado, a conversa entre ele e Lula tem como pano de fundo a mudança do titular do Ministério da Justiça, planejada por Lula para implementar a ação nº 2: utilizar o Ministro da Justiça para intervir e abafar a Operação Lava-Jato. À época já se especulava que José Eduardo Cardozo seria exonerado do Ministério da Justiça justamente por não querer ou conseguir intervir na Operação Lava-Jato. Também se especulava que seria substituído por um membro do Ministério Público da Bahia, o Sr. Wellington César, supostamente ligado ao então Ministro da Casa Civil Jaques Wagner. Mas a mudança por si só não seria suficiente para atender à estratégia de Lula. Era preciso que o novo ministro atuasse sem constrangimentos, sem limites. Ora, no dia 1º de março, ainda antes da nomeação do novo ministro, o jornal O Globo publicou editorial em que alertava a população para a necessidade de manter os poderes do Ministro da Justiça dentro de seus estritos limites legais. Sentindo sua estratégia ameaçada, Lula armou uma reação amparada por dois ministros: Jaques Wagner, Ministro da Casa Civil, e Edinho Silva, Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. No dia 01 de março, às 08 horas e 19 minutos da manhã, Lula fez um telefonema para Jaques Wagner. No telefonema trataram da saída do Ministro da Justiça e do editorial do jornal O Globo: JAQUES WAGNER: Oi tudo bem? LILS [Lula]: ô galego, deixa eu te dizer uma coisa, eu tava pensando se não era o caso de eu não ir à Brasília hoje, JAQUES WAGNER: por conta da saída do rapaz? LILS: por conta da saída do rapaz, ou seja,

5 JAQUES WAGNER: isso, ELA se preocupou ontem, ficou dizendo "depois vão ficar dizendo que ele só veio aqui pra comemorar o bota fora". LILS: então eu acho que era melhor eu não ir. JAQUES WAGNER: deixar pra semana? LILS: deixar pra semana. Porque, você veja: O Globo já tem editorial que era importante alguém responder, sabe?! Editorial tentando cagar em cima do governo. JAQUES WAGNER: Eu nem vi, dizendo o que? LILS: ah, mostrando que essa troca não pode significar...é colocando medo do novo Ministro da Justiça. JAQUES WAGNER: Não, e dizendo que eu que arrumei um cara pra resolver o teu problema. Você viu que eu sou foda, né? Eu resolvo a porra toda. (destacamos) Essa conversa mostra que Lula pode ter influenciado na queda de José Eduardo Cardozo, para poder implementar sua estratégia de obstrução das ações da Operação Lava-Jato. Pois bem, no mesmo dia 01 de março, às 12:07, Lula fez um telefonema para o ministro Edinho Silva, e tratou do mesmo assunto. Ocorre que dessa vez, além de se queixar com o ministro, Lula exigiu que o ministro tomasse providências para barrar essas tentativas de colocar medo no ministro. Edinho Silva era a pessoa certa para concretizar esse plano, sendo Ministro da Secretaria de Comunicações Social e dispondo de sólido orçamento para executar as ordens de Lula. Sigamos o diálogo: LILS [Lula]: Esse é uma coisa que eu queria falar com você, e a outra é o seguinte: é importante você ficar atento, porque vai sair muitas críticas indicação do novo ministro, com o objetivo de encurralá-lo.

6 EDINHO: É isso..é isso, já começou. LILS: O objetivo é encurralá-lo. Crítica da Veja, crítico do Globo, crítica da Globo, crítica.. ou seja, no fundo no fundo eles querem evitar que qualquer ministro acabe com o vazamento da polícia federal. EDINHO: É isso, é isso. LILS: Sabe, então, é importante você ficar atento que alguém tem que responder se for o caso. EDINHO: Não, pode deixar, eu marquei uma conversa com o JAQUES pra gente poder tirar uma estratégia e outra coisa que tem que evitar que é uma coisa que começou hoje na imprensa, é a ideia de que o JAQUES é o super ministro da Casa Civil. LILS: Vai cair, se ele for forte ele vai cair. EDINHO: É isso.. LILS: Diga pro WAGNER que ministro forte cai EDINHO: Ele precisa, ele precisa arrumar um jeito de dar uma recuada... de.. de.. porque é o que a imprensa vai tentar fazer. LILS: Aham EDINHO: Ou seja, tudo que der certo no Ministério da Justiça é dele, tudo que der errado vai ser dele também. LILS: Aham EDINHO: Eles vão passar a ideia que o ministro é um preposto dele. LILS: Aham LILS : Porque eu acho.. EDINHO: Pode deixar. LILS: Eu acho que alguém em algum momento tem que responder, tá bom?

7 EDINHO: Pode deixar. Pode deixar (destacamos) A única preocupação de Lula com a suposta encurralada do Ministro da Justiça é que ele isso ia dificultar a ação do ministro para acabar com o vazamento da Polícia Federal, um eufemismo lulista que seguramente significa acabar com a investigação da Polícia Federal. Ora, Edinho Silva e, pelo que se extrai das conversas, Jaques Wagner, colocam seus cargos, com todos os poderes que lhe são inerentes, a serviço de um dos maiores interesses de Lula: utilizar o novo Ministro da Justiça para enterrar a Operação Lava-Jato e sagrar-se imune a investigações. Edinho Silva comprometeu-se a ajudar, utilizando seus poderes sobre a área de comunicação do governo para rebater os editoriais e reportagens que pudessem inibir a esperada ação ilícita do ministro sobre a Polícia Federal. Jaques Wagner, por sua vez, estava incluído nos planos de Edinho Silva, conforme ele mesmo falou a Lula. Contudo, não sabemos o seu papel nesse ilícito específico. Por submeter seu cargo aos interesses de Lula, Edinho Silva cometeu crime de advocacia administrativa por patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário (art. 321, caput e parágrafo único, do Código Penal). Também cometeu crime de responsabilidade por proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo de ministro de Estado (art. 9º, 7, da Lei 1.079/1950). Finalmente, praticou ato de improbidade administrativa (art. 11, I, da Lei 8.429/1992) por praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência. Jaques Wagner, por sua vez, teria participado desses crimes e ato de improbidade por auxiliar Edinho Silva a colocar em prática o plano de Lula para neutralizar a Polícia Federal.

8 CONCLUSÕES Ante o exposto, solicitamos a Vossa Excelência a instauração de inquéritos civis e criminais para investigar o cometimento desses ilícitos. Brasília, 23 de março de Atenciosamente, Deputado Antonio Imbassahy Líder do PSDB na Câmara dos Deputados Deputado Rubens Bueno Líder do PPS na Câmara dos Deputados Deputado Genecias Noronha Líder do Solidariedade na Câmara dos Deputados Deputado Pauderney Avelino Líder do DEM na Câmara dos Deputados Senador Ronaldo Caiado Líder do DEM no Senado Federal